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História MOVA - Bloco M - Ballet


Escrita por: FattyKetty

Notas do Autor


Eai meu povo!
Eu voltei logo porque eu quero dar um tempinho de tudo aqui no spirit <3
Volto ano que vem aushuahsuahs
<3*--*
Amo muito você e desejo tudo de bom nesse final de ano! <3
Meu capitulo preferido de MOVA é o próximo, mas vamos lê-lo apenas em 2017 <3 ashaushuahs *--* Amo vocês e espero que continuem dando amor a MOVA próximo ano <3
Essa foto é do bailarino destaque da MOVA de verdade. Eu amo essa foto, não contem pra ele que ando mostrando as coxas dele na internet. Beijos <3

Capítulo 18 - Ballet


Fanfic / Fanfiction MOVA - Bloco M - Ballet

Foi uma surpresa pra mim perceber que Liu e os gêmeos estavam na nossa aula de força física. E foi mais surpreendente ainda notar que os três são bailarinos. Mesmo que eu já tivesse notado a incrível fluidez dos seus movimentos, nunca tinha tido a chance de vê-los dançar, mas vendo até onde eles conseguem se esticar nessa aula, acredito ser impossível que eles sejam de outra estilo de dança. Os três usam meias por baixo dos calções e isso é meio engraçado, mas combina com o físico super magro e definido deles. Kwon como sempre estava lá sendo alongado junto aos três bailarinos, como se fosse nada. Liu explicou que ele é o que os bailarinos chamam de "rasgado". Segundo o chinês ele é altamente alongado naturalmente e consegue fazer coisas como abertura sem ter treinado pra isso. Quando o chinês ficou animado dizendo vários nomes  estranhos e ensinando o loiro a fazer coisas estranhas, percebi que ele era do Ballet clássico. Era visível pela sua postura sempre ereta. Se eu tivesse pensado mais sobre isso, talvez eu soubesse.  

-"Que triste Minnie..."- Liu comentou olhando minha tentativa falha de alcançar a ponta dos meus pés com os meus dedos. Era patético quando minha mão mal chegava até o joelho. Estalei a língua irritado e funguei. Depois de chorar tanto antes da aula meu nariz ficou meio ruim. 

-"Porque todo mundo acaba de chamando assim?"- Murmurei e o Xing Ling me ignorou voltando a sua atenção ao loiro de novo. O professor deixou a aula livre para nos alongarmos aleatoriamente. Suspirei. Resolvi parar de encarar aqueles dois loucos fazendo posições comprometedoras e virei o olhar. Encontrei os dois gêmeos conversando animadamente enquanto se apoiavam na janela para levantarem as pernas até em cima. Era como se não fosse nada que a porra da panturrilha deles batesse na orelha. Logo eles começaram uma serie de alongamentos muito comprometedora. Um puxando o outro enquanto o mesmo gemia de dor baixinho. Levantei uma sobrancelha virando pras meninas que soltavam suspiros atrás de mim. Elas cochichavam sobre os gêmeos e batiam fotos. Neguei com a cabeça. Até os irmãos elas taravam.  

Suspirei cansado de forçar meu corpo dolorido a fazer coisas que ele não conseguia e deixei-o cair calmamente contra o chão frio de madeira. Estava lá deitado, ignorando que era hora de me alongar e apenas encarando as telhas avermelhadas e as vigas de madeira escura. Suspirei pesadamente lembrando das palavras de Raquel e meu coração apertou. Mas de certa forma não me sentia mais tão aturdido, foi importante poder chorar um pouco e ser acolhido pelo loirinho. Era como se muito do peso tivesse sido tirado dos seus ombros. As palavras carinhosas de Kwon ainda vagueavam por sua mente e sorri meio bobo lembrando delas.  

Com um susto meu campo de visão foi tomado pelos cabelos loiros de Kwon e ele abaixou selando meus lábios de uma vez só. No susto minhas mãos fora pra sua cintura.  

-"Não abaixe sua guarda! Eu posso me aproveitar de você!"- O mais novo fez piada quando afastou seu rosto do meu. Me olhando de um jeito doce, eu sabia que ele estava obviamente preocupado e só tentou me tirar de prováveis pensamentos ruins. Sorri grande e levei minha mão até a bochecha dele, ele se inclinou ao meu toque, como um gatinho.  

Um barulho de câmera foi ouvido e nós dois olhamos ao mesmo tempo pro lado. As meninas tiravam fotos e nos encaravam com bochechas vermelhas. Arregalei os olhos e fiquei em pé tão rápido que fiz Kwon cair no processo. Ele reclamou um pouco de dor, mas o ignorei correndo até Liu que sorria diabólico como um bom chinês pervertido.  

-"Liu me ajude a alongar!"- Pedi em tom implorativo. Querendo uma desculpa para tirar os olhares esperançosos daquelas loucas de cima de mim.  

-"Claro!"- O Xing Ling assentiu normalizando seu sorriso e tocando meu ombro. 

○○○ 

Cheguei no quarto já me jogando na cama e suspirando pesadamente contra o colchão. Tudo estava doendo e não era uma dor suportável de ensaiar muito. Era como se tivessem esmagado meu corpo com um rolo compressor. A pior ideia que tive na vida foi a de pedir a ajuda daquele chinês inconsequente.  

-"Minnie! Nunca te vi tão cansado antes..."- O loiro comentou jogando suas coisas cama e esticando seus braços com força. Como sempre ele nem sentiu nada, graças a isso dele ser alongado naturalmente.  

-"Aquele Chinês irritante deve ter rompido algum ligamento meu porque ta doendo demais..."- Reclamei e Kwon fez uma careta. 

-"Não fale assim do Liu! Ele é muito legal!"- Protegeu o Xing Ling bem na minha frente. Apertei os olhos na sua direção.  

-"Você deu a ele uns cinquenta apelidos pejorativos e agora eu não posso nem reclamar dele?"- Impliquei e o loiro bufou. 

-"Mas agora eu sei que ele é legal!"- Explicou de uma vez e rolei meus olhos achando ridícula a forma como o loiro ficava amigo da população terrestre inteira com facilidade. Meu celular vibrou em baixo do meu corpo e o puxei. Destravei a tela e me deparei com uma mensagem de agradecimento de Sandeul. Comentando o quão incrível foi dançar conosco. Me senti um pouco mal sabendo o que a professora falou e comecei a tecer um pedido de desculpas disfarçado de agradecimento pros dois garotos. Kwon estava tirando a roupa perto de mim e logo entrou no banheiro para tomar um banho enquanto eu terminava de tagarelar com Sandeul.  

Já estava quase dormindo em cima da cama quando Kwon finalmente saiu do banheiro. Ele estava usando apenas uma calça moletom, uma gota de água passeava pela sua clavícula e seus cabelos descoloridos estavam escorridos. Praguejei baixinho e fui pro banheiro imediatamente. Quando sai Kwon estava sorrindo feito bobo enquanto conversava no celular.  

-"Hey Minnie! Vamos ensaiar um pouco com o Liu!"- Kwon pediu quando me viu. Olhei para ele e pensei um pouco enquanto procurava uma roupa para vestir.  

-"Que milagre é esse, você me chamando pra ensaiar? E aliás, porque com o Liu? Ele é bailarino clássico, a gente não tem estilos parecidos!"- Perguntei meio aturdido, aquilo parecia meio confuso na minha cabeça. 

-"Ah, por favor! Apenas vamos vê-lo ensaiar! Só hoje! Ele está na sala de ensaio 07, junto com os gêmeos! Vamos lá só um pouco!"- Tagarelou rapidamente. Enfiei a cueca por baixo da toalha e puxei-a pensativo.  

-"Não sei não... Se a gente ficar olhando o ensaio deles, não vamos ensaiar!"- Falei temeroso e Kwon fez um bico.  

-"A gente ensaiou tanto na semana passada, será que não poderíamos ter um dia de descanso?"- Implorou fazendo uma cara de vitima. Revirei os olhos enquanto jogava a toalha na cama e pegava o calção para passar por minhas pernas. Kwon bufou e pegou a toalha molhada, levando até o banheiro e pendurando-a para secar.  

-"Vai ser só uma vez?"- Indaguei levantando as sobrancelhas. Os olhinhos do loiro brilharam e ele assentiu várias vezes, mexendo a cabeça. -"Tudo bem..."- Comentei desistindo de lutar contra isso. Eu não estava tão animado mesmo pra ensaiar e nós não tínhamos algo especifico. Talvez, conversar um pouco com aqueles três doidos possa nos ajudar um pouco ou algo assim.  

-"Vou chamar o Baro e o Sandeul!"- O loiro gritou pegando seu celular e imediatamente chamando-os. Suspirei colocando a camisa. Acho que meus dias silenciosas nunca mais vão voltar.  

Quando o esquilo e o pato finalmente chegaram nos dirigimos até a sala de ensaio onde o Xing Ling e os gêmeos estavam. Fomos recebidos com muitos abraços e todos pareciam eufóricos. Me limitei a sentar num canto e logo Sandeul, Baro e Kwon me seguiram.  

-"Eu realmente queria ver algo de vocês três juntos!"- Falei com um sorriso, Liu me olhou com uma careta e colocou o cabelo atrás da orelha. 

-"Não sabia que era tão pervertido!"- Brincou e arregalei os olhos. Baro achou super engraçado, mas eu quase vomitei.  

-"Deixa de ser idiota Xing Ling!"- Gritei dando cotoco pra ele e ganhei uma risada gostosa.  

-"Faz aquela sequencia meio contemporânea do concurso!"- Jong pediu com os olhinhos brilhando e o chinês rolou os olhos pra ele.  

-"Ainda não cansou dessa coreografia? Perdi as contas de quantas vezes já me fizeram repeti-la!"- O chinês brincou enquanto tirava o tensor que sempre usava na mão direita, entregando-o para Jung, como se não fosse o bastante ele tirou a longa camisa branca também, revelando seu tronco pálido e musculoso.  

-"Vamos logo Liu! Dance para nós!"- Jong pediu e sentou com força no chão de madeira, seguindo a filinha em que todos nós estávamos.  

-"Ta bem..."- Liu falou e lançou um olhar a Jung. O garoto parecia entender o mais velho com precisão, bastou esse pequeno olhar para que ele fosse até o lado esquerdo da sala e apagasse duas das quatro luzes, deixando um clima mais intenso na sala. Arregalei os olhos em ansiedade.  

Eu conseguia sentir pelo jeito que Liu se mexia, mesmo ele sendo um chinês com uma cabeça cheia de minhoca eu conseguia sentir a confiança que ele exalava. Jung foi até o som, sentando na cadeira ao lado e vi Liu mudar a expressão drasticamente enquanto mexia o pulso de um jeito leve. Ele se ajoelhou no chão e logo sentou sobre as próprias pernas de um jeito pesado, suas coxas musculosas ainda mais marcadas na legging por causa da posição. Ele jogou os braços aos lados do seu corpo de um jeito suave e abaixou a cabeça fazendo sua franja lisa cair. Ele parecia derrotado e incrível. A barriga tensionada.  

A música começou. Meu coração acelerou por algum motivo que não conheço. Era uma música conhecida, mas não lembro o nome. Uma voz masculina falava palavras em inglês num tom triste e era acompanhado por um piano lento e intenso. Aquela melodia tomou a sala inteira com facilidade e as luzes apagadas deram aos movimentos calmos de Liu mais profundidade.  

Ele passou a mão nos cabelos e eu arrepiei quando enxerguei sua expressão dolorosa. Ele expressava a dor de um jeito completamente incrível. Enquanto seu corpo ainda na mesma posição balançava suavemente com a melodia. O chinês logo esticou a mão para tocar o chão e esticou um dos joelhos exibindo uma ponta perfeita nos pés. Ele respirava com força de forma proposital e logo cedeu caindo, como se tudo fosse muito pesado pra suportar. O barulho opaco das suas costas contra o chão me fez engolir em seco, completamente admirado. Nem tinha começado direito. Ele esticou as pernas e as mãos e logo arqueou as costas, movendo-as do chão, sua cabeça jogada pra trás enquanto seu corpo subia suavemente. Como se arrancasse sua própria carne do chão com força, como se aquela madeira estivesse o puxando e ele tivesse que lutar contra gravidade com uma intensidade tremenda. Ele voltou a cair no chão como se não tivesse a força necessária e tentou novamente subir logo jogando seu corpo pra frente e saltando tão alto que nem tive a oportunidade de entender de onde ele tirou o impulso. Os ossos dos seus pés bateram no chão novamente e seus joelhos flexionaram para aguentar o seu peso quando ele voltou, virando e encostando as costas na madeira novamente. Eu conseguia sentir o que ele queria passar com aquela coreografia. Era como se lutasse por libertação. Como se quando estivesse quase saindo ele acabasse sendo puxado de volta com força e brutalidade. Seus dedos esticados como se doesse tocar no chão e as pontas dos seus pés esticadas como eu nunca conseguiria imitar. Logo ele subiu a pélvis com força, apoiado pelas pontas de seus pés e suas costas, os músculos de suas coxas flexionados pelo movimento. A coreografia continuou no chão, com movimentos fortes e fluidos ele travava sua luta para afastar de lá, até que com um tipo de salto ele ficou finalmente completamente de pé. Seu peito subia e descia com tanta força que eu conseguia ver suas costelas. Seus olhos encaravam o chão com uma face de tristeza enquanto ele permanecia parado, era um adeus ao que era ligado a ele. Ao que o prendia. Logo ele esticou as pernas em passos vacilantes, como se começasse a andar com suas próprias pernas pela primeira vez. Como se estivesse em um mundo desconhecido e novo. Ele esticava um pé devagar tocando o chão com a ponta dos dedos enquanto arrastava o outro até a frente. O roçar do tecido grosso da sua sapatilha preta contra o chão era leve, mas eu prestava atenção com tanta força que conseguia ouvir. Parando a caminhada ele puxou o ar com força e virou com mais força, virando seu rosto devagar e pulando com a perna estendida. Com a emoção do refrão da música ele deu uma espécie de pirueta no ar, seguido de vários e vários giros diferentes, suas mãos dançando ao redor de si, leves. Até seus dedos calejados pareciam estar na coreografia. Seu rosto era impassível. Era como se ele estivesse finalmente livre, aventurando-se no novo, voando em meio a descobertas. Quando ele virou foi impossível não notar os músculos tensionados na sua bunda enquanto ele girava. Eu não conseguia desviar o olhar. Com um domínio de espaço perfeito ele girou e estendeu as pernas torneadas pelo lugar. Seus movimentos coerentes e fortes provindos do Ballet clássico contrastando com a coreografia contemporânea. Separando suas pernas e abaixando o torço ele espalmou suas mãos na cabeça, afundando os dedos nos cabelos levemente molhados de suor. Ele sentia a dor de estar por si mesmo pela primeira vez. Uma sequencia obviamente clássica se seguiu, ele misturava a fluidez e a liberdade com os movimentos pré determinados do ballet. Dando giros, levantando as mãos, esticando as pernas e saltando. Seus ombros brilhavam com a camada fina de suor, mas ele não exibia qualquer feição de cansaço. Com giros mais agressivos seu rosto estava deformado em uma careta de dor, era como se ele fosse gritar a qualquer momento pedindo por ajuda, passos trêmulos o guiaram até bater com as costas na parede, suas mãos espalmadas na mesma. Os olhos seguindo levemente até em cima, olhando para o teto como se pedisse ajuda. E logo ele se desligou da parede, assim como fez com o chão, quase num parto, como se a sua carne rasgasse com a quebra do contato. Com dois passos ele pulou alto as duas pernas esticadas uma na frente e outra atrás. Em câmera lenta. Seu salto pareceu durar tanto tempo que me perguntei como ele conseguiu fazer isso. O chinês parou muito longe de onde estava antes. Ele voltou com giros no ar e cada vez que seus pés tocavam o chão ele pulava novamente, numa sequencia desesperadora. Suas feições eram mais desesperadas ainda, como se ele estivesse num dilema, suas mãos voltadas pra cima em sinal de reverencia. Não era mais um pedido por ajuda, ele estava implorando a plenos pulmões por salvação. Depois de mais dois saltos ele parou baixando a cabeça e a segurando com as duas mãos, como se quisesse parar o que quer que estava sendo dito dentro dela. Como se não aguentasse mais. Como se não conseguisse continuar ou suportar a imensa dor que estávamos presenciando. Respirando com força ele deixou suas mãos soltarem seu rosto num movimento lento e levantou sua cabeça e seu dorso olhando pra cima novamente. Vulnerável, incapaz de continuar lutando. Num movimento súbito sua mão direita foi até seu ombro esquerdo, como se obrigasse-o a funcionar, como se ainda tivesse alguma força. Puxando-o e voltando duas vezes e sem sucesso cair sentado no chão, suas pernas esticadas a frente sua cabeça baixa e uma de suas mãos estendida a sua frente a palma aberta num sinal obvio, como se pedisse para algo invisível esperar. Seu peito ainda subindo com a respiração sôfrega, as pontas dos pés ainda esticadas, fazendo a sapatilha exibir as dobrinhas pelo movimento. Caindo pro lado, Liu se viu sem saída. Era um cair lento. Como se estivesse cedendo depois de tudo. Virou e contorceu-se no chão de forma fluida, sua expressão já sem nenhuma esperança. Mais uma vez sendo puxado para o chão que tanto lutou pra se separar. Como se voltasse ao inicio ainda preso, quase dava para escutar as correntes prendendo-se ao redor de seus pulsos de novo. Ele virou e com os cotovelos arrastou seu corpo no chão, numa última tentativa exausta de fugir. A desistência o tomou e ele virou de lado respirando fundo, seus lábios abertos procurando o ar. Suas mãos estendidas e suas pernas juntas. Era como se ele estivesse preso a uma cruz como cristo e essa comparação me fez arrepiar pela milésima vez. Depois de alguns segundos a voz masculina que vinha da caixa de som gritou alto e uma de suas mãos alcançou a outra, logo voltando enquanto arranhava seu próprio braço como se esse não o pertencesse mais. Eram os últimos suspiros, os últimos lampejos de vida da sua alma. O desamparo estampado em seu rosto. Num outro movimento súbito ele deitou de bruços empurrando o próprio corpo do chão pela força de seus braços, sua expressão fria já não era a mesma. Como se ele tivesse morrido e o que surgiu fosse outro alguém. Como se ele finalmente cedesse aos moldes que o imploraram para entrar. Ele ficou de joelhos e levou o corpo pra trás, como se desistisse, completamente entregue já incapaz de qualquer outra coisa. Quando movimentou seu torso de volta a orbita certa, ele abaixou a cabeça entrelaçando os próprios dedos, como se rezasse. Mas ele já estava perdido. Era apenas o que elas queriam, as mesmas vozes que inundaram sua mente e ele se pôs de pé novamente. Dançando contra o refrão, já não mais ele mesmo. Nada mais que um corpo vazio onde todas as imposições externas se abrigavam. Perdido. Seu rosto sério seguido de uma sequencia de passos mais dura e controlada, como se fosse guiado por algo invisível. Saltos. Sua mão jogada para cima como se recebesse algo, como se não pudesse mais se opor. Giros e saltos, chutes no ar. Quem está no comando agora? Quem lidera teus movimentos? A música acabou e o baque seco dos seus joelhos caindo pesadamente contra o chão de madeira foi ouvido claramente. Mais uma vez a posição inicial. Sentado sobre as coxas Liu respirava fundo, ainda imerso na aura da coreografia.  

Todos continuaram em silêncio por alguns momentos, eu precisava respirar novamente. Meus olhos arregalados, meu corpo todo arrepiado. Liu parecia ter caído tão fundo que precisava voltar aos poucos, ainda na mesma posição, como se tivesse que parar um momento para lembrar qual parte daquilo tudo era realmente sua. Foi como se as palavras da Raquel finalmente fizessem sentido. Liu se conectou completamente com a melodia, com a letra e a voz. Liu viveu a música em todos os seus minutos de duração. Sentindo-a em cada um de seus poros. Eu sentia como se olhasse pela primeira vez algo incrível. Agora eu sei o que a professora queria. Agora eu sei que o que fizemos não chegava nem perto. O som de palmas me arrancou do manancial de pensamentos que me prendia meio tonto.  

-"Meu Deus Liu que incrível!"- Sandeul gritou e sorri ao ouvir a voz do menino, quando virei na sua direção meu sorriso morreu. Outra pessoa parecia tão maravilhada como eu, Kim Yu Kwon. Ele estava sério, seus olhos presos em Liu. Quando encarei Liu de novo percebi que ele o olhava também. Meu estomago revirou. Eu conseguia sentir a aura densa naqueles olhares e era tão raro ver os lábios de Kwon juntos seriamente, numa expressão concentrada. Ele estava longe demais pra ser alcançado por mim, estava no seu próprio universo com Liu. Isso fez meu coração apertar por um segundo e me senti tão possessivo e desesperado como se ele estivesse escorrendo pelos meus dedos. Estiquei a mão segurando seu braço com tanta força que fez barulho, ele virou pra mim, como se eu o tivesse despertado de um sonho. Num susto. Eu senti inveja com força de tudo que acabei de admirar a um segundo atrás. Conseguia enxergar a admiração nos olhos castanhos do meu namorado, mas ela não era endereçada pra mim dessa vez. E como poderia quando decepcionei todos da última vez? Eu não era merecedor e me amedrontava a suposição de que ele poderia descobrir isso a qualquer momento.  

-"Eu estou meio enferrujado, bati meus joelhos no chão muitas vezes!"- O chinês comentou rindo e todos pareciam conversar. Mas eu só conseguia encarar o meu colega de quarto. Implorando para que ele fosse só meu. 


Notas Finais


a coreografia que descrevi Liu dançar é originalmente do Hozier e quem performa ela é o Sergei Polunin!
Pra quem quer ver o video aqui está o link: https://www.youtube.com/watch?v=c-tW0CkvdDI
E então mereço comentários hoje? <3
Até proximo ano, amo vocês <3


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