História MOVA - Bloco M - O lual e o nosso segredo!

-"Eu realmente pensei que não tinha um jeito de você se tornar mais irritante ainda, mas vejo que fui inocente... Será que você poderia me largar?"- Pedi irritadíssimo enquanto Kwon insistia em me abraçar constantemente. Eu só estava tentando arrumar meu cabelo no espelho do quarto e mesmo assim era uma tarefa difícil porque tinha um gatinho me abraçando por trás com um sorriso idiota na cara.  

-"Não consigo me segurar eu acho que vou explodir de tanto amar você..."- Comentou depois de soltar um risinho. Soltei o ar pela boca cansado e empurrei suas mãos da minha cintura, finalmente afastando-me dele o mínimo possível.  

-"Espero que você exploda mesmo!"- Ralhei irritado abrindo a porta e saindo do quarto. Vi a luz sendo apagada e Kwon saindo logo em seguida, só então pude fechar a porta.  

A caminhada até o bloco O foi tão irritante que eu estava quase perdendo completamente a vontade de ir pro passeio. Meu colega de quarto não aceitava mais apenas segurar minha mão como costumávamos fazer, o maldito queria andar enquanto me abraçava e beijava minha bochecha, tive que explicar pra ele que era impossível fazer isso. Eu não sei porque fui inventar de dar o cú pra esse desgraçado.  

Quando enxerguei Pyo fazendo uma dancinha escrota e o pequeno Taeil tentando segurar a risada, quase gritei de felicidade. Finalmente tive um bom motivo para fugir do grude do gatinho e pular na criança super desenvolvida que era o grandão a minha frente. Abracei-o e logo recebi a sua felicidade em troca. Meu colega de quarto e o seu pequeno amigo se abraçaram também e o loiro fez questão de erguer-lhe um pouco durante o aperto. Fazendo aquele serzinho parecer ainda menor.  

-"E ai Minnie está pronto para o melhor lual da sua vida?"- Pyo brincou enquanto se mexia animado. Revirei os olhos e sorri.  

-"Estou gritando de animação!"- Ironizei recebendo um olhada irritada do outro.  

-"Estou levando um violão pra você Kwonnie! Você me disse que sabia tocar!"- Taeil disse animado e Mordi o lábio em antecipação.  

Quando Pyo jihoon veio com essa maravilhosa ideia de lual não pude deixar de me sentir motivado a afoga-lo na privada, mas Kwon foi mais rápido e fez Sandeul, Baro, Liu e os gêmeos saberem dos planos, ou seja... Não tinha nem uma pequena chance de eu sair dessa luta vitorioso! Tive que aceitar que essa cambada de gente que insiste em ser legal perto de mim, controlasse mais um dos meus fins de semana.  

-"Vai ser muito massa!"- O gatinho gritou correspondendo a animação.  

Virei para o outo lado e finalmente avistei Baro e Sandeul. O casal sorridente, segurava mãos de um jeito que te faz sorrir só em observar. Esperei até eles estarem perto o suficiente e abracei meu patinho apertado.  

-"Você está tão fofinho!"- Falei apertando-o e o garoto riu escondendo seu rosto em mim.  

-"Eu te disse que era pra vir todo de branco esquilo!"- Ouvi Kwon reclamar e virei soltando o pato que não demorou a se aproximar do namorado.  

-"É só o meu boné que é preto, não tinha nenhum branco!"- O rapaz explicou sorrindo e Kwon fez careta pra ele.  

-"Que pessoa fofinha!"- Pyo gritou bagunçando os cabelos do meu pato e todo mundo riu. Certamente o gigante tem essa mania de gente fofa. Não me admira que ele namore a pessoa mais fofa do universo.  

-"Sou Sandeul! Prazer em conhece-los e obrigado por nos convidar também!"- O mais novo agradeceu polido e gentil. Sorri satisfeito por criar bem meu filho.  

-"Sou Pyo e aquela coisinha ali é o Taeil!"- O grandão disse em resposta. O baixinho acenou sorrindo e parecia um daqueles momentos em que você pode observar de perto os segundinhos que precedem uma grande amizade.  

-"Esse aqui é o Baro, meu namorado!"- Sandeul disse tão naturalmente que tive inveja. Não que fosse muito difícil me fazer sentir assim. Baro entregou-lhes um sorriso grande e inocente com dentinhos salientes no meio e bochechas cheias. Um perfeito esquilo.  

Como todo mundo que ia no carro de Taeil já tinha chegado fomos até o carro para começar nossa viagem até a casa de praia do mais velho. Baro sentou entre as coxas do namorado. E se na primeira vez eu achei que era irritante ter um bobo no carro era pior ainda quanto a viagem inteira o esquilo se provou um seguidor fiel a Pyo. Um de seus discípulos dissimulados, preparando-se para um dia ser tão retardado quanto o próprio.  

Mas não era negável o fato de que as risadas me manteram animado a viagem toda e a mão de Kwon segurando a minha me manteve aquecido.  

○○○ 

-"Um brinde a nossa noite!"- Pyo gritou animado e todos levantamos os copos. Demorou até todo mundo chegar e até escolhermos o quarto, por ai isso já estava um pouco escuro.  

Olhei por um tempo os gêmeos. Era a primeira vez vendo-os tão diferentes, pareciam algum tipo de ying yang. Jong estava com seu cabelo castanho claro como de costume, uma camisa de mangas longas branquinha, uma calça com alguns rasgos na mesma cor e um sapato fofo com spikes douradas. Já Jung tinha tingido o cabelo de preto, usava roupas pretas contrariando o pedido de Kwon de vri de branco, uma camisa longa e um short curto que deixava mais da metade de suas coxas a mostra. Era estranho porque o pequeno parecia mil vezes mais bonito assim, sua pele ficou ainda mais leitosa pelas cores escuras e descobri que suas coxas eram firmes e musculosas. Era raro ver um dos dois pequenos deixar as pernas livres. Fora toda essa rebeldia o rapaz ainda insistiu em ficar descalço o que deu a ele um tom meio sensual de um jeito estranho e ainda ficou teimando em beber cerveja. Parecia que ele se esforçava para fazer propositalmente tudo diferente do irmão gêmeo. Se Jong ria ele fechava a cara, se comia e ele dizia que estava sem fome. Eu nunca tinha visto ele agir dessa forma. 

Mas de longe o que mais me deixou intrigado foi sua recusa a estar perto de Liu como sempre. Ele insistia em sentar em qualquer lugar menos perto do Xing Ling e ele evitava os olhares do chinês. Era estranho porque eles sempre estavam se olhando e de repente não estavam mais, era estranho ser Liu a encara-lo, esperando o menor devolver o olhar. Talvez eu seja muito curioso.  

Jong ignorava completamente o clima estranho daqueles dois e fez amizade com um amigo que Pyo nos apresentou. Seu nome era Jaehyo e ele era realmente alto. Pyo, Baro, Sandeul e Taeil conversavam tanto que eu fiquei com ciúmes. Eu não deveria tê-los apresentado nunca.  

-"Ah! Kwonnie vou trazer o violão pra você tocar um pouco pra nós!"- Taeil lembrou de repente, tirando loiro do seu transe com o a coxinha de frango que comia avidamente, ignorando o mundo ao redor dele. Ele apenas mostrou o dedão num sinal positivo e comeu mais rápido para ficar de mãos livres. Assisti o pequeno rapaz entrar na casa correndo atrás de violão. Não demorou até que ele estivesse de volta e que entregasse ao loiro um violão branquinho. Todo mundo pareceu interessado no meu colega de quarto enquanto ele suavemente passava seus dedos nas cordas, como se estivesse se habituando ao instrumento.  

-"Está desafinado..."- Comentou sorrindo grande e tocando repetitivamente a mesma corda enquanto girava as hastes na ponta do violão, mudando suavemente o som. Mesmo isso parecia tão interessante que não só eu, mas todos olhavam pra ele. A forma que seus dedos seguravam com cuidado e como seu cabelo caia por seu rosto estar meio abaixado, completamente focado. Tudo era lindo. Ele finalmente terminou e anunciou isso começando uma espécie de solo onde ia seguindo várias notas bonitinhas. Uma melodia acolhedora e irreconhecível que mostrava como ele estava se acostumando a aquilo. -"Alguém tem algum pedido?"- Ele perguntou finalmente olhando de volta pra todo mundo.  

-"Eu quero que toque KLB!"- Jaehyo pediu e Jong riu alto achando o pedido engraçado o que fez o rapaz empurra-lo com os ombros e reclamar baixinho. Isso os fez parecer estranhamente e subitamente íntimos.  

Kwon nem mesmo questionou o pedido como eu pensei que faria. Apenas começou a dedilhar o violão pensativo como se pensasse nas notas que tinha que tocar. Quando a melodia se fez presente foi impossível não reconhece-la ao ponto de fazer qualquer um sentir-se nostálgico.  

-"Perdoa se estou te ligando amor nesse momento, mas me fazia falta escutar de novo só por um instante sua respiração..."- O loiro começou a cantar com um voz sôfrega e uma expressão cômica. Foi instantâneo, todos começaram a rir inclusive eu. Liu imediatamente esqueceu a bad que o atingia desde cedo e começou a brincar fazendo um tipo de coreografia contemporânea pra música. -"Desculpa, sei que estou quebrando nosso juramento, sei que existe outro em seu pensamento, mas meu coração pediu pra te dizer... Estou morrendo, morrendo por dentro!"- Kwon continuou, a parte mais cômica era ver Pyo perdidinho tentando entender, provavelmente ele era um dos mais novos ali e talvez ele não tivesse tido a sorte de conhecer KLB! 

-"Estou morrendo..."- Taeil falou suavemente, imitando o back vocal da música original, arrancando mais risadinhas de todo mundo. O mais baixo conhecia bem a música, era engraçado perceber como esses dois são completamente diferentes e completamente perfeitos um pro outro.  

-"É tanta saudade... Morando em meu peito uuuh..."- Continuou Kwon e logo olhou na minha direção como se me pedisse pra cantar o refrão. Peguei uma garrafinha de cerveja já seca e puxei o ar com força pros pulmões, ignorando o mundo todo, essa era uma boa música. 

-"Vida, devolva minhas fantasias! Meu sonho de viver a vida! Devolva meu ar... Sem teu carinho, meu mundo fica tão vazio os dias quentes são tão frios e as noites me trazem a dor desse amor..."- Cantei feliz, talvez fosse o álcool no meu sistema ou talvez a animação de ter todo mundo junto assim. Era como se me sentisse seguro e pleno. Como se finalmente pudesse me sentir como um adolescente normal, ou um pessoa normal. Brincando com meus amigos, cantando e sorrindo.  

Quem cantou a próxima estrofe inteira de um jeito super envolvente foi o Liu, fazendo questão de gritar alto e tudo e ele nem percebeu quando Jung entrou na casa abandonando todo mundo ali fora. Enquanto todo mundo ria e seguia a melodia com palmas, eu me vi meio preso no pensamento sobre como aquele cara andava estranho. Talvez eu apenas estivesse sendo indiscreto? Mas e se ele estivesse doente ou algo assim? Pensei um pouco sobre isso... Eu não deveria me meter... Mas me incomodava como ninguém parecia se importar com o gêmeo mais velho por minutos. Mordi o lábio e tentei ficar de pé o mais discretamente possível. Foi fácil quando todo mundo estava entretido demais em cantar com meu colega de quarto. Cheguei a me sentir desapontado quando não ouvi a voz levemente anasalada de Kwon me perguntando onde eu ia.  

Não foi difícil achar o gêmeo que agora parecia meio emo. Ele estava num dos banquinhos da cozinha com os cotovelos no balcão e olhava pra algo na sua mão com muito interesse. Cheguei perto em silêncio e fingi que estava procurando alguma coisa na geladeira.  

-"Ei Minnie... Entre eu e Jong, quem você acha que é o mais bonito?"- O garoto perguntou me pegando de surpresa, travei no lugar pensativo. O mais bonito? 

-"Mas vocês são completamente iguais... Quer dizer, eram..."- Comentei mirando seu rosto para analisar sua beleza. Ele parecia tão delicado. Jung pareceu desanimado com minha resposta e suspirou audivelmente olhando para o objeto em suas mãos, percebi que era um pirgentinho em formato de gatinho. Ele parecia ter muito carinho por aquilo.  

-"Nós não somos iguais..."- Reclamou baixinho ainda sem olhar pra mim. Suspirei e dei a volta no balcão, para poder sentar ao seu lado.  

-"Me desculpe se isso te chateou... Você não são iguais mesmo! É só que... Você parecia gostar da semelhança entre vocês dois... Ou ao menos não se importava com isso, porque parece tão desesperado em ser diferente do seu irmão de repente?"- Perguntei sem resistir. Meu coração estava apertado na dúvida e me incomodava ainda mais o fato de que só eu parecia curioso sobre isso. O mais baixo olhou pra mim com as sobrancelhas juntas. 

-"Está tão obvio assim...?"- Perguntou receoso. Dei de ombros. Ele se perdeu em pensamentos de novo. -"Se eu conversasse com você sobre isso... Você me prometeria não contar a ninguém?"- Indagou baixinho. Mordi o lábio e assenti positivamente meneando a cabeça pra baixo e pra cima. Eu venderia até minha alma pra saber o que ele tinha pra falar.  

-"Bem... Eu e Jong sempre fomos praticamente um só desde pequenos. Isso nunca me incomodou! Na verdade é muito melhor sentir que sempre tem alguém perto de você e qualquer menção em estar sozinho ou longe do meu irmão me deixava meio amedrontado... Nunca tive problemas em dividir tudo com ele. Vestimos as mesmas roupas, dançamos as mesmas coreografias, usamos o mesmo shampoo e ainda comemos com a mesma colher... Eu amava isso. Até entrar pra MOVA e conhecer o Liu... Nós rapidamente ficamos amigos dele por causa das besteiras que saem da boca dele, sempre gostamos de pessoas engraçadas. Eu não posso negar que sempre o achei bonito e o admirei, mas isso nunca foi realmente um pensamento descente na minha cabeça. Até a segunda feira depois do primeiro fim de semana, Liu chegou com cordões de presente pra nós dois e sabe... Eram dois cordões diferentes. Um gatinho e um cachorrinho. Pode parecer bobo, mas... Foi a primeira vez em muito tempo que me senti "eu" e não "nós", sabe? Eu não sei explicar... Isso me fez pensar que ele enxergava bem mais do que o fato de sermos gêmeos. A cada dia ele parecia saber mais de mim e eu entendia ele também. Era incrível... Com um simples olhar eu saberia o que ele queria... Você já sentiu isso?"- Perguntou de repente interrompendo a história.  

-"Hum... Um pouco... na verdade eu sou meio lerdo pra entender o Kwon!"- Confessei e o baixinho sorriu um pouco, compreensivo. Depois voltou a  olhar o pingente e sorriu.  

-"Eu estava aguentando bem todo esse tempo, mas... De repente algo me deixou agoniado. Algo como... Insegurança? Eu quero ser diferente, pintei o cabelo e vesti simplesmente o completo contrario que o Jong, meu irmão nem entende o que está acontecendo... Ninguém parece entender. Liu pensa que eu briguei com meu irmão, ele não entende... Pela primeira vez eu não quero dividir algo com meu irmão, mas ninguém entende isso..."- Terminou sua fala com um suspiro cansado.  

-"Eu entendo..."- Comentei sorrindo fraco e tocando seu ombro com carinho, tentando passar um pouquinho de força. Jung abriu um grande sorriso e me abraçou com força de uma vez, quase cai. Quando relaxei mais toquei seu cabelo tentando consola-lo.  

-"Obrigado Minnie! Realmente entendo porque todo mundo gosta tanto de você!"- Comentou e eu ri um pouquinho.  

-"Você entende? Pois me explica porque eu não entendo!"- Fiz graça para anima-lo. 

-"É porque você tem um coração muito bonito!"- Comentou calmamente e ri mais uma vez. No meio da risada virei um pouco minha cabeça e acabei encontrando Kwon parado olhando pra nós com a sobrancelha erguida. Toquei os ombros de Jung empurrando-o calmamente e ele pareceu confuso até ver meu namorado parado.  

-"Será que eu não posso te deixar sozinho um minuto Lee Minhyuk?"- Relaxei os ombros quando notei que seu tom não era zangado, pelo menos não de verdade. Jung também pareceu perceber e riu um pouco.  

-"Não está mais tocando KLB Kwonnie?"- O baixinho perguntou, Kwon chegou perto dele e selou sua testa com carinho.  

-"Não cara, Pyo colocou umas músicas do Justin Timberlake das antigas no somzinho dele lá, ta todo mundo dançando feito doido."- O loiro brincou e rimos um pouquinho.  

-"Pois eu vou lá vigiar se o Xing Ling e o Jong estão passando muita vergonha!"- O menor disse com um sorriso e tocou minha coxa de repente. -"Obrigada Minnie!"- Ele comentou sincero e sorri pra ele.  

Quando Jung finalmente tinha nos deixado sozinhos Kwon apertou os olhos na minha direção e estalou os dedos das mãos como se pensasse.  

-"E então? Não vai me contar sobre o que estavam conversando?"- Indagou. Engoli em seco, eu tinha prometido que não ia contar pra ninguém.  

-"Huum... Eu meio que prometi não contar a ninguém."- Expliquei receoso.  

-"Mas eu não sou qualquer um, sou o amor da sua vida!"- Comentou soando ofendido e não evitei sorrir a sua alto declaração de amor da minha vida. Retardado.  

-"Você se acha demais imbecil!"- Brinquei e ele revirou os olhos pra mim.  

○○○ 

Passei meus dedos carinhosamente por entre os fios loiros, mergulhando-os gentilmente na macies e fazendo meu menino fechar os olhos em deleite. A qualquer momento ele começaria a ronronar.  ele estava com a cabeça deitada no meu colo. Já estava muito tarde e depois de tanto brincarmos juntos, estávamos naquele estado meio cansado, meio delirante. Tanto Jong quanto Jaehyo desaparecerão em algum momento que não vi, então não estavam por perto. Sandeul estava sentado entre as pernas do namorado, com as costas apoiadas no peito do mesmo. Eles pareciam sempre tão apertáveis. Jung parecia pensativo enquanto fazia um bico vermelhinho com os lábios e mexia no próprio cabelo. Quase como um carinho com as próprias mãos. O Xing Ling estava fazendo um castelo de cartas com Pyo e não sei de onde eles tiraram esse maldito baralho. Taeil como sempre fazia pequenos vídeos de cada casal, cada pessoa, cada situação. Era como estar preso num Reality Show eterno. A vezes me sobe uma sensação estranha de que várias pessoas sabem o que eu penso e o que eu faço, mas apenas afasto esse pensamento da minha cabeça. Que loucura não é mesmo? Imagina se alguém assistiria um filme sobre uma vida tão boba ou pior, se alguém leria um livro com um objetivo tão torto? Impossível. 

-"Gente vamos brincar de alguma coisa!"- Tae pediu pegando o violão no colo. 

-"Estou morrendo de cansado, não tenho energia pra mais nada..."- Baro reclamou fazendo um bico e meu patinho apertou-lhe as bochechas em adoração.  

-"E você tem energia pra alguma coisa em algum momento?"- Indaguei com um sorrisão. O esquilo rolou os olhos e me ignorou. Meu menino gemeu preguiçosamente no meu colo, como se reclamasse que parei o carinho. Quase automaticamente voltei a mexer gentilmente meus dedos pelo seu cabelo.  

-"Vamos brincar de obrigar o Baro a fazer uma declaração de amor bem melosa pro Sandeul!"- O gatinho sugeriu e todo mundo se interessou. Até mesmo as crianças, vulgo Liu e Pyo, pararam de brincar para prestar atenção. 

-"Kwonnie, o que você tem contra mim? Sério?"- Baro perguntou ofendido e o loiro gargalhou achando divertido no meu colo.  

-"Além do fato de que você deixa o seu namorado agarrar o meu? Nada!"- Reclamou e todo mundo riu alto. Sandeul fez careta e eu dei um tapa na cabeça do meu colega de quarto, apesar de ter um sorriso enorme adornando meus lábios.  

 -"O mesmo vale pra você..."- Reclamou o esquilo apontando pra Kwonnie e o mesmo apenas inflou as bochechas, achando a atitude realmente madura o bastante.  

-"Chega dessa briguinha e faça logo essa declaração!"- Pyo reclamou. E como um bom idiota não demorou pra improvisar um microfone, mas era só uma garrafa de cerveja meio vazia com uma colher dentro. Ele estendeu aquilo e o mais novo se recusou a pegar, só aceitou quando fizemos um escândalo de vaias.  

-"Ok! Vamos lá... Sandeul é calmo, compreensivo, lindo..."- O esquilo começou. 

-"Gostoso!"- Liu gritou recebendo uma almofadada na cara pela parte do esquilo. Todo mundo sabia que ele estava brincando ou a gente gostava de pensar assim.  

-"Como eu estava dizendo... O meu namorado..."- O mais novo voltou a falar, dando ênfase a definição do relacionamento dos dois e arrancando algumas risadas do Chinês. -"Sempre me apoiou e ajudou. Ele sempre está do meu lado quando eu acho que estou sozinho e sempre acredita em mim, mesmo quando nem eu mesmo tenho fé no que estou fazendo. O que eu mais gosto nele é o coração bom que ele tem. O jeito que ele contornou toda a história difícil da minha família, com sua gentileza e hoje em dia não só todo mundo nos aceita, como amam ele como um filho. Meu único desejo é estar sempre do lado dele. Sinto que se estivermos perto o suficiente, nada mais importa. Eu não tenho sonhos, ambições e nada do tipo. Posso fazer qualquer coisa que ele quiser,  com a condição de que ele esteja por perto..."- Terminou o discurso e o patinho estava tampando a boquinha com as palmas das mãos, como se tentasse conter a emoção. Todos batemos palminhas e demos gritinhos animados e essa foi a deixa pro esquilo aperta-lo nos braços envergonhado.  

-"Não sei se acho fofo ou doentio..."- Liu implicou com um sorriso debochado no rosto e dessa vez quem jogou um travesseiro nele foi Jung. Foi um pouco tenso porque era uma das primeiras interações diretas dos dois essa noite e Jung não parecia tão tranquilo. Liu apenas o olhou intensamente e eu nunca seria capaz de desvendar o que esses dois conversam pelos olhos.  

-"Acho que está na hora do meu querido amigo Kim YuKwon que me deu essa magnifica chance, ser retribuído... Por favor, faça uma declaração também!"- Baro falou e não deu um segundo pra Pyo pegar o "microfone" e passa-lo pra Kwon que ainda deitado no meu colo olhou pro objeto pensativo.  

-"O ganhador da loteria vai dar entrevista!"- Pyo comentou rindo. Franzi o cenho sem entender. Meu gatinho saiu do meu colo pra sentar direito e pegou a garrafa da mão do grandão retardado.  

-"Ganhador da loteria?"- Indaguei tentando entender e todo mundo riu da minha cara, inclusive meu maldito namorado que deveria me defender.  

-"Ele namora o cara mais fofo, engraçado, incrível, lindo e..."- Sandeul começou a falar, mas logo seu namorado tapou sua boca com uma cara feia.  

-"Segura teu namorado ai Esquilo!"- Reclamou o loirinho.  

-"Eu só não digo que gosto de vocês também, porque eu não gosto de mentir!"- Impliquei e todo mundo riu. Que raiva, não riam. Porque todo mundo tem que me fazer sentir tão bem? Da vontade de matar todos... De amor.  

-"Bem... Primeiramente queria agradecer a meu grande amigo Baro pela oportunidade de deixar ainda mais claro o quanto eu sou apaixonado..."- Pyo fez um barulho alto com a garganta fingindo ânsia de vomito e mais uma almofada foi jogada na sua cara, dessa vez por mim. Estava ansioso pra ouvir.  

-"Cala a boca!"- Reclamei baixinho e ele tapou a boca com a mão.  

-"Não é segredo pra ninguém o quão lindo Lee Minhyuk é. Ele fica quietinho no canto dele, sempre dando seu melhor e ajudando da melhor forma. Eu sei que todo mundo aqui ta com inveja, mas ele nunca vai olhar pra vocês do jeito que ele olha pra mim..."- Kwon comentou e me policiei desviando o olhar dele. Deveria estar encarando-o abobadamente agora mesmo. -"O que eu mais amo no meu namorado é como ele é fofo. Sério! Da vontade de estrangula-lo. Imagina uma pessoa linda, obviamente a fim de você, que nega com todas as forças isso. Imagina uma pessoa que expressa com os gestos mais meigos e simples um carinho enorme, te faz sentir único realmente. Da vontade de morde-lo toda a vez que ele me pede pra soltar ele, porque eu sei que ele quer que eu aperte mais forte, toda a vez que ele diz que eu dancei bem, porque eu sei o quanto ele teve que engolir o orgulho pra dizer isso e até mesmo o jeito que ele passa seus dedos por meu cabelo de vez em quando. Eu adoro tudo e poderia ficar preso nele o dia todo..."- Meu menino dizia corajosamente cada palavra. Sem intenção de negar nada e mordi meu lábio sem mais tentar fingir que não era assim tão perdido nele. Encarava-o sem vergonha agora. Com vontade de apenas olha-lo por um bom tempo. Era só uma brincadeira, uma bobagem, mas era tudo pra mim.  

-"Oi som! Testando..."- Falei quando puxei o microfone da mão do loiro. Fiz uma piadinha besta, mas todo mundo ficou silenciosamente sério quando pus minhas mãos naquilo, como se esperassem pelo que eu ia falar. Como se respeitassem meu momento mais do que qualquer coisa.  

-"Eu sei que eu nunca disse isso na frente de vocês... Mas eu queria deixar claro aqui! Que Kim YuKwon me deu mais sorrisos do que posso contar e eu bem... Todo mundo já sabe o que eu sinto por ele, aquilo lá..."- todo mundo riu do jeito que enrolei, mas todos entenderam e esperaram calmamente que eu voltasse a falar. -"Eu só não queria que achassem que só ele sente, porque esse retardado está sempre gritando por ai. Enquanto ele falava meu coração quase saiu pela boca... E eu acho que quem ganhou na loteria fui eu!"- Brinquei pra tentar acabar um pouco com o clima sério, mas todo mundo olhava pra gente como quem olha pro pai e a mãe. Com um carinho enorme e sorrisinhos bonitos.  

-"Vocês ficam esfregando essa relação perfeita na nossa cara! Aff!"- Pyo implicou fazendo careta. Perfeita? Nossa relação parecia tudo, menos perfeita. 

-"Ta bom! Ta bom! Eu vou cantar uma música aqui!"- Sandeul gritou puxando o violão e começando a dedilha-lo.  

Depois dessa brincadeira todo mundo estava calminho. Num daqueles momentos gostosos de tranquilidade e paz. Até mesmo Jung tinha cedido e deitado com Liu no sofá, eu estranhamente torcia pra aquele casal dar certo. Afinal, seria muito bom deixar aquele chinês tarado um pouco mais longe do meu namorado. O Patinho começou a tocar uma melodia conhecida e sorri olhando-o. Estava de chamego com meu menino, abraçando-o e ouvindo o Pato  começar a cantar sua voz era realmente bonita e sem falhas. Bem diferente da sua habilidade no violão que quase estava estragando a performance inteirinha. Ele conseguia atingir notas altas, era realmente gostoso de ouvir. Ainda mais quando ele decidiu cantar Elvis.  

Wise men say, only fools rush in 

Homens sábios dizem, só os tolos se precipitam 

But I can't help, falling in love with you 

Mas não posso evitar me apaixonar por você 

Shall I stay? Would it be a sin... 

Deveria ficar? Seria isso um pecado... 

If I can't help, falling in love with you? 

Se eu não puder evitar me apaixonar por você? 
 

Like a river flows, surely to the sea 

Como um rio que corre certamente para o mar 

Darling, so it goes somethings are meant to be 

Querido, assim algumas coisas estão destinadas a acontecer 

Take my hand, take my whole life too 

Pegue minha mão, pegue minha vida inteira também 

For I can't help, Falling in love with you 

Pois eu não consigo evitar de me apaixonar por você