História MOVA - Bloco M - Eu queria estar morto

Quinta feira é dia de que? De aula da titia! Depois que conversamos muito e ela me elogiou, Raquel voltou a ser a minha pessoa preferida no mundo. Afinal, não da pra perder toda uma admiração apenas por uma bronca. Então, é compreensível que eu esteja tão animado em ir pra aula dela e ser feliz. Mesmo que eu odeie a matéria. Minha intenção principalmente é conseguir mudar o que eu estava sendo geralmente e me tornar um bom líder e confiava 100% que a pessoa que poderia me ensinar como era aquela professora com uma risada escandalosa e cara de mau.  

Kwon parecia animado como eu, andando ao meu lado e assobiando tipicamente. Fazendo aquele biquinho delicioso com seus lábios molhadinhos. Meu gatinho era bem perfeito mesmo né? Talvez fosse os olhinhos rasgadinhos ou o cabelo loirinho e macio, talvez a bochechinhas ou pele clarinha. Podiam ser as veias saltadas ou o corpo completamente delicioso, desde as fartas coxas escondidas pela ridícula saruel, até os braços levemente musculosos que estavam a mostra pra qualquer um. Eu amava até aquela vozinha fanha e manhosa que ele gostava de usar pra dizer meu apelido ridículo.  

Quanto tempo já passou nessa brincadeira? Quanto tempo já perdi completamente perdido em Kim YuKwon? Era como se continuasse o mesmo ritual do primeiro dia, encarando-o assobiar. Um perfeito dejavu. Podia até enganar-me fingindo que nada mudou, realmente pareceria assim pra quem estivesse de fora. Quem diria que a MOVA guardaria tantos segredos daqueles dois dançarinos? 

Assustei o loirinho quando o prensei contra a parede do corredor e nem me preocupei em olhar ao redor antes disso. Ele estava tão estático pelo movimento repentino que não me tocava, apenas me encarava com os lábios ainda formando aquele biquinho, mas o assobio tinha parado. Poderia tê-lo esperado entender a situação, mas qual séria graça? Espalmei minha mão na sua nuca de uma vez só e beijei sua boca. Não me culpe, é um desejo antigo. O maldito fica assobiando toda hora, me mostrando esses lábios róseos e convidativos e bem, é tortura pra qualquer um que não pode toma-los pra si. A minha sorte é que bem... Eu posso. Empurrei minha língua na boca dele, forçando-o a permitir a passagem do musculo molhado que intensamente desbravou cada pedacinho daquela boca deliciosa. Sabe qual o pior? Era ainda melhor do que parecia. Kwon sempre tinha gosto de pasta de dente de morango pela manhã, mas eu nunca reclamaria. Findei o beijo só após dar mais um selinho carinhoso e ignorei completamente o sorriso animado do gatinho, soltando-o para continuar tranquilamente minha caminhada até a sala.   

-"As vezes eu acho que você é louco!"- Comentou quando finalmente me alcançou de novo e sorri um pouco enquanto abria a porta da sala.  

Baro, Sandeul, Jung, Jong e Liu estavam sentados um pertinho do outro e claro que tinham que levantar seus braços e gritar meu apelido pra todo mundo ouvir.  

-"Minnie!"- Gritaram. Me pergunto porque não gritavam o apelido do loiro também? Porque eu tinha que ser o cara a sofrer a maior parte do Bullying? Se apenas aquela ratinha gay não existisse e meu apelido fosse um pouco mais normal... 

-"E ai bando de gay!"- Kwon falou e Meu patinho ficou vermelhinho, sorri pra e sentei ao seu lado empurrando o esquilo chato. Abracei o fofinho e apertei suas bochechinhas. Eu adotaria Sandeul assim que conseguisse um trabalho. Meu colega de quarto revirou os olhos de inveja do nosso amor sincero e sentou-se ao lado do Xing Ling mais sensual do mundo que ria feito um retardado de alguma coisa que Jong tinha dito. Jung como sempre nos últimos tempos parecia perdido nos próprios pensamentos, encarando seus dedinhos finos e exibindo suas coxas branquinhas pra quem quisesse ver, por usar um shortinho preto e curto.  

-"Minnie eu to morrendo..."- Deulie reclamou e só então percebi que eu ainda estava o apertando. Ri debochado e selei o topo de sua cabeça finalmente libertando-o. Foi quando senti Baro deitar sobre minhas pernas com um bico nos lábios e os olhinhos fechados. Palhaço. 

-"Quero um beijinho também..."- Pediu o esquilo homossexual.  

-"Ah, você quer um beijinho?"- Perguntei numa falsa gentileza, então Baro assentiu positivamente ainda de olhos fechados. Passei minha mão pela nuca de Sandeul e empurrei-o sem aviso prévio em direção ao outro e ele estava tão próximo que não deu nem tempo de reagir. Os dois beijaram-se levemente e logo o patinho estava vermelho até as orelhas e Baro tinha os olhos arregalados pra mim, como se tivesse sido estuprado.  

-"Você me beijou mesmo Minnie?"- Reclamou fazendo uma careta e eu pisquei pra ele.  

-"Como é que é?"- Kwon perguntou se metendo na conversa de repente, uma das sobrancelhas levantada em ironia e seu olhar preso no meu, como um pedido de explicações mudo.  

-"Eu quero mais um..."- Baro riu ao notar o ciúme do meu namorado pegando minha nuca e me puxando em direção a ele. Fiz cara de nojo e facilmente segurei o pobre e fraquinho garoto, ainda rindo.  

-"Foi o Sandeul! Eu empurrei ele!"- Expliquei aos dois e eles suspiraram aliviados. -"Agora sai de mim!"- Impliquei empurrando o mais novo e fazendo-o resmungar e engatinhar até estar devidamente aconchegado nas belas coxas de Lee JungHwan vulgo Sandeul. Será que eu sou um tarado em coxas? Porque percebo as de todo mundo? Porque nenhuma se compara as do meu gatinho preferido? Que gay.  

-"Ei... Minnie!"- Escutei uma voz doce e conhecida me chamando e olhei na direção de Jung. Ele fez um sinal com as mãos me chamando pra perto e não deixei de perceber olhares massivos não só do meu namorado, mas de um Chinês muito burro. Sorri pra ele e engatinhei, achando bom o fato de que não seguraria vela pro casal que começou a sussurrar coisinhas bonitinhas perto de mim. Ugh.  

-"Tudo bem gótico?"- Perguntei sorrindo e bagunçando o cabelo recentemente preto do baixinho ele sorriu um pouco.  

-"Não está nada bem. Eu quero matar o Liu, acredita que ele veio reclamar comigo que o Jong estava triste porque eu estou diferente? Ele é muito tapado."- Reclamou pra mim e franzi o cenho.  

Antes que eu fosse obrigado a responder essa pergunta retórica Raquel entrou ruidosamente pela porta. Batia palmas altas e sorria.  

-"Vamos levantando essas bundinhas do meu chão? Hoje temos vários exercícios!"- A mulher falou animado enquanto estendia os braços automaticamente alongando-se. Suspirei, tendo aquela sensação estranha que estava prestes a viver a tarde mais louca da minha vida.  

-"Me ajuda a levantar..."- O loiro pediu manhoso, mesmo que tivessem mil pessoas pra ajuda-lo. Revirei meus olhos e estendi a mão puxando-o pra cima. Logo Kwon passou suas mãos por minha cintura, num abraço leve e me prendeu lá enquanto ouvíamos a professora.  

-"Bem, hoje vamos fazer uma espécie de dinâmica! Cada um vai procurar alguém que dance um estilo diferente do seu e tentar aprender com a pessoa. Assim como vai ensina-lo o seu estilo."-Titia falou e instantaneamente começou o falatório, Kwon olhou pra Liu e sorriu. -"Lembrando que, não pode ser ninguém que você conhece. Se quiserem fazer em grupo tudo bem. Por exemplo, duas pessoas que dançam House... E duas pessoas que dançam sei lá Ragga. Mas com a única condição de nenhum dos quatro se conhecerem! Lembrem pessoal, o objetivo disso é que aprendam o novo e saiam da zona de conforto!"- Ela explicou pacientemente e Liu deu de ombros pra expressão de Kwon, eles não iam poder dançar juntos. Sorri um pouco, até perceber que eu também não ia poder.  

Todos começaram a olhar em volta, como se pensassem sobre o assunto. Enquanto eu apenas tinha um pequeno ataque com a minha asma imaginária. Será que da tempo de morrer? 

-"Conversem, decidam-se e usem o espaço da sala pra aprenderem, no final  da aula a gente da uma olhada no que conseguiram! Façam coreografias rápidas, coisa de um minuto mais ou menos, pra dar tempo!"- Titia continuou explicando enquanto sentava no chão. -"Jung e Jong, quero os dois separados! YuKwon e Minhyuk, quero os dois separados! Baro e Sandeul, quero os dois separados! Jungkook e Jimin quero os dois separados! Somin e Jiwoo, quero as duas separadas! JSeph e Matt, quero os dois separados! Donghae e Eunhyuk, quero os dois separados! Aya e Bambi, quero as duas separadas. Não pensem em me enganar! Conheço a bunda de todos vocês! Levem o exercício a sério!"- A professora continuou e a cada dupla que ela gritava o nome as pessoas ficavam mais desesperadas. Realmente ter que mudar era horrível. Ficar perto de quem você não conhece é amedrontador.  

Me sentia como um queijo no microondas, derretendo lentamente e em círculos. Até uma garota tocar no meu ombro. Seus olhinhos eram muito puxados e sorriso era doce. 

-"Oi Minnie! Meu nome é Bambi."- A garota falou. Ela vestia um vestido meio trapézio e o seu cabelo era curto na frente e longo atrás, extremamente liso. Era um visual bem gótico ou algo assim. Devolvi o seu sorriso com um pouco tímido.  

-"Hey! Você quer dançar comigo?"- Perguntei, tentando entende-la.  

-"Ugh, se você aceitar! Eu danço Vogue, junto com a Aya! Não sei se já nos viu..."- Ela falou e tentei pensar um pouco sobre isso. Eu certamente já tinha visto as duas de passagem, sempre juntas, mas nunca as vi dançar.  

-"Já vi vocês duas, mas nunca tive oportunidade pra vê-las dançando..."- Confessei meio sem jeito.  

-"Ah, bem... No Vogue a gente usa principalmente os braços. Eu gosto de brincar um pouco com os dedos também, misturando um pouco de Titting! O principal pra esse estilo é travar bem os movimentos e sempre percebi como você consegue marcar bem o tempo! Vim falar com você, porque realmente acho que dançaria bem Vogue!"- Ela comentou gentilmente e sorri agradecido. Alguém que notou minha técnica. Minha vontade era abraça-la só em ela comentar sobre movimentos travados.  

-"Seria ótimo dançar com você!"- Avisei sorrindo e ela sorriu novamente. Tão doce, parecia uma pequena criança. Isso ia completamente contra a sua imagem roqueira e cheia de tatuagens.  

Sentamos perto de uma janela o mais longe de todo mundo que conseguíamos. Bambi sentada com as pernas cruzadas como um índio me mostrava alguns movimentos. A música sendo escutada através de fones de ouvido. A cada segundo me sentia mais surpreendido, realmente o Vogue era muito lindo. O jeito que ela dançava e fazia os movimentos travando poderia encaixar muito bem numa coreografia prática e comum de hip hop. 

-"Ok! Eu acho que entendi o Feeling do Vogue! Você estava certa Bambi! Isso casa perfeitamente com meu estilo de dança!"- Falei sorrindo e levantando a mão para que ela batesse na minha. Seu sorriso fofo era enorme.  

-"Então vamos escolher a música e começar!"- A menina comentou e assenti animado. 

Estava tão animado que foi fácil pra garota me convencer a dançarmos a música que ela tinha escolhido. Closer era clássica. Todo mundo estava escutando essa música, mas eu não podia negar, pra dar força a movimentos travados, precisamos de uma música forte, com batidas ritmas e constantes, e Closer fazia o trabalho perfeitamente. Finalmente nos levantamos e tentei ignorar todo o barulho e conversa ao nosso redor, focando no nosso trabalho. Seriam longas duas horas pela frente. Tentando juntar nossos estilos em uma coreografia de um minuto. E o pior de tudo? Kwon não estava aqui pra dar ligamento aos passos como sempre fazia, tornando tudo uniforme, eu e Bambi teríamos que tornar nossa coreografia boa, sem a ajuda de ninguém Dois estilos essencialmente diferentes, mas com um sentimento igual. A única coisa que parava na minha agora, era que me esforçaria, como sempre. E tentaria dessa vez, deixar que minha dupla induza movimentos e passos também. Queria mudar o passado e acabar com a lembrança da última coreografia. Estalei os dedos das mãos enquanto escutava o Bambi tinha a dizer e via a garoto mostrando alguns passos que imaginava ao som da música. É hora de deixar a melodia me inundar. 

○○○ 

Meu coração batia acelerado enquanto a melodia inicial se fazia presente, Bambi lançava um sorriso grande e confiante na minha direção e correspondi a ele. Os olhares dos nossos colegas eram de pura curiosidade, eles pareciam prestar uma atenção monstruosa e isso me deixou extasiado. Um público animado sempre séria um bom motivo pra se motivar.  

A garota mexeu os ombros um pouco, estava quase na hora. Suspirei e fechei um pouco meus olhos, puxando toda a concentração do mundo pra mim. Chutamos juntos ao som da batida inicial na música e o movimento fez um onda com nossos corpos até o braço que levantamos e paramos na segunda batida. Marcado ferreamente, sincronizado num nível absurdo. Sorri. Movemos os braço e juntamos as palmas, o som de pele contra pele também perfeitamente sincronizado. Viramos ao mesmo tempo abrindo a perna esquerda e flexionando o joelho ao toque da melodia. Tinha que prestar uma atenção ainda maior porquê Bambi fazia questão de fazer movimentos grandes e abertos e isso não condizia comigo, mas mudei por ela. Exagerando como nunca tinha feito antes ao mover meus braços e pernas.  

Abaixei um pouco a cabeça e posicionei a mão contra o meu peito.Era tão divertido, éramos quase como robozinhos. Movimentos super marcados propositalmente. Sorri enquanto estendia os dois braços a minha frente e mexia o pé esquerdo. Logo cotovelamos o ar e viramos o corpo. Tão marcado que nossos passos ecoavam ao bater contra o chão de madeira. Um sorriso pendeu nos meus lábios. Era fácil sincronizar-nos por causa dos movimentos puros e crus. Continuamos sorridentes, brincando com os passos e a batida na música. Eu poderia gargalhar de tão divertido.  

Finalmente o refrão, nos jogamos no chão batendo os joelhos contra a madeira opaca e mordi os lábios enquanto levantava e flexionava os braços condicionado completamente a música. Nos mexemos pela madeira com agilidade, preocupados em manter a precisão dos movimentos. Escutando os leves gritinhos ao nosso redor e algumas palmas aleatórias. Girando e mexendo tão forte que os nossos cabelos estavam bagunçados e respirações descompassadas. Já de pé fizemos o último movimento, jogando a cabeça pra trás ao mesmo tempo.  

A música continuou por ter mais que um minuto e não demorou pra sala ser preenchida por palmas e gritos animados. Os alunos com aquela mania de jogarem bonés contra nós. Sorri animado saindo da pose e abraçando Bambi, levantando-a a girando pelo ar de tanta animação. Os gritos foram maiores. Naquela mania de sempre os alunos jogaram bonés e toucas ao nossos pés, simulando flores e presentes e rimos um pouco, batendo nossas mãos e voltando aos nossos lugares animados.  

-"Comentem um pouco sobre essa coreografia por favor!"- Raquel pediu olhando pra nós dois. Nos entreolhamos. Bambi fez um gesto pra eu respondesse e engoli em seco, vendo toda a sala fazer silêncio para me ouvir.  

-"Ugh... Bem... Eu danço Hip Hop e a Bambi dança Vogue. A semelhança entre os nossos estilos são só movimentos marcados..."- Comecei falando meio fraco e parando um pouquinho pra recuperar a respiração. Passei minha mão pela testa pra tirar um pouco do suor. -" Então nos aproveitamos bastante disso! Pegamos uma batida forte e deixamos os movimentos bem travados, priorizando coisas como sincronia e visual. A parte mais difícil na minha opinião foi conseguir misturar os movimentos braçais do Vogue com o meu estilo de Hip Hop... A gente manteu os movimentos mais simples, porque ela obviamente tem muito mais domínio sobre os braços do que eu, então tivemos que lapidar a coreografia em algo que funcionasse pros dois... Também deixamos os movimentos mais abertos... Enfim. Espero que tenha ficado bom."- Tentei explicar do jeito mais sóbrio que conseguir e mais palmas seguiram-me.  

Duas meninas foram pra frente, mas nem prestei atenção conversando com Bambi sobre nossa própria apresentação e comentando algumas coisas. Como o fato de ter ficado muito sincronizado e que queria me juntar a ela de novo outra hora.  

-"Ei Minnie! O Liu vai dançar, olha!"- Sandeul falou chamando minha atenção e da Bambi. A menina que sempre andava com Bambi estava ao lado do Chinês e os dois mexiam-se um pouco como se marcassem os últimos detalhes da coreografia e esperassem o começo da música. Liu pousou um sapato pra marcar o meio e não perder durante a coreografia.  

Estava ansioso, queria ver como eles juntariam o ballet clássico ao Vogue. Estava me sentindo animado, principalmente por conhecer competência do Xing Ling, eu sabia que ele tinha feito um bom trabalho só ela expressão confiante naquela cara de tabua.  

Eles começaram bem, expressões incríveis como sempre. Tinha que admitir se eu conseguisse passar metade dos sentimentos que bailarino passava, eu seria foda. Eles ousavam muito mais em movimentação de dedos e braços e quase não mexiam o resto do corpo. Eu nunca conseguiria aprender aquilo tudo em duas horas, talvez seja porque Liu está acostumado com rigor, ele sabe lidar bem com novidades. Todos começaram a rir quando ele metia movimentos clássicos de Ballet no meio da coreografia de um jeito cômico e leve ao mesmo tempo. Fazendo as posições e estendendo as pernas como um verdadeiro bailarino. A moça seguia-o sem pestanejar, ninguém duvidaria se ela falasse que treinou por anos. 

Finalmente eles terminaram com sorrisos satisfeitos e eu bati palmas com tanta força que o som ecoou pela sala e fez Liu olhar pra mim com as sobrancelhas erguidas. Quando ele notou minha animação ele piscou pra mim e revirei os olhos. Raquel fez a mesma pergunta de sempre e foi Xing Ling que começou a responder. 

-"A gente tentou juntar o travado do Vogue com a leveza do Ballet. A nossa sorte é que os dois tem esses movimentos principalmente de braço, então foi muito mais fácil misturar os estilos. Coloquei os movimentos crus e coisas como a quarta posição, pliet e coisas clássicas, porque Ballet clássico é muito fechado não tem como fugir disso! Aya foi um anjo e se saiu muito bem! Eu amei fazer isso com ela! Espero que tenham se divertido!"- O bailarino disse confiantemente e todos batemos palmas em resposta. Sandeul levantou na minha frente e dei uma palmadinha em sua bunda, ansioso pra vê-lo dançar também.  

O garoto ao lado dele tinha uma expressão um pouco fechada e o patinho parecia bem nervoso, mordi meu lábio com medo. A música começou, o movimento era principalmente nos pés. Percebi de imediato que o garoto dançava algo como Suflle. Deulie tinha uma expressão aterrorizada no rosto e acompanhava precariamente o que o outro fazia. Chegava a ser duro de assistir e fazia meu coração ficar apertado. Minha vontade era ficar de pé e ajuda-lo, mas eu não podia.  

Perseverando o garotinho continuou completamente dessincronizado e o nervosismo dele fazia tudo piorar. O rapaz ao seu lado parecia bravo e continuava sem diminuir o ritmo. Minha vontade era de esmaga-lo com minhas mãos nuas. Quando finalmente a coreografia acabou Sandeul correu do centro fazendo cara de choro, sua cabecinha baixa como se ele pudesse se esconder do mundo. Meu instinto protetor borbulhava. 

Enquanto o garoto explicava sei la o que pra professora, respondendo a pergunta dela, eu estava mais preocupado em observar meu patinho abraçando Baro. Ele escondia seu rosto no peito do esquilo e não respondia nenhuma das perguntas do mesmo.  

-"Minnie! É minha vez de dançar... Cuida do Deulie?"- Baro pediu quando percebeu que eu os encarava, o outro afastou um pouco do namorado pra espiar minha resposta. Eu apenas abri os braços e ele fez uma careta enquanto saia de perto do outro e engatinhando encaixou-se entre meus braços. Protegi ele calmamente, como se pudesse esmaga-lo de tanto amor. Meu queixo apoiado sobre o topo da sua cabeça. De relance vi Kwonnie olhando diretamente pra mim, ele tinha as sobrancelhas curvadas em preocupação. Aquele garoto sabia bem o tamanho do meu carinho pelo patinho. Vi seus lábios cheinhos sussurrando: "Vai ficar tudo bem...". E eu não deveria ser o acalmado nessa situação, mas realmente precisava daquilo.  

O gatinho virou pra frente quando a música soou novamente. Eu sabia como era a sensação de se sair mal num palco. Apertei Sandeul mais forte quando tais lembranças voltaram a minha mente. Fazem muitos anos desde que isso aconteceu e não costumo ficar muito sentimental em relação a isso com facilidade, mas as vezes algumas coisas que lembram ela.

Continua...