História MOVA - Bloco M - Confiança

Como Kim YuKwon pôde fazer isso comigo? 

Liu sorriu doce, encarando o loiro de volta. 

-"Eu sei..."- Comentou devagarinho e tanto eu quanto o mini gótico olhamos descrentes pra cara de pastel de flango que ele tinha.  

-"Como assim, você sabe?"- Gritei exigindo explicações, eu não perdi quase todos os fios de cabelo de tanta preocupação, pra nada. 

-"Bem... Eu achei que a gente se gostava, mas como todo mundo fala que eu sou muito apressado, deixei que ele ficasse a vontade..."- Comentou dando de ombros e minha pernas ficaram fracas, estava quase vendo a luz. A minha sorte é que nunca comprei a arma que tanto queria ter comprado, porque se eu estivesse armado, eu matava todo mundo. -"Eu achei que de todo mundo, você me entenderia de algum jeito... Desculpe não ter sido claro..."- Falou olhando nos olhos do baixinho que a essa altura, estava mais vermelho que as costas de Kwon quando esqueceu de passar protetor solar e foi na praia. E não demorou pra ele desmanchar o aperto da mão do loiro e sair correndo dali e depois de dar uma risadinha o Chinês foi correndo atrás dele.  

-"Como você pôde fazer isso?"- Perguntei irritado. 

-"Você não prestava mais atenção em mim, apenas pensando nisso. O importante é que aposto que daqui a uma meia hora eles já vão estar em um relacionamento sério!"- Comentou Kwon olhando seu relógio de pulso imaginário. Apesar da irritação, tudo tinha ficado bem e como sempre as atitudes impensadas de Kwon, davam certo de algum jeito. 

○○○ 

Eu apenas gostaria de entender, porque dentre tantas pessoas no nosso grupo de amigos, eu sempre sou o escolhido para ter conversas com gente confusa. Respirei fundo e bati levinho três vezes sobre a madeira da porta. Quando Pyo estava confuso foi do mesmo jeito. A porta abriu devagar revelando um esquilo todo amassado e de cabelo bagunçado.  

Sandeul chegou na aula completamente triste porque seu namorado não queria entender seu lado e estava sentindo que era a hora de contar pra ele sobre a mudança de blocos o que acarretaria em mais briga. Depois de muito choro fui convencido a vir até o quarto dos dois e conversar com o esquilo que fazia certo charminho, se recusando a comer junto de todo mundo.  

Ele me olhou meio confuso e sorriu fraco.  

-"Oi Minnie... O que aconteceu?"- Perguntou meio confuso. Eu aposto que ele não ficaria tão calmo, caso fosse qualquer outra pessoa querendo conversar com ele, mas tinha esperanças que ele me amava demais pra não me obedecer.  

-"Eu queria conversar com você... Posso?"- Pedi ainda parado na porta. O mais novo parecia meio confuso e olhava pra mim enquanto coçava o próprio cabelo. 

-"Onde está o Deulie? A aula não acabou?"- Indagou olhando ao redor. 

-"Ele está esperando com o Kwon enquanto eu converso com você..."- Falei com calma. Baro passou a mão no rosto e bufou cansado. 

-"Minnie... Eu adoro você, mas por favor. Peça pro Sandeul voltar pro quarto! Não precisa se preocupar com nada! Estou bem."- Ele falou rapidamente e tentou fechar a porta. Deixei que ele a fechasse.  

-"E o Sandeul... Será que ele está bem?"- Falei, alto o bastante para que ele conseguisse escutar. Tudo ficou em silêncio por algum tempo e eu sabia que ele tinha escutado. -"Vamos conversar Baro..."- Insisti baixinho. Eu não estava fazendo isso por ninguém além dele. Sabia que estava doendo e conhecia aquela dor, queria ajudar. Escutei quando ele suspirou audivelmente atrás da porta e a abriu novamente, dessa vez deixando espaço para que eu passasse por ela.  

Entrei no quarto igualzinho ao nosso, não fosse pelas roupas de cama de super herois, sentei na beira da cama mais arrumada, imaginando que não era a dele. Baro sentou de frente pra mim na outra cama e mordeu a boca. 

-"Baro, você não pode ficar nessa birrinha, porque seus amigos querem te ver crescer! Sabe como essa oportunidade é importante? Kwon falou seu nome diretamente porque acredita no seu potencial!"- Falei devagar. 

-"Não é isso Minnie... Eu agradeço a oportunidade e poxa... Estaria pulando de animação se o meu patinho fosse junto comigo. Mas eu não posso fazer isso sem ele..."- Falou sem conseguir mirar meus olhos. Como se tivesse vergonha da sua fraqueza.  

-"Eu sei o que você está sentindo! Eu também não queria deixar o Kwon dançar Ballet, afinal ele ia ensaiar com um cara que eu morro de ciúmes o dia inteiro e nos veríamos pouco... Mas sabe porque não o impedi?" Indaguei e finalmente seus olhos encontraram os meus.  

-"Porque?"- Perguntou. 

-"Porque isso não é minha decisão. É dele. Eu deixei que ele fizesse, mesmo que tenha tentado o convencer de desistir, nunca realmente segurei sua mão e disse que não faria, afinal não é minha escolha. Se ele ama isso... Infelizmente eu só posso aceitar. E sabe qual a parte mais importante disso tudo Baro?"- Icentivei-o a interagir.  

-"Qual?"- Perguntou curioso, prestando atenção férrea ao que eu falava.  

-"A parte mais importante é que isso nunca interferiu no que eu quero pra mim. Mesmo quando Kwon começou a dançar Ballet, eu continuei com o Hip Hop e não pensei, nem mesmo por um momento em mudar isso. Eu não mudaria por ele, porque esse é meu sonho e o Kwon gosta de mim desse jeito. Eu até tive uma conversa bem chata com o Liu querendo que ele desistisse, mas depois de pensar um pouco... Eu gosto dele assim também... Você entende o que estou dizendo pra você?"- Indaguei olhando bem nos olhos do esquilo, ele fez careta.  

-"Mas é diferente..."- Ele comentou. 

-"O que é diferente?"- Insisti, querendo que ele se abrisse para conseguirmos conversar direito. 

-"Nós estamos juntos a muito tempo, sempre juntos. A gente nunca se separa, nunca faz nada separado... Eu não sou bom sem ele e ele não é bom sem mim. Nós somos um só!"- Falou como se fosse uma verdade universal. Neguei com a cabeça. 

-"Você precisa de confiança!"- Murmurei pensando em suas palavras. 

-"Não é que eu não confie no Deulie é que..."- Ele tentou se explicar com pressa, mas o interrompi. 

-"Quem falou em confiar nele? Você precisa confiar em você mesmo! Precisa confiar que você é bom o bastante pra ser amado mesmo estando um pouquinho longe. Que é bom o bastante pra crescer na dança, mesmo que seu namorado faça outra coisa. Que é corajoso o bastante pra deixa-lo ir..."- Falei com força, as palavras foram como tiros no pobre garoto que arregalou os olhos e permaneceu em silêncio por algum tempo. 

-"Deixar ir...? Como assim Minnie?"- Perguntou com a voz fraca.  

-"Sandeul encontrou algo que realmente quer fazer... Ele quer se transferir pro bloco de música e..."- Tentei explicar direitinho. 

-"O que? E ele não me disse nada? Ele nunca me esconde as coisas!"- Falou alto, me interrompendo.  

-"Como você quer que ele te conte se você fica tendo essa reação?"- Falei mais alto ainda, fazendo o esquilo se assustar com meu tom de voz e encolher os ombros. Como se fosse repreendido pelo próprio pai ou algo assim. 

-"Mas como ele vai me abraçar quando estiver difícil? E como ele vai me dizer palavras bonitas quando eu quiser desistir? E como vou beija-lo quando estiver feliz...?"- Ele falou de um jeito tão triste que quase larguei minha pose e o abracei.  

-"Ele sempre fez isso por você... Certo? Você está agradecido por isso... Certo?"- Falei e ele assentiu com os olhos cheios de lágrimas. Baguncei seu cabelo com carinho.  

-"Sim..."- Respondeu fraquinho enquanto deixava que fizesse carinho. 

-"Então, está na hora de retribuir isso tudo. Está na hora de beija-lo e felicita-lo por ter achado algo em que acredita. Está na hora de dizer-lhe palavras bonitas pra que ele não desista dos seus sonhos. Está na hora de dizer a ele com todas as letras, que vai estar aqui pra abraça-lo quando estiver difícil."- Quando eu terminei de falar o mais novo não aguentou mais e começou a chorar copiosamente. Rolei os olhos e ri fraquinho, esse dois nenéns. 

Afaguei seu cabelo e entendi suas lamentações o quanto ele quis, segurei-o até que a última lágrima caísse. Porque no final, era a única coisa que conseguiria fazer. Como um pai incapaz de proteger o filho de todas as dores, abriguei-o enquanto ele precisou de abrigo.  

Os dias passaram rápidos e apesar da agonia inicial, Baro estava completamente animado com a apresentação e junto com Liu, me enxia o saco para que escolhesse logo o conceito e começasse a formular a maldita coreografia.  

Apesar de amar vê-los respeitando minha liderança e esperando meu comando, o medo ainda fazia minha barriga embrulhar. Como se a partir do momento que decidisse escolher a música e os passos, tudo fosse decair e acabar se tornando algo sobre mim e não sobre nós quatro. O fantasma das apresentações onde não consegui ser bom o bastante, me assombrava com afinco. Tudo que eu queria era tomar uma decisão, mas isso parecia cada vez mais impossível. Eu deveria realmente liderar e aceitar o desafio de fazer isso certo dessa vez? Ou deveria abrir mão disso para aprender um pouco sobre não estar no comando? 

Sentei na cama depois de tomar banho e continuei esfregando a toalha no meu cabelo, tentando ao menos faze-lo parar de pingar sobre meu colchão. Não tinha jeito de passar por aquilo tudo sem conversar com alguém e só existia uma pessoa no mundo que eu tinha certeza que iria me apoiar em qualquer decisão. A única pessoa que repetiria: "Não tem problema.". Não importa o quão estranho soe. 

Kwon entrou no quarto com um semblante cansado e um corpo coberto por uma camada fina de suor. Ele parecia completamente exausto, mas quando ele me olhou abriu um grande e gentil sorriso.  

-"Boa noite meu amor, ainda está acordado?"- Perguntou soltando sua bolsa em qualquer lugar e se aproximando para beijar-me a boca de forma carinhosa. Tentei tocar-lhe o rosto, mas ele se afastou. -"Estou soado..."- Comentou com um sorriso. 

-"Estava ensaiando?"- Perguntei, mesmo sabendo a resposta. Mais do que ninguém, eu via a rotina cansativa do meu namorado. A mania dele de se esforçar cada vez mais em se tornar um bailarino. Com os ensaios para a audição aproximando-se cada vez mais, ele parecia desesperado em aprender e crescer o quanto antes. Eu entendia seu desespero, afinal, logo teria que se esforçar apenas em uma coreografia. De certa forma, eu não queria isso, queria que ele fosse livre pra ensaiar qualquer coisa. Mesmo depois de tudo isso, ainda somos apenas novatos e talvez uma batalha contra veteranos seja loucura até pra nós.  

-"Sim! Como sempre... Eu vou tomar um banho amor. Você me esperou até agora porque?"- Perguntou já pegando a toalha que eu tinha deixado jogada no meu colo. 

-"Quem te disse que estava te esperando?"- Indaguei sorrindo, retardado. Sempre sabia das minhas intenções. 

-"Eu te conheço Minnie!"- Brincou piscando pra mim. 

-"Apenas queria conversar um pouco..."- Confessei e ele assentiu. 

-"Vou tomar um banho e nós conversaremos, tudo bem?"- Questionou, como se falasse com uma criança. Revirei os olhos. 

-"Tudo bem!"- Concordei, fazendo-o se arrastar para o banheiro. O observei andando até lá. Kwon sempre tentaria esconder as dores, mas em alguns momentos de descuido como aquele, ele apenas mancava um pouco ao se dirigir pra algum lugar. Suspirei olhando-o entrar e fechar a porta do banheiro. Mais um sinal de que ele estava com alguma coisa no coração, ele sempre deixava a porta aberta.

Esperei um pouco, mas apenas o barulho da água podia ser ouvido e foi quando tive certeza, alguma coisa estava acontecendo. Não importa o que, Kwon sempre assobiaria no banheiro, principalmente depois de um dia cansativo. Mas não era simples entre nós dois. Mesmo que eu perceba que algo está errado, não significa que eu posso simplesmente falar isso com ele. Se eu for direto, Kwon vai apenas mudar de assunto e fingir que nada aconteceu. Ele tentaria me fazer esquecer de qualquer jeito. Sempre escondendo suas fraquezas de mim, sempre. Essa personalidade sorridente e forte de Kwonnie, é apenas uma mentira, porque o conheço bem o bastante pra saber que mais cedo ou mais tarde ele vai cansar de tanto guardar tudo dentro de si e vai explodir, assim como explodiu comigo tantas vezes. Guardar sentimentos nunca era bom e parecia ainda pior quando o loirinho estava sobre tanta pressão. Não que alguém o cobrasse, ele não precisava, quando ele mesmo se cobrava ao ponto de soar louco. Era visível. Ele cobrava de si mesmo ser um namorado perfeito, um dançarino perfeito, um amigo perfeito e simplesmente fazer tudo beirando a perfeição. Mas ele não conseguia ver que já era perfeito demais. Em meio aos meus devaneios nem percebi quando o loiro saiu do banheiro.  

-"Então Minnie? O que queria conversar?"- Perguntou tranquilo, como se eu não conseguisse ver o quão cansado ele parecia. Como se apenas sorrindo ele pudesse fingir que não tinha nada de errado. Mordi o lábio. Como eu poderia melhorar isso? 

-"Estou confuso..."- Falei devagar e puxei sua perna com cuidado. O loiro tentou impedir e arregalou os olhos, mas o olhei com força. O vi engolir em seco.  

-"Está confuso sobre o que?"- Perguntou com cuidado, sem desviar o olhar dos meus dedos que subiam a barra do seu short para ver seu joelho. Suspirei diante da já conhecida cicatriz e dos roxos assustadores pintados sobre a pele macia.  

-"Sobre a coreografia... Eu não sei se consigo ser o líder dessa vez... Sinto como se fosse estragar tudo de novo."- Confessei sincero e o loirinho finalmente ficou tranquilo enquanto tocava seu joelho.  

-"Você nunca estragou nada, como poderia estragar de novo?"- Falou calmamente e o ignorei sentindo vontade de abraça-lo e pedir mais uma vez que largasse o Ballet. 

-"Gatinho... Está doendo muito?"- Questionei baixinho com um tom de compreensão. Eu nem lembrava mais dos meus problemas, talvez ele achasse que não, mas o vi suspirar rapidinho antes de sorrir grande. 

-"Amor, não ligue pra isso! Sério! Já deveria estar acostumado com alguns roxos..."- Tentou diminuir a gravidade e franzi o cenho preocupado.  

-"Porque você não é sincero comigo?"- Indaguei ofendido e o vi retesar sobre a pergunta. Quase um susto, uma reação rápida e involuntária. Mas não demorou nem meio segundo pra ele sorrir de novo. 

-"Estou sendo sincero, você se preocupa demais..."- Voltou a dizer. 

-"Estou falando sério! Está doendo? Me responda direito! Você disse que me amava! Porra, que tipo de amor é esse que você não pode nem confiar em mim pra dizer quando algo não está bem?"- Reclamei com uma careta, ele ficou calado e olhou bem fundo nos meus olhos. Como se estivesse se segurando mais ainda.  

-"Não é isso Lee Minhyuk..."- Começou seriamente. 

-"Eu acho que não tem mais motivos pra que a gente fique junto..."- Comecei atordoado, Kwonnie arregalou os olhos e estreitou as sobrancelhas numa cara de raiva. 

-"O que está dizendo?"- Reclamou ainda mais alto, eu o faria explodir. 

-"Você me tirou tudo! Você me fez te amar ao ponto de ser sufocante, mas não confia um terço em mim do que eu confio em você! Isso dói demais! É como se eu fosse só um jogo pra você! Mais um na lista dos que te amam pra caralho! Enquanto eu não sou nada, além de um desafio..."- Gritei bobagens, coisas que ele deveria rir porque não faziam sentido, mas ele acreditou como sempre. Kwon deu um meio sorriso de escarnio. 

-"Eu sinto dores horríveis Lee Minhyuk! Enormes e enlouquecedoras e eu não quero dividir isso com você, porque seria apenas mais um motivo pra que você queira me fazer desistir. Porra! Você está acostumado com regras, com dar o seu melhor, com a dor no corpo de passar o dia dançando, mas eu não. Eu estou aprendendo o que é isso! Pela primeira vez eu quero mesmo me esforçar até quebrar meu corpo todo e então levantar de novo. Eu quero ser incrível, grande... Todos os dias eu penso em desistir e como eu vou resistir a isso se você souber que dói? Como vou resistir ao seu abraço e aquelas coisas que você me promete. Proteção e coisas como: "pra sempre"... Eu não sei negar isso e seria muito mais confortável. É tudo que eu quero! Ceder e esquecer isso! Continuar me preocupando com meu maldito joelho e só dançar com você, mas eu também sei que isso só me manteria parado no mesmo lugar. Sim, eu sou bom, mas eu não melhoro, estou sempre no mesmo maldito nível. Enquanto te vejo crescendo a cada ensaio, você decora cada dica que te dou... Eu não quero ficar pra trás! Quero merecer! Quero ser tão grande quanto! Não quero que me digam que ganhei na loteria por ter você, quero que pensem: Nossa! Eles se merecem!"- Gritou e meu coração bateu acelerado. Eu sabia que era só escolher as palavras certas que ele ia explodir. Encarava-o respirando fundo, após liberar todas suas frustrações na minha cara e sorri pra ele. 

Kwon parecia confuso por um segundo, mas ele logo entendeu minhas intenções e seus olhos encheram de lágrimas. Será que eu estou fazendo gente demais chorar hoje? 

-"Seu imbecil, você fez de propósito?"- Gritou ofendido, então o puxei pra perto de mim e abracei com força. Ele descontou a raiva apertando meu braço com força, provavelmente ia ficar roxo.  

-"Ei gatinho... Não tem problema!"- Falei baixinho e ele riu engasgado enquanto chorava, o que foi muito fofo.  

-"Imbecil!"- Reclamou e ri um pouco apertando-o mais contra mim. Quase como se tivesse força o suficiente pra enfia-lo no meu peito e nunca mais permitir que ele saísse de lá.  

○○○ 

-"Minnie, será que você pode falar de uma vez o que queria nos dizer? Estou morrendo de curiosidade!"- Liu falou me olhando em fúria, só porque tinha o feito esperar todos os quatro estarem juntos. 

Olhei ao redor Baro, Kwon e Liu. Sorri. A meia luz da sala de ensaio por causa da hora, era muito aconchegante e aquela pseudo roda que nos mantia um olhando pro outro, fazia aquilo soar ainda mais confidencial.  

-"Só se você me contar que chupão é esse no seu pescoço Xing Ling!"- Brinquei vendo a marca avermelhada no pescoço esguio do outro, ele apenas rolou os olhos. 

-"Eu nunca denunciei as malditas marcas que você deixa no Kwonnie, parece até que você espanca ele, então me deixe em paz!"- Reclamou e lá estava eu querendo brigar com ele de novo. 

-"Essas marcas são de ensaios, não sou eu que marco ele!"- Menti descaradamente fazendo Kwon segurar um riso alto. 

-"Cala a boca! É obvio que você é um passivo agressivo!"- Falou enquanto piscava o olho, num movimento quase invisível já que seu olho era tão miúdo que sempre parecia estar fechado. Arregalei os olhos. Gelei na hora. O meu namorado explodiu em risadas e Baro estava de boca aberta. 

-"Minnie, você é passivo?"- Perguntou o esquilo assustado. 

-"C-C-Claro que N-Não!"- Respondi atordoado, gaguejando em meio as palavras. 

-"Ta bom, Ta bom! Chega disso, diga logo essa maldita ideia que você não contou nem pra mim!"- Kwon falou embora sua voz ainda estivesse embargada pelo riso recente. Fiz cara de bravo e todo mundo tentou se recompor, ao menos fingindo que estavam sérios.  

-"Eu pensei... Que já que temos dois bailarinos e dois dançarinos de Hip Hop, seria mais astuto usar os dois estilos, ao invés de obrigar parte do grupo a dançar diferente..."- Expliquei meio a contragosto, ainda meio magoado. Liu parecia serio, avaliando. 

-"Só eu teria que aprender, Kwon sempre dançou Hip Hop e como são três pessoas fica mais fácil se apenas dançarmos Hip Hop..."- Liu contestou interessado. 

-"Eu sei, esse seria o obvio o que todo mundo espera, mas nós poderíamos fazer algo diferente dessa vez, algo que certamente surpreenderia os professores e o público..."- Expliquei e o chinês assentiu, parecia estar sendo convencido. 

-"Então seria como a aula da Raquel? Misturaríamos os estilos?"- Baro perguntou meio confuso. 

-"Mais ou menos! Eu acho que poderíamos dividir o tempo de apresentação de alguma forma. Criar um universo onde os dois estilos pudessem coexistir e formar algo juntos..."- Expliquei e o mais novo bateu palmas envolvido. 

-"Perfeito!"- Kwon disse sorrindo.