História Move — A Vida é Feita de Mudanças - A Face da Voz

Era sexta e elas tinham combinado de irem para a casa dos garotos depois da escola, para uma pizza em "família". Seria bom estar junto deles novamente depois de tanto tempo, as duas estavam um pouco ansiosas por isso.

E por falar em ansiedade, Sun queria muito ver o garoto da árvore, dono da sua segunda voz, ela o ignorou durante o resto da semana e ele acabou ficando na dele também. Mas, naquela sexta, ela recebe um novo bilhete quando chega ao seu lugar na árvore, durante o intervalo.

Sun pega o papel dobrado no chão com o nome dela, curiosa, o abre e lê para si mesma. "Se quiser me ver, me encontre atrás do prédio principal em cinco minutos".

Seu coração batia acelerado e ela se pergunta se deveria ir ou não, podia se tratar de um impostor... Ela olha novamente a folha e vê uma pequena borboleta azul, a mesma que ela tinha reparado voando perto dela no desenho do outro dia, dela tocando violão. Será que aquilo era um tipo de assinatura?

Sun se levanta e ajeita a roupa e o cabelo, respira fundo e vai até o local indicado, seja quem for, era hora dela acabar com aquele jogo. Ela chega ao local e se decepciona ao ver que não tinha ninguém ali, dá uma olhada nos dois lados do prédio e nada, para e encosta um ombro no muro.

Então, duas mãos surgem cobrindo seus olhos pouco depois, seu coração bate ferozmente e ela gela.

— Q-quem é você? — Ela pergunta e há uma pausa. — É você?! O garoto da árvore?

Um murmúrio e ela sorri aliviada e ao mesmo tempo ansiosa, eles estavam tão perto um do outro... ela sente as mãos dele se afastarem do rosto dela, descobrindo seus olhos. Finalmente eles se veriam! Bem, pelo desenho, ele já tinha a visto...

Ela se vira devagar de olhos fechados ainda, então abre os olhos lentamente e quase cai pra trás ao ver quem estava à sua frente.

— Você?! — Pergunta de olhos arregalados, surpresa ao ver Jungkook ali. — Você era o dono da segunda voz esse tempo todo?

Ele sorri, tímido e coloca as mãos nos bolsos.

— Sim — diz e Sun ainda não acreditava naquilo, como ela não tinha percebido? Ok, ele não falava com ela, apenas cantava, mas ela deveria ter reconhecido a voz dele, não? Ela se sente idiota por não ter descoberto antes. Que lerda.

— Eu devia ter descoberto antes! Pera... então você e o Kookie estão no terceiro ano, você é o mais novo de sete hyungs... — Ela começa a ligar tudo em voz alta. — Seis são os membros do grupo e um é irmão biológico, certo?

Ele assente.

— Ah, por isso que você teve um ataque de risos quando eu te chamei de coelho! — Ela diz e os dois começam a rir.

— Sim, é porque esse é o meu apelido — ele diz sorrindo.

— Tô sabendo... — Ela sorri também e suspira. — Eu ainda estou surpresa... como isso é possível? Eu esperava qualquer outra pessoa, menos você.

— Você está decepcionada? — Ele pergunta parecendo triste.

— Não, claro que não! — Ela diz. — Eu estou feliz por isso, pude te conhecer melhor assim, já que você não fala muito quando nos encontramos pessoalmente... bem, você também não falava quando estávamos na árvore, mas você entendeu.

Ele ri dela se enrolando, adorava quando isso acontecia pois ele não sentia que era o único que ficava sem jeito perto de pessoas do sexo oposto.

— E então...? — Ele pergunta. — Prefere voltar pra árvore?

Ela ri.

— Acho que não precisa, daqui a pouco o sinal toca mesmo... — Ela diz sem jeito e se senta encostada na parede e ele faz o mesmo.

— Você canta muito bem... — ele diz. — Eu gosto de te acompanhar.

— Eu gosto quando você faz isso — Sun admite e ele sorri. — Você canta bem, dança bem, desenha bem... o que você não faz bem?

— Várias coisas — ele ri. — Por exemplo, falar com garotas é uma delas.

— Eu também não sou boa nisso... digo, em falar com garotos — Sun coloca o cabelo para o lado e seu caderno de músicas desliza do seu colo.

Jungkook o pega e observa a capa.

— Você faz música, não é? — Ele pergunta.

— Sim, eu tento... mas, ultimamente eu estou com um bloqueio.

— Humm... posso ver suas letras?

— Hum... eu acho que sim — ela diz constrangida, ninguém tinha visto aquele caderno antes, além dela. — Você será o primeiro a fazer isso.

Ele a olha por um momento, indeciso se abria ou não.

— Você tem certeza que eu posso? — Pergunta.

Ela pensa por um instante e respira fundo.

— Sim... eu tenho que me acostumar com isso já que quero cantar algum dia.

Ele assente e abre o caderno.

— Meu inglês não é muito bom — sorri, sem jeito.

— Ah, é mesmo! — Ela ri e pega o caderno de volta. — Esqueci desse detalhe...

— Pode traduzir pra mim?

— Claro... — Pigarreia e ajeita a folha pra ler, sente seu rosto corar, mas começa.

Seu rosto queima em algumas partes da música escolhida, mas ela continua, algumas coisas são difíceis de traduzir, mas ela consegue. Ele a ouve com atenção e interesse, em total silêncio.

— Isso foi lindo... — Ele sorri. — Você é uma ótima compositora! Agora eu estou ansioso pra ouvir essa música cantada...

— Cantada? Humm... — Sun faz careta, havia uma grande diferença entre cantar pra um desconhecido sem ver seu rosto e cantar pra alguém cara a cara. — Eu não sei se...

O sinal toca a interrompendo, para seu alívio imediato. Sun se levanta rapidamente.

— Que pena, não dá mais tempo... — Diz com um meio sorriso.
Jungkook se levanta também.

— Ok, vamos deixar pra outro dia, então... — Ele sorri também. — Eu vou te lembrar.

— Hu-hum — ela faz uma expressão esquisita que o faz rir.

— Ah, talvez a gente não consiga se ver hoje ainda, então... — Ele diz enquanto eles vão andando pra entrada do prédio. — Você vai mesmo amanhã lá em casa?

— Sim, eu vou sim! Parece que vai ser divertido... — Ela sorri e para na frente do prédio.

Os dois se olham um de frente para o outro. Então, ela o abraça de repente, estava tão feliz por saber finalmente quem era o dono da voz misteriosa que a fazia companhia desde que ela tinha começado a estudar ali. Sua única companhia agora era visível e palpável, não fruto da sua imaginação como parecia.

— Eu estou tão feliz por poder fazer isso — ela diz ainda o abraçando.

Ele passa a mão sobre a cabeça dela e sorri.

— Eu também.