História Move — A Vida é Feita de Mudanças - Culpa

O apartamento estava um caos, domingo se arrastou como se estivesse pesado e denso. E estava. A Sra. Soo-Yun estava desesperada, mas Sun estava pior, pois se sentia culpada por seja lá o que tenha acontecido com Sook. Soo-Yun tentava manter a calma, sentada ao lado do telefone o dia inteiro tomando chá e aguardando notícias da polícia local. Tio Kwan, tia Min-Ho, Yongkyung, Youngmi e os avós Yang fizeram companhia a ela e deram o seu apoio; Sun avisou os garotos do ocorrido e eles também as visitaram, Namjoon contatou todas as pessoas que conseguiu para encontrarem Sook e ficou o dia inteiro indo de um lugar a outro pra conseguir alguma informação sobre o paradeiro dela, ele estava angustiado, mas tentava se manter calmo e racional para encontrá-la o mais rápido possível.

Jungkook ficou ao lado de Sun o tempo todo, ela não conseguiu sair do quarto, chorou mais do que já tinha chorado a vida inteira, nem conseguiu dormir de sábado pra domingo. Mas, ele passou o dia ao lado dela, tentando fazer com que ela comesse e descansasse. Por fim, ela aceitou tomar alguns calmantes e finalmente conseguiu dormir um pouco.

No dia seguinte, ela não vai à escola, não tinha condições. Passa a tarde aguardando notícias, mas essas não chegam. Quando Jungkook chega à sua casa e Soo-Yun deixa ele ir ao quarto ver Sun, ele a encontra encolhida na cama, virada para a janela. Jungkook se senta ao lado dela devagar, esperando que ela estivesse dormindo, mas não, ela se mexe e vira pra ele.

— Oi — ele diz com um meio sorriso triste.

— Al-guma notícia? — Ela pergunta com seus olhos já um pouco fundos com o sono irregular.

Ele apenas nega com a cabeça levemente. Os olhos de Sun se enchem de lágrimas e ela se vira pra janela novamente.

— Vem cá... — Ele sussurra e a puxa pra si, aninhando-a nos seus braços. — Não fique assim, Sun...

Ele acaricia a cabeça dela e ela tenta conter as lágrimas que começam a molhar a blusa dele, inutilmente.

— Você precisa ser forte, Sun... — Ele diz baixinho, vê-la naquele estado fazia seu coração doer por não poder aplacar a dor dela. — Sua omma precisa de você... nós vamos encontrar a Sook, você vai ver, mas precisamos estar centrados nisso.

— E-eu sei... mas, eu não consigo parar de pensar que se eu não tivesse... — Ela para e tenta se controlar. — Se eu não tivesse entrado no prédio correndo, ela não teria... ela estaria aqui...

— Sshh — ele segura o rosto dela e afasta o cabelo do seu rosto. — Não se culpe por isso, ok? Não é culpa sua a existência de pessoas ruins no mundo... a culpa é deles, seja lá quem for que pegou a Sook, não sua. Então, pare de pensar assim.

Ele seca as lágrimas dela e ela respira fundo, tentando se manter calma.

— Notícias, Sun! — Soo-Yun aparece na porta do quarto. Sun se senta e passa as mãos no rosto. — Encontraram uma pista sobre quem pode ter levado a sua irmã!

— O que? Já temos nome dos suspeitos? — Sun se levanta alarmada. — Endereço? Alguma coisa?

— Não, mas pelas imagens de segurança do prédio, os peritos afirmam que se trata de uma mulher — Soo-Yun explica. — O rosto dela estava coberto, então, eles não sabem ainda quem é... e a placa do carro está no nome de um homem que possivelmemte tem ligação com ela. Eles estão tentando localizar esse homem, que parece estar do outro lado do país.

— Pelo menos eles têm algo com que trabalhar agora... — Jungkook diz, já de pé também. — Agora as coisas vão ser mais fáceis. Mantenham a esperança...

— Sim, precisamos ser fortes pela Sook agora — Soo-Yun se aproxima da filha e a abraça. — Força, filha... vamos encontrá-la.

— Como você consegue ser tão otimista? — Sun pergunta.

— Seu pai e a Sook me ensinaram isso... — Ela diz, olhando a filha nos olhos e ajeitando o cabelo dela. — Eles me mudaram pra melhor, assim como você fez em outros aspectos... você precisa aprender o máximo que puder com todos a sua volta e agora, precisa aprender a reconhecer e a usar a força que eu sei que você tem pra ser otimista, como seu pai era e como sua irmã é. Tenha um pouco mais de fé e tudo vai ficar bem.

Soo-Yun beija a testa de Sun e se afasta.

— Agora, você precisa se alimentar direito... vou trazer alguma coisa pra vocês — Soo-Yun sai e os deixa sozinhos novamente.

— Sua mãe está certa — Jungkook se aproxima e a abraça. — Você precisa aprender a usar a força que você tem... pela Sook.

— Eu sei... vou tentar — ela respira fundo, se sentindo melhor naquele abraço.

Ela precisava ouvir tudo aquilo, se lembrar de quem ela era e de quem deveria ser por aqueles que amava. E ela não desistiria deles.

Sook abre os olhos, confusa. Estava deitada em um lugar com uma iluminação precária e amarelada... Sobre um colchão duro e fino, tenta se levantar, mas percebe que seus pés e mãos estavam amarrados no que parecia ser uma cama. Onde ela estava? E o que fazia ali?

Ela começa a se lembrar. Estava se virando para entrar no seu prédio, quando uma mão com um pano surge cobrindo o rosto dela, ela tentou gritar e se soltar, mas seu corpo pendeu pesadamente e ela não viu mais nada depois disso.

O que estava acontecendo? Por que ela estava ali? E Sun? Será que ela também estava ali com ela?

— Socorro! — Começa a gritar. — Socorro! Sun! Alguém... alguém me ajude!

O barulho de chaves a sobressalta, ela procura a origem do som e vê que parecia vir de uma velha porta de madeira. Seu coração acelera. Será que aquilo era a ajuda vindo ou seu sequestrador? Pensando na segunda opção, se arrepende imediatamente de ter gritado por socorro.

A porta se abre devagar e ela vê alguém de preto entrando. Era uma mulher? Quando a pessoa se aproxima mais da luz ruim, ela confirma que se tratava mesmo de uma mulher. Uma garota, na verdade, de cabelo longo e  um pouco mais velha do que ela, pelo que parecia... deveria ter uns 20 anos.

— Você acordou rápido — ela diz sorrindo com o rosto sobre Sook. — Isso deveria durar mais...

— Q-quem é você? Sook pergunta assustada. — E por que eu estou presa aqui?

— Você já vai saber... mas agora eu preciso que você fique quieta — a garota diz com sorriso malicioso.

Pega um pouco de gaze do bolso e um vidrinho com algum líquido dentro, encharca as gazes e fecha o vidrinho antes de guardar no bolso novamente.

— O que você está fazendo? — Sook pergunta de olhos arregalados pra ela.

— Shiiiu — a garota diz, aproximando a gaze do rosto de Sook.

— Não! Pare com isso! — Sook se debate. — Me solte, por favor!

A garota segura o rosto de Sook com uma das mãos firmemente, e cobre a boca e o nariz dela com as gazes. Sook resiste, mas não consegue afastar aquilo do seu rosto, prende a respiração, mas não por muito tempo. Acaba inalando aquele odor forte e perde os sentidos mais uma vez.