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História Move — A Vida é Feita de Mudanças - Voo


Escrita por: ShinEunri

Capítulo 4 - Voo


Fanfic / Fanfiction Move — A Vida é Feita de Mudanças - Voo

Sook e sua mãe entraram no avião. Sun veio logo atrás, arrastando os pés, que pareciam mais pesados que chumbo. Ela andou pelo avião e se sentou perto da janela, ao lado da irmã que nem ao menos tentava conter seu entusiasmo para não assustar as pessoas. A mãe delas teve que repreendê-la pela sexta vez antes mesmo do avião decolar.

Sun colocou seus fones, aumentou o volume de Three Days Grace e virou pra janela. Ela não ouviu a recomendação ensaiada e exaustivamente repetida das aeromoças nem a tagarelice da irmã mais nova, apenas se desligou de tudo olhando para fora. Viu as turbinas ligando, viu e sentiu o avião decolar, viu o aeroporto se distanciar e São Paulo também, até que só podia ver nuvens e o Sol que nascera há apenas duas horas. Era difícil evitar o frio na barriga que sentia desde que havia acordado. Na verdade, nem tinha conseguido dormir direito após toda aquela conversa com a sua mãe... talvez ela devesse dar uma chance a esse novo ângulo, ver a vida uma pouco mais positivamente como seu pai fazia e apenas se adaptar aquela nova realidade. Sun suspirou com a vista, era mesmo lindo ver as coisas dali, ela só esperava que encarar a vida por um ângulo diferente fosse tão "fácil" quanto pegar um avião e olhar tudo de cima.

Enquanto sua irmã estava distante em seu próprio mundo fechado para visitas como ela, Sook bombardiava a mãe com perguntas.

— Como são o vovô e a vovó Yang? Será que eles vão gostar de nós? Quando foi que nos vimos pela última vez mesmo?

— Bem, eles são muito tranquilos e bondosos e vão adorar ver vocês de novo — Soo-Yun sorri pra filha. — E nós os vimos pela última vez antes deles voltarem para Coréia. Como você sabe, eles vieram pra São Paulo em busca de novas oportunidades, eu tinha 5 anos e meu irmão tinha 7 quando chegamos ao Brasil. Então, eu cresci, me casei aos 20 anos, tive vocês e quando você tinha 4 anos e a Sun 6, eles voltaram para a Coréia e desde então só nos falamos por telefone e pela Internet através do seu tio.

— Humm. E porque eles não vieram nos visitar?

— Porque o vovô não pode mais viajar devido a idade e seu tio é muito ocupado com o trabalho e a família, não pode deixar suas responsabilidades pra passar um tempo no Brasil. Sempre que ele planejava vir, o trabalho o impedia ou algum assunto de família... enfim, é complicado.

— Ok... vou fingir que aceito isso.

— Faz muito bem — Soo-Yun afaga a bochecha da filha.

Sook boceja.

— Acho que vou tentar dormir... não consegui dormir direito por causa da ansiedade — Sook suspira. — E não quero chegar lá com olheiras...

— Parece que sua irmã também está cansada... — Sook observa Sun e vê que ela está mesmo dormindo.

— Huhun...

E ela recosta com sua almofada de pescoço no assento, coloca os fones nos ouvidos assim como a irmã, mas diferente de Sun, Sook ouve I Need U do BTS para relaxar. E assim como as filhas, a sra. Soo-Yun resolve descansar um pouco também.

 

Horas infinitas depois o avião pousa em terras sul-coreanas. Elas saem do Aeroporto Internacional de Incheon e depois de um acesso de gritos histéricos de Sook que assustou o primeiro taxista e fez Sun querer enfiar a cabeça numa lixeira de tanta vergonha quando o homem foi embora,  elas conseguem chamar outro táxi que as levam para o endereço que a sra. Soo-Yun entrega a ele. Era para o tio delas encontrarem as três no aeroporto, mas ele ligou pra irmã avisando que teve um problema no trabalho e que só as encontraria na hora do jantar.

Durante o caminho, Sook não parava de falar e apontar os lugares para a mãe e para Sun que ignorava fortemente. Sun mal havia chegado naquele país e já não tinha gostado do tio — que falta de consideração a dele, poderia ter mandado alguém no lugar... E aliás, que droga de trabalho é esse que ele tem que o mantém ocupado 24h por dia como a mãe delas dizia?

Quando chegaram ao apartamento dos avós e do tio, um recepcionista do prédio as anunciou e elas se sentaram numa das poltronas enquanto esperavam por alguém da família ir recebê-las.

— Esse lugar é muito lindo... e chique — Sook diz pela terceira vez, impressionada.

— Será que o tio Kwan é rico?

— Eu acho que não... — Soo-Yun diz, pensativa. — Bem, não conhecemos o custo de vida daqui, talvez ele seja apenas da classe média... é diferente do que vemos no Brasil.

— Mas, estamos no bairro chique, Gangnam gu... — Sook diz, passando a mão no sofá de veludo cinza. — E acho que esse prédio é lugar de gente rica... o que acha, Sun?

Sun chega ao auge da sua interação social com sua irmã desde que elas saíram do Brasil ao dar de ombros — segundo a sua mãe, reclamar do frio do inverno não contava como interação social —; e, enquanto ouvia Sook falar sobre os detalhes do lugar, ela começou a observar melhor os objetos de decoração e móveis com toques sofisticados, mas também notou que as pessoas que entravam e saíam do prédio não aparentavam serem realmente ricas... bem, elas estavam bem vestidas sim, como praticamente todas as pessoas que elas tinham visto até agora, mas provavelmente aquela era a classe média de Seoul, que era bem diferente da classe média do Brasil e de suas mais novas representantes, elas mesmas.

Não demorou muito para uma mulher sorridente se aproximar delas e as cumprimentarem em seu idioma. Sook falava coreano muito bem desde pequena, ela havia aprendido o básico com a mãe quando criança e depois que cresceu, convenceu seus pais a lhe pagarem um curso intensivo; a sra. Soo-Yun sabia falar o que aprendera com seus pais quando criança também, mas tinha esquecido muitas coisas com a falta de prática, porém, Sook passou a treinar o idioma com ela durando o curso que fazia e isso ajudou muito ambas. Sun, apesar de ter aprendido o básico quando pequena com a mãe e irmã, não se interessava muito pela língua e por isso não era fluente como elas, mas entendia quase tudo o que ouvia devido às incansáveis práticas de Sook e Soo-Yun em casa, então entendeu que aquela mulher falando com a sua mãe era a esposa de seu tio Kwan, ou seja, sua tia e ela iria levá-las pra encontrar seus avós Yang.

E após as apresentações formais e cumprimentos com os quais Sun não estava acostumada, todas foram para o elevador em direção ao apartamento.



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