Adrien Chevalier. O garoto-pintor cavalheiro. Fico em choque, mas não sei o motivo disso.
— Oi. Por gentileza, pode me dar quatro pães franceses? Ou melhor, os nossos pães? — ele diz rindo. Parece que não me reconheceu.
— C-claro — respondo. — Boa piada.
— Obrigado — diz e ri. Ele olha bem nos meus olhos. — Conheço você...! Sim! A dona do Biscoito, d-digo, Cookie. Manuela Singer, não é?
— Você ainda lembra meu nome, uau...! Lembro de você também — digo enquanto pego os pães. — O garoto-pintor cavalheiro, q-quer dizer, Adrien Chevalier, não é?
— Você também lembra meu nome — ele diz e nós rimos.
— O que faz aqui? — pergunto, enquanto peso os pães.
— Estou comprando pães, e você?
Que pergunta idiota, Manuela! Pergunta idiota, resposta idiota, dizia meu avô. Meu avô. Esqueço esses pensamentos.
— Eu trabalho aqui. Meus pais são donos dessa padaria.
— Interessante — ele diz. — Me procure algum dia para fazer um retrato seu. Pode até levar Cookie junto.
Ele disse isso mesmo?, penso enquanto fico paralisada. Sai do transe, Manu! Responde, responde!
— Onde posso começar a procurar? — isso deve servir como boa resposta. Entrego-lhe os pães e ele paga por eles.
— Pode ser na praça. Gosto de pintar por lá, mas não sei por quanto tempo vou ficar em Paris — ele responde sorrindo. — Obrigado pelos pães. Até breve, Manuela Singer.
— É só o meu trabalho. Até breve, Adrien Chevalier — digo enquanto observo ele acenar e sair da padaria.
Breve? Eu disse breve? Nos veremos em breve?
Meus pensamentos são interrompidos por um cliente que entra na padaria.
— Vim buscar uma encomenda — diz o cliente. — É o bolo de morango de três camadas.
— Só um instante — digo e vou ver meu pai para buscar o bolo. — O cliente do bolo de morango de três camadas chegou.
Meu pai pega uma caixa enorme – onde acredito estar o bolo – e vai até o cliente. Eu vou atrás.
— Aqui está seu bolo — diz meu pai, entregando a caixa ao cliente. — Cuidado para não quebrar as camadas sacudindo a caixa.
— Obrigado — fala o cliente e coloca o dinheiro em cima do balcão, de alguma forma. — Pode ficar com o troco. Adeus.
O cliente vai embora cambaleando e, quando passa pela porta, quase acaba com o bolo e suas camadas. Eu e meu pai nos entreolhamos apavorados, imaginando o que vai acontecer com o bolo, e aliviados, por ele não ter se despedaçado aqui mesmo. Meu pai sorri e vai padaria adentro.
O resto da tarde passou da mesma forma: clientes, pedidos. Não havia muito movimento, como meu pai já havia dito, mas não estávamos desertos de clientes também.
Quando são 18:00, saio da padaria e vou para casa. Meus pais ficam lá, mesmo que a padaria está fechada agora. Acho que eles querem fazer alguns pães, bolos, doces e coisas do tipo, para renovar o estoque. Eu ajudaria, porém eles acham que tenho mais habilidade fazendo o jantar do que os produtos da padaria. Fazer o quê, não é mesmo? Aceitei os fatos, apenas.
Chego em casa e para minha surpresa, encontro Cindy esperando-me sentada no chão na frente do portão. Ela parece entediada. Quando me aproximo dela, vejo que não está sozinha. Tem um garoto com ela.
— Finalmente você chegou! Estou esperando faz tempo! — anuncia Cindy quando me vê. Ela se levanta do chão, ficando de pé. O garoto faz o mesmo.
— Estamos, na verdade — corrige o garoto.
— O.k. Estamos te esperando faz tempo! — diz Cindy.
— Estava na padaria. Sentiu minha falta tão rápido assim? — brinco. Ela sorri.
— Este é o Noah — apresenta o garoto. — Noah, esta é a Manuela ou Manu.
Ele sorri e acena para mim. Eu sorrio de volta.
— Bom, agora que já se conhecem, vamos ao que interessa: nós esquecemos de... — começa Cindy, mas eu a interrompo antes de terminar a frase.
— Combinar como vamos à festa — completo. — Sim, eu sei. Nem trocamos nossos números.
Nós rimos e Noah diz:
— Estou a pouco tempo aqui e não sei direito a história, mas, vocês vão ir para uma festa juntas e não trocaram seus contatos, suas redes sociais, seus endereços?!
— Pois é, Noah. Acabamos esquecendo disso — diz Cindy e todos rimos.
— O.k, vamos entrar. Eu anoto meu número para você — falo e abro o portão. Nós entramos em casa. Pego papel e caneta, anoto meu número e entrego-o para Cindy.
— Agora você tem meu número, prontinho. Querem água?
— Quer passar seu número para mim também, Manu? — diz Noah.
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