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História Muito Além do Sofá - Capítulo II


Escrita por: shimiko

Notas do Autor


Fotofobia - sensação de sensibilidade ou aversão a qualquer tipo de luz.
Apartamento JK - consiste em um quarto/sala que pode ou não ter cozinha separada e um banheiro. No caso o de Lucy tem cozinha separada e uma varanda gostosa.

Boa leitura!

Capítulo 2 - Capítulo II


CAPÍTULO II - ALGUÉM PARA AMAR

                Lucy despertou no dia posterior sem lembrar-se de praticamente nada do que havia acontecido depois de virar aquela bebida estranha que Natsu a obrigou tomar, sendo sua última lembrança policiais a intimando e na sua cabeça eles haviam a agarrado e isso não parecia nada certo. Tentou abrir os olhos, contudo devido a claridade teve a sensação de fotofobia e desistiu de levantar tão rápido.

— Espera um segundo... – murmurou enquanto tateava a sua volta. – Onde caralhos eu estou?!

                Levantou-se de supetão fazendo tudo girar e parecer que iria desabar a qualquer segundo no chão. Abriu os olhos vagarosamente e viu Natsu deitado de bruços na cama em que estava  vestindo apenas uma bermuda. Forçou sua mente novamente para saber como havia chegado lá e tudo parecia um vazio negro. Olhou para si mesma e estava vestindo apenas uma camisa longa preta.

— Ah! Só o que faltava... Por que estou vestida assim? – praguejou baixinho enquanto olhava ao seu redor.

                O quarto em que se encontrava estava arrumado dentro do possível, haviam roupas jogadas em um canto, algumas latinhas de energéticos noutro canto ao redor de um lixo e uma escrivaninha lotada de papéis e alguns livros. Havia apenas uma cama de casal enorme, um guarda-roupa, uma escrivaninha, uma prateleira com mais papéis do que livros e um quadro branco cheio de papéis e fotos presos. Forçou a visão para enxergar as fotos, contudo, sua dor de cabeça e fotofobia não a deixava enxergar nada além de um palmo.

— Acho que eu devo acordar o Natsu... Hmmm... Vamos lá. – aproximou-se do garoto como se este fosse uma fera e cutucou-o. – Natsu! Acorda. – repetiu diversas vezes aquilo até se irritar e começar a fazer cócegas nele, fazendo revirar-se rápido e produzir alguns sons bizarros, na visão de Lucy.

— Porra! Para com isso! – o Dragneel encarou Lucy e por um segundo esqueceu da noite anterior estranhando a presença ponderando até mesmo ser um sonho, contudo, tudo veio como um flash na sua cabeça e não pode evitar sorrir. – Olá Luxe.

— Não me venha com esse olá tão feliz. – reclamou ranzinza devido ao misto de dor de cabeça e no corpo junto a fome que se apoderavam do seu ser. – O que aconteceu ontem? Tô morrendo de dor de cabeça. No mínimo fiquei podre de bêbeda por sua culpa.

— Minha culpa?! Negativo! – o garoto se sentou na cama lentamente sem desviar o olhar da loira. – Você não queria largar uma garrafa de uísque Lucy, dizia que era sua mamadeira.

— Mentira! – a loira escondeu seu rosto entre as mãos com vergonha olhando o rosto dele por entre os dedos.

— Quem dera fosse mentira. Você começou a chorar quando tirei a garrafa de ti.

— Mentira!

— E depois começou a brigar comigo dizendo como eu era mal por tudo que já te fiz. Não entendi muito bem essa parte, mas o que importa é que foi bem engraçado.

— O pior de tudo é que eu não lembro de quase nada. – lembrou-se do que pensou ao acordar sobre os policiais e resolveu questionar. – Aliás, por acaso algum policial tentou me agarrar? – Natsu riu alto fazendo Lucy se sentir envergonhada e confusa. – Responde logo.

— Não Lucy! Nós apenas fugimos de alguns policiais.

— Quê?! Como assim nós fugimos de alguns policiais? Como tu consegue falar sobre isso tão calmo? Me explica isso melhor agora! – disparou a loira.

— Ah... Foi o seguinte... Eu meio que roubei uma garrafa de bebida daí... - Lucy o olhou incrédula. – Não faz essa cara, essa foi a garrafa que tu ficou dizendo que era tua mamadeira. – rapidamente ela fechou a cara e se ajeitou na cama. – E uns policiais apareceram do nada e eu não sabia o que fazer, só pensei em fugir porque na minha cabeça a polícia nunca entraria numa rua contramão. É contra as normas de trânsito sabia?! – Natsu prosseguiu como se aquilo fosse o fim da picada.

— E o que aconteceu depois?

— A polícia veio atrás de nós na contramão, mas conseguimos entrar no prédio. E os despistamos. – terminou fazendo um sinal de paz sorrindo. – Ah! E antes que tu pergunte. Depois disso nós entramos e tu se agarrou na garrafa dizendo que era tua mamadeira. – Lucy revirou os olhos como se dissesse “chega” a Natsu fazendo-o rir. – Te botei embaixo do chuveiro e tu me puxou junto dizendo que já que tu tava bêbada eu também deveria estar. – em segundos o rosto da garota se tornou vermelho do queixo a testa. – Daí tu disse que conseguiria se vestir sozinha porque certamente – disse o garoto enfatizando a última palavra ironicamente. – eu iria me abusar de ti. Depois disso tu veio aqui no quarto e disse que iria dormir comigo porque tinha medo de ficar sozinha no outro.

— Eu não sei o que te dizer...

— Que tal obrigada por te trazer sã e salva?!

— Para começo de conversa nada, repito nada disso teria acontecido se tu não tivesse feito eu tomar aquela coisa que eu nem sei o nome.

— Como se a mocinha aqui não fosse grandinha o suficiente para saber o que fazer.

— Argh! Me arruma um analgésico Natsu, por favor. – disse dando-se por vencida na pequena discussão.

                Natsu riu do mau humor da garota e foi em busca de analgésicos para ambos. Estava acostumado a acordar de ressaca com a sensação de não ter dormido nada além de alguns minutos, contudo, estava estranhamente se sentindo bem tirando as dores na cabeça e no estômago.  Após pegar os medicamentos pegou uma garrafa de água gelada e duas maçãs voltando para o quarto.

                Lucy não sabia lidar com a situação de estar na casa de Natsu após 3 anos sem absolutamente nenhum contato, aliás, eram amigos em algumas redes sociais, mas além de curtidas não trocavam uma palavra nesses anos. Estava receosa de aproximar-se novamente do garoto e, como já havia acontecido ele se afastar dela de repente sem motivos aparentes. Mas, por enquanto, iria se dar o luxo de aproveitar a presença dele.

— Aqui estão seus remédios e uma maçã para aumentar a tua glicose antes que passe mal. – atirou os objetos na cama e sentou-se ao lado da loira. – Mas antes de tudo, toma água.

— Sem copo?

— Deixa de frescura Luce, apenas tome. – a garota revirou os olhos, mas pegou a garrafa tomando goles pequenos.

— Então, o que uma maçã quando acorda tem a ver com o aumento de glicose? – a garota sabia a resposta, mas queria achar um assunto que não parecesse constrangedor quando ambos estavam deitados lado a lado em uma cama.

— Ah! Quando acordamos é bom tomarmos água para “avisar” nosso organismo que estamos nos preparando para começar o dia e a maçã é para começarmos a produzir energia para manter nosso metabolismo ativo. Conseguiu entender? Não sou muito bom nisso, meu personal trainer que me explicou mais ou menos isso quando me passou uma dieta. – admitiu coçando a nuca tentando lembra-se de mais alguma coisa que deixou passar.

— Hum, sim entendi.

                O silêncio se fez presente após terminarem suas frutas, a loira deitou-se na cama tentando ajeitar a camiseta para que nada além de suas coxa aparecessem, ato que fez o rosado rir e a puxar pelo braço delicadamente para deitar em seu peito. Um abraço constrangedor, mas que ambos queriam. Natsu resolveu agir somente como sempre quis ser com Lucy e como tentava na adolescência, de seu modo desengonçado, de mostrar que ela era importante.

— Gostaria de ser sincera contigo. – começou a garota sem saber muito bem o que dizer. – Estou um pouco envergonhada de estar nesse posição contigo. – o garoto riu sabendo exatamente do que ela estava falando. – Digo, faz muito tempo que não ficamos na presença um do outro... Não é forçar um pouco nossa relação?

— Quem sabe... Acho que devemos nos deixar levar e fazer o que temos vontade.

— Isso é algo que funciona contigo Natsu.

— O que quer dizer com isso Luce?

— Quando eu te disse que praticamente sou uma workaholic, estava falando muito sério. Eu ainda tenho amigos fora do trabalho, pois estudo e se não fosse isso provavelmente seria bem distante das pessoas. O que eu quero dizer com isso é que eu não gosto e nem sei lidar com essa situação de se deixar levar. Distanciamos-nos por situações bobas Natsu, aliás, eu mal lembro a razão de pararmos de conversar. – suspirou pesado e se ajeitou contra o garoto. – Não quero me deixar levar e acabar conosco separados mais alguns anos. Eu gosto de saber o que tenho comigo e no que posso dedicar minha vida, diga-se de passagem.

— Basicamente, quer ter controle de cada passo da tua vida. – a garota assentiu sentindo-se um pouco envergonha em admitir isso. – Não posso te ajudar muito nisso Lucy. Você é a única pessoa que sabe o quanto eu sou instável e gosto de fazer as coisas quando quero.

— Basicamente, um garoto mimado que não pensa muito nas consequências. – refutou a garota um pouco rancorosa de ser chamada de controladora.

— Eu penso até demais nas consequências Luce, mas admito ser um pouco mimado.

— Eu quem penso até demais nas consequências Natsu. Já percebi que deixei tudo que tinha para fazer nesse final de semana acumulado para os outros dias, quais já têm coisas a fazer e agora virou tudo uma bola de neve.

— No fim, tu não estás pensando só em ti? Já parou para pensar que está se ocupando demais com coisas bobas e deixando coisas importantes passarem, por exemplo, como teus amigos.

— Acho que não...

— Lucy, para e pensa, por favor. Estamos na mesma faculdade e sabíamos que iríamos para a mesma faculdade. E você nunca me procurou depois que começou a estudar lá.

— As coisas estavam complicadas para mim Natsu. – admitiu sentindo toda a angústia da época tomar conta do seu corpo.

— Novamente você só pensou em ti. Já se perguntou se eu não gostaria de saber o que estava acontecendo contigo?

— Pensei e gostaria que você estivesse lá. – a garganta da garota começou a trancar e focava em não chorar naquele momento, contudo, falar sobre o acontecido lhe trazia muita angustia e rancor.

— E por que não me chamou Lucy? Eu ainda morava na casa dos meus pais e você também. Era simples.

                A Heartfilia se afastou do corpo do garoto sentando-se de costas para ele. Não gostava de ser interrogada daquela forma, não gostava de se expor tanto a alguém que não sabia no território que estava pisando.

— Você foi me procurar Natsu? – sua voz estava embriagada e aos poucos lágrimas já rolavam por seu rosto.

— Seus pais me disseram para nunca mais procurar por ti.

— E prontamente você fez isso né. Sempre muito obediente para o que lhe convém não é Natsu?! – aumentou o tom de voz irritada pelo que ouvira.

— E o que aconteceu para seus pais dizerem isso? O que aconteceu contigo Lucy?

                Natsu pensava que Lucy não o queria mais ver na época pelos fatos decorridos na festa de formatura, qual Natsu acabou deixando-a para trás e se arrependia até hoje do que fez. Mas a conversa que estavam tendo parecia ir muito além do que imaginava, a loira parecia esconder algo muito mais profundo do que ele sabia e a cada segundo se martirizava mais por não ter ido atrás dela.

— Já se perguntou a razão de eu trabalhar feito uma condenada Natsu? De eu não tempo para nada? Não se lembra mais que meus pais diziam que na faculdade eu iria me dedicar apenas aos estudos?!

— O que aconteceu Luce? – aproximou-se da garota que a cada palavra se encolhia mais e passou a mão pelas costas dela.

— Para início de conversa, meus pais me deserdaram Natsu.

                O Dragneel ficou surpreso demais para dizer alguma coisa, pois a mulher que estava na sua frente sempre fora a queridinha da família e o tesouro dos Heartfilia, aquela para se ter orgulho e depositar todo o amor. E sempre fora uma pessoa encantadora para se conviver.

— Eu não era mais orgulho para meu pai Natsu. – puxou as pernas mais contra si e cruzou os braços por cima escorando a cabeça possibilitando olhar nos olhos do rosado. – Ele me chamou de coisas que nunca deveriam ser faladas para uma mulher Natsu, me chamou de coisas que nunca deveriam dizer para um ser humano e, principalmente, para a própria filha.

— E por que ele fez isso? – ousou perguntar, o olhar pesado da menina que vira crescer ao seu lado lhe doía.

— Porque eu fiquei grávida. - o homem se afastou um pouco da garota fazendo rir de escárnio. – Pode se afastar, foi o que todos fizeram quando souberam.

— Não vou me afastar Lucy. Fiquei surpreso com o que acabou de me contar... Apenas. – aos poucos tentava associar as palavras da garota e a encarou. – Então, você tem um filho?

— Não, eu não tenho um filho. O que aconteceu na época é que eu estava namorando o Sting, lembra-se? Comentamos isso ontem à noite. Meus pais nunca deixaram eu tomar anticoncepcional e nós tivemos algumas relações sexuais e em uma delas a camisinha estourou, mas como no mês seguinte minha menstruação desceu não me preocupei. No outro mês não veio quase nada e estava muito atrasada e foi então que fiz o teste. Fiquei com tanta vergonha de comprar que pedi para uma mulher que estava na rua e foi ela quem me acolheu e aconselhou quando eu descobri. Temos contato até hoje. Quando contei ao Sting ele surtou e ao invés de conversar comigo foi direto falar com os pais dele e depois falaram com os meus e toda a confusão começou. – houve algumas pausas na fala da garota devido ao choro lento, mas Natsu não interferiu mais.

— E o que aconteceu depois disso?

— Eles me obrigaram a abortar. E por mais que dê apoio ao movimento da liberdade de aborto para todas as mulheres, minha alma dói ao falar sobre isso, sobre o filho que eu poderia ter tido, sobre como não consegui fugir das mãos do meu pai, sobre uma escolha que eu não pude ter... – Lucy chorava com mais intensidade a cada palavra. – Não era como se eu amasse o Sting e quisesse um filho com ele Natsu, entende?! Eu só acho que ninguém tinha culpa daquilo acontecer.

                O Dragneel apenas engoliu seco e puxou a garota contra si que desatou a chorar mais ainda. Não sabia o que dizer para ela e nem como reagir ao que ela acabara de contar. Apenas ficou fazendo carinho no braço e cabeça dela.

— Eu não fiz o primeiro semestre por isso Natsu e me dedico tanto aos meus afazeres por isso. Se não for eu, quem mais vai fazer por mim?

— Desculpa não estar ao teu lado.

                Foi somente isso que ele conseguiu dizer sobre o assunto e não se permitiu questionar mais nada, sentindo-se intruso em todas as palavras que a garota dizia. Afinal, para quem mais ela havia contado aquilo? A dor e a culpa que ela carregava de algo que ela não teve controle nenhum trouxeram o sentimento de tristeza e empatia a Natsu. Não queria deixar a garota sozinha novamente.

                Ficaram na casa do garoto durante toda a tarde comendo e falando sobre coisas que não envolveram os assuntos de quando acordaram. Lucy tratou de mudar de comportamento após desabafar com Natsu, pediu comida e para passar o dia com ele. À noite Natsu a levou para seu apartamento JK, não antes de trocaram seus números e se certificarem que manteria contato constante; acabaram por ficarem trocando mensagens até dormirem. A partir daquele dia Natsu Dragneel ficou com cada vez mais medo de perder a Heartfilia para algo que ele não poderia controlar.

 

Eu vivo condenado e sem saída de um passado que parece não ter fim. Você não sabe de mim.” (Fresno – Porto Alegre)


Notas Finais


Olá, tudo bem? Obrigada por lerem até o final! Infelizmente não pude revisar, portanto, conto com vocês.
Vou pedir em todo capítulo que me digam caso a leitura se tornar maçante, deixar algo vago ou não fizer sentido. Aberta a elogios, críticas, dúvidas e to distribuindo amor aos meus leitores lindos. <3 Obrigada por cada serumaninho que favoritou, me fazem muito feliz.
Gostaria de dizer para vocês que quase tudo que abordar terá uma razão e que cada ação tem um passado ou um futuro. O que acharam sobre o que a Lucy contou para o Natsu?

Até os comentários ou próximo capítulo, ♥

Ps.: O título dos capítulos geralmente vão ter a ver com trechos de música que colocar no início ou final de cada um.


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