História Mundo que sonhei - Mundo que sonhei

    Jeon não tinha ideia de como havia se perdido na coreografia, continuou como se nada tivesse acontecido, recebendo apenas um olhar reprovador de Suga, talvez seus pensamentos estivessem longe quando aconteceu ou bem perto.

   Tão perto que caso não se concentrasse poderia se perder novamente.

   A silhueta que ele via dançar quase ao seu lado,era a culpada, poderia mentir pra si mesmo mas no fundo sabia que ele por si só era o causador de todo aquele drama.

   Repetidas vezes lhe vinha na mente que aquilo era uma loucura total, que ele nunca o corresponderia e mesmo assim nunca teria coragem de descartar seus sentimentos.

   O ser doce que rebolava incansavelmente, assim como ele mesmo, lhe lançava sorrisos inocentes. Jeon ficava perdido entre esses sorrisos e os gritos das fãs...Sim!

   Elas gritavam por ele, sempre gritavam desesperadas o nome dele!

   E Jimin entrava em êxtase no palco, a expressão tímida que sempre o acompanhava, nessas horas dava lugar ao monstro que possuía dentro de si, fazendo suas fãs irem ao delírio.

   Nem por um segundo eu perdia essas cenas, elas me transportavam para outro mundo.

   Não um mundo qualquer, mas um mundo feito por nós dois.Um mundo onde ele me beijaria de manhã e diria que me amava.

   Esse mundo não cabe na nossa realidade, já que agora a música acabou, nos resta apenas um abraço grupal e a despedida do público.

Seguimos até o camarim felizes e completos, assim que me sinto, ou talvez hoje eu esteja mais melancólico do que nos outros dias, enfim..só queria deitar em minha cama e esquecer o cansaço físico e mental que  me consome.

-O que deu em você? -O único que tinha percebido realmente foi Suga, milímetros de um passo em falso mas ele notou.

-Nada.. cansaço.

-Tudo bem seu bobo!- Me fez um cafuné para descontrair.
Jimin jogava água no corpo, pequenas gotinhas percorriam o caminho que eu desejava traçar com a língua, iam da boca, descendo pelo pescoço e adentrando a camiseta.

   Era muito difícil esconder o que eu sentia, somos ligados demais, poucos segredos ficavam contidos.

   Esse era o meu segredo, guardado lá no fundo da alma e certamente nunca seria revelado.

   Ele veio sentar-se ao meu lado.

   Eu exausto, apenas lhe sorri de canto, visivelmente ele queria mais que isso, me beliscava e puxava meu rosto, para que lhe desse mais atenção.

-Oh Jun, não faz assim, olha pra mim.. -Fofo, era tudo o que eu conseguia pensar enquanto mirava seus olhos pequeninos em contraste com a pele reluzente, molhada e o enorme sorriso.

-Você estava radiante no palco hoje Jimin! -Falei meio sem pensar no que dizer,mas ele corou lindamente com aquele elogio, não éramos de falar essas coisas, felizmente o grupo estava agitado demais para prestar atenção na nossa conversa.

-Vamos indo gente!Espero vocês no Studio amanhã bem cedo!

   Esse era o momento mágico em que Jimin segurava minha mão, para irmos até a Van, uma rotina que com o tempo eu tinha aprendido a venerar.

...

    Me sentia péssimo por não ser o amigo presente que ele esperava, afinal Jimin precisa de atenção o tempo todo, eu anciava por lhe dar todos os momentos, mas aquilo me frustrava, acabando por deixar que os outros lhe mimassem mais do que eu conseguiria fazer sem desejá-lo.

   Amor era o que eu sentia, não podia suprir sua amizade, era demais para que um pudesse suportar.

   Os meus devaneios continuaram até meu corpo reclamar e apagar, sem a minha permissão, o que não durou muito.

   Acordo assustado com o barulho inscessante do telefone, abro os olhos devagar com um pequeno ódio por ser perturbado àquelas horas, se dissipando completamente ao ler a mensagem que brilhava em letras miúdas.

"Abra a porta, meus pais viajaram. Vou dormir com você."
                                                                   
   Vou cambaleando até o hall de entrada e Jimin entra, falando e gesticulando sem parar, estou alheio a isso tudo.

   Apenas o puxo pelo braço, sua mochila caiu aos meus pés e em meio a mais reclamações apenas toco meus dedos em sua boca delicada.

-Shiiiiu..venha, precisamos descansar.

   Quando finalmente ele toma a iniciativa de se deitar em minha cama, rodeio sua cintura com as mãos e o aperto de encontro ao peito, ainda escuto um resmungo manhoso ao retribuir meu ato.

   Fecho meus olhos mas não antes de pensar que talvez o mundo onde ele me faz completo exista.

   Quem sabe um dia...
         

                                                                                Fim