História Mundos Distantes - Não tenho culpa

Arrumei minhas coisas, tirei meu pijama e coloquei a primeira calça jeans que vi pela frente e a primeira blusa também. Calcei meu all star e saí sem dizer nada.
Eu achei que a minha mãe gostasse de mim pelo menos um pouquinho, mas me enganei e vi que não. Que tipo de mãe entregaria a filha na primeira oportunidade que tivesse? Normalmente as mães ficam do lado de suas filhas e quando coisas assim acontecem elas a apoiam e ficam do seu lado. Mas isso é o que uma mãe de verdade faria, não a minha.
Eu não tenho culpa se ela e meu pai trabalham muito e não planejavam ter uma filha há 16 anos atrás, não tenho culpa se eles não sabem agir como pais, eu não pedi para vir ao mundo, eu não pedi para ser julgada 24 horas por dia, eu não pedi nada disso.
Peguei um táxi na esquina de casa e fui para a casa de Gabriel, precisava dele comigo nesse momento.
Enquanto o táxi se movimentava eu pensava em tudo e ao mesmo tempo em nada. Não tinha vontade de chorar, mas fiquei decepcionada e não iria dar o braço a torcer. Nunca precisei deles, sempre soube me virar sozinha, agora não vai ser diferente.
Logo cheguei em frente a casa de Gabriel e toquei a campainha, ele abriu a porta.
Gabriel: Oi amor! - Ele me deu um selinho. - Que malas são essas? - Ele perguntou olhando para as minhas malas e depois para mim.
Gabi: Temos que conversar. - Falei séria. - Me ajuda a levar as malas pra dentro e eu explico tudo.
Gabriel me ajudou a levar as malas para a sala e se sentou no sofá, ao meu lado.
Gabi: Sua tia esta em casa? - Perguntei olhando para a cozinha que estava com a luz apagada.
Gabriel: Não. Mas me diz, o que foi que aconteceu? - Ele me olhava preocupado.
Gabi: Meus pais descobriram que eu estou grávida e me expulsaram de casa. - Disse de uma vez.
Gabriel: Como foi que eles descobriram? - Ele perguntou assustado e sem entender nada.
Gabi: Quando eu fui para o hospital fazer o exame eles tiveram que ligar pra minha mãe pedindo a autorização dela porque eu ainda sou de menor. Ela começou a me fazer várias perguntas, me disse coisas horríveis. - Balancei a cabeça. - Pedi pra ela não contar nada para o meu pai, se ela realmente me amasse não ia dizer nada pra ele e tudo ficaria bem, não aconteceria nada, mas assim que ele entrou na cozinha ela nem exitou, contou na hora e ele me expulsou de casa. Disse que eu não era nada pra ele, que eu podia esquecer que ele era meu pai.
Gabriel: Sua mãe não podia ter feito isso com você.
Gabi: Eu achei que ela gostasse pelo menos um pouco de mim, mas acabei de crer que não e não vou chorar por isso. Nunca precisei deles, agora não vai ser diferente.
Gabriel: Calma amor, não vou te abandonar. - Ele beijou minha testa. - E você vai ficar morando aqui comigo sim, não vou te deixar sozinha nunca.
Gabi: Obrigada por não me deixar. - Olhei em seus olhos. - Eu te amo.
Gabriel: Eu nunca te  deixaria, você é a mulher da minha vida. - Ele me beijou e olhou em meus olhos. - Eu te amo.
Ele me ajudou a subir com as minhas coisas para o antigo quarto de Jéssica e voltamos para a sala.
Gabi: Sua tia não vai se incomodar? Eu estou grávida e vou ficar morando aqui e ainda no quarto que era da Jéssica ...
Gabriel: Tudo bem, eu vou falar com ela e ela vai entender. - Ele me abraçou. - Amanhã começo a procurar um serviço, agora tenho uma mulher e um filho para sustentar. - Ele sorriu pra mim.
Gabi: Você é o melhor namorado do mundo! - O abracei.