História Mundos Opostos 2 - Pressure!

LILY NARRANDO*

A sala de reuniões estava cheia, as luzes apagadas e apenas o enorme quadro branco á nossa frente iluminava o local. Eu não conseguia tirar da mente a nova estagiária do Jensen e um quebra cabeça começa a se juntar em minha cabeça, penso se as suas idas de madrugada á empresa ou suas ligações estranhas não tem a ver com a loira-sorriso-de-piranha que olha para o meu marido como se ele fosse um deus.

-Eu ia te contar. –Diz Jensen disfarçadamente enquanto Reyansh mostrava alguns gráficos no quadro e eu olhava fixamente.

-Você teve chances de me contar! –Eu digo e olho para ele que continua com a expressão fechada olhando atentamente para o quadro enquanto bate suavemente a caneta na mesa.

-Então aqui podemos ver o quanto é viável esse empreendimento! – Reyansh diz chamando minha atenção. As luzes se ascendem e eu acho que é a hora em que todos dão a sua opinião, já que a única pessoa na sala que não investiu dinheiro neste projeto fui eu.

-Eu gosto da ideia, gosto de Dubai e tenha vários imóveis lá, mas... –Hollfman diz e todos olham para ele.

-Eu investi milhões nesse projeto e Reyansh não conseguiu debater com a minha mulher! –Jensen diz fazendo todos olharem para mim. –Acho que devemos ouvir a Lily.

-Jensen eu vim para essa reunião apenas por causa da sua belíssima esposa, devo dizer. –Hollfman diz rindo como fez na festa, quando fez Jensen se gabar por estar casado comigo. Ainda não consegui aceitar a ideia de ele ser casado com a ex-prostituta do meu marido.

-Acho que não é necessário, aliais... A senhora Ackles, desculpe dizer, não é dos negócios! – Reyansh diz e Jensen olha furioso para ele e eu também, mas antes que Jensen bata no peito e me defenda como se eu fosse uma donzela indefesa, eu me levanto e faço Jensen me olhar boquiaberto, assim como todos na sala.

-Você tem razão, Reyansh... Não sou dos “negócios”... –Caminho até o quadro branco e o indiano começa a suar. –Mas...Então já que você é dos negócios, explique o percentual de pessoas interessadas em comprar um apartamento nesse seu hotel luxuoso, mas explique o porque você não tem nenhum percentual de pessoas que realmente vão comprar os apartamentos. –Eu digo e percebo que Jensen tenta segurar o riso.

-Até eu agora quero saber disso Reyansh! –Hollfman diz, parecendo estar se divertindo.

-Hã... Bom, o nosso percentual é alto, ou seja, muitas pessoas vão comprar... –O indiano diz enquanto olha nervoso para todos.

-Vão comprar ou pessoas que olharam o projeto e gostaram? Porque você pode colocar a melhor roupa na vitrine da sua loja, muitas pessoas vão passar e olhar, desejar ter aquela roupa, mas quantas pessoas realmente vão entrar na loja e sair com a roupa na sacola? –Eu pergunto e de repente ele fica branco. Jensen se encosta a cadeira com um sorriso enorme se gabando para todos da sala, Hollfman ri e olha atentamente para mim. Sinto meu sangue correr do meu corpo, agora eu era o centro das atenções, qualquer pisada em falso eu com certeza seria uma vergonha, até para o Jensen.

-Acho que você foi pego! –Jensen diz olhando para ele enquanto ri. Ele fica absurdamente lindo sorrindo desse jeito, mas não posso me deixar levar, ele mentiu pra mim sobre essa secretária.

-Mas... Hã... –O indiano fala nervoso, parece que a prepotência dele ficou engasgada na garganta. Não mexa com uma garota que passou a vida se virando para pagar as parcelas do carro!

-Pra mim foi o suficiente. –Jensen diz e se levanta enquanto abotoa rapidamente seu paletó. Hollfman e os outros também se levantam acompanhando o Jensen. –Marque uma reunião com a sua equipe e com a senhora Ackles para refazer seu projeto. –Jensen diz com aquele tom de não-me-retruque.

-Mas senhor Ackles... –O indiano corre em direção do Jensen que continua com cara de poucos amigos. –Não posso refazer o projeto, ele já está pronto e...

-E acho melhor você dar ouvidos á sua nova chefe! –Hollfman se aproxima e ri irônico com o Jensen. Nova chefe, eu?

-É isso mesmo! Acho que a Lily comandará muito bem esse projeto.- Hollfman diz e o indiano se afasta muito sem graça. Eu caminho até o Jensen e ele me olha com um sorriso orgulhoso.

-Você foi ótima hoje meu bem. –Para minha surpresa ele solta um “meu bem” na frase e me deixa sem jeito perto do amigo dele. –Preciso acertar algumas coisas, fique á vontade. –Ele diz e caminha até um grupo de pessoas que o aguardavam na porta.

-Você foi incrível Lily! –Hollfman diz e a lembrança da Melissa, mulher dele, ex-prostituta do Jensen me vem a mente e acho que não consigo disfarçar.

-Não foi nada, apenas estou defendendo os negócios do meu marido. –Eu digo e ele de repente tira o sorriso do rosto como se tivesse tido uma ideia brilhante.

-Você não gostaria de uma vaga na minha empresa? Acho que coordenadora de projetos é bem o seu perfil... Vou logo dizendo que o salário vai ser o melhor possível, não que você precise, mas vejo que gosta de ser independente, e é uma grande opor...

-Tudo bem, eu quero! –Antes que ele consiga terminar a frase e eu consiga raciocinar minha voz sai da minha boca um pouco mais alta do que eu gostaria. É claro que eu queria um emprego, a empresa dele não é tão milionária como a do Jensen, mas pra eu alcançar a minha independência é uma ótima oportunidade e eu não poderia deixar passar.

-É mesmo? Sendo assim, segunda feira podemos marcar uma entrevista? –Ele pergunta já tirando o celular do bolso, com certeza já marcando em sua agenda.

-Sim... Claro! Eu adoraria ir na segunda! Um emprego cairia muito bem agora. –Eu digo com a voz um pouco tremula porque convencer o senhor cabeça dura de que eu trabalharia fora do radar dele ia ser uma missão quase impossível! Já estou um pouco arrependida.

-Não vou ter problemas com o Jensen não é? Sabe, ele é um amigo muito antigo e no meio dos negócios ele é o manda chuva, não quero causar um mal estar, você me entende? –Ele pergunta e eu imagino que ele nem deve saber que a ninfeta dela já foi espancada em nome do prazer pelo Jensen. Agora que me dei conta do sonho que tive onde eu estava apanhando e sentindo muito prazer... Sinto meu corpo se aquecer.

-Está tudo bem, ele não vai se importar! –Eu digo com um sorriso amarelo. Puta merda, ele vai surtar e eu não estou nem ai!

-Então por mim está tudo certo Lily, será um prazer ter você em minha equipe! Na segunda te passo os detalhes.

JENSEN NARRANDO*

-Senhor Ackles? –Sinto uma presença feminina atrás de mim enquanto converso com alguns acionistas do projeto.

-Com licença. –Eu digo e me viro. Era Alona. –Sim? –Eu pergunto quase implorando para ela se afastar de mim, se a Lily ver vamos ter outra briga.

-Eu sei que o senhor está ocupado, mas uma tal de Cassy está no telefone e insiste muito em falar com o senhor. –Assim que ela acaba de falar meu coração quase sai pela boca, mas não deixo isso transparecer. O que ela queria? Eu deixei bem claro que não ia me envolver mais com nada e que sou casado agora e amo minha esposa.

-Vá ate a minha sala e espere lá, eu vou logo atrás de você. –Eu digo e me viro de volta para os acionistas e ela segue para a minha sala. Dou um breve olhada e Lily ainda esta conversando com o Hollfman, sinto uma ponta de ciúmes, mas estava mais preocupado com o que Cassy queria comigo a essa altura do campeonato. Sigo para a minha sala disfarçadamente e encontro Alona mexendo no computador.

-Senhor Ackles, ela já está em sua linha. –Ela diz com uma voz aveludada. Qual é a dela? Uma hora parece ser tão ingênua, mas depois fica provocativa.

-Cassy? –Eu digo e a faço perceber que a ligação dela tinha sido um erro.

-Senhor Ackles... Há quanto tempo meu amigo! –Ela diz e já a imagino rindo.

-Não somos amigos. O que você quer? –Eu pergunto e ela espera alguns instantes.

-Sabe que temos negócios juntos... Preciso que vá comigo á uma reunião! –Ela diz e eu caio na gargalhada. Ela só podia estar brincando não é? Eu tinha negócios fora as garotas de programa, eu a ajudei a abrir uma empresa de lingerie, mas pra mim era fachada por causa das modelos que eu cobrava em troca do meu investimento.

-Eu te dei o dinheiro de abrir essa porra, agora você se vira Cassy, não me liga aqui, por favor! –Eu digo e sinto os olhares disfarçados da Alona. Ela não poderia estar ouvindo essa conversa.

-Calma, não é mais dinheiro...

-Eu não quero saber o que é Cassy, só não liga mais aqui entendeu? –Eu digo tentando parecer o mais calmo possível, mas estou quase perdendo a linha com essa velha cafetã.

-Prefere que eu ligue pra sua casa? Fale com a sua linda e doce esposa? Posso falar pra ela que temos uma empresa de lingerie e que você investiu muito nela e em troca eu te dava garotas que faziam você ter o melhor sexo da sua vida, coisa que convenhamos né Jensen, sua bonequinha de porcelana não faz. –Sinto o veneno em suas palavras e a minha vontade era dar um sumiço nela, mas respirei fundo, seria uma tragédia a Lily saber de tudo isso.

-Quando é essa reunião? –Eu pergunto me sentindo vencido.

-Sabia que aceitaria! É na próxima semana... Será um coquetel, é um novo patrocinador e ele quer que você esteja presente.

-Colocou meu nome no meio Cassy? –Eu pergunto e me encosto na minha mesa. Alona se levanta e vem se aproximando de mim. Hoje não é meu dia de sorte.

-O seu nome rende milhões, senhor Ackles... É uma pequena reunião, prometo que o devolvo para sua doce esposa na mesma noite. –É melhor eu aceitar do que correr o risco da Lily saber de mais isso, mas tenho que arrumar uma saída e logo, não quero nenhuma prostituta aposentada me chantageando.

-Ate mais Cassy. –Desligo o telefone e o jogo na mesa. Alona se assusta um pouco e se aproxima sem jeito.

-Algum problema que eu possa ajudar senhor Ackles? –Ela diz e sinto seu joelho encostar na minha perna, mas não é isso que faz meu coração acelerar e sim a Lily parada na porta.

-É senhor Ackles, algum problema? –Ela diz e Alona rapidamente se afasta e olha assustada.

-Lily... Não tem nenhum problema, só negócios... –Eu digo e vou ate ela, Lily estava me encarando como se quisesse me matar.

-Negócios? Acho que você está muito envolvido com esses “negócios”, não acha Jensen? –Ela diz e olha para a Alona, que parece estar digitando a bíblia de tão rápido que tecla no computador.

-Uma cena aqui não Lily, por favor! –Eu digo e tento beija-la, mas ela se afasta e continua encarando a Alona.

-Eu quero ir embora! –Ela diz e se vira. –E você vem comigo Jensen. –Ela diz e continua andando em direção ao elevador. Eu gosto de despertar ciúmes na Lily, gosto de saber que ela se importa, mas quando ela está assim não parece a garota que conheci, aliais, do jeito de olhar até as roupas estão diferentes, está mais mulher, mais decidida, não se parece quase nada com a delicada garotinha universitária que eu me apaixonei, mas eu a amo exatamente igual.

-Fecha a minha agenda pra hoje Alona. –Eu digo e bato a porta atrás de mim. Sigo até o elevador onde Lily encarava seu próprio reflexo no espelho. –Você foi ótima hoje. –Eu digo tentando quebrar o clima, mas ela me olha como se não quisesse ouvir o som da minha voz.

-Eu não quero saber dos seus urubus em cima de mim hoje á noite. –Ela diz. Eu tinha me esquecido que ela sairia hoje a noite com a Selena. As portas do elevador se abrem e saímos.

-Eu acho que você deveria ficar em casa hoje, você foi seguida... –Entramos no carro que já estava a nossa espera. –Pode ser perigoso.

-Ah é Jensen? Que tal você começar a me contar então sobre isso? Porque ate agora só tem coisas inexplicáveis acontecendo!

-Já disse pra confiar em mim Lily! –Eu digo e ela se vira rapidamente para mim.

-Como? Hein? Me diz? Cheio de segredos me esconde tudo, inclusive aquela loira sem graça que você contratou!

-Lily você está com ciúmes? –Eu digo tentando segurar o riso, o que deixa ela muito nervosa.

-Por causa da sua secretária abusada? Das suas idas á empresa de madrugada, ou sobre a segurança reforçada em casa? –Ela pergunta e vê-la tão brava assim me deixa excitado. Puxo a bem rápido para o meu colo, ela tenta se soltar.

-Jensen... Jensen me solta, eu estou falando com você! –Ela diz e eu prendo as duas mãos atrás dela e começo a beijar seu pescoço. –Para com isso agora, eu estou falando com você... –Ela fala, mas eu estava completamente em transe com o seu perfume que parecia entrar na minha alma.

-Ate parece que você não quer Lily, eu sinto que você quer isso também, sinto que precisa tanto quanto eu... –Eu falo e dou leves mordidas em seu pescoço e ela aos poucos vai se entregando aos meus beijos.

-Jensen... Espera... Ainda não conversamos sobre o que aconteceu! –Ela diz e sai de cima do meu colo.

-Droga Lily! –Eu digo tendo que controlar meus desejos por essa mulher teimosa e atrevida.

-Droga digo eu! Você anda cheios de mistério e depois de ontem... –Ela diz e abaixa a cabeça me fazendo lembrar quando a machuquei.

-Tudo bem, nós chegamos em casa, fazemos amor e depois conversamos o quanto quiser, tudo bem? –Eu digo e me sinto fuzilado pelo olhar de indignação da Lily. O carro entra no condomínio. –Ou conversamos e... Fazemos amor? –Eu tento me retratar, mas sem sucesso. Ela fecha a cara e arruma a blusa que eu tinha amarrotado toda, olha fixamente para a janela e eu fico sem saber o que fazer. –Então não conversamos, tudo bem assim...

-Para de agir como um idiota Jensen! –Ela me interrompe gritando e eu me assusto. Ela abre a porta do carro e bate com toda força, me deixando mais perdido ainda.

LILY NARRANDO*

Saio correndo do carro depois dele ter agido feito um Neandertal  viciado em sexo, empurro os guardas idiotas que estavam na entrada da casa e entro com tudo, sinto Jensen correndo atrás de mim, mas ele era a ultima pessoa que eu gostaria que me tocasse no momento. Entro no quarto e Jensen entra junto.

-Lily... –Ele segura o meu braço e antes que eu consiga pensar, o empurro na cama, onde ele cai sentado e me olha assustado. Sim, eu estou louca de raiva senhor cheio dos mistérios!

-Calma, não sei por que você...

-Ah não sabe? Será que é porque está agindo igual á um imbecil? –Eu o interrompo e ele franze a testa e me olha como se eu fosse algo estranho na frente dele.

-Você pode me explicar exatamente o que está te incomodando? –Ela me pergunta e o cinismo dele me deixa muito mais brava.

-Me incomoda aquela loira de farmácia ser sua secretária e te comer com os olhos, me incomoda o fato de você chegar aqui em casa e fazer sexo comigo como se eu fosse uma das suas prostitutas...

-Lily...

-Me incomoda um carro me perseguir, do nada você colocar o FBI em peso pra me vigiar, me incomoda suas idas á empresa de madrugada me deixando dormir sozinha! –Quando percebo minha voz estava muito alta e ele continua me olhando assustado, mas tinha certa culpa em seu olhar. Ele estava me escondendo algo. –Eu estou cansada disso. Preciso de um tempo! –Eu digo e vou andando em direção ao meu closet, Jensen vem logo atrás de mim.

-Está cansada de mim? Lily... Lily olha pra mim! –Ele me puxa e me vira, já não consigo segurar as lágrimas. –Ei... Lily você é a mulher da minha vida, eu não posso te perder... –Ele diz e como sempre amolece meu coração. Seus olhos ficam molhados com as lágrimas que ameaçam cair.

-Eu preciso ir. –Eu digo e ele me solta com os olhos arregalados e perdidos, sua expressão era como se eu acabasse de falar pra ele que ele mesmo tinha morrido. Ficou pálido e deu dois passos pra trás.

Eu pego meu roupão no meu closet e caminho até ele. Chegando próximo dele, ele abaixa a cabeça e eu me aproximo e digo bem baixo no ouvido dele.

-Preciso ir tomar o meu banho Jensen, vou me encontrar com a Selly. –Eu digo e ele respira aliviado e então vou para o banheiro, deixando ele lá parado de olhos fechados, tentando recuperar a respiração.