História Music is the hidden language of the soul. - It's music to my ears.

Era mais um dia normal para Jennie Kim. Ela acordava cedo, fazia sua higiene e logo se dirigia para seu estúdio de dança. É, apenas com 20 anos a garota foi capaz de montar seu pequeno estúdio de dança que agora é conhecido por muitas pessoas de Seul. Aquela era uma das maiores fontes de renda para a Kim, uma das mais importantes também. Afinal, todos os seus familiares e amigos pensavam que havia esquecido sobre a quantidade de vezes que teve sua ideia rejeitada e pisada como se fosse nada. Muitos achavam idiotice da parte dela fugir de todos os luxos que sua família tinha, mas a verdade é que ela apenas queria um lugar para chamar de seu sem ver pessoas se intrometendo com segundas intenções. Felizmente, ela conseguiu esse feito, alcançou sua independência mais rápido que achava, mas teve uma certa ajuda com isso. Kim Hyunjung, sua melhor amiga, ofereceu seu apartamento e parte de suas economias para que o sonho de Jennie saísse do papel. Ninguém sabe como agradecia todos os dias por ter ela ao seu lado, mesmo que nunca admitisse isso para a mais velha.

Jennie considerava que a melhor coisa de sua vida atualmente era ter a oportunidade de se perder em seus pensamentos enquanto fazia o caminho automático até o estúdio, o estabelecimento não era tão longe do apartamento em que dividia com a outra Kim. A morena perdeu a quantidade de vezes em que sorria toda vez que via a parte da frente daquele lugar. O espírito de liberdade era tão bom que tudo que lembrava isso traziam uma felicidade enorme para a morena, esta que não sairia tão cedo de si. Em dias comuns, a Kim teria entrado no lugar com uma animação enorme, mas só de ver que Hyunjung já havia chegado lá mudavam completamente todos os seus planos. Os passos lentos e o fato de que não estava respirando apropriadamente eram o suficiente para que os outros alunos percebessem que Jennie queria dar um pequeno susto na outra, sua missão foi um sucesso assim que seu “Bu” em um tom alto fizeram com que Hyunjung desse um pequeno pulo para longe do barulho.

“Yah, Jennie! Você não pode chegar assim… Eu quase morri do coração.” Ela proferiu enquanto colocava a mão no peito para dramatizar a cena, mas Jennie estava rindo demais para prestar atenção.

“Yeah, my bad. Mas é muito engraçado te ver assim.” Foi a única coisa que disse antes de recuperar seu fôlego, dando um breve suspiro antes de se alongar para começar a coreografia não terminada do dia passado. Se não fosse por Hyunjung, ela já teria terminado tudo aquilo na madrugada. Porém, para a outra garota, descansar também era importante. Talvez, Jennie era tão focada na dança que esqueceu o que era ter uma vida social ou dormir até tarde e ficar o dia todo de bobeira. Ela perdeu a conta de tantas vezes já desistiu de fazer algo divertido para focar no que estava fazendo. Jennie sempre era a primeira a chegar, mas a última a sair. Isso era tão bom, mas tão estranho ao mesmo tempo. Ela deveria achar outro hobby para lhe satisfazer. “Isso aqui tá vazio… O que houve?” Indagou-a com um bico nos lábios. Não era como se ficasse feliz em ver outros vendo sua coreografia e dando palpites inúteis, mas era bem legal ver o estúdio movimentado e cheio de vida.

“Eu dispensei todos, achei que precisaria disso pela teimosia que fez comigo ontem pra ir pra casa.” Hyunjung riu, logo se aproximou da outra e descansou uma de suas mãos no ombro alheio. “Eu vou te arrastar pro concerto da Sojung hoje, você fica muito tempo aqui e esquece de mim.” Ah… Chu Sojung. A Kim não fazia a mínima ideia do último dia que viu aquela garota. Se sentia um pouco péssima por nem reconhecer a namorada de sua melhor amiga mais. Realmente, precisava sair e conhecer novas pessoas que não fossem aquelas que visitassem o estúdio.

“Aqueles de música clássica? Você sabe que eu nem sou fã disso. Aquelas roupas, aquelas pessoas… Ugh. Parecem ser tão arrogantes pra mim.” Bufou antes de se virar para a maior. Ela devia ter pensado duas vezes antes de ter feito aquilo. Os olhos e o bico de Hyunjung faziam sempre com que pensasse duas vezes na sua escolha. Era incrível esse dom que a mais velha tinha. “Tá, ok. Eu vou. Mas com uma condição… Você não vai mais me arrastar pra casa quando eu estiver treinando.”

“M-Mas…” Foi a única coisa que Hyunjung ditou antes de deixar um breve suspiro escapar de si. “Ok, ok.” Ela retirou a mão do ombro e se afastou, como se soubesse que Jennie queria privacidade para fazer o que queria.

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Eram exatamente seis horas da noite e a Kim mais nova se encontrava sentada no chão daquela grande sala enquanto bufava de forma frustrada. Nada saiu como ela queria, a Kim desistiu daquela coreografia trinta minutos depois da mais velha se retirar da sala. Mas… Nada melhor do que uma sala de dança vazia para pensar, certo? Um lugar onde os espelhos ao seu redor refletissem sua imagem. A morena se encontrava de olhos fechados com seus fones de ouvidos, fazendo com que esquecesse todo o mundo ao seu redor. Tudo continuaria bem se não tivesse sentido cutucadas em sua perna, abriu o olho esquerdo apenas para se deparar com uma Hyunjung pensativa em sua frente. Droga… Jennie esqueceu completamente daquele concerto, mas apenas fingiria como se nada estivesse acontecendo.

“Você tá animada pro concerto, não está? Não é sempre que eu vejo você tão sorridente assim. Aquela Sojung realmente faz milagres.” Riu de forma debochada, recebendo um pequeno tapa em seu braço da maior por conta disso. Após se levantar, deu uma pequena olhada em seu reflexo no espelho antes de se retirar da sala com a outra. Não usaria um vestido largo, aqueles chiques que odiava por conta de um show de uma hora. Se nem Hyunjung estava assim, por que deveria estar também? Não seria a primeira vez que ignoraria olhares feios de qualquer forma.

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O lugar estava tão movimentado que era, no mínimo, estranho. Todos que conheciam Jennie sabiam muito bem o quão chato achava aquilo tudo. A quantidade de vezes que sua melhor amiga brigou com ela por dormir no meio dos concertos não eram poucas, mas algo ali lhe surpreendeu. Em dias comuns, os músicos estariam em trajes de gala, esbanjando elegância como se fosse um baile de um príncipe encantado, então era um pouco surpreendente ver uma pessoa -  uma mulher, para ser mais exata - em roupas comuns, como se não quisesse nada ali. Jennie nem teria descoberto que a garota de cabelos ruivos era uma das instrumentistas se não fosse o violino em suas mãos. Os cabelos rebeldes em seu rosto apenas traziam ainda mais beleza para a garota de nome desconhecido, isso fez o coração da Kim palpitar tanto que provavelmente sairia de seu peito. Por que ela se sentia tão estranha por uma desconhecida? Por que Jennie nunca viu aquela menina antes? Essas eram as perguntas que perambulavam a mente dela, estas que logo saíram de seus pensamentos quando pode ver o maestro fazer os movimentos necessários para dar ínicio a música. É, talvez aquele concerto não seria o pior de todos.

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O concerto durou duas horas, logo depois disso veio a visita das pessoas ao camarim dos músicos. Mesmo que fosse idiota, seus olhos procuravam aquela ruiva desconhecida pelo caminho que faziam até o camarim de Sojung. Querendo ou não, aquela garota ficaria em sua mente por dias. O que Jennie não esperava era que ela estava lá, fazendo companhia a Chu enquanto arrumava seu instrumento na maleta apropriada para ele. Também não esperava ouvir a risada dela assim que as duas Kim entraram, aquele seria seu som favorito por uma longa semana.

“Jennie-yah! Faz muito tempo que eu não te vejo. Onde estava esse tempo todo?” Sojung proferiu com um grande sorriso em seus lábios, puxando Jennie para um abraço antes mesmo da menor conseguir pensar.

“Ei, Sojung! Você que nunca passa no apartamento ou no estúdio, sabe que eu nunca saio de desses lugares…” O bico em seus lábios foi visível depois de seus dizeres, ela jurou ter ouvido a risada da menina desconhecida assim que o bico se tornou presente. Aquilo a afetou tanto que formou um pequeno vermelho em seu rosto, mas este não aparecia tanto.

“Eu acho que não apresentei ela a você, Jennie. Esta é Roseanne Park. Uma das violinistas principais da orquestra.” Jurou que, de todas as palavras, a Kim mais nova só conseguiu ouvir o nome da outra. Um sorriso largo se formou em seus lábios assim que apertaram suas mãos. Mesmo que provavelmente Hyunjung já tivesse entendido toda a situação, nunca admitiria que formou uma paixonite em uma garota que acabou de conhecer. Isso nunca foi do feitio dela.

“Podem me chamar de Rosé… Ou de Chaeyoung se tiver alguma dificuldade com a pronúncia! Eu não me importo com isso.” O sorriso no rosto dela fez com que Jennie fosse a lua e voltasse. Tinha certeza que seus olhos foram completamente abençoados por ver aquilo. Se tudo desse certo, não seria a primeira vez em que via aquilo de tão perto. Teria que sacrificar suas noites apenas para ver aquele sorriso no camarim, isso não era nem um pouco ruim.

“Jennie, pode levar a Rosé pro nosso apartamento? Eu pretendo ficar com a Sojung hoje e essa ruivinha marrenta aí brigou com o síndico do prédio dela, provavelmente não vai voltar lá tão cedo.” Hyunjung proferiu antes de levar a destra para os cabelos rebeldes de Rosé, logo bagunçando-os um pouco acompanhada de uma risada vinda de ambas. Por dentro, a morena queria matar a maior por ter dito aquilo. Não era nem um pouco normal ter a menina que você estava sentindo coisas que nunca sentiu antes em seu apartamento, principalmente se ela dormisse lá por um tempo. Mas… Ao mesmo tempo, seria egoísmo de sua parte deixar a menina dormir em um lugar desconhecido por ela. Se Chaeyoung buscou ajuda a Hyunjung e Sojung, era porque o casal tinha confiança nela.

“C-Claro! Pode deixar. Não vou deixar ela sozinha...” O tom de voz saiu de forma baixa, mas não um sussurro. Hyunjung riu novamente antes de se separar da outra, logo acenando para se despedir das meninas com sua namorada.

“Então, vamos? Daqui a pouco isso fecha e vão nos prender aqui.” A risada baixa de Rosé foi audível. Junto com ela, o movimento que a ruiva fez para segurar a jaqueta que estava no corpo de Jennie deixou um rubor ainda maior aparecer em seu rosto, este sim era visível.

É… Aquela noite seria extremamente longa.