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História Mute {HIATUS} - Paradise


Escrita por: Skyel

Notas do Autor


mais um capítulo :)
pra esse eu recomendo fortemente: JUNIK - DEJAVU e LEEBADA - DRUG (bônus se der tempo: SAY - SLOWDANCE)
foram as músicas que tocaram em looping enquanto eu escrevia rs
enjoy.

Capítulo 10 - Paradise


Fanfic / Fanfiction Mute {HIATUS} - Paradise

“Segure minha mão, vamos caminhar em um caminho de flores

Eu estive esperando por você

Eu não posso ir, se não é você, eu sou você e você sou eu

Então, querida, bem-vindo em minha zona

Em nosso próprio espaço, vamos gastar tempo para sempre”

Paradise

 

Day 25, month 11 –

 

Eu tava de boa. Na verdade, um pouco ansiosa. Talvez meio nervosa também.

Ok, eu tava entrando em pânico.

Enrolada na toalha, encarei a gaveta de lingerie. Poderia ser besteira minha, mas você sabe o quão sugestivo Jaebum foi quando saiu do carro? Estirei meus melhores conjuntos na cama e me perguntei se não era muita paranoia na minha cabeça. Fiz uni-duni-tê com o dedo indicador e mesmo que tivesse caído no vermelho, fiz uma pequena trapaça e escolhi o preto... Básico, misterioso e sexy. Pfffffff, até parece que eu ia parecer tudo isso por causa de duas peças minúsculas de tecido. Agora a roupa. Como vestir algo bonito, sensual, elegante e fofo ao mesmo tempo? E pior, que desse pra sair nessa neve absurda.

Depois de resolver minha crise de estilista e me sentir visualmente satisfeita*, passei na casa de JB e perdi o fôlego quando vi aquela criatura de terno e gola alta**. Ao contrário de mim, esse homem parecia um modelo mesmo que usasse uma sacola de pão na cabeça e um saco de batata no corpo. Entreguei seu presente sem saber se realmente aquilo seria útil, mas meu medinho logo foi substituído por alívio quando vi seu rosto sorridente. Ele não parou de folhear o álbum que enchi com fotos de flores, todas tiradas por mim... Assim como o anel grosso e entalhado de prata foi direto pro seu dedo, com muitos elogios.

Por um momento eu pensei que iríamos escolher juntos o lugar de jantar, mas logo percebi que ele já tinha todo um roteiro traçado. Como achei bonitinho que ele tivesse planejado as coisas, acabei só me deixando ser conduzida. Dirigi por longos minutos e a cidade tava um caos... Imagine todos os casais possíveis saindo no mesmo dia, no mesmo horário e praticamente pros mesmos locais. É.

Pensei que iríamos pra Gangnam, mas JB me surpreendeu ao dar as coordenadas. Paramos numa rua estreita e vazia, onde havia uma pequena casa de construção europeia antiga. Fiquei curiosa, que tipo de lugar seria aquele? Sorrindo com a boca e com os olhos, Jaebum puxou minha mão e entramos no local. Lá dentro era quentinho e aconchegante, parecia uma pequena casa de bonecas com mesinhas de madeira escura e não tinha mais ninguém. Escolhemos uma mesa aleatoriamente e um senhor com feições meigas veio até nós.

- Boa noite! É uma honra ter você aqui, Jaebum. – Ele nos lançou um sorriso de felicidade.

- Faz tempo, né? Você parece ótimo, Jooseun. – JB olhou com carinho pra mim e sorriu. – Achei que você devia conhecer minha namorada. – Ele usou aquele tom orgulhoso e eu quase derreti.

- Olá. – Levantei e me curvei, cumprimentando Jooseun. – É um prazer conhecê-lo! Meu nome é Kim Eun. Mas me chame de Eun, por favor.

- Ah, como você é bonita! Me chame de Jooseun. – O senhor se curvou ligeiramente em resposta. – Jaebum é um cliente antigo da casa.

- Jooseun, pode trazer o de sempre? Em dobro, claro. – JB olhava o cardápio e o escondia de mim.

- Claro. Vou providenciar agorinha. – Observei o velhinho fofo entrar na área do bar e passar por uma porta que eu supus que dava acesso à cozinha.

- Você não vai me dizer o que pediu? – Jaebum me encarava com uma expressão estranha. Tinha algo errado comigo?

- Negativo. – Ele balançou a cabeça. – Quero que você esqueça todas as preocupações hoje. Não vai se preocupar nem em escolher a sobremesa. – Abriu um sorriso enorme e meu coração aqueceu.

- Então você quer que eu relaxe, hmmm... – Fiz carinho em sua mão que repousava perto da minha, em cima da mesa.

- Na verdade você só vai relaxar mais tarde. Já te disse que você tá ainda mais linda hoje? – Sorri, envergonhada. Aquele olhar sedutor e sugestivo ataca novamente, mas não dura muito tempo. – Eu costumava vir aqui com minha família, meio que uma tradição aos finais de semana. Queria que você fizesse parte dessas memórias... É um lugar especial pra mim.

- Obrigada. – Eu não entendia exatamente pelo quê agradecia, mas fiquei emocionada com o que ele me dizia. – Desse jeito me sinto até importante. – Dei uma risadinha, tentando dar leveza ao clima.

- Mas você é muito importante. Não tem ideia do quanto. – JB me lançou um olhar intenso e eu sentia minha alma sendo consumida. Ele ficava ainda mais atraente com aquela luz baixa das velas que nos rodeavam.

Descobri que o restaurante servia massas italianas e fiquei impressionada com toda a comida. Poucos lugares hoje em dia preservavam uma essência de tradição nas receitas, aquela coisa de passar por gerações e prezar pela qualidade. Me senti muito satisfeita e não tinha nada do que reclamar, Jaebum também parecia realizado com aquele momento. Nós também caminhamos pelo centro, tiramos fotos e olhamos a grande árvore enfeitada enquanto nos abraçávamos com carinho.

- E se por acaso a gente descobrisse um armário tipo o de Nárnia? – Eu dirigia tranquilamente quando JB soltou essa. – Às vezes fico pensando nessas possibilidades fantásticas.

- Não sei você, mas eu com certeza pediria autógrafos pro Sr. Tumnus e pro Aslam.

- Ooh, eu vejo. Você é mais uma que curte o Tumnus. – Ele franziu o nariz e fez chifrinhos com os dedos na testa.

- Não me ache estranha! – Dei um pequeno empurrão em seu ombro e rimos. – Ele é fofinho.

- Você devia ME achar fofinho.

- Você já tem seu posto. Meu idiota favorito.

- Não gosto desse posto. – Ele rolou os olhos, mas parecia enternecido.

- É o que tem pra hoje, capitão. – Bati continência. – Você tem outro posto, também.

- E qual é? – Me olhou com curiosidade.

- Hum-hmm. Não digo. – Tudo bem que ele ia me infernizar até descobrir, mas quis implicar um pouco.

- Ah, então quer dizer que você não vai me contar?

- Você é um gênio.

- Vamos ver se você não vai abrir essa boca. – Eu estacionei em frente à casa dele e me virei.

- Isso é uma ameaça? – Arqueei uma sobrancelha.

- Sempre. – Ele chegou perto e deslizou seu nariz pelo meu maxilar, puxando meus cabelos com suavidade. Eu tremi na base.

- Saiba que eu posso te processar por isso.

- Hmmmm... – Não tava nem aí, esse folgado.

- Seu outro posto é de homem mais sexy do mundo. Por isso não pode ser fofinho, só às vezes. – Dei uma risadinha, me rendendo. – Mr. Worldwide Handsome.

- Esse título eu posso provar ser merecedor.

Jaebum tinha o olhar ameaçador, com aquele brilho de selvageria e perigo. Meu alerta interno ligou quando me arrepiei por inteiro, depois que ele desafivelou meu cinto de segurança. Com uma facilidade estranhamente conveniente, JB puxou um de meus braços e me segurou pela cintura até que eu saísse de onde sentava e fosse diretamente pro seu colo. Tendo ele entre minhas pernas, o aperto do carro não me incomodava e por mais que lá fora nevasse, eu me sentia bem rio 40º graus.

Com um sorriso autoritário no rosto, ele se aproximou e pude sentir nossas respirações se misturando gradativamente enquanto seu perfume me envolvia. Ele primeiro encostou sua boca na minha, de início apenas arrastando-a e sentindo a textura dos meus lábios. Me deu uma mordidinha e sorriu safado em seguida, aprofundando o beijo com uma carga intensa de desejo.  Sua mão segurava minha nuca com força e eu também tirei casquinha, usando a posição ao meu favor da forma que dava. Não que seja muito fácil reagir ou contra atacar quando se tem um homem maravilhosamente lindo em baixo de você, que por sinal tá fazendo a maior festa no seu pescoço e usando aquela força malvada pra pressionar os quadris nos seus enquanto você tenta apenas respirar e não desmaiar.

Meu celular tocou exatamente nessa hora e eu nunca odiei tanto aquele aparelho inútil. A mão de JB que antes apertava áreas estratégicas do meu corpo voou pro telefone como se fosse esmagá-lo.

- Tenho que atender... – Me fiz de orgulhosa e tomei o objeto de suas mãos. Ele mordeu minha orelha e quando percebeu que eu permaneci fora de órbita, ele fez a maldade de sussurrar no meu ouvido.

- Atenda. – Me desafiou, sorrindo torto. Ele jurava que eu não ia atender.

- Alô. – Assisti seu sorriso morrer e seu rosto ganhar uma expressão maravilhosa de surpresa. Sorri sacana e dei uma piscada pra ele.

- Eun, meu amor. Eu preciso te contar o que ganhei de natal! – Jinny parecia animada. Só podia ser ela.

- Oi Jinny. – Rolei os olhos. – Eu adoraria saber, mas a situação agora não é muito favorável pra mim. – Senti os dedos de Jaebum correrem pelas minhas coxas e entrarem discretamente pelo meu vestido.

- Onde você tá? Vem dormir aqui, a gente pode conversar melhor! – Os dedos gelados se fecharam no meu quadril e o puxou pra baixo, me arrepiando com a eletricidade do contato.

- Jinny... – Minha voz saiu arrastada. – Agora não é o momento. – JB sorria e me olhava com seus olhos estreitos, mordendo os lábios como se adorasse fazer tudo mais difícil pra mim.

- Desligue.

Mandou. Mandou mesmo, como se fosse meu dono. Seu tom de voz era delicioso.

Só pra contrariar, continuei a ligação.

- Hoje não dá, miga. Mas quem sabe--- OOOOH! – Se você acha que Jaebum fez algo realmente indecente com os dedos, acertou.

- Tá tudo bem por aí? Aposto que você bateu o mindinho pela casa. – Jinny riu.

- Tá sim... Eu só tô meio ocupada.

- Eun, desligue este celular agora ou eu não respondo por mim. – Ele me deu um olhar rígido e estreito.

- Depois nos falamos, ok? – Não dei tempo pra que ela respondesse e larguei o celular em qualquer canto, obedecendo às ordens.

- Boa garota. – Ele voou diretamente pra minha boca.

Eu não lembro a última vez em que tinha sido beijada daquele jeito. Bastou que eu jogasse o telefone praticamente fora e Jaebum tomou conta de mim. Intenso, ansioso, possessivo...  Comandava cada movimento. Suas mãos passeavam por toda minha pele do jeito mais atrevido que um dia eu poderia sonhar e eu pensei que morreria sem fôlego. Nem queira saber por onde as minhas mãos passeavam agora.

Eu queria, ele queria, então só nos deixamos levar.

- Você é difícil de resistir, mas baby... – Ele se controlava e respirava com avidez, me dando o olhar mais sensual que já vi. – Vamos entrar, sim?

Eu protestei em vão, pois como se pra provar ser o macho alfa, Jaebum me carregou contra minha vontade até sua casa. Ah, o que foi? Carros são legais, até queria ficar lá... Apesar de concordar que seria mais racional e agradável ter privacidade, plus um aquecedor.

Quando ele já se encontrava sem camisa em cima de mim e minha lingerie se encontrava numa situação de perigo que logo depois resultou em rendas rasgadas, JB parou todos os movimentos agressivos e acariciou meu rosto lentamente com os dedos.

- Eu sou completamente apaixonado por você. – Ele me olhava quente e convidativo, me seduzindo com facilidade.

- Eu também. – Fechei os olhos ao sentir seus lábios descendo cada vez mais numa trilha infinita de beijos e ri com a sensação gostosa de seus cabelos serpenteando pela minha barriga.

 

~

 

Day 26, month 11 –

 

Pouco a pouco abri os olhos e o quarto parecia escuro. Senti falta do peso ao meu lado e estranhei a falta de uma bola de pelos enrolada nos meus pés, mas logo sorri com as lembranças da noite anterior. Me estiquei até a cortina e rapidamente espiei pelo tecido. O dia parecia mais brilhante e o céu mais azul, mesmo que estivesse meio nublado. Os passarinhos também pareciam cantar alegremente.

Ou talvez fosse só a versão de um dia normal de quem não bateria mais papo com as freiras nem tão cedo.

Não demorou muito pra que eu notasse o pequeno ramo de lavanda na mesa de cabeceira, junto de uma xícara com chá morno e um misto quente. Era fofo e simples... Muito Jaebum. Sorri e me espreguicei, sentando logo em seguida. Enquanto comia, ouvi uma melodia baixa soando da sala e imaginei que fosse JB no teclado que ele tinha comprado havia pouco tempo.

Engoli o mais rápido possível e terminei logo o café da manhã, indo ao banheiro escovar os dentes e lavar o rosto. Depois de uma breve analisada no espelho, notei que teria muitos problemas pra esconder durante a semana, além de que eu tava destruída... “problemas” lê-se “hematomas” (fazer o que se nós somos um pouco violentos? Heh). Fui até a sala com passos rápidos e silenciosos depois de me vestir com sua camiseta abandonada numa cadeira.

Aquela cena competia com a beleza de ter Jaebum em baixo de mim com seus cabelos espalhados pela cama e uma expressão pura de satisfação. Vestindo só uma calça de moletom, ele se debruçava com delicadeza sobre o teclado e suas mãos corriam ágeis por toda a extensão da primeira escala de teclas. Seus cabelos caiam em sua testa e eu podia ver cada músculo se flexionar sob a pele pálida.

Uma música de tom calmo que eu não conhecia escorria por toda a sala, preenchendo o local. Eu não sabia explicar, mas a aura ao seu redor era suave e ao mesmo tempo poderosa. Vez ou outra ele parava de tocar e escrevia as notas na folha de partitura, voltando logo em seguida pras teclas.

Eu quis chorar quando ouvi sua voz acariciando meus ouvidos.

- “Eu quero abraçar você, eu quero estar com você... Por favor segure a minha mão, por favor esteja ao meu lado, me abrace forte sim... Eu sinto muito. Eu sinto muito eu não consigo tirar meus olhos, eu só quero que fique assim, garota...” – Parou de cantar e tocar, apenas olhando pela grande janela. Eu comecei a aplaudir e ele se virou, surpreso.

- Bom dia, meu bem. – JB sorriu envergonhado.

- Hey, baby. Me diga que você não ouviu. – Cheguei perto dele e automaticamente senti seus braços enlaçando minha cintura e me fazendo sentar em seu colo.

- Ouvi tudinho. – Fiz um pequeno carinho na ponta do seu nariz. – Como se chama a música? Eu adorei. Quero baixarrrrrr!

- Eu acho que Holic seria um bom nome. – Deu de ombros e eu fiquei chocada quando percebi.

- É sua? – Sentia meus olhos dobrando de tamanho.

- Sim. – Ele escondeu o rosto na curva do meu pescoço e eu o abracei. – Não é nada demais.

- Quando você fez a letra?

- Não faz muito tempo. Me inspirei numa certa médica. – Senti meu coração aquecer instantaneamente e ele me encarou com um olhar difícil de interpretar.

- Por que tá me olhando assim? – Eu tinha certeza que meus cabelos estavam penteados.

- É que eu tava certo. – Logo uma expressão de satisfação profunda tomou conta de seu rosto.

- Sobre...?

- Você fica ainda mais perfeita com minhas roupas.

E quando ele abriu o infame sorriso torto, eu soube que teria uma dose dupla da noite anterior.

 

Day 31, month 11 –

 

A estrada congelada me dava um medo danado e eu dirigia com calma e cuidado dessa vez. Sentia tanta falta daquela criança grande que passava horas implicando comigo e falando sobre as coisas mais loucas e aleatórias dentro desse carro... Queria que ele estivesse aqui comigo. Mas ano novo é ano novo, né? A gente passa com a família. Sentia meu celular vibrar a cada cinco minutos e sabia que JB já se agoniava, porém não podia me distrair com o aparelho. É perigoso não prestar atenção enquanto dirige.

Depois de passar o dobro do tempo usual dentro do carro, finalmente cheguei em Daegu e a primeira coisa que fiz após dar aquele abraço apertado na minha mãe, foi mandar mensagens pro Sr. Desespero.

 

“Para: DefSoul ♥

De: Meu Chip 2

Assunto: Você não pode esperar?

Meu bem, você precisa aprender a ter mais paciência. Acabei de chegar, tinha muita neve na estrada então dirigi lentamente. Como as coisas estão por aí?”

 

Mais cansada que o normal, guardei a pequena mala no meu quarto e me joguei na cama.

 

“De: DefSoul ♥

Para: Meu Chip 2

Assunto: O namorado preocupado não espera

Da próxima vez você pare em algum lugar e me avise!! Aqui tá mal. Youngjae não para de pegar no meu pé um minuto e não tem você... Vou chorar. Pelo menos tem muita comida (não melhor do que a sua, claro).

PS.: Não deixe ninguém saber que vou chorar ♥”

 

“Para: DefSoul ♥

De: Meu Chip 2

Assunto: Quero ver você bem gordinho~~

Aproveite, sim? Logo estaremos juntos.

PS.: Quem vai chorar? Eu não sei de nada, só de que você é muito brabo ^u^”

 

Rolando pela cama e rindo, deixei um pouco o celular de lado e fui fofocar com minha mãe. Fazia meses que não nos víamos e mesmo conversando vez ou outra por ligações, não é a mesma coisa. O dia passou rápido e foi maravilhoso! Cozinhamos juntas, nos atualizamos, brindamos à meia noite e liguei rapidamente pra Jaebum, desejando feliz ano novo.

- É ele? – Minha mãe sussurrou e eu assenti com a cabeça. – Me deixe dar um recado.

- Meu bem, tem alguém querendo falar com você. – Passei o telefone.

- Im Jaebum! Oh, eu ouvi tanto sobre você hoje. – Rolei os olhos pra ela. – Meu filho, quando você vem por aqui? Ah, sim sim... É mesmo? Que maravilha! – Ela me lançou um olhar brilhante. – Tudo bem. Feliz ano novo pra você e sua família, desejo que esse ano seja uma ótima época na vida de todos! Comam bastante também.

- Certo, certo, agora chega pra lá. – Raptei o celular e dei um pequeno empurrão nela com o quadril. - Posso saber o motivo das risadinhas?

- Sua mãe é muito fofa. – JB ria do outro lado e eu só consegui sorrir também, imaginando seus olhinhos apertados.

- Eu sei. A quem você acha que eu puxei?

- Não foi a ela, claramente. – Ele mangou.

- Ouch. – Fingi mágoa. – Vou me certificar de fazer aegyo quando nos encontrarmos.

- Eca, sai pra lá. – Soltei uma risada com sua reação. – Ninguém merece aegyo. Você é fofa naturalmente.

- Sinto sua falta... – Me sentei perto da varanda.

- Eu também, mesmo que só tenham passado três dias. – Fungou e limpou a garganta. – Então, eu andei conversando com meus pais e contei pra eles sobre nós.

- Você o quê? – Arregalei os olhos. Ele contou pros pais que estávamos juntos?

- Não fique surpresa, você também contou pra sua mãe. – Me acusou.

- Jeibi, você sabe que é diferente. Você, homem, contar isso pros pais... sabe o que isso implica. – Não tinha certeza se ele tinha consciência disso.

- E daí que eu sou um cara sério? Pensei que não era um problema. – Podia ver claramente ele dando de ombros em minha mente e sorri. – A não ser que você não tenha certeza das coisas. – Provocou.

- Seu idiota. Quer morrer? – Nós rimos juntos. – Converse comigo antes de tomar decisões!

- Tá, tá. – Ele pareceu hesitante e deu uma pequena pausa. – Youngjae os convenceu que você precisa vir aqui.

- Nós podemos escolher um final de semana e...

- Baby, até parece que você não sabe com quem tá lidando. – Escutei seu suspiro. – Você já me viu consultar alguém antes de fazer algo? As coisas na minha casa são assim.

- Quando é? – Fechei os olhos e segurei na base do meu nariz com o indicador e o polegar.

- Daqui a alguns meses. Quando chegar perto eu te aviso, não se preocupe... – Seu tom de voz parecia cansado. – Mamãe vai organizar um brunch aqui em Osaka, vai vir um monte de gente importante e eu tenho que aparecer também, de preferência acompanhado.

- Algo me diz que você odeia esses eventos.

- Pêên. Resposta correta! – Falou sem animação.

- Mas eu vou estar com você, então acho que vai ser menos chato. – Tentei confortá-lo.

Passamos mais algumas horas conversando e quando desliguei, finalmente a realidade me deu uma tapa na cara. Lutei bravamente contra a vontade de roer todas as minhas unhas e meu impulso de pedir socorro pra Jinny, mas não controlei a ansiosidade e comi um pouco mais de sobremesa do que deveria. E se eu não fosse educada o suficiente? Se cometesse uma gafe ou não soubesse responder alguma pergunta? Se eu não fosse boa o suficiente?

Eu conheceria a família do meu namorado.

Mas que bela prova de fogo, heim?

 

Day 4, month 13 –

 

Acordei durante a madrugada me sentindo um pouco mal. O braço de JB envolvia minha barriga num aperto de ferro e por mais que eu adorasse dormir de conchinha, tava tão enjoada que só pensava em levantar e buscar um pouco de água. O olhei adormecido como um anjo na minha cama e senti meu peito inflar com orgulho e carinho, a sensação de acompanhar nossa relação crescer era maravilhosa.

Nós sempre estávamos juntos e compartilhávamos nossas casas, mesmo que eu reclamasse de seus casacos espalhados pela minha sala e ele dos meus bichinhos de pelúcia que eventualmente apareciam em seu quarto. Com o toque de uma pluma pra que ele não acordasse, me desfiz do seu abraço e notei Cat me seguindo silenciosamente enquanto eu ia até a cozinha. Aproveitei pra recrutar Zezinho, que repousava na mesinha e subitamente se juntou ao esquadrão.

Me sentia nauseada mas sabia que era impossível estar grávida por dois motivos: proteção e menstruação em dia. Mas com certeza aquele kimchi de mais cedo não tinha batido nada bem e eu já suspeitava de uma leve intoxicação alimentar. É nisso que dá passar tanto tempo se alesando com o namorado e ter que comer na rua por ter esquecido de cozinhar.

Sabe quando você é criança e quer ir ao banheiro ou beber água e fica meio hesitante por conta do escuro que faz sua casa parecer bem maior do que realmente é? Então, parece que eu ainda não saí dessa fase. Bebi a água quase correndo sérios riscos de me engasgar e saí correndo nas pontinhas dos pés de volta pro quarto, sem esquecer de dar aquela olhada básica pra trás. Por sorte os outros dois mosqueteiros (vulgo um gato e um monstro de pelúcia) me protegiam de todos os possíveis males.

Quando entrei no meu quarto quase tive um treco do coração. Jaebum havia ligado a luz do pequeno abajur e sentado no meio da cama, me olhou com pavor.

- Eun. – Me alarmei. Sem “hey, baby” pra mim. Mal sinal.

- Meu bem? – Sentei ao seu lado e segurei sua mão. Ele parecia surpreendentemente gelado.

- Posso estar muito errado e ter sonhado apenas... Mas esse tipo de coisa não vem assim. Foi muito vívido, minha memória consegue reviver tudo com facilidade. – Meus olhos se esbugalharam quando liguei as coisas. – Eu lembrei. De tudo. Da pessoa, da dor, da festa...

Eu não consegui formular nada racional naquele momento. Jaebum me entendeu com o olhar e apenas me puxou, deitando comigo e me abraçando.

- Como assim?

- Eu pude sentir você saindo do meu lado, mesmo muito sonolento. Isso me fez sentir uma coisa estranha, quase como um sentimento de abandono e depois as coisas só... vieram. – Seu rosto parecia confuso. – Você lembra de quando falei sobre o Henry? – Eu travei.

- Claro que lembro! Você disse que podia não ter nada a ver... Mas eu sabia! – O abracei mais forte, como se isso fosse protegê-lo.

- Na verdade, você se engana. Não foi ele. – Senti seus lábios depositarem um beijo rápido na minha cabeça. – Vou explicar... Só espero que você não me ache um babaca depois do que eu te contar, mas tenha em mente que também fui enganado.

- Jaebum. – Levantei a cabeça e encontrei seus olhos. – Você pode ter sido o maior filho da puta da história oriental e ainda assim ninguém teria o direito de tirar sua vida, coisa que quem causou o acidente no mínimo tentou fazer. – Ele apenas assentiu com a cabeça e continuou.

- Henry tem um filho, que o acompanhava no cruzeiro... Se não me engano, seu nome é Josh ou algo do tipo. Acontece que Josh tava lá comemorando o noivado e estranhamente ninguém via sua noiva, Elle, em momento algum. – Ele engoliu em seco e fechou os olhos. – Um dia antes do acidente, rolou uma festa na piscina e só foi a galera mais nova. Assim como todo mundo, óbvio que eu tava lá... E daí eu conheci uma loira que me levou direto pro quarto dela.

- Se eu tô sacando bem história, você acaba de transar com a noiva do filho do cara que odeia seu pai. – Tinha como ele ser menos estúpido?

- É. – JB limpou a garganta, constrangido. – Eu sei que parece idiota, mas eu juro que não sabia. Além que já tinha tomado uns bons cosmopolitans.

- Acontece. Prossiga. – Tentei não sentir ciúmes, até porque já fazia anos que isso tinha acontecido. Mas não era muito agradável a imagem que vinha sem minha permissão em minha mente.

- No dia da festa do capitão, Henry me chamou pra uma conversa e eu descobri que na verdade ele era um cara muito legal e bem de boa. Nós passeamos pela área externa e subimos na parte mais alta, quando o filho dele se juntou a nós. Ele parecia um cara tranquilo, até começarmos a falar de mulheres... – Ele desviou os olhos. – Eu era muito novo na época, então acabei me gabando sobre a loira. A descrevi perfeitamente e quando Josh se ligou, ele me mostrou uma foto de Elle em seu celular. Acabei confirmando e ele enlouqueceu. No começo eu não tinha entendido muita coisa... Daí Henry me explicou o que tava rolando. Claro que eu me senti super mal na hora, então a primeira coisa que fiz foi me agachar ao invés de ajoelhar, pra não sujar muito minhas roupas e pedir mil desculpas, por mais que a errada fosse a noiva que tinha enganado todo mundo. – Jaebum me abraçou com força e uma expressão de dor passou em seu rosto como um lampejo. – Eu não sei o que deu nele nessa hora, mas só pude sentir uma dor horrível no estômago e perdi totalmente o equilíbrio, indo parar perto da grade que protegia o primeiro andar. Henry tentou parar o filho e não conseguiu... Josh me levantou pelo colarinho e como eu não tinha força pelo chute que levei na barriga, só apanhei muito. Por fim ele me empurrou até que eu caísse na piscina e depois você sabe o que aconteceu.

A raiva me consumiu completamente. Como um ser humano conseguia ser tão doente e estúpido a ponto de quase matar outro? Principalmente por um motivo tão nojento. Eu simplesmente abomino qualquer um que se sinta no direito de tirar a vida de alguém, por qualquer que seja a razão. É verdade que existe uma raça que não vale a pena nem ser mencionada... de criminosos, pedófilos, assassinos, estupradores. Mas por mais que essas pessoas tenham almas tão doentes, não cabe a nós cronometrar o tempo delas aqui na terra. Inocentes ou não, ninguém pode decidir quando uma vida termina.

Senti minhas lágrimas rolando e abracei Jaebum com força, que se segurava pra não chorar junto. Como alguém conseguia sequer pensar em fazer mal à essa criatura tão pura... Ele podia não ser nenhuma criança, mas também não era adivinho. Não tinha como ele evitar aquilo tudo se a mulher tinha sido uma sem caráter e mentido na cara dura.

- Você tem ideia de onde esse cara mora? Podemos contatar seu pai e...

- Não! – Falou um pouco alto demais, me cortando. – Eun, o que ele fez foi errado e eu podia ter morrido, mas uma hora ele vai ter seu acerto de contas pessoal. Não quero mais isso pra mim.

- Jaebum, você por acaso enlouqueceu? – Saí de seu abraço e me sentei, o encarando. – Esse homem é uma pessoa que claramente não bate bem da cabeça. E o pai dele! Esse velhote acobertou tudo! Os dois saíram de fininho da cena sem deixar rastros e fugiram dos problemas.

- E eu não tenho a chance de viver normalmente depois do acidente? – Foi a vez dele de sentar e me encarar. Sua expressão de raiva começava a aparecer. – Será que tudo na minha vida agora vai girar em torno do coma? Já não basta ter que me submeter a milhões de exames, tentar me acostumar com a ideia de ter perdido mais de um ano na minha vida, ter que explicar pra todo mundo o que aconteceu, receber olhares de pena e ter sessões de terapia com minha própria namorada? – Seu tom de voz saía cada vez mais magoado. Eu o observei respirar fundo, tentando se acalmar e correndo os dedos pelos cabelos. – Eu sei onde isso vai dar, Eun. Da delegacia, nós vamos aos tribunais. O processo inteiro vai durar meses e com o dinheiro que eles têm, talvez nem dê em nada. Sem falar nas mil apelações que podem fazer com o estado emocional do agressor, você sabe melhor disso do que qualquer um.

- Mas... e a sua família? Você tem ideia de como eles sofreram? – Desviei os olhos. – Eu vi a dor no olhar da sua mãe. Eu vi o cansaço, a tristeza... E ela nunca desistiu, meu bem. – Tentei suavizar a voz, mas ele não me olhava. – O caso ficou aberto por meses na polícia, seus pais pareciam loucos tentando resolver tudo por conta própria quando todo mundo já tinha deixado pra lá.

- Mais um motivo pra eu não querer isso. – JB deitou novamente e fechou os olhos. Fiz um carinho rápido em suas duas marquinhas abaixo da sobrancelha. – Já chega de drama mexicano, chega de fantasmas do passado. Deixa esse maldito acidente pra trás de uma vez, beleza? Não tô a fim de causar ainda mais danos e pior, de sofrer ainda mais danos. É da minha vida que estamos falando e até onde eu sei, só eu tenho poder sobre ela.

- Eu ainda não me convenci. Não é certo deixar eles se safarem assim. E se acontecer com outra pessoa...

- Baby, não é como se eles fossem serial killers. Josh pode ter agido errado, mas foi mais um acidente do que proposital. Não foi planejado. – Ele agarrou meu cotovelo e me puxou pro seu peito. – Esquece isso. Por mim.

- Eles podem não serem serial killers mas podem desencadear uma série de atos violentos... O ego deles pode inflar, achando que são invencíveis. – Fiz bico e tentei fazer cara de malvada, mas Jaebum só riu de mim.

- Criminal Minds só existe no mundo das séries, baby. – Rolou os olhos.

- Mas...

- Shhh. Será que não dá pra você só deitar e ficar quieta, mulher? Me abrace e seja fofa, é tudo o que precisa fazer agora.

Dei um soquinho em seu estômago e depois fiz como ele pediu, recebendo uma chuva de beijinhos no rosto inteiro como recompensa e o ouvindo rir. Por mais que tivesse ficado calada, ainda não concordava com essa loucura de simplesmente deixar pra lá. Que tipo de pessoa consegue esquecer do cara que quase matou a pessoa que você ama?

Aparentemente, eu tinha que aceitar as decisões dele e ser essa pessoa.

 

~

 

Cantarolando uma música que não lembrava onde tinha aprendido, eu preparava nosso almoço perdida em pensamentos. Não sou do tipo que deixa de dormir por causa de problemas, mas as revelações da madrugada haviam sido um pouco intensas e eu ainda as digeria. Desliguei o fogo quando a comida ficou pronta e me escorei na soleira da porta da cozinha, pronta pra soltar aquele grito de quem chama o namorado agoniado pra comer. Acabei me distraindo com a cena em minha frente e me perguntei se um dia ia cansar de ver Jaebum nas situações mais simples e ainda achar que ele era a obra prima do melhor pintor de todos os tempos.

Eu gostaria que alguém me explicasse como era humanamente possível que aquela criatura parecesse tão sexy mesmo que enfiasse a barra das calças de moletom dentro das meias e usasse um casaco dez vezes maior que seu tamanho, todo esparramado no meu sofá, xingando o vídeo game e usando meu gato de cachecol em volta de seu pescoço. Ainda segurando hashis e uma colher de pau, coloquei as mãos nos quadris e entrei na frente da tv só pra implicar.

- Você sabe que horas são, Im Jaebum? – Fingi estar com raiva.

- Hora de você não estragar meu joguinho, Kim Eun. – Ele bufou e jogou o controle no canto do sofá. – Aishhhh, eu tava quase passando aquela fase!

- Não chore, querido! – Fiz drama e ri da cara emburrada dele. – Vem comer, já passou da hora do almoço.

- Tá querendo um corretivo, né? – Jaebum começava a se levantar e eu corri pela sala nas pontas dos pés. – Nem adianta, eu vou pegar você de todo jeito!

Entre gargalhadas, cócegas, beijos e tapas na bunda em forma de punição, nós aos poucos criávamos um mundo só nosso.


Notas Finais


mais uma vez, eterna gratidão pelos favoritos ♥

* = https://image.prntscr.com/image/wi8zwNcWTRqzjdHf6NqD_w.png
** = https://pbs.twimg.com/media/C01t8sVUQAAb6Zi.jpg:large

Próximo: 21/08


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