“― Boa noite Woozi, o que vai querer? – Perguntei educadamente tentando rezar para que ele fosse logo embora.
― Um café preto e também conversar.
Jeonghan, por que você foi abrir essa maldita boca.”
Anotei o pedido e suspirei fundo, lhe fitei e seus olhos pequenos me encaravam sem qualquer malícia, mordi o lábio e virei-me para dar o papel ao outro funcionário, tomei coragem e respondi o mesmo quando me virei para ele.
― Tudo bem, mas vai ter que esperar até o final do meu expediente. – Falei na esperança que ele desista e vá embora.
― Ok. – Woozi sorriu e andou até uma mesa mais afastada começando a mexer em seu celular.
Fechei os olhos e rezei para que ele cansa-se de me esperar, ignorei-o por boa parte do tempo porque precisava trabalhar e não deixar minha vida pessoal intervir nisso. Olhei o relógio e vi que faltavam cinco minutos para acabar o meu horário, fitei de canto Woozi que agora acabava de comer o pedaço de bolo que pediu, expirei profundamente e disse para o garçom informar a Woozi que o local estava para fechar, o mesmo levantou sorrindo para o funcionário e veio até mim com a carteira em mãos, o processo inteiro foi feito em silêncio e eu sentia seus olhos queimando em mim.
― Vou lhe esperar lá fora. – Ele disse assim que entreguei o troco e eu assenti.
Fechei o caixa o mais lentamente que consegui, falei com meu chefe e me despedi de meus companheiros, assim que sai da loja senti o vento gelado me fazendo encolher no casaco, virei para o lado e observei Woozi praticamente enterrado no casaco enorme que vestia e se via apenas seus olhos e cabelo rosa para fora.
― E aí, como vai à vida? – Perguntei distraído enquanto caminhava com as mãos no bolso, tentando dissipar aquele clima tenso.
― Bem e a sua? – Ele perguntou baixinho e o fitei de canto desviando logo o olhar, fitei o céu negro e assenti para mim mesmo.
― Bem também.
E o silêncio voltou a reinar no local, aquilo estava muito incomodo e resolvi sentar para ver se o outro iria falar algo desse jeito, comecei a brincar com meus dedos já gélidos para me distrair e Woozi pigarreou do meu lado fazendo-me encarar encontrando seus olhos que me fizeram estremecer.
― Desculpa.
― Não acha meio tarde para fazer isso? – Arqueei uma sobrancelha e o outro se encolheu desviando o olhar para o chão.
― Eu sei bem que fui idiota. – Ele suspirou fundo e olhou para o céu, pressionou os lábios e expirou. ― Mas não quero carregar isso para sempre, entende? E também nem deixar você achando que não me arrependo do que fiz. – Seus olhos voltaram encontrar os meus e ele sorriu fraco.
― Tudo bem, eu lhe desculpo. Não quero ficar remoendo isso para sempre, todo mundo comete erros.– Disse sincero ao reparar que meu coração parecia mais leve e sorri ao sentir essa sensação gostosa.
― Ah, me sinto leve.
Assenti e permanecemos em silêncio, mas era um silêncio bom e não estranho. Suspirei e fitei a hora no meu celular, já estava tarde e minha aula era cedo.
― Tenho que ir, foi bom lhe encontrar de novo. – Levantei e fiquei de frente para o mesmo que olhou para cima e sorriu assentindo.
― Concordo. – E ele sorriu de lado e seus olhos brilhavam de forma que nunca havia visto, franzi o cenho e dei de ombros indo embora.
No outro dia já começava toda rotina novamente, suspirei fundo ao fitar o clima nublado pela janela do ônibus, a estação do inverno estava chegando e pelo que havia visto no jornal ia ser bem forte a onda de frio. Ao descer puxei meu casaco para cobrir meu pescoço do vento frio, atravessei e logo já estava em frente daquela enorme construção, suspirei fundo e adentrei o portão andando calmamente até a mesa e foi quando meus olhos arregalarem ao ver Mingyu na nossa mesa conversando normalmente.
― Mingyu, mas o que caralhos? – Perguntei alto assim que cheguei à mesa fazendo todos me olharem, observei Jeonghan rolando os olhos e o resto dando zero fodas.
― Oi hyung! Estou estudando aqui agora. – Ele sorriu com aquele jeito inocente me fazendo suspirar e beijar o topo da cabeça de Joshua que sorriu, me sentei ao lado do mesmo.
― Como assim Mingyu? – Ergui uma sobrancelha e fitei Wonwoo que parecia estar nem aí lendo seu livro normalmente enquanto Mingyu ao seu lado sorria.
― Já estava planejando fazer isso um tempo, mas só ficou tudo pronto hoje de manhã. Esqueci-me de avisar que estou morando sozinho e é mais perto aqui para estudar. – Mingyu explicava enquanto olhava para todo lugar e voltou a observar Wonwoo.
― Hm. – Resmunguei e Joshua riu baixinho entrelaçando nossas mãos, lhe fitei curioso e ele apenas sorriu daquele jeito adorável me fazendo sorrir também.
― Você e o Jeonghan hyung parecem bravos por isso. – Virei-me para o mesmo que tinha um bico nos lábios e eu ri.
― É que você faz tudo por impulso e na hora, nunca avisa nada antes Gyu, isso que conversamos no final de semana e nem falou nada. – Lhe expliquei e ele assentiu envergonhado provavelmente lembrando-se da conversa.
Começamos a conversar normalmente, porém estranhei Seungkwan que parecia pensativo e não estava com Dokyeom, fitei Jeonghan que também estava aéreo e olhei para o lado vendo Joshua conversar animadamente com Minghao ambos parecendo entretidos na conversa.
― E aí gente.
Todo mundo parou e olhou para Seungcheol que empurrou Mingyu para poder sentar ao lado de Jeonghan, o maior resmungou e o mais velho logo tratou de se apresentar, todo mundo respondeu o cumprimento e Jeonghan parecia surpreso, ergui uma sobrancelha fitando Joshua que sorria e piscou para mim, aproximou seu rosto de meu ouvido.
― Acha que é o único conselheiro aqui? – Ele sussurrou e beijou meu pescoço, me arrepiei inteiro e sorri lhe fitando.
― Assim não vale, querendo roubar meu posto? – Perguntei fingindo estar ofendido e Joshua riu negando, deu um selinho rápido e voltou a conversar com Minghao que nos encarava com cara de tédio mostrei a língua pro mesmo.
― Para de ser infantil hyung. – Minghao riu e eu estiquei minha mão batendo na sua cabeça fazendo-o resmungar.
Voltei a prestar atenção no clima tenso entre os dois casais, Mingyu tentava a todo custo roubar a atenção de Wonwoo que o ignorava com maestria, mas eu vi seu sorrisinho estampado em seu rosto. Já Seungcheol e Jeonghan conversavam normalmente, tirando a parte que Jeonghan estava ainda desorientado com aquilo e Seungcheol parecia normal, porém algo me incomodava e era Seungkwan.
Levantei com delicadeza do meu lugar dando uma risada quando Joshua me fitou confuso, apontei para o mais novo e o mesmo assentiu, sentei do lado de Kwannie que nem percebeu minha presença, deitei minha cabeça na sua frente fazendo-o despertar de seu transe.
― O que houve Kwannie? Você está todo quietinho. – Sussurrei e reparei em sua expressão que tinha um misto de emoções, ele suspirou e me olhou nos olhos.
― Estou confuso e isso me assusta. – Ele disse sincero e começou a fazer carinho no meu cabelo.
― Sobre o que exatamente?
― Meus sentimentos. – Seungkwan suspirou profundamente e fechou os olhos. ― Dokyeom me pediu em namoro.
― E isso não é ótimo? – Perguntei e franzi o cenho.
― Seria ótimo se na hora minha resposta fosse um sim automático. – Mordeu o lábio e parou de fazer carinho, encarei seu rosto perdido tentando entender. ― A resposta que estava na minha mente era não Junhui, o que eu quase falei para ele foi um não.
― Oh. – Disse surpreso e levantei da mesa com seu olhar me acompanhando.
― Pois é.
― Ou seja, seus sentimentos por ele não são profundos desse tipo. – Jeonghan disse de repente fazendo-nos pular. Quando ele havia chegado a nossa frente? Não sei.
― Exatamente e eu disse para o mesmo que era melhor a gente esperar mais um pouco do que apressar as coisas. Só na possiblidade de machucar uma pessoa maravilhosa como o Dokyeom dói meu coração. – Seungkwan disse com o rosto torcido em dor fazendo eu e Jeonghan nos fitarmos seriamente.
― Quer um conselho sincero ou que vai lhe fazer se sentir melhor? – Perguntei sem rodeios e o mesmo me fitou parecendo ponderar.
― Sincero. – Ele assentiu e Jeonghan sorriu compreensivo.
― Termine com ele, admita de uma vez que não consegue tirar o Vernon de seu coração e que não o quer machucar antes que seja tarde demais. – Jeonghan assentiu e Seungkwan suspirou assentindo parecendo já saber o que seria dito.
― Isso dói tanto. – Sua voz embargada me fez lhe abraçar de lado e dar um beijo na sua bochecha.
Olhei no relógio e já estava na hora da aula, me despedi do Seungkwan e do resto das pessoas puxando Joshua junto, passei meu braço pelos seus ombros e seguimos o caminho em silêncio, mas um acolhedor e não estranho, isso que eu mais gostava da presença do Joshua.
― Quando o Mingyu vai se declarar? – Ele perguntou repentinamente e eu gargalhei. Joshua não era bobo, sua aparência apenas enganava os reles mortais.
― Sendo sincero? Só ele bebendo ou o Wonwoo tomando dianteira.
― Aish. – Ele fez bico e eu ri apertando sua bochecha, entramos na sala e sentamos no lugar de sempre.
Entrelaçamos nossas mãos por debaixo da mesa já que notamos os olhares tortos direcionados em nossa direção, apertei levemente a mão do mesmo que sorriu levemente começando a escrever o que estava no quadro e o acompanhei já que essa matéria era conhecida por reprovar vários alunos. Logo nossa aula acabou e no caminho puxei Joshua para um banheiro que ninguém frequentava, o coloquei contra a parede e tomei seus lábios de modo sedento, o mesmo ofegou e seus dedos embrenharam-se em meus cabelos. Sorri satisfeito e o puxei para cima obrigando-o suas pernas circundarem minha cintura, apertei seus quadris ouvindo um gemido abafado pelos nossos lábios, Joshua se separou ofegante e observei seu rosto eufórico, sua respiração pesada com seus lábios atrativos vermelhos e seus olhos brilhantes me fitando profundamente, meus lábios foram em direção ao seu pescoço onde mordi levemente e suas mãos apertaram meu ombro deixando-me fora de meu controle, beijei seu pescoço e subi para sua orelha mordendo seu lóbulo puxando um dos seus piercings levemente.
― Jun, temos aula. – Sua voz era falha e eu me afastei sorrindo de canto sentindo-o estremecer, assenti e dei vários selinhos seguidos no mesmo, Joshua desceu devagar do meu colo e ajeitou meu cabelo me fazendo rir.
Segurei sua mão caminhando até a porta, porém antes de abrir fui virado e prensado contra mesma fazendo um pequeno barulho ecoar pelo banheiro, antes de entender o que acontecia senti os lábios e um beijo agora mais calmo acontecia, sorri e acariciei a bochecha de Joshua que se separou ficando envergonhado instantaneamente.
― Adoro quando faz isso, esse seu lado é tão... – Me aproximei de seu ouvido sussurrando rouco. ― Sexy.
― Eu não sou assim, você que provoca isso seu filho da puta. – Ele disse nervoso e saiu do banheiro me deixando ali sozinho rindo, neguei com a cabeça e andei pelos corredores cantando até minha próxima aula.
Durante a aula eu estava aéreo só pensando no rosto fofo de Joshua bravo, era engraçado o quanto ele mudava quando estávamos a sós e isso só deixava nosso recente rolo ainda mais interessante. Levantei-me pegando meus materiais e sai da sala já deprimido, pois eu teria que cobrir meu colega no trabalho bem no dia da minha folga, foi quando brotou um Mingyu na minha frente.
― Jun hyung. Está indo trabalhar? – Ele perguntou curioso e assenti entristecido.
― Bem no dia da minha folga. – Resmunguei chateado e o maior riu me acompanhando. ― Vai ir lá?
― Ah, sim. Quero ver você sendo educado por obrigação e tal.
Fuzilei Mingyu pelo olhar e ele apenas gargalhou me abraçando pelo ombro, notei que o mesmo estava inquieto ao batucar com os dedos no meu ossinho no ombro.
― Algo lhe incomoda? – Ergui uma sobrancelha e ri soprado quando ele retirou o braço ficando acanhado.
― Você sabe o que é. – Mingyu rolou os olhos. ― Wonwoo tem me ignorado desde que cheguei aqui, na verdade, durante o final de semana todo. – Bufou e cruzou os braços com a testa franzida.
― Pois é né. – As pessoas lerdas andavam me irritando, menos Seungcheol, que agora estava grudado em Jeonghan que sempre me pedia socorro pelos olhos e eu simplesmente ria da cara dele. Bom amigo sempre. ― Uma coisa vem me incomodando, você por acaso sabe se Wonwoo pelo menos é bi ou gay?
Mingyu parou no caminho e seus olhos se arregalarem, logo eu via o desespero em seu rosto e eu segurei meu riso. Não tinha graça se não tortura-lo um pouco, ninguém manda não me escutar. Dei de ombros e continuei a andar, logo escutei seus passos apressados.
― Hyung, me ajuda a ter essa informação. Você é amigo dele poxa. – Ele choramingou e correu até ficar na minha frente com cara de cachorro pidão.
― Você também, se vira. – Desviei do mesmo e ri quando escutei seus xingamentos. ― E a propósito, eu já sei essa informação. – Pisquei e Mingyu mudou a expressão para indignado reclamando como eu era mal apenas com ele e todo aquele drama que é natural de Kim Mingyu.
Cheguei ao serviço e logo fui me trocar, cumprimentei todos e o chefe me agradeceu por poder cobrir Yoonseok, me digeri para o caixa dispensando Yura que suspirou aliviada e saiu rapidamente para ir embora, logo observei Mingyu acenando que nem um idiota para mim e apenas rolei os olhos.
O dia parecia correr devagar, não via a hora de pegar minha cama e depois de uma hora Mingyu foi embora se despedindo, e depois que começou o movimento pareceu que o tempo correu mais rápido e finalmente havia acabado meu expediente. Troquei-me e avisei que amanhã iria tirar o dia de folga, sai do estabelecimento e segui o caminho até o ponto de ônibus, foi quando vi Woozi no mesmo banco de ontem, franzi o cenho e me aproximei.
― Woozi? – Perguntei ao perceber que ele parecia estranho.
― Junnie! – Ele chamou com o rosto bobo, observei suas bochechas coradas e olhar perdido. Puta merda, ele estava bêbado.
― Você bebeu? Meu Deus Woozi, você tinha parado. – Suspirei e baguncei meu cabelo ao sentir o nervosismo tomar conta do meu ser.
― Senti sua falta Junnie. – O menor tentou se levantar e falhou miseravelmente fazendo um bico, rolei os olhos e bati na minha testa.
― Eu não mereço isso, realmente. – Bufei e tentei puxá-lo do banco, mas o mesmo estava mole e nem se mexeu. ― Você vai pra casa, exatamente agora antes que faça mais uma merda que se arrependa.
― Mas eu já to fazendo. – Ele disse sério e me virei para encará-lo, seu rosto estava muito sério e assim que tentei falar algo senti um puxão e minha cabeça sendo segurada, arregalei os olhos ao ver que Woozi estava me beijando, o filho da puta estava me beijando. Afastei-me assustado e ele sorria, soltei meu braço com força e limpei os lábios tentando tirar aquela sensação, não liguei para seu rosto chateado já que a raiva culminava meu corpo.
― Vem, vou te colocar num táxi. – Fiz sinal logo vendo um passar na pista lateral, o peguei pelo ombro e o coloquei no banco de trás falando o endereço para o motorista que me encarou desconfiado, mas Woozi apenas murmurou um está correto.
― Junnie.
Contei até dez e me virei para vê-lo, o mesmo parecia sóbrio enquanto me fitava debruçado pela janela, parecia aquele mesmo garoto doce com quem eu tinha um relacionamento.
― Me desculpe, mas eu descobri há muito tempo que gosto de você.
E o táxi foi embora depois dessa frase, fechei os olhos e suspirei fundo, fitei o céu escuro e neguei com a cabeça. Era muito tarde para ele me falar isso.
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