― Eu... – Ele suspirou fundo e limpou a lágrima que descia. ― Me confessei para o Jeonghan.
E aquela frase rondava pela minha cabeça enquanto sentia os braços de Joshua me apertando ainda mais forte, suspirei profundamente e apoiei minha cabeça em seus ombros fazendo um carinho sútil em suas costas, ele soluçou e apertou suas mãos contra minhas costas. Na verdade eu estava pensando em como tudo isso foi acontecer em três dias que estava fora da faculdade e o que mais pode ter acontecido, mordi o lábio e afastei os pensamentos tentando me concentrar em Joshua que estava extremamente fragilizado.
― Hey, não quer sentar e me explicar? – Sussurrei calmo e observei a cabeça dele movimentar em consentimento.
Ao ver ele se afastar meu coração doeu ao fitar aquele rosto vermelho de tanto chorar, enxuguei uma lágrima que escorria solitária e sorri de leve, peguei a mão dele e o guiei até o sofá onde o coloquei sentado na minha frente, Joshua sentou em posição de índio e os olhos felinos inchados me fitavam de uma forma profunda e triste.
― Sabe, naquele dia que você veio fala comigo era para dizer do Seungcheol né? – A voz rouca de Joshua soou baixa e fraca, fazendo meu estado piorar ao vê-lo assim.
― Sim. – Suspirei fundo e baguncei meu cabelo, a ansiosidade tomava conta de meu corpo.
― Eu achava que Jeonghan tinha se declarado para o Seungcheol, mas depois eu descobri que não era isso que aconteceu. – Ele fechou os olhos e suspirou fundo. ― Enfim, eu achei que era isso que você hesitava em me contar, e fiquei pensando um bom tempo sobre contar ou não contar. Como você disse, tem que tentar e bem, eu tentei tarde demais.
Segurei o choro sentindo minha garganta arder, Joshua sorriu triste e seus olhos voltaram a ficar lacrimejados, minha vontade no momento era de guarda-lo em um pote e jogar todo esse sentimento horrível de rejeição fora, mas eu não podia fazer isso e me sentia extremamente inútil nesse momento.
― Seus olhos estão tão... – Joshua falou me acordando da minha divagação. ― Sofridos.
― Vamos dizer que a vida não é legal e injusta. – Sorri fraco. ― Porém agora temos que te animar, mas não entrar em um papo profundo sobre a vida em si.
Ele riu fraco e concordou, meu corpo parou ao fita-lo se aproximando e ficar próximo de mim, seus olhos me fitavam profundamente, todos meus pelos arrepiaram-se e senti minha respiração parar, sua mão acariciou meu rosto levemente e suspirei com aquele contato.
― Sabe Jun, eu estou magoado e esperava isso, mas a dor é inevitável e até certo ponto suportável. Mas eu sei, na verdade, eu notei que a sua ferida é muito profunda e que nunca superou ela, e respeito que não queira falar sobre ela.
E ele sorriu, aquele sorriso doce e amável, e por mais de seus olhos tristes e seu rosto marcados pelas lágrimas eu sentia a sua sinceridade, além de sua beleza continuar intacta. Não podia discordar, na verdade eu não conseguia falar nada naquele momento, Joshua depositou um selar demorado em minha testa e o abracei fortemente.
― Pare de tentar não pensar nisso e fugir dessa dor, enfrente ela para poder superar. – Eu disse isso, mas não sabia se era para o Joshua ou para mim mesmo.
Passamos o resto da tarde jogando no videogame e obriguei a tomar um remédio para o mesmo não pegar minha doença, porque provavelmente Jeonghan me culparia por adoecer alguém por ser irresponsável. Enquanto jogávamos mais uma partida minha porta escancarou-se, revelando Minghao completamente desespero e um Wonwoo com cara de paisagem.
― Joshua! – Minghao saiu correndo e se jogou em cima de Joshua que resmungou de dor ao deitar em cima do meu controle.
― Você mandou mensagem não foi? – Joshua disse enquanto era sufocado.
― Sim, ele mandou, seu amigo desnaturado. ― Wonwoo rolou os olhos me cumprimentando ao sentar do meu lado. ― Agora o Junhui é mais amigo seu do que a gente?
― Minghao, pelo amor de Deus o deixe respirar. – Falei rindo e o mais novo saiu, sendo estapeado na cabeça por Joshua que agora fazia massagem na área atingida pelo controle.
― Hyung.
― Calma Ming, já estou melhor. – Joshua bagunçou os cabelos de Minghao.
Enquanto Joshua tentava acalmar Minghao que fazia mil perguntas sendo respondidas sinceramente pelo mais velho senti um incomodo, virei-me e Wonwoo desviou o olhar.
― Quer algum conselho? – Perguntei curioso.
― Não preciso. – Respondeu curto e objetivo.
― Tudo bem.
Ficamos em silêncio observando um Minghao correndo para a cozinha trazer água para Joshua que estava melhor, sorri para o mesmo que me mostrou o dedo do meio.
― Oh céus, o santo Joshua está sendo malcriado? – Falei sacana e ele rolou os olhos indo atrás do mais novo que havia acabado de derrubar um copo.
― Junhui.
― Hm? – Fitei Wonwoo que parecia pensativo e tinha uma carranca em seu rosto.
― Estou mesmo ferrado?
― Nem faz ideia. – Abanei as mãos e o outro murchou, neguei com a cabeça e dei tapinhas em suas costas.
Voltei no dia seguinte, era Sexta-feira e todo mundo parecia animado, menos eu que havia acabado de sair de uma doença e bem, enfrentar muita informação num dia só. Encontrei com Jeonghan em uma mesa afastada, sentei na sua frente e esperei ele me notar, seu sorriso fraco me fez ver o quanto ele também estava sendo difícil para lidar com tudo isso.
― Oi Jun. Como está?
― Bem melhor, obrigada por cuidar de mim. – Sorri e ele me devolveu o sorriso.
― Sabe que não é isso do que estou falando. – Ele riu fraco e fechou o livro, apoiou o rosto em sua mão e me fitava sério.
― Bem, não vai ser fácil para ninguém.
― Só para o Seungcheol que é lerdo demais para notar o que acontece ao seu redor. – Jeonghan rolou os olhos e bufou.
― Provavelmente. – Ri e dei de ombros. ― Mas eu estava certo desde o começo, você que não me ouviu.
― Você acha que todo mundo é afim de mim, até a Rachel. – Jeonghan gargalhou e sentou ereto cruzando as pernas.
― Por que todo mundo é afim de você.
― A Rachel era lésbica, por Deus Junhui.
― Exatamente, você com esse cabelo gracioso confundido ela.
― Quer saber? Vai se foder Junhui. – Jeonghan falou bravo e levantou-se do banco.
Gargalhei alto e corri até ficar ao seu lado, abracei seus ombros recebendo uma cotovelada que me fez curvar pela dor.
― Sabe quem está com problemas? – Jeonghan falou e lhe fitei curioso.
― Quem?
Aprendam, se você já lida com seus problemas e mais dos seus amigos, não pergunte mais e nem tente se envolver. Por que se não vai acabar sendo igual a mim.
― Seungkwan.
― Ele dispensou o Dk?
― Quem dera fosse isso.
― Fala de uma vez. – Resmunguei e tentei me preparar para a bomba.
― Hansol fez a merda de beijar o garoto. – Jeonghan falou entre dentes e senti a raiva sair de seu corpo.
Oh meu Deus, isso está pior do que jogar Uno, é como se a carta de reverter estivesse sendo jogada a toda hora e o mais quatro sempre caindo para mim em forma de problemas.
― Ok, vamos nos meter? – Perguntei enquanto virávamos para a praça de alimentação e paramos ao ver Seungkwan junto de Dokyeom conversando sorrindo.
― Não mesmo.
Suspirei aliviado ao pegar minha nova grade que havia montado, pelo menos teria um dia da semana livre para fazer o que quisesse. Tomei um susto ao sair da sala e ser interceptado por Seungcheol.
― Oi? – Perguntei incerto e recebi um sorriso acanhado.
― Você sabe o que fiz para o Jeonghan? Ele não anda respondendo minhas mensagens.
― Olha, isso não sou eu que posso te contar.
― Então eu fiz algo?
Dei de ombros e sai andando calmamente, não iria mais me envolver nisso e estava dito, certo? Parei e suspirei profundamente, virei-me e andei até um Seungcheol confuso.
― Você indiretamente fez algo, pense um pouco quando ele começou a ficar estranho.
E voltei a andar agora de peso da consciência limpa, suspirei profundamente e ergui uma sobrancelha ao observar Mingyu na entrada da faculdade.
― Que diabos veio fazer aqui? – Perguntei ao me aproximar e o mesmo pulou de susto.
― Ai que susto Jun, pelo amor.
― Então?
― Sabe aquela garota que falei? Ela estuda aqui e combinei de espera-la aqui.
Rolei os olhos e grunhi, o quanto esse guri podia ser tapado eu não fazia a mínima ideia.
― Olha Mingyu, boa sorte.
Acenei indo embora e desejei que chegasse o quanto antes para chegar em casa sem mais preocupações, mas as mãos em meus olhos e aquela voz sofrida me fizeram não desejar isso.
― Adivinhe quem é.
― Hm, Jessica? – Perguntei debochado.
― Namoral Junhui, vou cortar meu cabelo amanhã. – Jeonghan bufou e gargalhei alto me virando para abraça-lo de lado.
― Então que tal hoje? – Sugeri animado e o mesmo riu.
― Estou precisando mesmo mudar, literalmente.
― Ah, adoro essa palavra.
― Eu sei disso. – Jeonghan piscou e dei de ombros enquanto andávamos para mudar radical.
― Wow!
Minghao me observava boquiaberto e eu ri, eu e Jeonghan realmente mudamos nossos cabelos, além de comprar algumas roupas novas já que parecíamos mendigos indo para a faculdade.
― Ficou bom?
― Bom? Ficou maravilhoso Junhui. – Ele disse sincero e meu ego cresceu um pouco mais.
Meu cabelo agora está preto e voltei a usar franja tampando a testa, eu havia gostado em voltar nesse estilo e devo admitir que fiquei mais bonito ainda. Já falei, sou humilde.
― Estou morrendo de fome, vamos ir comer logo.
Arrastei o mais novo até o restaurante da última vez, sentamos e pedimos o mesmo da última vez.
― Hyung, quero agradecer por ajudar o Joshua.
― Não foi nada, sabe disso. – Suspirei e mexi nos meus cabelos.
― Mas sabe, eu meio que sinto inveja dele. Num sentido bom, claro.
― Inveja? – Ergui uma sobrancelha e cruzei os braços.
― Ah. – Ele expirou e arrumou sua posição começando a brincar com os dedos de sua mão. ― Gostar de alguém, isso nunca aconteceu comigo e imagino como deva ser.
― Nunca gostou de ninguém?
― Atração sim, mas sentimentos assim... – Ele negou e deu de ombros.
― Não sei se você é sortudo ou se me sinto mal por isso. – Disse sincero e ele riu concordando.
― Acredite, me pergunto isso todos os dias. Ao ver a dor de Joshua toda vez que ele vê Jeonghan eu não desejo sentir isso, mas eu me lembro dos sorrisos e rosto corado que possuía antes disso.
Apenas concordei sem falar nada, por que eu não sentia esse sentimento fazia anos, e sinceramente muitas das vezes você se sente vazio, como se uma geleira que não pudesse derreter de jeito nenhum e que sua empatia por amor tenha se esvaído. Eu entendia o que Minghao falava, mas sinceramente ao observar essa situação e vendo o quanto meus amigos estavam sofrendo por coisas injustas, a saudade esvai rapidamente. Joshua estava fingindo estar melhor até cumprimentando-o e Jeonghan ignorava Seungcheol para evitar chorar novamente.
― Parece que estava pensando demais. – Minghao disse baixo e balancei a cabeça.
― Esse é meu problema Ming, pensar demais.
Chegou Segunda-feira e eu me perguntava se deveria arranjar um emprego logo ou esperar algum estágio, fitava o quadro de anúncios de vagas e suspirei profundamente desistindo de tomar logo a decisão. Andei calmamente até meu prédio, corri quando vi que o elevador estava fechado e coloquei a mão para a porta estava fechando, entrei e arrumei meu cabelo.
― Junhui?
Virei rapidamente e Joshua me fitava com os olhos arregalados, acenei sorrindo e pisquei fazendo-o rir negando.
― Fiquei ainda mais maravilhoso?
― Menos Wen. – Joshua rolou os olhos e bateu em meu braço.
― Vai me dar uma chance agora que fiquei ainda mais lindo? – Brinquei sorrindo sacana.
― Querendo se aproveitar da minha vulnerabilidade Wen Junhui? – Ele virou e colocou a mão no peito como se estivesse sentido.
― Talvez.
Ele riu e saímos juntos no mesmo andar, fitei-lhe curioso e ele apenas continuou a andar, sorri ao ver que teríamos uma matéria em comum por conta das matérias obrigatórias da faculdade.
― Olha só, acho que vai ter que me aguentar por um semestre inteiro.
― Provoca demais e vai ser jogado da janela.
― Desde quando ficou assim agressivo? – Coloquei o braço na porta impedindo de entrar.
― E quem disse que eu também não sou assim? – Ele ergueu uma sobrancelha e ri soprado.
― Você é uma caixinha de surpresas.
Ele ficou nas pontas dos pés e senti todo meu corpo travar, sua respiração bateu no meu ouvido.
― Pode apostar.
E voltou a posição normal com o rosto calmo que sempre exibia, ergui uma sobrancelha e inclinei meu corpo em sua direção.
― Acho que somos feitos um pro outro e provavelmente vou sim me aproveitar de seu estado emocional frágil.
― Ah, com certeza. – Ele bufou e tentou passar, mas segurei em sua cintura observando sua respiração travar.
― Sente essa tensão sexual? Estaria mentindo se dissesse que ela não existe.
― Dá pra deixaram as outras pessoas entrarem? – Um dos nossos colegas falou e nos afastamos rapidamente deixando o passar.
― E eu nunca disse que não poderia se aproveitar desse momento, me mostre seu melhor.
Fiquei paralisado ao sentir o beijo de canto da boca que Joshua me deu, neguei com a cabeça e segui atrás do mesmo.
― Sabia que você é o ovo da minha marmita?
― Sério Junhui? Esse é o seu melhor? – Ele ria enquanto ouvia minhas melhores cantadas.
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