História Mútuo ( Suga) - Eu não esperava por isso

E com Hyorin voltei aos tempos da adolescência, quando vivia com a Melaine e Lucy me divertindo por ai. Por mais que sejamos um "casal", somos amigos acima de tudo.

Está entre aspas porque...bem.

Como eu vivo na Big Hit trabalhando e trabalhando, o pouco tempo livre que tenho passo me divertindo com ela e o Jinhei.

Falando nele, hoje é o seu primeiro dia na escolinha.

__ Tchau mamãe, tchau papai .- nos beija antes de correr entre a multidão de crianças. Fiquei impressionado por ele não ter chorado.

__ Será que ele vai se adaptar ao idioma? Mesmo você ensinando palavras em coreano, ele vai se sentir perdido.

Hyorin nasceu na Nova Zelândia e viveu lá até os seus 14 anos. Pensando que Jinhei aprenderia coreano quando começasse a estudar, decidiu criá-lo no inglês, assim, ele saberá dois idiomas desde cedo.

__ O plano de estudos dessa escola é ótimo. Jinhei não é a única criança que tem o inglês como primeiro idioma .- aperta minha mão -. Relaxa, ele vai ficar bem.

__ Vamos passar em casa e pegar a minha mãe .- solto a sua mão e sigo para o carro -. Ontem eu conversei com ela e consegui com que almoce conosco em algum restaurante da cidade .- sorrio.

__ Isso é tão bom .- devolve o sorriso -. Sua mãe merece viver outra vez.

Seguimos o caminho conversando sobre assuntos aleatórios, mas volta e meia ela pergunta com muito interesse sobre o meu trabalho. Tanta coisa vem acontecendo que é um alivio desabafar sobre.

Com receio e um pouco de medo, minha mãe entra no carro e força um sorriso. Há muitos anos ela vive presa dentro de casa e da sua dor e não sai por nada, mas, desde que eu cheguei aqui com o Jinhei, ela está mais feliz e parece se esforçar para seguir a diante, finalmente.

O restaurante que eu escolhi é típico mas é bem casual. Minha mãe se senta, olhando para os lados e para todos com certa desconfiança. Quando o garçom se aproxima, ela se encolhe  e segura as minhas mãos com força.

__ Filho, eu.. .- sussurra.

__ Shiuu, fica calma. Eu estou aqui.

__ Bom, vou escolher uma coisa bem gostosa para nós três .- diz animada -. Nossa, aqui tem um com frango e legumes que parece ser delicioso. O que acha Omma? E tem um com peixe. Já sei! Vou pedir esses dois e ai dividimos .- o garçom anota o pedido e sai de perto -. Omma, conta pro Yoongi o que a senhora fez há alguns dias.

__ O que a senhora fez? .- pergunto com curiosidade. 

__ Eu...eu voltei a pintar .- sorri tímida.

Ainda tenho lembranças de quando a minha mãe pintava enquanto Tae e eu brincavamos no nosso quintal. Ela sempre teve muito talento e pensava seriamente em levar isso a sério. É ótimo saber que ela está voltando a praticar esse hobby.

__ Olha que lindo que ficou a pintura do Taegi .- Hyorin mostra a foto. Ficou lindo mesmo.

__ Você me leva em uma loja para comprar mais tinta e painéis? .- pede com uma certa animação.

__ Claro mãe .- beijo o topo da sua cabeça.

Ao terminarmos de comer, seguimos para a loja como Omma havia pedido. Depois, ela faz mais um pedido, dessa vez sugerindo um passeio pelo rio Han.

__ Nossa, as coisas mudaram com o passar do tempo .- admira o lugar com certa nostalgia.

__ Vamos deixar ela sozinha um minuto .- diz puxando a minha mão e me guiando até um banco embaixo de uma árvore -. Yoongi, eu te amo.

__ Hyo..

__ Não quero ouvir a mesma coisa .- me interrompe com um breve selar -. Só quero que saiba que eu amo você.

Aperto sua mão e repouso minha cabeça em seu ombro.

Eu queria correspondê-la.

Na semana passada, enquanto eu voltava do trabalho e dirigia irritado por causa do congestionamento, eu vi algo que não esperava.

Aproveitando o fato de eu não sair do lugar com o meu carro, peguei meu celular e o conectei para ouvir música. Nisso, o toque de notificações chamou minha atenção e me fez olhar. Era sobre a Emily. Eu abri a foto me arrependendo logo em seguida.

Ela estava ao lado de um dos médicos que trabalha no hospital do meu tio. Eu lembro dele quando o Tae estava internado e quando comemoramos o nosso aniversário.

Ele a beijava no rosto e ela sorria feliz com o gesto. A legenda era um emoji de casal com um coraçãozinho.

Ela seguiu em frente. Ela está namorando.

Eu fiquei com raiva, muito raiva. Minha vontade era de passar o carro por cima dos outros carros.

Eu ainda alimentava a esperança de tê-la outra vez. Estúpido e egoísta, eu sei.

Hoje eu enxergo as coisas de outra forma. Ainda a amo? Com certeza! Mas devo ignorar esse sentimento na intenção de vê-la feliz. Eu a feri tanto...

Após a minha raiva - que não foi momentânea, eu busquei retribuir o sentimento da Hyorin, ou pelo menos tentei. Bom, já estou nisso, posso ser feliz com o seu amor.

Mas eu não consigo amá-la.

Por um lado, isso é um alívio. Por que? Bem, imagina se eu me apaixono a essa altura, logo quando seus dias aqui estão contados? Eu já nem sei como vou lidar com isso, imagina se ainda tivesse o peso do amor? É de certa forma um alívio.

__ Omma .- grita, me assustando -. Vem tirar foto com a gente.

Ela se aproxima sorridente e senta entre nós. Hyorin tira uma selfie.

__ Deixa eu ver ?.- minha mãe pede -. Ai meu Deus, eu amei essa foto! Vou fazer um quadro e deixar na sala.

__ Isso mesmo, ai quando eu morrer  vou assombrar vocês todas as noites! Meus olhos se moverão quando vocês passarem .- ri.

__ Não teve graça .- digo sem humor.

__ Para de ser tão chatooo .- diz manhosa -  A morte é inevitável meu amor, aceita .- beija meu rosto.

*

__ Amor, olha o que eu fiz pra você .- me entrega um pequeno embrulho.

__ O que é isso?

__ Algumas fotos nossas .- mostra uma colagem -. Esse dia foi especial .- aponta para uma foto em que estávamos dançando numa festa que a colega deu.

__ E esse outro embrulho? O que tem?

__ Cartas de despedida.

__ Sério Hyorin? Isso é tão triste.

__ Leia a sua quando eu partir e dê a outra quando o Jinhei for adolescente.

__ Tudo bem .- não a contrario.

Me ajeito debaixo do cobertor, e ela, em meu peito. Meu dia foi tão exaustivo que o sono não demora a chegar, assim como o dela. Hoje foi um dia de exames.

Desperto aos poucos com um puxão no meu braço e arranhões também. Abro meus olhos e me espanto com o desespero da Hyorin.

__ M-me ajuda, eu não... consigo re-respirar.

__ Se acalma, por favor.

Visto uma calça e uma camisa qualquer e a levo de pijama mesmo. Infelizmente essas crises vem acontecendo com freqüência. Há dias em que ela passa mais tempo no hospital do que em casa.

Apesar de tudo, cada dia que passa é uma vitória. Sempre que as crises ocorrem os médicos dizem que ela não vai passar de uma semana, ou até mesmo daquele dia. Eu não sei como Hyorin consegue sorrir e ser forte ao receber esse tipo de noticia. Eu a invejo.

Depois de um tempo, o médico diz que eu posso vê-la no quarto. A encontro com um olhar vazio e perdido respirando com uma máscara de oxigênio.

__ Yoongi .- sorri fraco quando nota a minha presença -.  Eu não me sinto bem, eu não tenho mais forças .- tira a máscara e limpa as lágrimas -. Pela primeira vez há tempos eu estou com medo; medo de perder você e o Jinhei, medo de perder o que venho vivendo. Eu quero viver para sempre ao lado dos dois.

__Como das outras vezes, você vão sair dessa e vai voltar pra casa .- seguro sua mão -. Seja forte.

__ Eu não consigo mais .- passa a mão no meu rosto -. Eu, eu preciso dizer o que sinto antes que eu parta...

__ Não, não é necessário.

__ Cala a boca e me escuta .- faz bico -.  Nunca se esqueça que eu te amo de verdade e que você me fez imensamente feliz nesse tempo. Eu não sei se a Emily ainda o ama, mas sei que você continua sentindo o mesmo, por isso, volte para ela e seja feliz .- suspira -. Você foi tão bom pra mim e eu infelizmente te separei do seu verdadeiro amor, mas agora, viva isso outra vez.

*

10 dias se passaram e Hyorin está bem, mas, diferente das outras vezes, essa passou todo o tempo no hospital.

Ela não aguenta mais a comida daqui.

__ Olha, estamos indo para duas semanas e você ainda está aqui .- sorrio.

__ Por um milagre. Sabe o que estava pensando? .- senta na cama -. Eu havia feito um exame antes de engravidar e quando os médicos disseram que o meu câncer havia voltado, fiquei em choque .- ri -. Mas depois que eu tive o Jinhei, milagrosamente tudo passou e eu fiquei bem outra vez. Se algo maior que nós existe, ele é um ser misericordioso, pois me deu a chance de viver algo belo mesmo após o câncer. Ganhei você e o nosso filho .- abraça Jinhei -. Você sempre vai obedecer o papai não é mocinho?

__ Sempre mamãe .- bate na mão dela.

__ E você me ama?

__ Desse tamanho .- abre os braços o máximo que pode.

__ Eu também amo muito você .- enche ele de beijos -. E você também .- beija minha testa.

Uma enfermeira entra no quarto.

__ Sua comida .- sorri. 

__ Hmm que delícia, sopa de novo .- diz irônica.

__ De repente me deu uma fome...Que tal irmos na lanchonete do hospital?

__ Eu quero lanche papai!

__ Parem de me fazer inveja seus ridículos .- cruza os braços. 

Deixo ela para trás fazendo caretas enquanto olha para a sopa de aparência horrível, e vou para a lanchonete com o Jinhei. Quando terminamos, voltamos para o quarto.

__ Nossa, mal consegui comer .- diz fraca -. Minhas costas doem .- fecha os olhos -. Vem aqui amor, senta do meu lado e me beija .- o ajudo a subir na cama.

__ Acho melhor você descansar .- passo a mão em seu rosto -. Você parece cansada.

__ Eu sei que estou feia .- ri, mas o desmancha pouco a pouco -. Y-Yoongi..

__ Sim ? .- ela sussurra algo mas não entendo -. Hyorin, o que foi?

__ E..e..

O monitor começa a apitar e seus batimentos caem na medida em que seus olhos fecham e suas forças se vão.

__ Hyorin! Hyorin! .- toco seu braço -. Por favor, um médico .- grito.

Pego Jinhei que está assustado e me desespero com a demora no atendimento.

__ Saiam .- um equipe entra com um carrinho de desfibrilador.

Espero do lado de fora olhando tudo pelo vidro. Uma médica faz massagem cardíaca enquanto o outro aumenta a voltagem do choque.

__ Carreguem em 250 .- um grita.

Nada.

__ 300.

__ Ela não reage!

Todos olham e esperam alguns segundos. Nada. Um deles olha para o relógio e para mim...

Não! Não!

...e dá a hora da morte.

17h43.

*

Qual o sentido da morte? E o da vida? Por que nascer, crescer, sofrer e morrer?

Deus, por que você insiste em nos fazer sofrer? 

Ao meu lado uma criança de 5 anos chora e questiona o porquê de sua mãe não estar ao seu lado ao dormir. O que eu digo? O que eu faço?

Nada faz sentido. Aonde quer que eu vá, tragédias e dores me acompanham.

Será que existe um lugar nesse mundo em que eu possa viver em paz? Alasca? Antártida? Na lua talvez as coisas sejam diferentes...

Olho para o seu lado na cama e vejo o embrulho com as cartas. O que será que ela escreveu?

A pego com cuidado e começo a ler.

"Oi meu amor! Se você está lendo isso é porque eu parti. Nesse momento eu sou um fasntama hahaha. Eu sei que você não costuma chorar, mas como eu sou especial, acredito que você derramou algumas lágrimas por mim, por isso eu peço: não chores mais!!

Sabe, quando eu soube que estava grávida de você eu fiquei muito feliz. Voce me chamou a atenção por muitos motivos, mas eu me amarrei de vez com a sua sinceridade e respeito; você não me iludiu em nenhum momento. Mesmo sabendo que não ficaríamos juntos e que provavelmente nem conheceria o Jinhei, não perdi as esperanças, e olha: você apareceu e ficou com a gente. Esse tempo ao seu lado foi maravilhoso, perfeito. Teus beijos são os melhores ( só não ganha do Jinhei) e eu me sentia a garota mais linda quando estava em seus braços. Agradeço muito por ter feito o esforço de ter permanecido ao meu lado paciente, amoroso e amigo mesmo quando não sentia nada por mim. Por favor, cuide bem do nosso menino, eu o amo tanto que chega a doer! Seja o melhor pai dos pais, como vem sendo desde que está conosco. Espero que você tenha seu amor de volta e que seja a coisa mais linda do mundo e que ela venha a ser uma boa mãe pro meu pequeno também. Por favor, nunca se esqueça de mim. Existe um fastasma que te ama muito. Seja feliz.

Hyorin."

*

Durante essas três semanas que se passaram, eu pensei bem na decisão de largar tudo o que eu vivo aqui; isso inclui o meu trabalho e a minha mãe. Eu conversei com o Bang e ele lamentou a hipótese, mas disse que gostaria que eu continuasse a produzir e compôr para ele. Não sei se farei isso.

Das vezes que o Jinhei chegou para mim perguntando se a mãe havia morrido, eu respondi que sim. Parece cruel, mas pior ainda é dizer mentiras do tipo " ela tá dormindo, depois ela volta" sendo que ela não vai voltar. Uma hora ele irá entender.

Ontem eu fiz tudo o que podia pela empresa antes de sair. Nesse tempo eu também me dediquei ao meu trabalho e não tive tempo de nem mesmo conversar com o Taehyung. Ele anda tão ocupado quanto eu com a vida no hospital e na faculdade. Queria o seu abraço e as suas orelhas de abano para ouvir minhas lamentações e dores...

*

Foi difícil se afastar da minha mãe mais uma vez e, mais difícil foi ouvir o seu "não" quando eu pedi para ela vir comigo.

Também fiquei triste pela mãe da Hyorin. Ela gritou comigo e ameaçou me bater quando eu disse que estou voltando para Los Angeles com o neto. O que ela esperava, que eu deixasse meu filho para trás? Até parece.

A viagem foi repleta de lembranças e ansiedade. Saber que eu voltarei a ver a minha família, meus amigos e a Em, me deixa a ponto de ter um ataque cardíaco.

__ Papai, aonde estamos indo?

__ Vamos pra nossa nova casa. Você vai ver a tia Ellen, o tio Woo e o tio Tae todos os dias agora.

__ Eba, eu gosto deles .- sorri ansioso -. O tio Tae é fofo.

Chegando na cidade, ligo para o meu tio e pergunto se ele está em casa. Como esperava, ele está no hospital e minha tia em outra viagem.  

__ E o Tae? Será que ele está no apartamento dele?

__ E-eu não sei filho .- faz uma pausa -. Pergunta antes de aparecer lá.

__ Ah tio, me diz onde ele mora! Quero fazer uma surpresa...

__ Vou mandar o endereço por mensagem.

Finalmente vou conhecer o apartamento do Tae. Das vezes que vim, não fui porque ele mora com a Em.

Eu ainda me surpreendo com o quão próximos esses dois são para viverem juntos. 

Desço Jinhei do carro e aperto sua mãozinha. Caramba, eu não sei o que esperar.

Será que a Emily está em casa? E se ela estiver com o médico? Não, isso não.

Adentro o prédio e peço para anunciarem minha subida até o apartamento, mas ela diz que Taehyung está decendo. 

Paro próximo ao elevador e espero sua saída. Quando a porta se abre, engulo seco ai ver Emily ao lado do médico que, carrega em seus braços, um menino de aproximadamente um ano. Taehyung está com a filha da Meredith e do Noew nos seus.

__ Mamãe, quelo pizza .- o menininho diz.

__ Vamos comer .- Em responde sorrindo. 

Mamãe? Como assim?  Meu Deus, o que é isso? Ela...ela é mãe? Desde quando?

Minha cabeça chega doer em pensar que ela levou esse relacionamento tão longe.

__ Tio Tae! .- Jinhei solta a minha mão e corre na direção deles, chamando a atenção de todos. Emily me olha como se eu fosse o próprio diabo.

Ela está tempo o suficiente com ele para ter tido um filho. Não é possível.

__ Como assim, "mamãe"?