A garotinha choramingava baixinho no colo da irmã mais velha, que cantava músicas de ninar para a pequena. Luna Valente tinha apenas cinco anos, perder uma mãe nesta idade é algo tão cruel, tão doloroso... Mas Luna não entendia, então aceitava que sua mãe era uma pequena estrela agora.
Quando sua irmã, Nina, contou-lhe que nunca mais veria a mãe, Luna se pôs a chorar e chamar pela mãe, mas ela não apareceu. Estava morta, afinal.
-Não chore, anjinho! -Nina praticamente implorava para a irmã enquanto tentava segurar as lágrimas que caíam contra sua vontade. -Também sentirei falta dela, mas tudo vai ficar bem, eu estou aqui, eu e o papai, tudo irá ficar bem.
-Não quero uma estrela, Nina, quero a mamãe, traz ela de volta! -Luna pedia incansavelmente. Sua voz estava abafada por conta de sua cabeça, mergulhada no peito da irmã.
-Querida! -um homem elegante chamou por Luna. Ele tinha os olhos vermelhos e aparência cansada. Logo se aproximou da pequena garotinha, pegando-a em seu colo. -A mamãe não vai voltar, ela está lá no céu agora, junto com as outras estrelas, olhando você.
-Eu não vou ter mais uma mamãe aqui comigo, papai? -ela perguntou abraçando o pescoço do pai, que acariciou seus longos cabelos ondulados.
-Seja uma boa menina, Luna, e sua mãe se orgulhará de você! -ele beijou a cabeça da filha.
-Mesmo lá de cima? -ela perguntou de modo inocente enquanto seu pai limpava as lágrimas que escorriam em sua bochecha.
-Mesmo lá de cima. -o homem assentiu, sentando-se agora ao lado da filha mais velha, com Luna em seu colo. -Seja onde for, a mãe de vocês sempre, sempre amará as duas, e eu também.
[...]
Passava das dez da noite, o horário de Luna ir dormir já havia estourado, mas a garotinha fugia do quarto nesse exato momento na tentativa de observar as estrelas, ou melhor, uma estrela: sua mãe.
Luna andava delicadamente por cada cômodo da casa tendo a maior cautela para que não esbarrasse em móvel algum. Quando chegou a sala, sorriu minimamente ao notar que seu pai dormia no sofá e ainda deixara a porta de saída aberta. Então, caminhou até o jardim e se jogou na grama fria, seu sorriso se abriu ainda mais assim que ela viu que o céu estava repleto de estrelas, nomeou a mais brilhante como Mônica, o nome de sua mãe.
-Ei, Luna! -uma voz sussurrada lhe chamou. Luna imaginou ser seu pai, mas olhou para trás e não o avistou. -Aqui, bem do seu lado!
Quando a garota olhou para os dois lados, viu alguém extremamente brilhante ao seu lado. Quando o brilho diminuiu, seus olhos se arregalaram, mas ela não gritou.
-Quem é você? -ela sussurrou. -Por que você brilha?
-Meu nome é Matteo, Luna. -o menino sorriu. Ele aparentava seus dezesseis anos, mas na verdade, tinha bem mais que isso. -Eu brilho porque sou especial.
-Especial? -ela sorriu.
-É Luna, especial. -ele retribuiu o sorriso gentilmente. -Sou um anjo.
-Anjo? Também sou anjo, papai me chama de anjo! -ela franziu a testa de forma fofa fazendo o anjo sorrir abertamente.
-Eu sou um anjo de verdade, pequena. -Matteo disse tentando encostar em Luna, mas sua mão apenas atravessou o corpo da garota, como previsto. -Viu? Não posso tocar ninguém.
-Que legal! -ela quase gritou, mas Matteo colocou o indicador nos próprios lábios para que a garota ficasse em silêncio. -Desculpa.
-Não fale alto, se seu pai acordar vai perguntar com quem estava falando!
-E o que que tem? -Luna indagou inocentemente.
-Não pode contar sobre mim para ele! Ele vai te chamar de maluca, ninguém pode saber sobre mim! -ele alertou e a garota ergueu as sobrancelhas, curiosa.
-Não sou maluca! -ela fez cara feia. -Não vou contar pra ninguém!
-Segredo de anjo? -Matteo perguntou sorrindo para Luna.
-Segredo de anjo. -a garota concordou.
Mal sabia Luna que sua vida estava prestes a mudar desde o momento em que ela aceitou a existência de anjos.
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