História My Angel - My mother is an angel?

-Luna, querida, seu pai está chamando você! -Jolisie, a empregada da casa, bateu na porta do quarto de Luna, tirando a atenção da menina que conversava atentamente com Matteo.

-Certo, Lisie! Diga ele que já desço! -Luna gritou de dentro do quarto, ela sabia que o pai havia mandado Jolisie chama-la para poderem ir ao cemitério, visitar Mônica, como em todo ano.

Luna amava Jolisie, considerava-a como alguém da família, a mais próxima que tinha já que sua mãe se fora desde que tinha cinco anos.

Hoje faziam dez anos que Luna conhecera seu anjo, dez anos que sua mãe havia morrido. Ela já não acreditava no conto da estrelinha, sabia que sua mãe se acidentou gravemente e acabou falecendo, mas nunca soube o motivo do acidente.

-É melhor descer, seu pai não gosta de se atrasar, você sabe! -Matteo alertou a menina, que revirou os olhos lançando um sorriso ao anjo. -Ande logo, Luna. Sempre tão devagar...

-Sempre tão apressado! -ela retrucou mostrando língua. -Matteo, como ficou aqui por dez anos?

-Eu não sei, você nunca morreu, então não tinha porque eu ir embora! -Matteo deu de ombros e Luna riu. -Já passei mais de vinte anos com a mesma pessoa!

-Você deve ter sofrido um bocado quando eles morreram, uh? -a garota sacudiu a cabeça agoniada só de pensar.

-Acho que nada parecido com o que eu sofreria se fosse você! -ele disse pensativo e Luna deixou que uma risada nasalada lhe escapasse. -O que?

-Aposto que disse isso para todos os seus protegidos durante seus 102 anos de vida! -Luna mostrou língua enquanto escolhia uma roupa em seu closet.

-103, Luna. 103 anos. -o anjo revirou os olhos e a garota deu de ombros. Não era uma data tão distante afinal. -E você está errada, eu nunca me apeguei tanto em alguém como aconteceu com você. Talvez porque eu te acompanho desde que você era um tiquinho de gente... Bom, o dia em que você se for, Luna, se não te tornas-tes um anjo pela boa pessoa que é, eu irei para o mundo dos mortos com você.

-Você é o melhor do mundo, Matteo! -Luna sorriu e teve uma vontade tão grande de abraçar o amigo, mas lembrou-se como em todas as vezes, que isso nunca seria possível. -Como é o mundo dos mortos?

-Não sei, não posso entrar lá! -ele respondeu apontando para o vestido azul, um dos quais Luna estendia nas mãos a espera de que ele escolhesse. -Rosa não!

-Tudo bem, vire-se de costas! -ela exigiu e Matteo revirou os olhos, obedecendo-a.

-Até parece que nunca vi você se trocar! Eu moro praticamente aqui, vejo tudo o que faz!

-Não interessa! -Luna retrucou terminando de vestir o vestido. -Pronto.

-Desça logo ou seu pai se irritará! -o anjo alertou novamente a menina que bufou entediada.

Ela jogou um beijo no ar para o amigo e abriu a porta do quarto. Matteo nunca acompanhava Luna ao cemitério, ele não gostava do local, era frio e desagradável para anjos como ele.

Mesmo depois de tanto tempo sendo protegida por Matteo, a garota não sabia nem metade do que ele viveu, havia muita coisa que o anjo ainda não tinha lhe contado, mas que aos poucos, ela entenderia.

-Só me responde uma coisa que nunca tive coragem de perguntar... -Luna sorriu minimamente, ainda parada a porta do quarto ela olhou para os pés evitando olhar para o anjo. -Por que você me escolheu?

-Porque quando vi você chorando aquele dia, por incrível que pareça, eu quis chorar também. Quando vi você deitada no chão, tão inocente imaginando ser sua mãe uma das estrelas que brilhavam no céu, eu simplesmente quis estar ali e de repente você me ouviu, só ai eu percebi que meu desejo havia sido atendido sem mesmo que eu pedisse permissão aos chefes para isso. Eu realmente escolhi você, Luna, eu nunca escolho, mas dessa vez, eu optei por você. -Luna já tinha os olhos marejados ao fim da fala de Matteo, novamente ela sentiu seu peito arder enquanto a grande vontade de abraçar o amigo só aumentava. -Ah, eu também era o anjo da sua mãe!

                            [...]

Luna acompanhava o pai em direção aos túmulos do grande cemitério. Ela já não tinha mais medo do lugar, estava sempre a frequenta-lo.

Nina, irmã mais velha de Luna encontrou  a menina e o pai bem na frente do túmulo da mãe pouco depois, era sempre assim, todos os anos ela vinha da faculdade e se encontrava com a família para visitar a mãe já falecida.

-Sinto falta dela! -a mais velha das garotas disse entre um suspiro pesado. - Queria poder vê-la uma última vez!

-Nós também, querida! -Miguel murmurou abraçando as filhas.

Luna permanecia pensativa e nem sequer prestava atenção nas palavras do pai e da irmã. Ela pensava no que o anjo lhe dissera mais cedo, ele era o anjo de sua mãe. Era algo bonito, mas o que realmente fazia Luna estar tão distraída, era o fato de que sua mãe, sendo a pessoa maravilhosa que era, poderia se tornar um anjo.

Uma vez, Matteo contou a ela que todas as pessoas que já foram protegidas por anjos, tinham o direito de escolher se queriam ou não ser um anjo também, então por que a mãe de Luna nunca foi visita-la? Por que não pediu a Matteo que o substituísse?

-Está me ouvindo, Luna? -o pai da garota perguntou enquanto guiava-na para fora do local.

-Na verdade não. -ela piscou algumas vezes e seguidamente olhou para o pai. -O que foi que o senhor disse?

-Perguntei onde quer almoçar -o homem riu. -, onde estava com a cabeça?

-Me destraí.

-Novidade! -o pai da garota. -Onde vamos?

-Em qualquer lugar onde sua namorada não esteja! -Luna revirou os olhos pegando o celular no bolso. 

Ao desbloquear a tela do aparelho, ela abriu a caixa de mensagens, Simon havia convidado-a para sair junto com Âmbar, sua namorada. Marco, o garoto em quem Luna andava de olho, iria também.

A menina respondeu brevemente um sim enquanto o pai lhe lançava um sermão em relação ao comentário sobre a namorada do mesmo. Miguel estava em um relacionamento com uma mulher loira, a qual Luna detestava com todas as forças, assim como Matteo que dizia que ela tinha uma péssima aura.

-Vocês poderiam esquecer a namorada do papai e o celular por um instante? Quero dar uma notícia! -assim que Nina terminou a frase, todos se silenciaram e deram atenção a garota. -Eu estou noiva!

-Não brinca! -Luna arregalou os olhos, logo abraçando a irmã. -Vai se casar com o Gastón? Meu Deus!

-Se o papai me der permissão... -a menina mordeu o lábio inferior observando o pai que olhava perplexamente para o próprio carro parado a sua frente.

-Tem certeza de que vai se casar com Gastón? Ele é mesmo o amor da sua vida? Você não sabe se vai ser feliz e...

-Eu amo o Gastón papai! -a menina disse enfatizando a parte na qual afirmava amar o noivo. -Ele é uma ótima pessoa!

-É pai, eu adoro o Gast também! Por favor, não seja carrancudo, uh? -Luna sorriu abraçando a irmã de lado. Ela estava muito feliz com a notícia da irmã e um dia, esperava se casar assim como ela.

-Certo, chame-o pra jantar está noite! -o homem disse abrindo um sorriso no canto dos lábios. -Parabéns, querida.

-Obrigada papai! -ela o abraçou e Luna ficou observando os dois, enciumada.

-Podemos ir almoçar? Estou com fome... -ela murmurou inconveniente.

-Não seja ciumenta, Lu! Venha cá! -Nina puxou a irmã para si, abraçando-a também. -Vamos ser uma família bem grande!

-Assim que o papai se desencantar da mocréia de cabelo amarelo! -Luna comentou revirando os olhos e o pai da menina lhe deu um leve tapa nos braços. -Qual é? Não tinha ninguém melhor pra você colocar no lugar da minha mãe não?

-Ninguém substituirá sua mãe! -o pai a repreendeu saindo do abraço, abrindo o carro logo em seguida. -Nunca.

[...]

-Me conte, ela estava lá? -Matteo perguntou com a curiosidade transbordando nos olhos mas a menina nem lhe deu atencão. -Luna, onde é que você está? -o anjo começou a estalar os dedos repetidamente.

-Estou aqui. -ela deu de ombros e franziu a testa. -O que foi?

-Estava lhe perguntando se a baranga da namorada do seu pai foi almoçar com vocês! -ele repetiu a pergunta e dessa vez Luna sorriu, ouvindo o que ele dizia.

-Foi, aquela bruxa! -a menina revirou os olhos, mas logo voltou a sorrir. -Teve a cara de pau de criticar a minha roupa, mas fiz questão de falar mal do seu penteado horrível também. Eu hein, maluca!

-Você é hilária! O que seu pai disse? -o anjo perguntou curioso como sempre.

-Nada, ele nunca diz nada! -Luna bufou pegando o computador que estava em cima da cama. -Vou sair com Simon hoje!

-Que bom! -o anjo sorriu, ele sempre achou que Simon fosse ótima companhia para Luna. -Para onde vão?

-Vamos todos em uma sorveteria! -a menina disse contente, fechando o computador, vendo que não havia nenhum trabalho pendente.

-Todos quem, Luna? -o anjo perguntou quando a menina se levantou a procura de sua toalha de banho cor de rosa. -Está no banheiro! -o anjo revirou os olhos, rindo quando a menina murmurou um "ah, claro." Ela era sempre tão distraída.

-Com Marco! Você sabe que sou afim dele, Matteo! -ela disse óbvia antes de entrar no banheiro e trancar a porta, mesmo sabendo que ninguém entraria lá.

Matteo ficou furioso, mas preferiu não dizer nada. Ele estava certo, Luna era realmente distraída, tão distraída que não percebia o que o ele sentia por ela! Nem pudera, ele era só um anjo.