O tempo não era dos melhores naquela noite de sábado. Matteo acompanhava Luna e seus amigos até o restaurante onde resolveram jantar. O anjo não se sentia nada bem ao lado do grupo, mesmo sabendo que só Luna podia vê-lo, sentia-se como um intruso. A menina divertia-se ouvindo as piadas do garoto Marco, mas Matteo as achava péssimas. Quando o moreno tomou as mãos de Luna em um ato carinhoso, o anjo se encheu de raiva, afastando-se então de Luna, que nem sequer se deu falta da presença do amigo.
O real motivo do stress do anjo era o fato de que ele não podia tocar Luna como qualquer outra pessoa e também não podia revelar seus sentimentos a garota, pois sabia que iria constrangê-la e além do mais, de nada serviria, afinal, ele nunca poderia abraça-la ou beija-la. -Luna merece um amor real.- ele pensou.
De repente, um imenso flash de luz cegou Luna e seus amigos. Imediatamente Matteo pôs-se a frente da garota, alertando-a com um grito -o qual só ela escutou- que um passo a mais que ousasse dar, seria atropelada.Assustada, Luna empurrou os amigos para trás, afastando-os da rua. Matteo suspirou aliviado e quando por fim, conseguiu olhar para a amiga, viu um extenso sorriso se abrir no em seu pequeno rosto.
-Tudo bem? -Matteo perguntou à Luna, que sacudiu a cabeça em afirmativa. -Veja se seus amigos estão bem, te esperarei dentro do restaurante.
-Uou! Obrigada por isso, Valente! -Marco agradeceu, mas Luna não lhe deu muita importância, estava concentrada em Matteo, que conversava com alguém que ela não conseguia ver dentro do restaurante onde todos iriam jantar.
-Estão bem? -a menina perguntou aos amigos, deixando o anjo de lado.
-Sim, graças a você! -Simón afirmou abraçando sua namorada, Ambar.
-Graças ao meu anjo da guarda. -Luna sorriu, agradecendo mentalmente aos céus por ter Matteo ao seu lado, -Vamos?
-Vamos!
Enquanto vagarosamente os meninos caminharam até o outro lado da rua, o anjo de Luna tinha uma conversa repleta de broncas e sermões com Dasier.
Dasier Salentio era encarregado como anjo monitor e se ele estava ali, alguma coisa grave Matteo havia feito, e sim, havia mesmo. Salentio queixava as atitudes recentes de Matteo, o anjo só deveria proteger Luna, mas sempre acabava protegendo mais alguém e isso era considerado infração as leis divinas dos anjos.
-Sabe que não gosto de injustiças, Dasier! -Matteo explicou calmamente ao seu superior. -Seria injusto que eu salvasse Luna e deixasse que seus amigos sofressem um acidente, ela me odiaria.
-Não estás aqui para que sua protegida lhe ame, Balsano. -Dasier alertou ao seu subordinado. -Obedeça as regras ou o único injustiçado aqui, será você! -e então, como mágica, sumiu.
-Com quem falava? -Luna indagou ao anjo, que se assustou com a presença da menina.
-Com um dos anjos que estava acompanhando um garoto que estava aqui há pouco. -o anjo mentiu, ele não queria revelar a menina que tomara outra bronca por sua causa. Luna franziu a testa desconfiada das palavras de Matteo. -Acabaste de entrar, não o viu? Sempre tão distraída, Luninha.
-Não me chame assim, sabe que eu detesto! -a garota bufou fazendo Matteo soltar algumas risadas. -Obrigada por hoje, mesmo!
-Tudo bem. -Matteo assentiu. -Onde estão seus amigos e aquele mala do garotinho o qual você está afim, uh?
-No banheiro! -ela revirou os olhos. -Anjinho ciumento!
[...]
A casa dos Valente estava completamente silenciosa. Luna dormia, assim como seu pai e sua irmã. Matteo observava sua protegida com um carinho sem igual, muito bonito de ver, mas já estava ali há tanto tempo que acabou se cansando, resolvendo então, dar uma volta pela casa, a qual ele conhecia muito bem.
Era cômica a mania do anjo, ele andava na ponta dos pés como se qualquer passo firme fosse acordar alguém, coisa que jamais aconteceria. Ele desceu a pequena e luxuosa escada que conectava a sala de jantar ao corredor do segundo andar, lá encontrou o de sempre, Jolisie assistindo suas novelas durante a madrugada e as fotos que amava apreciar, fotos de Luna e Nina em suas respectivas infâncias. Por um instante, Matteo desviou seu olhar das fotografias, sentindo que estava sendo observado, mas era só a irmã de Luna descendo as escadarias com seu imenso roupão prateado.
O anjo sorriu ao ver Nina, ele tinha uma afeição imensa pela linda garota. Além do mais, sabia que a menina esperava uma filha, mas Nina ainda não sabia que estava grávida do seu noivo, Gastón, rapaz o qual Matteo também adorava, assim como Luna.
-O que há com você, meu amor? Está com uma voz desastrosa! -Nina comentou com seu noivo ao telefone. -Também estou morrendo de saudades! Sim, o enjoo passou, não estou sentindo mais nada! Não preciso de médico, Gast! Se eu voltar a sentir dores eu irei, prometo! Sou mesmo! Um beijo, também te amo!
Sorridente, Nina desligou o telefone, ela realmente amava Gastón.
Matteo se viu em um encruzilhada novamente naquela noite. Nina não estava prestando atenção nos degraus da escadas e estava prestes a pisar em falso quando o anjo de Luna, com todas as suas forças, correu até a escada fazendo impulso sobre a garota e por alguns segundos soube que teve a ajuda de Mônica, falecida mãe das garotas. Quando por fim Matteo viu que Nina estava a salvo, respirando ofegantemente, deu conta que seu sensor justiceiro foi bem maior que sua consciência, o que lhe traria grandes problemas, já que fora avisado de que não poderia salvar ninguém além de sua protegida, Luna.
[...]
-Luna, já são dez da manhã! Estou entediado, levante-se logo desta cama! -Matteo insistiu novamente naquela manhã de domingo.
-Você é insuportável, Matteo Balsano, sabia disso? -a garota levantou-se com os olhos inchados e uma expressão nada agradável no rosto. -Saiba que só estou de pé porque Ambar disse que precisava falar comigo!
-Agradeço a consideração com seu anjo que te faz companhia durante todos os dias da sua vida! -Matteo fez careta, sentando-se na cama bagunçada.
-Disse a mesma pessoa que teve uma puta consideração ao me acordar! -Luna lançou um sorriso falso ao amigo, mas logo deixou que um riso nasalado lhe escapasse. -Sabe que amo você, uh?
-Sei. -o anjo sacudiu os ombros. -Ambar vai chegar em três, dois, um....
"Ding-dong!"
-Bem preciso você! -Luna deu risada.
Após retirar o pijama e se vestir de forma bem rápida, a menina fez suas higienes e desceu para conversar com a amiga que a esperava na sala. Matteo fez questão de acompanha-las até o jardim da casa de Luna, onde decidiram conversar.
O anjo sabia o motivo dos olhos inchados e vermelhos os quais marcavam o rosto de Ambar, ela estava devastada. Logo derrubou lágrimas sobre o colo da amiga que a abraçou sem perguntar a razão de todo aquele choro. Assim que as lágrimas cessaram, Ambar revelou a Luna o motivo de tudo aquilo, Simón a tinha traído.
-Você só pode estar brincando! -Luna murmurou irritada, ela queria matar o amigo. "Como fora capaz?", ela pensava. -Eu vou matar o Simón, matar!
-Você não vai fazer nada até eu te explicar tudo! -Matteo disse a Luna, afinal ele sabia exatamente o que tinha acontecido.
-Quem vai explicar o que? -Ambar limpou as lágrimas, levantando-se da grama a procura do autor da voz.
Luna imediatamente arregalou os olhos, como Ambar havia escutado Matteo? O que estava acontecendo ali?
Assustado, Matteo colocou o dedo indicador nos próprios lábios, movendo a boca logo em seguida, silenciosamente, dizendo a Luna que não dissesse nada suspeito para a amiga.
-Você está alucinando, ninguém disse nada! Bom, eu não ouvi nada! -Luna sorriu nervosa, a menina estava tão assustada quanto o anjo.
-Talvez seja minha esperança de que haja uma justificativa para tudo isso! -Ambar suspirou.
-É, é claro que sim.
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