Os dias estão passando bem devagar, provavelmente por ser a mesma coisa todos os dias, acaba ficando cansativo. Taehyung está trabalhando muito junto com os garotos, o que me deicha contente. Não vejo a hora de vê-lo novamente, já estou com saudade de sua companhia, do seu abraço, seu beijo.
O dia hoje começou normal, como sempre, na faculdade tivermos prova e entrega de trabalhos. Estou na lanchonete onde eu trabalho e o movimento está fraco, fico no balcão com o cotovelo escorado e minha mão apoiando meu rosto.
JS: Hey, S/n- Jongswan estala os dedos em frente a meu rosto me tirando dos pensamentos- não vai atender a mesa?- ele aponta para a direção onde está a mesa na qual acabara de sentar um homem.
S/n: Já vou.- vou até a mesa mostrada e nela há uma homem que não parece ser daqui- Boa tarde, posso ajudar?
Xx: Boa tarde, pegue um Machiatto e uma torta doce por favor.
Anoto no bloquinho que eu seguro e depois olho o rosto do homem e me assusto fixando meu olhar naqueles olhos azuis que jamais serão esquecidos. Fico boquiaberta por um instante tentando me situar no planeta mas não consigo, a imagem daquele dia passa num filme em minha cabeça. O homem que está em minha frente sendo atendido é o mesmo que me fez mal a anos atrás. Não contenho o choro que não sei se é de raiva ou pela lembrança.
Xx: Moça, você está bem?
S/n: E-eu... Vo-você- minha vontade é de matar esse cara. Ele me olha confuso mas logo faz uma expressão de compreensão.
Xx: Eu... preciso ir- ele se levanta e eu vou atrás do mesmo- O que deu em você?- ele finalmente para.
S/n: Pelo visto você se lembrou de mim.
Xx: Lembro sim, está com saudade?- ele ergue a mão para segurar meu braço e eu desvio.
S/n: Não ouse me tocar. Eu não vim aqui fazer nada com você, eu queria apenas entender o porque daquilo.- falo já em lágrimas.
Xx: Você quer uma explicação?- ele começa a rir- Eu não vou mentir, vendo você aqui de novo dá vontade de fazer muitas coisas.- ele dá uma pausa- Se você quer mesmo saber eu te falo. Você estudava no mesmo colégio que eu mas nunca me deu bola. Eu via você com as outras pessoas. Eu gostava de você S/n.- franzo a sobrancelha quando ele fala meu nome- Sim, eu te conhecia. Só queria uma chance com você mas eu tinha certeza que você não me daria. Então quando te vi passando na rua tive a ideia e fiz. Simples.
S/n: Você me dá nojo.
Xx: E a propósito, ja que estou aqui em Seul e você também, quero conhecer minha filha.
Arregalo os olhos e o encaro por alguns segundos, esse cara aparece e acaba com minha vida agora quer conhecer minha filha?! Não acredito, que audácia.
Xx: Não vai adiantar você falar que a filha não é minha. Te segui e vi uma linda menina que se parece muito comigo.
S/n: Você não tem esse direito. Ela é apenas minha filha.- eu tento ir embora mas o cara segura meu pulso- Me larga.
Xx: S/n, queria apenas conhecer a menina.
S/n: Não vou deichar você encostar um dedo em minha filha.
Xx: É o que veremos.
S/n: Some, você já bagunçou demais minha vida.
Me viro e volto para a lanchonete, vou até o banheiro e lavo o rosto. Estou um pouco trêmula, foi muita informação para mim. Aquele homem me conhecia antes de me estuprar, viu meu sofrimento no colégio e agora quer conhecer Taeliang. Minha vida está de cabeça para baixo e eu não posso fazer nada. O resto da tarde fico conturbada e distraída, não digeri tudo o que aconteceu. Aquele homem deveria estar no Brasil, bem longe de mim e da minha filha.
Quando volto do trabalho espero alguns minutos e Lailla traz minha filha, lhe dou um abraço bem forte, não vou deichar aquele marginal tocar nela.
L: Aconteceu algo S/n?-confirmo com a cabeça.
S/n: Era ele, Lailla. O homem que me estuprou no Brasil, ele estava aqui e quer conhecer minha filha.-Lailla arregala os olhos.
L: Nossa... depois de tanto tempo. Não dá pra entender.
S/n: Aquele filho da mãe me conhecia do colégio. Sabia que eu estava grávida e viu tudo de perto.
L: Infelizmente há pessoas que não tem coração. Mas espero que ele suma.
S/n: Eu também.
Lailla se despediu e foi embora. Eu e Taeliang ficamos assistindo televisão e depois fui fazer a janta. Taehyung não ligou, deve estar muito ocupado e não vou atrapalha-lo.
Já deitada penso no dia de hoje, não foi nada fácil rever aquele homem que me fez tanto mal, causou o meu afastamento da minha família, prejudicou meus estudos e me fez mudar de país. Ao menos eu tenho uma linda filha e se não estivesse aqui talvez eu nunca conheceria Taehyung e os outros garotos.
...
Alguns dias se passaram e estou perturbada com tudo que vem acontecendo nos últimos dias. Tá tudo muito estranho e confuso, Kwan quer voltar comigo e o cara que nem sei o nome quer conhecer a "filha". Não contei a Taehyung sobre o episódio da lanchonete pois não queria preocupa-lo ainda mais mas não sei se fiz o certo.
Na faculdade foi tudo tranquilo, entregaram algumas notas e fui bem em todas. Eu estou bem mais próxima de Naian, ela é muito legal e fico um pouco triste por não ter feito essa amizade antes. Nós combinamos de sair nesse fim de semana e vai ser legal nós quatro, sem que haja separação.
Quando as aulas terminam volto para casa e me arrumo para o trabalho. Está tudo normal e estou entediada, como sempre. O mesmo homem daquele dia aparece e quase no mesmo horário. Jongswan ne pede para atendê-lo novamente, não posso negar já que é meu trabalho.
S/n: Boa tarde, posso ajudar?
Xx: S/n, quanto tempo. Como está?
S/n: Bem, até você aparecer. Vai pedir agora?
Xx: Me lembrei de uma coisa- ele me ignora e faço a maior cara de entediada que consigo- Você não sabe meu nome.
S/n: Nem faço questão de saber.
Xx: Bom, meu nome é Lucas. E me acho no direito de dizer que o nome da nossa filha não combina com o meu.- eu começo a rir em sarcasmo.
S/n: Alguém aqui não pediu sua opinião. E como sabe do nome da MINHA filha?
L: Simples, perguntei na portaria da escolinha e uma garota que parece não bater bem da cabeça me respondeu.- ele dá de ombros.
S/n: Você não tem direito algum sobre Taeliang. Para de nos perseguir.
L: Latte.- eu olho para ele confusa- Meu pedido, um Café Latte.
S/n: Ah...- anoto o pedido e volto para o balcão.
Jongswan prepara o pedido sem muita demora e me entrega a bandeja com a xícara. Pego a mesma e levo até a mesa.
S/n: Um Café Latte. Mais alguma coisa?
L: Você.- ele sorri malicioso.
S/n: Vai se ferrar.
Me viro e volto para meu lugar de sempre recebendo um olhar confuso do garoto que prepara as bebidas.
JS: Você não deveria tratar assim os clientes.
S/n: Vai se ferrar você também.- reviro os olhos.
JS: Mais do que já sou?- o rapaz me faz rir e o mesmo me acompanha- Bem melhor assim.- ele faz um carinho em meu queixo e volta ao trabalho.
Jongswan é um amor, ele é gentil e trata todos muito bem. Parece estar sempre de bem com a vida e feliz, não sei como ele consegue.
Volto do trabalho estou em casa, são 18 horas e espero por Lailla que está atrasada, o que não costuma acontecer. Vou até fora de casa para checar se a mais velha esta chegando, porém não vejo ninguém e a rua está vazia. Sinto uma mão segurando meu pulso me viro e uma coisa vem em minha direção muito rápido.
...
Abro os olhos devagar, estou no banco da frente de um carro e minha cabeça dói muito. Olho pro lado e vejo Kwan no banco do motorista, tento falar alguma coisa mas minha boca está tampada. O mais velho ainda não percebeu que eu acordeu então começo a me mecher no banco.
K: Você acordou rápido, achei que demoraria mais. Já estamos chegando.
Eu olho para ele com ódio, tentando me soltar pois minhas mãos estão presas. Olho para fora e estamos ainda na cidade, muitos carros e pedestres. Continuo me mechendo para me desamarrar mas sem sucesso.
K: Adoraria que você ficasse quieta.- começo a fazer uns barulhos estranhos por causa da mordaça- Você da muito trabalho.- ele para o carro por conta do semáforo e em seguida libera minha boca.
S/n: O que você pensa que está fazendo?
K: Eu não desisti de você, quero apenas dar um passeio.- o sinal abre e ele volta a dirigir.
S/n: Eu já disse que não quero mais nada com você, acha que me sequestrar vai fazer eu mudar de ideia?
K: Seu namoradinho viajou- ele me ignora- Queria outro encontro com ele, mas fica pra próxima.
Minhas mãos estão para trás e o nó está forte, tenho que achar um jeito de sair daqui ou de pedir ajuda.
S/n: Pra onde você está me levando?- viro meu corpo no banco para ficar mais ou menos de frente pro rapaz e tirar meu braço do aperto causado pelo meu próprio corpo.
K: Já falei, um passeio.- ele me olha do canto do olho- e se ajeite, não quero que se machuque.
S/n: Qual a diferença?- continuo tentando me livrar mas preciso destrai-lo - Você namora com Naian, já não é o bastante?
K: Não, ela é bonita sim mas não é a mesma coisa.- finalmente consigo me soltar mas continuo com os braços atrás do corpo para desfarçar.
S/n: Ela é minha amiga, outro motivo para eu não voltar com você.- Kwan para o carro novamente no sinal e é a minha chance.
K: Você vai mudar de ideia S/n. Você vai ver.
Num movimento rápido eu destranco a porta do carro e saio correndo, Kwan na mesma hora sai também e corre atrás de mim. A rua está movimentada e começo a desviar das pessoas, o que me atrasa mas continuo correndo. Paro em frente a uma faixa de pedestre e há muitos carros, vejo Kwan bem perto então começo a atravessar a avenida correndo sem olhar para trás e com a vista embaçada por conta do choro. No meio da rua Kwan me alcança e segura meu braço, nós dois paramos e de repente ouço uma buzina que se torna cada vez mais próxima. Olho para o lado e uma luz bem forte vem muito rápido em nossa direção...
Continua...
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