- Isa? - Disse ao largar Gabi.
- Olha, a gringa lembra de mim. - Brinquei abraçando. Ela estava quase da minha altura, na minha lembrança era baixinha e gordinha, agora exibia um corpo sob medida, que era o sonho de qualquer menina ter, cabelos castanhos escorridos e olhos castanhos. E cheirosa. Foco, Isa.
- Que exagero, todos aqui parecem iguais a quando eu viajei.
- Você não. Acho que está fingindo ser a Laura e a baixinha gordinha vai sair do carro a qualquer momento. - Todos riram.
- Quer que eu te leve, Isa? - Gabi.
- Mas já? Eu cheguei agora. Por favor, não me deixem no tédio. A mãe vai fazer janta e convidar os tios e família. - Reclamou.
- Podemos fazer algo. - Falei. - Cerveja? - Ofereci.
- Ela não vai beber. - Gabi.
- Obrigado, mas eu posso responder por mim, Gabi. Quero. - Pegou, bebeu e ele fechou a cara. Ela entrou para tomar banho e nos deixou ali. Gabi me emprestou um casaco, eu realmente estava com frio.
- Pelo visto você não controla mais a sua irmãzinha. - Ri dele.
- Cala boca, não oferece mais nada pra ela.
- Qual é Gabi, a Lau cresceu, aceita que dói menos.
Logo as pessoas começaram a chegar e a casa ficar cheia, estavam os avós, as tias, vizinhas, parecia festa de aniversário, ficamos nós três e mais alguns primos deles.
Em seguida todos entraram para fazer algo e eu fiquei por ali, era bom que podia fumar sem incomodar. Afinal, as pessoas que não fumam não eram obrigadas a aguentar o cheiro. Ninguém estranhou minha presença, eu estava sempre ali mesmo, então era normal, quando o Gabi não estava na minha casa, eu estava na dele. Estava fumando na beira da piscina até que Laura chegou.
- Então, não tem nada de bom pra fazer nessa cidade? - Reclamou pedindo cerveja, entreguei.
- Hoje é difícil, tem uns bares, uns garotos idiotas, umas cervejas. Nada demais, acho que não foi uma boa troca.
- Ah, eu já tinha cansado de todo aquele povo estranho inglês. Me dá um cigarro?
- Você fuma?
- Estou pedindo pra jogar fora. - Ironizou.
- Coooooice. – Rimos. – O Gabi vai me matar se eu te der um cigarro.
- Af, eu digo que é meu. – ela ia me entregar a cerveja e não deixou eu pegar. – a cerveja por um cigarro. – Entreguei um pra ela e o isqueiro.
- Mas eu não tenho nada com isso.
- O nosso segredinho.
- Citando O Rei Leão enquanto fuma, contraditório.
- Sou criança quando me convém.
- Esperta.
E claro que Gabi apareceu e viu ela fumando. Se ela estivesse inventando a cura pro câncer ninguém iria aparecer para ver, mas como era algo ruim, obvio que o universo iria me ajudar a tomar no cu. Parecia não acreditar no que estava vendo, sendo condenada em 3, 2, 1...
- Você deu cigarro pra ela? - Perguntou pra mim.
- Não, o cigarro é meu. - Lau se meteu. - E se ela tivesse dado?
- Você não tem que fumar isso.
- Fumo porque quero, Gabriel. Deixa de ser chato. - Reclamou.
- Vou falar isso pros nossos pais.
- A vontade, eles já sabem e outra, sou maior de idade. - isso sim foi um tapa na cara dele, apenas entrou, fui atrás dele.
- Gabi, eu não podia mandar ela largar, não fumar, apagar o cigarro.
- Não to culpando você, achei que tivesse dado pra ela. Mas deixa ela, está achando que é a adulta.
- Deixa ela Gabi, sério. Vai só se incomodar. - Abracei ele. - Deu, se acalma aí.
- Obrigado, você sempre consegue me acalmar. - Alerta papo xarope. Me afastei.
- Nada. Vamos voltar.
Voltamos, logo em seguida todos foram embora e voltamos a ficar só nós três, os dois nem se olhavam, piores que crianças. Laura que amava destacar que era maior de idade, parecia ter cinco anos e Gabriel seis. E eu no meio daquela linha de fogo. Estava no celular conversando com Julia que havia me chamado conforme o prometido.
- A Julia está dizendo que tem uma festa sábado, vamos? - Falei.
- Não estou muito afim.
- Mas eu não quero ir sozinha, eu sempre vou nos lugares com você.
- Mas eu não estou afim de ir na festa com a Julia.
- Sério, Gabriel, você está acabando com a minha paciência com esse seu instinto Ariano.
- Isso não tem nada a ver com signo.
- Vamos na festa.
- Se quiser companhia eu vou com você - Laura, ih, fudeu.
- Não vai mesmo. - Gabriel.
- Porque não? - Eu.
- Porque eu não quero que ela vá e fique com meus amigos.
- Você está insuportável hoje.
- Obrigado. - Levantou e saiu.
- Que garoto impossível. - Comentei.
- Conselho para uma pessoa de Aries, no momento de ser: não seja. – Tive que rir do comentário da Laura.
- Ou seja menos, bem menos.
- O que está rolando?
- De uns tempos pra cá ele entrou numas ideias erradas que é apaixonado por mim, mas obvio que nunca tivemos nada, mas ele não entende, parece que quanto mais eu digo não, mais ele quer. Aí eu fiquei com a Julia. E agora ele está surtado.
- Huuummm, você ficou com a Julia? Você não quer ele porque é lesbica? – Tentando entender.
- Eu não quero ele porque somos amigos e porque eu não curto ficar com garotos.
- Entendi. Eu vou na festa com você, vamos de táxi. Aí você vê a sua garota e eu conheço gente nova.
- Mas vamos tentar convencer ele a ir também, ele sempre acaba indo.
- Certo. E você vai ficar aqui hoje?
- Daqui a pouco ele volta. Ele deveria estar meio bêbado.
- Se quiser eu levo você.
- Sem carteira? Vai dar problema. Ah não ser que faça questão que eu vá embora.
- Claro que não. Por mim você fica.
- Por mim também.
- Mas me conta dessa Julia, é bonita?
- É sim. Eu fiquei com ela hoje, mais cedo, não conhecia ela.
- E porque você não gosta de garotos?
- Sei lá, você gosta de tudo que todo mundo gosta ou tem suas preferências? - Ela sorriu, como ela está linda, devo estar muito bêbada.
- Está certo. Cada um com as suas peculiaridades.
- E você não deixou nenhum coração partido pra trás?
- Não, tive meus rolos, mas era um internato de meninas, então acho que teria me dado melhor se pensasse como você.
- E você nunca pensou na possibilidade?
- Nunca. Não teria problema se tivesse interesse em alguma, mas não foi o caso, a inglesas não são muito interessantes.
- E as brasileiras?
- Olha, faz tanto tempo que não venho pra cá que preciso de um tempo pra responder essa pergunta.
Amanhecemos conversando na beira na piscina e bebendo, fumamos todo cigarro. Eu já não aguentava mais de sono e ela estava na cara que também estava se rendendo.
- Você veio da Europa e não se entregou ainda. Estou morta.
- Como você é fraquinha, quer dormir? Pode dormir lá comigo.
- Aí o Gabi me mata mesmo, sério, não quero mais confusão.
- Mas nós somos amigas também.
- Eu sei, mas ainda acho que depois de ontem é melhor não. Vou ligar pra minha mãe e peço pra ela me buscar. - Liguei.
- O Gabriel não era tão chato.
- Ele só quer cuidar de você. - Respondi.
- Não preciso disso. Ele pode cuidar de mim numa boa, sem brigar.
- Precisa sim, você que não sabe, mas precisa.
- Vai cuidar de mim também?
- Mas sem brigas.
- Jura? - esticou o dedo minguinho.
- Juro. - Entrelacei o meu no dela e abracei.
- Senti sua falta. - Disse ela.
- E eu a sua.
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