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História I'm still here - Four- Welcome to the Jungle


Escrita por: OnlineGirl

Notas do Autor


Boa leitura📚

Capítulo 4 - Four- Welcome to the Jungle


Fanfic / Fanfiction I'm still here - Four- Welcome to the Jungle

                              Emily

Às vezes me pegava pensando que não queria me chamar como eu me chamava, antigamente. Antes dos assassinatos. Sabe, foram tão bem elaborados. Sem uma digital, uma pegada, um DNA. Nenhum vestígio de que meus pais haviam mesmo sido mortos. Na verdade, tudo foi feito para que parecesse um suicídio. Eu vi as fotos dos corpos enquanto um policial conversava distraidamente com um colega. Pele pálida, mãos dadas, uma pistola em cada uma de suas mãos, crânio estourado, um rio de sangue e massa cinzenta com fios de cabelos grudados por toda parte. Eu tinha 5 anos e não deveria ter visto aquilo. Fui no banheiro e vomitei naquele dia, chorando até desmaiar. Foi aos 9 que comecei a roubar. Pequenas coisas, coisas pessoais. Pegava um grampo de cabelo, as chaves da casa de alguém, um frasco de perfume de uma farmácia, um peso de papel. Qualquer coisa na qual eu pudesse me apegar. Escondia as minhas "lembrancinhas" em uma caixa embaixo da cama. Quando a caixa ficou cheia, passei tudo para uma caixa maior, na qual meu avô tinha encomendado um grande vaso indiano de 1,20 por 1,07. Eu escondia as coisas lá e esparramava um monte de roupas usadas por cima, para parecer que era apenas um cesto improvisado de roupas sujas. Desde que cheguei aqui, roubei um batom da minha tia e uma caixa de fósforos do Mercado de Tudo, que enfiei no bolso da frente. Eu não sei se o senhor percebeu que eu havia pego, mas aproveitei que não tinha alarme nem câmeras para levar. Não achava certo roubar, mas foda-se o certo. 

                                  ***

 Estava deitada de frente na cama, olhando para o teto escuro do meu quarto. Era a noite do dia da briga com a Ambre e só conseguia pensar em todos aqueles acontecimentos. Era madrugada, quatro horas da manhã segundo meu despertador. Não sei se conseguiria dormir aquela noite, mas tentaria. Me levantei, os lençóis amontoados escorregando para fora da cama. Peguei no meu criado mudo uma caixa de remédios para dormir que havia roubado há um ano de uma farmácia de esquina. Engoli dois comprimidos à seco, virando a cabeça para trás como fariam nos filmes. Voltei a me deitar, deixando-me ser coberta por dois edredoms de algodão. A maciez dos travesseiros contra meu pescoço era impressionante, não sabia com que dinheiro minha tia havia comprado aquilo, já que nunca a vi trabalhando, mas ela quase nunca ficava em casa durante o dia. Tentei relaxar fechando os olhos e colocando os braços sob a cabeça. Então, finalmente, me entreguei ao sono.

                                   ***

Na manhã seguinte, acordei com os olhos pesados e grandes olheiras escuras debaixo dos olhos. Eu realmente não devia ter passado tanto tempo acordada. Vesti um vestido de lã trançada cor de vinho, meia calça arrastão, uma jaqueta de couro e botas pretas com salto e pregas douradas. Não me preocupei com o meu cabelo, podia arrumá-lo depois. Ao descer, ouvi o barulho de algo fritando, barulho de panelas e senti cheiro de queimado. Me apressei pela escada e encontrei minha tia na cozinha, usando um vestido azul e rosa com babados e laços e um avental ridiculamente grande com os dizeres "Mothercooker"  em negrito e tentando apagar fogo que saía de uma frigideira  com um pano de prato, que também estava incendiando. Corri até ela e tomei a frigideira de suas mãos, dando uma torneirada que extinguiu todas as chamas. Sobraram apenas cinco fatias mirradas de bacon carbonizado flutuando. Quando acabei, estava suada e com uma queimadura de primeiro grau no dedo indicador. 

-Oh meu Deus! Você está bem, querida?- minha tia se aproximou, preocupada. Assenti com um único movimento de cabeça e me dirigi à sala, passando um pouco de pomada anti-quiemaduras que havia roubado de uma farmácia no dedo afetado. Doeu um pouco, mas eu estava acostumada com a dor. Depois do procedimento ser concluído, amarrei uma faixa que havia encontrado espalhada pela casa. 

-Preciso ir ou vou me atrasar! Te vejo às três!- gritei da sala antes de sair. 

-Ei! Espera! Você não vai tomar café da manhã? Você está bem?- acho que ela gritou alguma coisa assim depois que eu saí, mas não escutei.

Caminhei distraidamente pelas ruas até a escola, ouvindo Winged Skull no meu iPod. Ao chegar, vi que já era mais tarde do que de costume. Muitos alunos se encontravam no pátio, alguns conversando e rindo, um casal se beijava atrás da escola e o um seleto grupo estava sentado na grama lendo e escrevendo coisas em um caderno. Passei reto pelo pátio, ainda com um dos fones pendurados no ouvido. Entrei no corredor abarrotado de gente e percorri vários armários antes de chegar ao meu, cuja localização não havia decorado. Ao chegar nele, me deparei com "Vadia" escrito em letras grandes na porta com lama. Senti o meu pescoço se aquecer e a raiva foi tanta que meus dentes chegaram a doer de tanto que os cerrei. Devia ter sido a Ambre. Tinha que ser ela, não podia ser outra pessoa. Ela devia estar com raiva por ontem. Abri meu armário com força, quase arrebentando a fechadura. Dentro, haviam mais "surpresinhas". Uma mistura de creme de cabelo, alvejante, lama e mais alguma coisa que não pude identificar cobria meus materiais (livros, desenhos, cadernos, CDs e fotos minhas com meu avô e com minha família) arruinados. Ah, não. Rapidamente tirei todas as fotos de dentro do armário, eram as únicas coisas que valiam a pena salvar. Tentei limpar um punhado daquela mistura do rosto antes sorridente da minha mãe, mas não adiantou. Todas as minhas lembranças da minha vida antes daquilo, destruídas. Vi de relance Ambre e suas amiguinhas rindo a uns sete armários de mim. Deixei a foto cair no chão e fui na direção delas. Aquela garota ia pagar.

-Eu sei que foi você, sua vaca! Eu vou acabar com você!- eu gritei, dando um soco na cara dela. Os sorrisos de suas amigas logo se desfizeram e elas saíram correndo do local. Todos os alunos olhavam para nós agora, mas dessa vez não me importei. Ambre logo se apressou a se levantar do chão e avançou na minha direção, me derrubando no chão. Logo, começamos uma briga. Corpos rolando no chão, alunos observando e gritando "Treta! Treta!". O som reverberava nos meus ouvidos. Éramos uma onda de puxões, socos, tapas e chutes. 

-Chega! Chega!- ouvi uma voz atrás de nós. Não paramos imediatamente, mas após alguns segundos eu estava apoiada em um dos armários tomando fôlego, meu corpo todo doía. Ambre continuou caída no chão. Não sabia como eu estava, mas havia causado um bom estrago. Seu cabelo feito à babyliss estava desarrumado, seu nariz sangrava, seu olho esquerdo estava roxo e inchado, havia um galo aparente em sua testa e sua blusa de grife estava com uma manga rasgada, mostrando um ombro arranhado. Ela também havia perdido um dos sapatos e o outro estava com o salto quebrado. Olhei para frente após alguns segundos apoiada no armário. A diretora estava parada em nossa frente, segurando uma prancheta com uma de suas mãos e não parecia nada feliz.

-Que coisa feia, duas damas brigando!- ela rosnou, apertando tão forte a prancheta que os nós de seus dedos ficaram brancos. -Quem começou a briga?- perguntou, por fim, com a mão livre na testa para demonstrar desapontamento. Todos apontaram para mim.

-Você não acredita, Diretora! Eu estava lá pacificamente, cuidando da minha vida e esta... esta... louca veio e me deu um soco na cara! Como eu tinha que me defender...- começou Amber, com uma falsa voz de choro. Se a Diretora não estivesse na frente dela, eu...

-Que mentirosa! Você escreveu aquilo no meu armário, você destruiu todas as fotos da minha família, sua vadia fútil!- não podia acreditar que estava lá, me justificando. Não tinha que fazer aquilo, mas só continuei falando, até finalmente conseguir fechar a minha boca. A Diretora não disse nada, apenas franziu a testa quando eu disse "vadia". 

-Tudo bem, o show acabou. Vocês, podem ir para as suas aulas.- ela falou aos alunos, que logo voltaram a fingir que se preocupavam muito com algo em seus armários. -Emily, para a minha sala. 

Tinha muita vontade de mandar aquela velha tomar em um certo lugar, mas me segurei. Apenas a acompanhei, vendo com os os punhos cerrados o sorrisinho vitorioso de Ambre. Ela me conduziu ao seu escritório. Era muito bem arrumado, com estantes embutidas cobrindo boa parte da sala, abajures com estampas de animais e, por fim, uma escrivaninha de carvalho com um computador. Ela indicou uma outra porta dentro do escritório.

-Talvez a senhorita queira ir ao banheiro se limpar primeiro. Eu espero.- ela fez um meneio de cabeça em direção à porta e eu entrei no banheiro sem reclamar. Era inteiro branco, tão perfeito que meus olhos quase arderam ao vê-lo. Tudo era muito bem arrumado, mas sem box ou banheiras como eu imaginei. Tudo cheirava a produto de limpeza barato. Me olhei no espelho pendurado com cuidado atrás da porta. Estava horrível. Meu lábio estava cortado e inchado, meu cabelo estava desarrumado como o de um bêbado, havia um machucado feio na minha testa, que escorria sangue. Bom trabalho, Ambre. Fiz meu melhor para ajeitar meu cabelo, lavei a boca e o machucado na testa com água, mas mesmo assim não parava de sangrar. Resolvi deixar assim mesmo, não achei que a diretora ia se importar. Saí do banheiro com cheiro de química e me sentei na cadeira em frente à dela, a qual ela indicou com a mão.

-Senhorita Cameron. Por que fez isso?- perguntou ela finalmente, depois de analisar meu rosto por mais de meio minuto. Não respondi imediatamente, enumerando os motivos. Talvez por ela ter zombado dos meus pais falecidos e ter tentado me roubar? Ah, já mencionei que eles foram assassinados?

-Ela vandalizou meu armário.- Eu não tenho que me justificar para você, mas aquela loira arrogante entupiu meu armário de lama. E aí, vai fazer alguma coisa ou você só presta para ostentar o título de diretora?

-Você tem provas disso?- ela estava perfeitamente calma, olhando nos meus olhos. Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. 

-E eu preciso de provas?- aumentei meu tom de voz, incrédula. Não pude evitar.

-Sabe, essa é uma acusação muito grave. Se não puder provar o que está dizendo...- ela faz uma pausa.- A questão é que você agrediu uma aluna e acusou a mesma de algo muitíssimo grave. Nenhum dos estudantes viu a Srta. Ambre executar nenhuma de suas acusações.

Não olhei para ela, mas não mantive a cabeça baixa. Me recusaria a fazer isso. 

-Olha aqui, Diretora. Eu não me importo como você dirige essa escola, mas eu sei o que aquela garota fez! Eu perdi tudo que eu tinha da minha vida anterior por causa de uma vingança idiota! Eu admito que dei um soco na cara dela e nós duas brigamos, mas se eu pudesse eu dava outro! E a senhora não sabe o que aquilo significava para mim, melhor calar a boca!- falei tudo de uma vez. Joguei minhas mágoas e desabafei tudo em cima da diretora, que foi ficando com o rosto vermelho enquanto eu falava. Quando terminei, uma veia pulsava na sua testa.

-Senhorita Cameron! Abaixe a voz para falar comigo! Você vai ser suspensa por brigar com uma aluna e ela também pelo mesmo motivo.- depois continuou, mais calma -Eu tenho motivos suficientes para lhe expulsar, mas não vou te expulsar. Vocês já foi expulsa uma vez e não quero causar o mesmo desprazer à sua tia. Saia, senhorita Emily. Nós duas sabemos que esse não é seu verdadeiro nome.

Gelei quando ela quase falou meu verdadeiro nome, meu nome de batizado. A palavra amaldiçoada. Eu havia mudado de nome, mas não oficialmente, então meu RG, minha certidão de nascimento e todos os meus documentos estavam com aquele nome. 


Notas Finais


Meu deus! Mal chegou e a docete já tá dando na cara das inimigas!

Espero que tenham gostado 😊

Beijos ❤️


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