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História I'm still here - Six- To the mountain


Escrita por: OnlineGirl

Notas do Autor


Boa leitura📚

Capítulo 6 - Six- To the mountain


Fanfic / Fanfiction I'm still here - Six- To the mountain

                              Emily

Onze dias depois, lá estava eu. Os alunos entravam apressadamente no ônibus amarelo, outros ainda guardavam suas malas. Minha tia sorriu e me deu a minha mochila com comida, roupas, meu iPod e fones, meu bloco de desenho, meu estojo de desenho e uma garrafa com água.

—Tome muito cuidado, tome água e se divirta!— Agatha me abraçou de lado. Ela parecia uma mãe preocupada fazendo aquilo, mas só estava tentando me proteger. Eu acho. Esqueci os acontecimentos de dez dias atrás, já tentei diversas vezes saber o que ela fazia durante o tempo que ficava fora de casa, mas nunca pude descobrir. Daqui a um dia, quando voltasse da montanha, ia falar com ela. Me despedi com um aceno, entrando no ônibus. A maioria dos lugares já estavam ocupados e o único disponível era ao lado do... Cabeça de Menstruação. Ele estava debruçado na janela do ônibus, os braços no encosto do banco, contemplando alguma coisa que eu não via. Olhei para os lados em busca de qualquer lugar vago, mas não tinha. Me joguei ao lado do Castiel, que se virou ao ouvir o barulho do estofado. 

—Parece que alguém gosta de mim.— ele murmurou, com um sorrisinho vitorioso no rosto. Virei a cara, bufando.

—Vai sonhando.— sussurrei com um sorriso de lado, pegando meu iPod e enfiando os fones no ouvido. Coloquei AC/DC pra tocar, balançando a cabeça no ritmo da música. Ia pegar o bloco de desenho, mas preferi ficar sentada no banco azul observando a paisagem.

—Então. Você deu uma lição na loira, não deu? E eu pensei que eu fosse problemático.— ele puxou assunto. De repente, senti que todo o drama de dias atrás voltou à tona.

—Eu não quero falar sobre isso.

—Tudo bem. Eu sei como é ser diferente dos demais.— não respondi, por medo de que ele descubra quem eu realmente sou. Ninguém pode saber minha verdadeira natureza ou o que aconteceu comigo. O Castiel estava sentado na janela, mas isso não me impedia de ter uma boa visão do lado de fora. Estávamos no fundo e todos sabem que o fundo é o melhor lugar para olhar a paisagem. Vi Ambre entrando com as amigas e desviei o olhar. Ela lançou um olhar de ódio na minha direção que não entendi. Sim, eu sabia que ela me odiava, mas era algo mais do que ódio. Parecia... ciúme. Três alunos desconhecidos saíram de seus bancos para que ela e as amigas pudessem se sentar confortavelmente no fundo, duas cadeiras à frente da nossa. Assim que elas entraram, o motorista fechou a porta e senti o ônibus começar a se movimentar. As ruas estreitas começaram a passar mais rapidamente no meu campo de visão e iniciamos nossa viagem. Passei a maior parte do tempo ouvindo a minha playlist e olhando pela janela. Castiel ocupava bastante espaço, mas eu consegui captar pequena fração da paisagem. Passamos por estradas e em algumas cidades pequenas até chegar à montanha. Em um ponto a floresta começa a se fechar ao redor do ônibus, engolindo-nos em uma completa escuridão quebrada por um facho de sol. Quando chegamos, Castiel estava jogando uma bolinha de papel que havia achado embaixo do banco de uma mão para outra. Eu ainda ouvia minha playlist, quase imersa em um delicioso sono. Ouvia as vozes dos cantores já muito distantes e baixas, como se eu estivesse em um cômodo com a porta fechada ou ouvindo algo pelo telefone. O ruído de alguém se movendo ao meu lado me despertou. A maioria dos alunos já estava descendo, enquanto o motorista pedia calma. Ambre reclamava sobre animais selvagens ou algo assim com Li. Me levantei devagar do meu assento, pensando se a viagem havia demorado tanto assim. Já eram quase uma hora da tarde. Todos fizemos uma fila indiana para descer do ônibus, aterrissando levemente na trilha de terra batida. Era uma floresta pouco famosa e a montanha também não era grande coisa. Não era um lugar muito conhecido, sendo que éramos as únicas almas vivas no local, além de prováveis animais selvagens, embrenhados na escuridão interminável fora da trilha. Um professor nos guiou pela trilha, na qual andamos por alguns quilômetros. Ouvi reclamações mais ao fundo de pés doendo e cansaço. Para abafá-los, enfiei os fones de ouvido e coloquei uma música do Queen no volume máximo. Não escutei as instruções do professor, mas não devia ser importante, de qualquer forma. Segui pela trilha por alguns quilômetros, até que o professor nos mandou parar.

—Certo. Agora faremos uma pausa e depois prosseguiremos com a caminhada em direção às montanhas. Daqui a quinze minutos, escolheremos as duplas e iniciaremos uma gincana pela floresta. — ele avisou. Ouvi sua voz baixa e distante e finalmente tirei os fones de ouvido. A grande maioria dos alunos deu um suspiro de satisfação e se dispersaram da fila. Me joguei no chão, sentindo o suor se acumular nas minhas têmporas e escorrer pelas costas. Bebi um gole longo da garrafa d'água e dei um nó em meu cabelo curto da melhor forma de pude. Os professores se puseram a conversar em um canto mais afastado, mas de olho nos alunos. 

—Alunos! Atenção aqui, por favor.— gritou a diretora. Ela esperou todos os presentes olharem para ela e o burburinho se calar para continuar.—Agora é o momento da decisão das duplas. Nós discutimos um pouco e chegamos à uma conclusão. Iris e Melody, por favor. Deixa eu ver... Ambre e Kentin. Nathaniel e Rosalya. Armin e Bia. Castiel e Emily.

Não acreditava. Parecia que o universo estava conspirando para eu ficar com o Cabeça de Menstruação o tempo todo. Parecia até um tipo de macumba e chegava a ser irritante. Me levantei notavelmente devagar e me escorei em uma árvore ao lado do ruivinho. A diretora falou mais alguns nomes e depois explicou a gincana. Seria algo bem simples, tipo uma corrida, mas dentro da trilha. Não era muito boa em gincanas, mas era boa corredora. Exercia essa prática todos os dias indo para o colégio. Foram amarrados lenços de cores diferentes em nossos tornozelos e nos agachamos. Todas as duplas estavam agachadas também, alguns sorriam vitoriosamente. Eu estava bem feliz por ter lembrado de colocar confortáveis tênis. Foi dada a largada e começamos a correr, levantando poeira no chão de terra. Senti dificuldade de correr bem ao ter a minha perna atada a do Castiel, mas ele parecia contornar o problema melhor. Avançamos mais que a maioria, ficando em primeiro lugar em dado momento e depois perdendo a posição para dois alunos desconhecidos. 

—Que merda!— praguejei ao ver que algo faltava. Olhei para trás em busca do objeto perdido, mas nada.

—O que aconteceu?— perguntou o ruivo, a respiração entrecortada pelo esforço de correr e falar ao mesmo tempo.

—Eu perdi o meu iPod. Eu preciso pegar, é sério.— já estava me abaixando para desamarrar o lenço, mas o nó que eu dei foi bem forte pela pressa. 

—O quê? Ah meu deus... você não pode procurar depois? Estamos quase ganhando!

—Eu não posso arriscar! Paguei 150 dólares nele. Juntei durante três meses uma parte do meu salário.— dito isso, ele finalmente se convenceu e fez um gesto para voltarmos. Caminhamos por um tempo, mas estranhamente não víamos outros alunos nem professores. A floresta estava mais densa e o caminho não era o mesmo que eu me lembrava. Não podíamos estar perdidos, não era possível. Mas estávamos. Comprovei isso olhando ao redor e não reconhecendo as árvores. A árvore que eu tinha como referência era um pinheiro alto e com uma falha na casca. Não havia nem sinal dele.

—Eu acho que estamos perdidos.— declarei depois de um tempo perambulando. Não havia achado meu iPod, o nosso objetivo principal, e havíamos nos perdido no meio da floresta. Sozinhos e sem comida.

—É sério? Tudo bem, você trouxe seu celular?— ele perguntou, estranhamente calmo. Seu tom de voz não estava alterado. Comecei a fuçar nos bolsos em busca do aparelho só para me lembrar que havia o esquecido em casa, em cima da cama. Havia pensado que podia ficar um dia sem celular, principalmente se esse dia fosse em uma floresta sem civilização próxima e nem sinal. De qualquer forma, não ia mudar nada se eu tivesse, já que lá era um lugar isolado. Ele nem esperou eu dar resposta para saber que eu não tinha trazido. Pelo visto, ele também não.

—Vamos tentar seguir na direção do rio, talvez encontremos os outros. Você acha que eles estão nos procurando?— questionei, mais para mim mesma do que para ele. Se seguíssemos na direção do rio, logo chegaríamos à uma clareira ou algo assim. Talvez encontrássemos a trilha.

—Não. Cedo demais. Nem devem ter dado nossa falta, mas logo começarão a dar. Venha, vamos seguir pelo rio. Mesmo se não voltarmos à trilha, com certeza encontraremos um lugar para passar a noite.— dito isso, seguimos pelo rio. Já era tarde e mesmo eu não tendo trazido relógio, sabia que deviam ser cerca de três horas. Estava uma tarde quente como o inferno, deviam fazer mais de 30 graus. Senti o suor empoçar minha regata. Vi que o ruivinho também estava com calor. Quanto mais andávamos, mais longe o nosso destino parecia estar. Só queria me sentar um pouco. 

—Já está escurecendo, melhor acharmos um lugar para dormir.— disse ele após um tempo andando. Concordei. Não via a hora de poder me sentar em algum lugar. Estava cansada, com calor e irritada. Só esperava que já estivessem dado nossa falta.

—Tudo bem. Amanhã tentamos ser resgatados ou algo assim. Acho que tem uma clareira do outro lado, melhor atravessarmos o rio.— apontei em direção à uma pequena área aberta ao longe, do outro lado do rio. O céu estava de um azul opaco e algumas estrelas miúdas já surgiam. Então atravessamos o rio, mantendo a mochila acima de nossas cabeças. Eu tinha coisas bem importantes nela e não pretendia perdê-las. Nossas roupas ficaram molhadas, mas eu não me importei. Só queria encontrar algum lugar para descansar e amanhã avaliaria tudo. Nunca havia... me perdido em algum lugar. Na verdade, nunca fui a lugares onde pudesse me perder. Depois da morte dos meus pais, eu me tornei uma criança bem introspectiva e só ia aos lugares se meu avô estivesse junto. Lamentei chegar ao final do rio, gostando da sensação da água fresca me encharcando e do tranquilizante som da correnteza batendo nas pedras. Me joguei na grama macia e molhada, suspirando. 

—Eu acho que temos que tirar as roupas.— disse o ruivo, começando a desatar o cinto. Fiquei indignada, me afastando dele. Eu não podia acreditar que em uma hora como aquelas ele ia querer fazer... aquilo. Será que ele ia me estuprar? Ao ver a minha cara, ele começou a rir. —Estão encharcadas. Vou colocá-las para secar para eu não pegar uma pneumonia, mas se não quiser não tire. O problema não é meu.

—Vire-se.— murmurei. Ele me obedeceu, virando para trás com as mãos erguidas. Tirei a regata, os shorts e o tênis, ficando apenas de sutiã e calcinha. Antes que ele visse algo, tirei  uma manta da mochila e enrolei no corpo. Ele tirou com uma rapidez impressionante a camiseta. Virei rapidamente a cabeça para o lado, tentando não olhar para seu tronco nu. Era a primeira vez que alguém ficava assim na minha frente. Quer dizer, sem a parte de cima. Ele se sentou na grama úmida, abrindo sua mochila de lona preta, procurando por alguma coisa. Eu estava realmente com fome agora, com o estômago vazio se revirando. Não havia trazido nada para comer, exceto o meu lanche: um sanduíche de geleia e creme de amendoim que já havia derretido no sol, espalhando seu recheio gosmento por todo o meu pote de panda. Ele retirou uma barra de cereal do fundo da mochila. Estava quebrada e quente pelo contato humano, mas a fome venceu e eu a aceitei. Mastigamos em silêncio, escutando os sons da noite se agitarem ao nosso redor. Ao terminar, joguei a embalagem longe, que aterrissou na grama fofa na escuridão da floresta. Estava muito escuro, mal podia ver silhuetas. Não sabia que horas eram, mas já era noite. Queria muito dormir, mas tinha coisas a resolver primeiro. Só esperava que já estivessem nos procurando. Já havia visto documentários de pessoas que se perderam em florestas, ilhas, cidades e nunca mais foram vistas. Eu não queria isso. 

—Vou pegar lenha.— avisou Castiel, quebrando o silêncio. Eu não queria que ele fosse, não queria ficar sozinha na escuridão da floresta. Tinha tanto medo do escuro...                       Não pedi que ele ficasse ou algo assim, só concordei com um aceno de cabeça, me encolhendo sobre os joelhos. Ele saiu, se embrenhando entre as árvores, me deixando só com os barulhos do rio e da noite. Olhei para os lados. Criaturas inexistentes, com bocarras e olhos vermelhos tentando me pegar surgiram na escuridão, entre as árvores. Fantasmas do passado. Não sei por quanto tempo eu fiquei lá. Por horas, dias ou anos. Só sei que cheguei ao auge da loucura e voltei a insanidade. Quando ele voltou, eu estava encolhida em posição fetal, chorando compulsivamente e me afastando do escuro o máximo que pude.

—Você está bem?— ele se ajoelhou ao meu lado e eu comecei a gritar, afastando-o. Era um monstro, era um monstro. Tinha que ser. Veio para me buscar, eu sabia. 

—Me solte, me solte! Me deixe em paz!— gritava, mas ele não me soltou. Só me... abraçou. Esperei o choro passar e comecei a respirar normalmente de novo. Relaxei em seus braços, fungando.

—O que aconteceu?— ele perguntou, mas eu não respondi. Não consegui responder. Não podia dizer ou ele ia me odiar para sempre. Não sabia por que me importava com a minha reputação diante de alguém que eu acabara de conhecer, mas eu me importava.

—Eu não posso.— disse e me desvencilhei.


Notas Finais


Acho que esse é o maior capítulo que eu já escrevi, então...

Espero que tenham gostado, favoritem e comentem (críticas construtivas são bem vindas)

Beijos❤️


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