História My Brothers Best Friend - Capitulo Único - Detalhes

Era mais uma daquelas manhãs em que tudo que o ChangKyun queria era continuar em sua cama macia, envolto por lençóis quentes, enquanto parecia que o céu estava caindo lá fora. Francamente, onde ele estava com a cabeça quando permitiu que seu irmão o incluísse na equipe de natação da escola? Pensando bem, desde quando ele praticava algum esporte? Não, nada daquilo era seu gênero. Preferia muito mais ficar em casa durante seus sábados de manhã, repassando as matérias e estudando inglês como sempre fez.

O mais novo levantou-se preguiçosamente e em seguida esticou os braços e relaxou o pescoço, rolando a cabeça de um lado para o outro. Desceu as escadas até o piso inferior lentamente, se amaldiçoando internamente por não ter vestido a camisa do pijama. Estava mais frio do que ele imaginara.

—Bom dia Chang. — O caçula apenas balbuciou as palavras em reposta ao irmão mais velho e continuou em busca de comida. Não era possível que Chanyeol tivesse esquecido de comprar seu cereal favorito. E o leite de soja também não estava na geladeira, assim como ele não viu nenhum sinal de castanhas ou iogurte dentro do armário onde a mãe deixava guardado as coisas preferidas pelo caçula.

—Hyung você se esqueceu de comprar o meu cereal. — Ele soou um tanto mimado e infantil, o que fez com não apenas uma, mas sim duas risadas soassem no cômodo. Os olhos de Chang arregalaram-se e ele sentiu se rosto esquentar quando encarou o sorriso com covinhas de Lee Jooheon.

Jooheon estava encarando o caçula da família Lim. A pele branca e lisa do menor despertava nele desejos e pensamentos nada puros. Ele era magro, esguio e tímido, o mesmo que o cativara desde a primeira vez que o vira na sala da casa do melhor amigo. ChangKyun pareceu realmente não o notar na mesa quando entrou na cozinha, parte de seu corpo ainda dormia. Ele estava ali sem camisa, com cabelos despenteados e sua aparência nunca pareceu tão agradável aos olhos do Hyung.

— Não seja um dongsaeng mal-educado, dê bom dia ao Jooheon e sente-se na mesa. — Chanyeol falou sentando-se e indicando o lugar do mais novo.  

—Bom dia Jooheon hyung. — O caçula sentou-se na frente dos dois e começou a servir-se silenciosamente antes que a vermelhidão de suas bochechas lhe entregasse.

—Bom dia Chang. — Jooheon tentou soar normal, apesar de ser mais velho e ter alguma experiência com a tal situação ele não conseguia disfarçar muito bem o nervosismo que tomava conta de si quando Lim ChangKyun estava próximo.

Chang queria ser a maçã que Jooheon mordia tão deliciosamente. Os lábios vermelhos do mais velho nunca lhe pareceram tão suculentos, atrativos e irresistíveis. Se bem que tudo em Jooheon lhe parecia deliciosamente pecaminoso. Desde os sorrisos que mostravam as covinhas que chamavam a atenção tanto de meninas quanto meninos, aos braços brancos e as coxas fartas que faziam Chang perder-se olhando-o durante os treinos de judô. Ele gostava de ver a respiração falha, o corpo movimentar-se agilmente no tatame e seu olhar compenetrado. O sorriso que se espalhava pelo rosto dele após uma vitória em uma luta fazia com que o mais novo ficasse desconcertado. O mais velho conseguia ser extremamente sexy até mesmo quando não fazia ideia que havia alguém lhe observando com tanto desejo.

— Se continuar comendo tão devagar vamos nos atrasar e o técnico não gosta de atrasos. —Chanyeol encarou o irmão e se levantou da mesa acompanhado pelo melhor amigo, o último demorou mais um tempo deixando que seus dedos bagunçassem os fios negros do caçula.

ChangKyun sentiu o estômago girar e naquele momento perdeu toda a forme que tinha. Ah se Lee Jooheon soubesse o efeito devastador que tinha sobre ele. Mas Chang sempre achou que o rapaz mais velho nunca teria olhos para ele. Por favor, era sonhar demais sentir os lábios do maior sobre os seus, a respiração falha em seu ouvido e palavras indecentes sendo proferidas como confidencias. O moreno levantou-se vagarosamente e subiu as escadas de volta para o quarto, respirou enquanto se trocava e foi até o banheiro escovar os dentes e lavar o rosto. Seu irmão mais velho com certeza queria matá-lo. Eles estavam quase atrasados para sair de casa.

— Agradeça ao Shownu hyung que se ofereceu para nos buscar, do contrário iriamos nos atrasar, ChangKyun. — Seu irmão mais velho que estava a sua frente, abriu a porta lateral e ele apenas seguiu-o. Jooheon sentou-se na frente ao lado do motorista. Todo entusiasmo que Chang sentiu anteriormente causado pelo singelo carinho do ruivo sumiu quando notou o sorriso que ele trocou com o rapaz sentando ao seu lado. Era bem obvio com quem o rapaz combinava mais. Ele não gostaria de competir com o mais velho, sabia que iria perder. Son Hyunwoo era bem mais bonito que ele, tinha um corpo de dar inveja e pelo que sabia além de ser um aluno incrível, ainda era capitão do time de futebol da escola. Ele suspirou soprando a franja de cabelos negros sobre os olhos, fato que não passou despercebido por Jooheon, e ficou encarando a paisagem por onde o carro passava.

Assim que que Shownu estacionou próximo a escola, Chang se despediu rapidamente dos mais velhos e correu para as piscinas. Ele queria poder nadar até lavar todas as lembranças que tinha de Lee Jooheon na cabeça. Ah, por que diabos ele não conseguia parar de pensar naquele sorriso cheio de covinhas? O moreno estava tão concentrado em tentar esquecer, sem sucesso é claro, que sequer notou um certo ruivo que havia fugido do treino apenas para olhá-lo.

— Sabe que Channie vai querer matar você se partir o coração do irmãozinho dele, não sabe? — Shownu surpreendeu o amigo observando as piscinas também, mas sem grande interesse. A verdade é que para o mais velho o que lhe importava estava nas quadras de tênis que ficavam a alguns metros dali.

— Eu sei, mas estou disposto a arriscar. E eu não vou partir o coração dele. Não sou um idiota como você. — Ele fez pouco caso do mais velho recebendo assim um tapa na nunca. O ruivo riu alto chamando a atenção do moreno que encarou a cena e bufou mais uma vez naquele dia. Lee Jooheon não iria mesmo facilitar as coisas pra ele.

— Hei, Lim! Atenção no seu tempo, preciso que mantenha o foco nesse revezamento. — O capitão da equipe gritou e Chang mergulhou em direção ao início das raias mais uma vez. — O que está acontecendo com você? Tinha o melhor tempo de revezamento e no borboleta e agora está nadando como um perdedor. Melhore isso Lim!

ChangKyun afundou na água e soltou todo o ar dos pulmões lá em baixo. Por que ele estava parecendo um maricas nadando? Emergiu novamente e ignorou os dois amigos que estavam encostados no corredor que dava visão a piscina. Ele já não tinha grandes qualidade para chamar atenção de Jooheon, não podia ser um perdedor também.

Chanyeol saiu do tatame sentindo todo o seu corpo reclamar, e quando avistou Jooheon voltando do corredor das piscinas, um sorriso divertido tomou conta de seus lábios. Seu amigo não sabia disfarçar muito bem o quanto estava interessado no seu irmão caçula.

— Se partir o coração dele, eu quebro você Joo. — O jovem passou pelo amigo sorrindo de canto, com a faixa preta do uniforme de luta sobre o ombro.

Jooheon ficou parado no meio do caminho, apenas absorvendo as palavras ditas pelo amigo. Não era possível que aquilo estivesse tão obvio assim, não é? Aquilo não podia ser obvio, pelo amor de Deus, ele jamais daria tão na cara assim se estivesse afim de alguém. Ou será que era tão claro assim para todo mundo?

O problema de Lee era que não era apenas mais um alguém. Aquele era Lim ChangKyun, um garoto que vinha tirando a sua sanidade a meses. Os olhares inocentes do mais novo, os sorrisos tímidos e a forma suave como ele falava deixava o mais velho necessitado de contato. Ele já perdera a conta de quantos banhos gelados tomara por causa daquele moleque. As vezes ele mal se reconhecia. Ah ele daria um jeito em toda aquela inocência fingida de ChangKyun, não era possível que o garoto não estivesse percebendo que ele estava ali, tão na dele.

Chang queria poder não sentir seu corpo. Os músculos doíam tanto que ele seria capaz de entrar em uma banheira de gelo só para não poder sentir mais nada. Ele estava cansado, deveriam proibir o treinador de fazer isso com os alunos. Ele pode ver Minhyuk na arquibancada sentando, entediado com o celular nas mãos. Ele ainda usava o uniforme do time de tênis da escola e tinha o rosto apoiado em uma das mãos. Chang não sabia explicar como eles se aproximaram, mas em algum momento durante a escola ficaram amigos. Talvez tenha sido por ambos passarem as tardes na biblioteca, ou por terem participado do clube de xadrez na mesma época. A verdade é que desenvolveram uma amizade bastante forte, e ambos gostavam daquela proximidade.

— Hei Minhyuk hyung! A quanto tempo está aí?

— Tempo o suficiente para fugir daquele idiota do Son Hyunwoo. Ele estava lá fora na saída quando meu treino terminou, não quero vê-lo tão cedo. — Minhyuk encarou o mais novo seriamente. Chang deu uma risadinha do bico que se formou nos lábios do amigo.

— Acho que você deveria perdoá-lo. Sabe que ele gosta de você, e ele não fez por mal! Era você quem tinha aquela lista estúpida no bolso. Aliás, que ideia ridícula era aquela?

— Deixei que meu hyung me convencesse. Ele disse que era o suficiente para que eu tivesse boas memorias do colegial, eu sou bem idiota, não é? —O rapaz de fios descoloridos escondeu o resto nas mãos e bufou mais uma vez.

— Não diria idiota, mas você deveria ter tentando esclarecer tudo antes de sair correndo como uma virgem. — O moreno disse olhando o amigo com pena, seus dedos perderam-se nos fios loiros, fazendo com que Min sorrisse com as palavras e o gesto do mais novo. Entretanto o pequeno gesto não passou desapercebido por Jooheon que vinha descendo as escadas para ir até o vestiário. Ele não soube porque, mas um sentimento de posse tomou conta de si. Um certo desconforto por ver os dois garotos tão próximos. 

— Desde quando você é um dongsaeng tão mal-educado hein?

— Eu vou me trocar e depois podemos comer alguma coisa. — Chang fugiu do amigo e sorriu. Ele ia se distanciar quando a temida pergunta saiu dos lábios do mais velho.

— Quando é que você vai falar com Jooheon? Sabe, se eu corri como uma virgem é você quem vive fugindo como uma garotinha com medo. Todo mundo já percebeu que você tá afim dele. — Minhyuk encarou-o, vendo que o rosto do amigo perdera toda a cor e logo suas bochechas ficaram em um todo vermelho-rubro. Não era justo que apenas o caçula se divertisse sobre seus problemas amorosos.

— Ei, isso não é obvio viu?! — O Lim estava indignado. — Eu não estou afim do Lee Jooheon! —Falou parecendo querer convencer mais a si mesmo que o outro.

— Ah não, sou eu quem fica vermelho quando nota que ele está vindo pelo mesmo corredor que a gente. Ou melhor, sou eu quem fica babando enquanto ele treina durante as aulas de educação física. Sou eu mesmo que sequer consegue falar quando o Lee está na mesma mesa. Só você ainda não percebeu o quanto isso tá obvio Chang. — Min só podia estar brincando com a sua cara. Quer dizer, ele não ficava vermelho quando via o rapaz de fios avermelhados, e muito menos ficava babando enquanto ele treinava. Tudo bem, ele ficava lá parado, vendo o treino todo, mas não babava. Não pela boca. E ele só não via motivos para atrair a atenção para si quando Jooheon estava tão perto.

— Eu vou falar com Lee Jooheon quando você falar com Shownu-Hyung. Eu estou indo me trocar e não quero mais falar sobre isso. — Chang saiu andando em direção ao banheiro e deixou o amigo com um sorriso brincando em seu rosto. Pelo menos a vida de alguém estava mais simples que a sua. Onde ele estava com a cabeça quando caiu na lábia de seu irmão mais velho?

Jooheon viu o pequeno bico que estava formando nos lábios do caçula. Aquele biquinho que ele fazia quando algo dava errado ou quando estava levemente irritado. E ele adoraria desfazer aquela cara emburrada que ChangKyun fazia no momento.  

Chang suspirou quando entrou no corredor dos vestiários, algum imbecil deveria ter apagado a luz como sempre. Ele já estava acostumado com isso, era sempre o último a sair da piscina. Foi rápido e quando se deu por conta estava imprensando contra a parede sentindo um corpo quente contra o seu.

— Você sabe que eu te quero não sabe Chang? — Ele reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Sentiu as pernas bambearem quando a respiração quente do mais velho tocou a pele sensível de seu pescoço. — Hein? Você não sabe o que tem feito comigo.

Naquele momento o corpo forte do rapaz ruivo o prendeu ainda mais contra a parede. Droga, por que Lee Jooheon estava brincando com ele daquele jeito? Não era engraçado. Ele não queria ser mais um passatempo para ele.

— Jooheon hyung... — O mais novo estava com uma dificuldade enorme em formular simples palavras. Deveria ser porque agora os lábios de Lee estavam em seu pescoço e logo ele ouviu uma risadinha vinda dele.

— Eu gosto da forma como você fala meu nome, ChangKyun. — Ah droga, era ele mesmo. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, Chang pode sentir sua cintura ser segurada com forca e seus lábios serem cobertos sem grande delicadeza. LEE JOOHEON ESTAVA BEIJANDO-O? Suas pernas fraquejaram naquele momento, e em busca de apoio ele passou os braços pelo pescoço do mais velho.

Jooheon não acreditava no que estava fazendo. Ele estava beijando o irmão mais novo de seu melhor amigo em um corredor escuro. Ele estava gostando de sentir o corpo magro do maknae contra o seu. Os braços de Chang estavam em seu pescoço e o mais velho se aproveitou disso para diminuir ainda mais o espaço entre eles. Os lábios do maior desceram até o pescoço alvo do caçula e o rapaz sorriu ao ouvir a forma desesperada que Chang respirava. E quando sua mão se aventurou a descer até a bunda do moreno ele ouviu um gemido tímido, ah aquele garoto ainda seria seu fim.

Droga, ChangKyun não podia se deixar levar por aqueles beijos. Que por deus, eram os melhores beijos que ele já tinha provado na vida. Não que ele entendesse muito sobre o assunto, porque só tinha beijando um ou dois rapazes. Mas com certeza Jooheon havia feito um curso de verão sobre como beijar maravilhosamente bem. Ele tinha que parar aquilo.   

Mas assim como começou muito rápido, terminou muito rápido. Jooheon sentiu as mãos de Chang empurrar-lhe de uma única vez. Que droga aquele garoto estava fazendo? Ele sentiu os olhos do mais novo sobre si e havia algo ali que ele nunca tinha visto antes. Era arrependimento? Chang virou as costas para ele e correu até o vestiário. Alguém deveria ter avisado para o garoto que ele não devia correr descalço por aí.

A última coisa que ChangKyun sentiu foi uma forte dor tomar conta de seu corpo e algo quente escorrer de seu nariz. Sangue.

Jooheon queria se amaldiçoar agora. Por que ele tinha que ter agido daquele jeito com o mais novo? Devia ter se controlado mais, chamado o menino para um sorvete, um cinema, um passeio, qualquer coisa que não o colocasse em perigo. Ele estava sentando ao lado do garoto na enfermaria da escola. Chang ainda parecia zonzo, mas seu nariz já havia parado de sangrar. Ele evitava a todo custo encontrar o olhar de Jooheon, porque não sabia como iria reagir a partir daquele momento.

A volta para casa foi estranha, isso para dizer o mínimo. Havia um sorriso brincalhão no rosto de Shownu, e Min parecia consideravelmente desconfortável ao lado do maior. Ele estava emburrado isso sim, e quase deu um soco no mais velho quando ele tentou colocar a mão sobre sua coxa enquanto dirigia.

— Tem certeza de que não precisa de mais nada? Onde diabos se meteu o Channie hyung? Você não deveria ficar aqui sozinho depois de ter ficado tão mal na escola. — Minhyuk estava demasiadamente preocupado andando de um lado para o outro no quarto do amigo. — Tem certeza que não quer eu que durma aqui? Você pode passar mal a noite!

Shownu estava na porta, apenas esperando que o mais novo quisesse ir embora para que ele o levasse em casa. Ele sentiu um sorriso dançar em seus lábios com a forma como o garoto tratava o amigo. Se ele não tivesse tanta certeza dos sentimentos de Minhyuk sobre si, estaria enciumado com tudo aquilo.

— Eu estou bem Min, sério. Channie hyung deve chegar daqui a pouco e eu posso me virar sozinho. Eu não quebrei nada lembra? — ChangKyun riu divertido e encarou o amigo.     Ele sabia muito bem que o outro estava tentado fugir de ter que ficar sozinho com Shownu. Parecia mesmo uma virgem. Chang notou o olhar desesperado do amigo quando viu que teria que voltar sozinho para casa com o capitão do time de futebol.  

— Não se preocupe Minhyuk, eu vou tomar conta dele. Pelo menos até que Channie chegue. — Jooheon entrou no quarto segurando uma bandeja com algo em cima. Ao mesmo tempo em que agora quem tinha o olhar desesperado era ChangKyun. Minhyuk sorriu maldosamente para o amigo e ergueu a sobrancelha, ah o doce sabor da justiça.

A verdade é que nenhum dos dois mais jovens estava satisfeito com o rumo que as coisas estavam tomando. Minhyuk se arrependeu de não ter insistido em ficar assim que sentiu Shownu o prender contra o balcão da cozinha.

— Hei Min, me desculpe está bem? Eu fui um idiota e sinto sua falta. — As palavras foram proferidas todas de uma única vez. Minhyuk queria virar-se para o rapaz e acabar logo com aquilo, mas ainda se sentia machucado pelas palavras do mais velho. Ele era forte, podia resistir aos encantos do mais velho. Isso até sentir os lábios dele mordendo o lóbulo de sua orelha, ah droga, ele sabia o quanto aquilo o afetava. A mão de Shownu estava em sua cintura e apertou o local levemente. O que era aquilo? Por que aquele imbecil ainda tinha tanto efeito sobre si?

— Nós não podemos.... Nós não damos certo. — O próprio Minhyuk já não tinha tanta certeza de suas palavras. Ele sentiu os beijos do rapaz alcançarem seus lábios e deixou-se levar por algum tempo, até que Jooheon entrou no ambiente.

—Eu não sabia que vocês ainda estavam aqui. Não confia em mim para cuidar do ChangKyun, Minhyuk? — Um sorriso enfeitado por covinhas estava desenhado sobre os lábios de Jooheon e ele encarou o sorriso de agradecimento de Shownu. — Pode ir para casa Min, te dou minha palavra de escoteiro que se algo der errado você vai ser o primeiro a saber.

O loiro saiu de trás do balcão e subiu as escadas para se despedir do amigo.

— Não vacila com ele dessa vez, ou juro que ajudo Wonho a quebrar essa sua cara de convencido. Ele é um garoto legal. — O rapaz de fios avermelhados disse apoiado na bancada de granito enquanto o maior parecia ansioso.

— E você, que sequer falou com o Chang ainda? Ou acha que atacar o menino em um corredor escuro é o suficiente? — Shownu devolveu a provocação deixando o amigo pensativo onde estava.   

Minutos depois o garoto de fios descoloridos desceu as escadas e postou-se ao lado da porta. Despediu-se de Jooheon e esperou Shownu que fazia o mesmo. Os dois saíram pela porta, e Jooheon ria do desespero de ambos, esquecendo-se um pouco do próprio.

Chang estava entediado no quarto. Min não estava respondendo as suas mensagens e Chanyeol parecia ter tomado chá de sumiço. Ele bufou impaciente e soprou a franja sobre os olhos. Notou que já estava tudo escuro do lado de fora quando Jooheon entrou em seu quarto.

— Está com fome? Posso fazer algo pra você ou pedir uma pizza. — O mais velho deixou que sua mão verificasse a temperatura da testa do caçula e tentou sorrir amigavelmente. Havia um rubor espalhado por todo o rosto de Chang e Jooheon achou aquilo extremamente fofo.

— Não, estou bem assim Jooheon hyung. Mas muito obrigado por se preocupar. — Lim respondeu sem muita convicção.

— A culpa é minha por você estar com essa luxação no pé Chang. Esse é o mínimo. — O mais velho estava sendo sincero quanto à culpa que sentia por ter sido responsável por ter machucado o caçula.

— Está tudo bem hyung, de verdade. Isso não teria acontecido se eu não tivesse corrido feito uma garotinha medrosa. — O moreno ainda tentou fazer piada, mas ambos já estavam desconfortáveis o suficiente para rirem.

Jooheon pareceu querer dizer algo para o menino, mas ao notar que ele estava entretido com a televisão resolveu que deixaria aquilo de lado.

— Eu vou estar no quarto do Channie, se precisar é só me chamar. — Jooheon quis se amaldiçoar por não conseguir falar mais nada. Mas também, o que ele poderia dizer? “Hei, me desculpa por te atacar no corredor? ” ou “Foi mal por ter bancando o descontrolado”?

O rapaz de fios rubros andou vagarosamente até o quarto do amigo e se sentou na poltrona perto da janela. Por que ele tinha que se apaixonar logo pelo irmão mais novo de seu melhor amigo? Aquilo era contra as regras de qualquer amizade. Ele jogou a cabeça para trás e sentiu vontade de poder voltar no tempo e mudar tudo aquilo.

ChangKyun não soube por quanto tempo dormiu. A televisão ainda estava ligada, mas agora exibia um programa de vendas de joias. Ah que droga, por que sua cabeça doía tanto? Ele se sentou na cama vagarosamente e procurou pelo pijama que deveria estar em cima da cadeira ao lado da mesma. Vestiu a calça e ficou de pé, sem apoiar no membro machucado, e checou o celular.

Havia algumas mensagens não lidas, duas de sua mãe, três de seu irmão avisando que chegaria só na manhã seguinte e algumas enviadas a pouco tempo por Minhyuk. Ele abriu e seus olhos se arregalaram de uma vez. Seu amigo e o capitão do time de futebol estavam juntos outra vez. Ele respondeu as mensagens rapidamente e logo temeu quando apenas o digitando apareceu por longos segundos. Aish, não era possível que o amigo iria mesmo levar a brincadeira que fizeram em volta da piscina mais cedo a sério. E ele levou. Chang sentiu o estômago embrulhar quando Minhyuk lhe disse que era hora de cumprir a sua parte. Ele estava com Shownu, agora ChangKyun tinha que ir falar com Jooheon. Que porcaria, onde ele estava com a cabeça quando disse aquilo?  

Ele andou com alguma dificuldade até o quarto do irmão. A porta estava entreaberta e ele pode visualizar sem muita clareza o outro rapaz deitado de costas. Ah Jooheon tinha um ótimo corpo. Ele estava com o celular em uma das mãos e a outra estava debaixo do rosto. Usava apenas a calça de sua roupa de dormir e naquele momento Chang nunca pensou que fosse tão difícil se controlar. Ele ficou tanto tempo parado nos pés da cama apenas observando o corpo do mais velho que não percebeu quando esse abriu os olhos ainda confuso com o que estava acontecendo.

— ChangKyun? Está tudo bem? — A voz rouca de Jooheon o atingiu em cheio. Naquele momento o maknae vacilou e não conseguiu responder à pergunta do mais velho. O mesmo sentou-se na cama vagarosamente e encarou o olhar do caçula sobre si. — Me desculpe por hoje, eu achei que você também queria, sabe pareceu estar tão obvio para todo mundo que eu hm... É, eu acho que estou a fim de você.

Chang sentiu todo o seu rosto perder a cor naquele momento e respirou fundo.

— Eu achei que o hyung estivesse interessando em outra pessoa. — Disse baixo, não encarando os olhos do outro que agora estava a sua frente sem nenhum resquício de sono.

— Aish Chang, em quem mais eu poderia estar interessando além de você e todos esses sorrisos tímidos? — Jooheon disse mais pra si do que para o garoto a sua frente. Naquele momento o mais novo sentiu seu rosto avermelhar-se rapidamente e uma ligeira falta de ar tomar conta de si.

— O hyung acabou de dizer que está interessando... em mim? — Um sorriso tomou conta do rosto do outro rapaz enquanto Chang apontava para si incrédulo.

— Desde que você estava sorrindo adoravelmente na sala da sua casa para o Minhyuk. E depois eu comecei a te observar como um stalker louco. Mas você sempre pareceu inatingível demais. — O mais velho sorriu enquanto falava e desenhou o contorno do rosto do caçula com as pontas dos dedos. ChangKyun ainda estava estático na frente dele, mal respirava. — E eu confesso que passei a ir nos tornei de natação só pra ver você sorrindo depois de vencer. Eu gosto de te observar você Chang, você é totalmente beijável.

Naquele momento o filho mais novo da família Lim se forçou a reaprender a respirar. Ele sentia uma espécie de alegria sem fim tomar conta de si, as borboletas em seu estômago começaram a voar e tudo que ele conseguiu fazer foi se jogar contra o mais velho e aspirar o perfume cítrico que ainda estava em seu pescoço. 

— Me desculpe por sair correndo feito uma garotinha com medo. Eu ainda zoei o Minhyuk por isso, disse que ele saia correndo como uma virgem. — Chang admitiu tudo aquilo fazendo com que Jooheon soltasse uma gargalhada.

— Acho que ele agora tá mais pra uma ex-virgem que sai correndo. — Um sorriso malicioso tomou conta das covinhas e o garoto se perguntou como conseguiu resistir tanto tempo sem pular em cima de Lee Jooheon.

— Eu também observava você sabe? — O moreno disse como se fosse uma confidencia. — Gosto muito da forma como o hyung fica quando luta, me atrai bastante. E o seu sorriso de canto, com a covinha em evidencia é o meu favorito. E gosto como meu nome soa em sua voz.

Jooheon sorriu com aquilo e puxou o outro para um beijo. Um beijo suave, com sabor de reencontro. Eles se beijavam descobrindo-se um ao outro. E depois de alguns minutos precisaram respirar. O mais velho achou extremante fofa a forma como o menor escondeu o rosto em seu pescoço mais uma vez naquele dia.

Eles caminharam lentamente até o quarto de ChangKyun e deitaram-se para ver um filme qualquer que estivesse passando. A verdade era que nenhum dos dois conseguia tirar um enorme sorriso do rosto. E quando Jooheon puxou o outro para o meio de suas pernas, ele teve certeza que estava tudo certo. Obviamente eles não conseguiram se concentrar no filme. Ah não, Lim ChangKyun não ia conseguir isso nunca com o ruivo beijando-lhe o pescoço e fazendo carinhos nada inocentes por debaixo do corredor. Mas ele gostava daquilo, gostava muito. Quanto a Jooheon, ah ele estava concentrado sim. Concentrado nos gemidos que provocava no garoto a sua frente.

Tempos depois estavam deitados sobre a cama do menor, cobertos até a cintura. Chang fazia pequenos carinhos no rapaz, respirando profundamente o perfume do mais velho.

— Hyung... Como ficamos agora?

— Oras, agora somos namorados uê. Ah não ser que não queira. —  Jooheon sentiu um nervosismo conhecido no momento.

— É claro que eu quero Jooheon hyung, depois de toda essa nossa demora acha mesmo que eu diria não? — Chang riu e abraçou o outro. Era bom estar daquele jeito com ele. Era bom estar com Lee Jooheon.

— Hei Chang, eu realmente gosto gosto de você.

— Eu também gosto gosto de você Joo hyung. E por mim poderíamos ficar assim abraçado pra sempre. — Chang disse com manha fazendo o mais velho rir. Ele tinha toda a certeza do mundo que gostava mesmo daquele garoto.

Horas depois, Chang sentiu se celular vibrar. Era Minhyuk. Ele deitou a cabeça sobre o peito do, agora, namorado e tentou enquadrar ambos para uma selfie. Encaminhou o arquivo para o amigo, e não resistiu há uma provocação: “já soube por que você corre tão devagar, é uma ex-virgem muito lerda mesmo. ”