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História My Brother's Boyfriend - It's raining


Escrita por: formyouth

Notas do Autor


me desculpem pela demora x.x

sobreviveram aos teasers de cherry bomb?

boa leitura

Capítulo 6 - It's raining


 

Mark.

— Eu acho que o seu cunhado não gosta de mim. — Lucas disse, enquanto entrava no meu quarto e guardava sua mochila num canto. 

Haviam passado três dias desde que eu e Lucas começamos o trabalho e Taeyong ainda não parecia confortável com a presença do meu novo amigo. 

Minha aproximação com Yukhei também era estranha, tínhamos uma cumplicidade silenciosa que eu ainda não compreendia, mas que dispensava qualquer palavra ou explicação. Em contrapartida, minha relação com Taeyong, que havia avançado alguns dias atrás, esfriou. As vezes eu me pegava xingando mentalmente Lucas por atrapalhado tudo. 

Taeyong parecia mais distante do que nunca, quando Lucas estava junto era ainda pior. Comecei a cogitar a hipótese de que ele talvez estivesse com ciúmes, mas isso parecia impossível. Por que ele teria ciúmes de mim? 

Cogitei que fosse apenas superproteção, pelo o que eu sabia, Lee não tinha irmãos e talvez ele sentisse algum tipo de amor fraternal por mim. Essa ideia era menos empolgante que a primeira, porém fazia mais sentido. 

— Mark? — Lucas me despertou dos meus devaneios. — Tudo bem? 

— Sim, eu só... Estava pensando. 

— No trabalho? — Lucas se sentou na minha cama, ao meu lado. 

— É, também. — Hesitei. — Precisamos terminá-lo logo. 

Escolhemos trabalhar o livro brasileiro Dom Casmurro. Jaehyun me deu um exemplar dele no meu aniversário de dezessete anos, como se eu fosse me tornar um intelectual ou algo no tipo agora que estou no terceiro ano, mas eu nunca me preocupei em ler, até hoje. 

— Mark! — Lucas tomou o livro de minhas mãos. — Você nem está lendo. 

— Eu estou tentando me concentrar. — Tentei pegar o livro de volta mas ele não deixou. 

— Desde que começamos o trabalho você não leu uma página. 

— Claro que eu li. — Coloquei as mãos na cintura como sinal de irritação. — Eu fiz metade do trabalho. 

— Aquilo foi um resumo da internet. — Ele bateu levemente com o livro em minha cabeça e o guardou logo em seguida. — Que tal darmos uma pausa no trabalho? 

— Temos só dois dias para terminar isso. 

— Dois dias é muito e você disse que seu irmão pode ajudar a gente. — O tom otimista na voz de Lucas me fez aceitar a proposta, dando um sorriso como forma de afirmação. — Ótimo, me mostre o que você gosta de fazer em Seoul. 

Yukhei me puxou pelo braço enquanto descíamos as escadas. Eu não tinha muito costume de sair e inventava o máximo de desculpas possíveis quando os meninos me chamavam para algum lugar, minhas saídas esporádicas se resumiam em segurar vela para Jaehyun e Taeyong em qualquer lugar que eles me chamassem para ir, então eu realmente não gostava de fazer nada em Seoul. 

— Aonde vocês vão? — A voz de Taeyong nos parou na porta. 

Eu ia explicar que iríamos sair alguns minutos e voltaríamos logo, até Lucas me puxar para fora da casa sem me dar chance de dizer uma palavra. 

— Tchau. — Yukhei se despediu de Taeyong, fechando a porta numa batida. 

— Você não deveria... — Tentei voltar para consertar a fala de Lucas mas ele me impediu. 

— Vamos. — Disse, me puxando novamente. — Ele vai ficar bem. 

Eu não sabia onde levar Lucas. Eu ia a poucos lugares, como cinema, shoppings e algum fast food por aí, mas nenhum ambiente favorito ou que me fazia ir diligentemente até lá. Decidi então levá-lo até o parque Yeouido, onde Taeyong e Jaehyun me levaram uma vez, e segundo os dois, aquele havia sido o local do primeiro beijo de ambos. 

No caminho não conversamos muito. Apesar da nossa aproximação repentina nos últimos dias, eu ainda tinha dúvidas sobre Lucas, e ele sobre mim. Nossas poucas conversas eram sobre o trabalho e alguns outros assuntos aleatórios, mas eu sentia que aquele passeio de última hora tinha outro objetivo. 

— Por que me trouxe aqui? — Lucas disse, ao chegarmos no parque. Conforme andávamos ele ficava cada vez mais impressionado. — É lindo. 

— Sei lá. — Dei de ombros, como se o local não tivesse nenhum significado para mim. — É o único lugar que eu conheço que não seja um shopping.

— Entendi. — Lucas pareceu meio decepcionado com a minha resposta. 

Andamos pelo perímetro do parque, observando os belos bosques e as pessoas fazendo suas atividades e conversando. As crianças correndo e brincando me lembraram o quanto eu e Jaehyun costumávamos sermos próximos na infância, e como isso foi morrendo aos poucos.

Guiei Lucas até uma parte mais afastada do parque, entre vastas árvores e um lago, longe da grande movimentação.

Meu novo amigo se sentou em um banco à beira do lago, eu o acompanhei. Ficamos em um silêncio constrangedor durante algum tempo, até Lucas decidir nos tirar de nossa inércia.

— Hmm... — Ele hesitou antes de falar. — Como vai a sua vida amorosa? 

Eu ri alto e ele me olhou.

— Não vai. — Respondi, cessando o riso. 

— Ahh Mark vamos lá, não deve estar tão ruim. Você é bonito. — Yukhei me olhou fundo quando disse isso. — Deve ter muita gente por aí atrás de você. 

— Acredite, tem gente mais bonita para as pessoas ficarem atrás. — Respondi e pensei um pouco antes de retribuir o elogio. — Tipo você. 

Lucas não respondeu e voltou a fitar o horizonte antes de retomar a conversa. 

— E você? Gostando de alguém? — Ele perguntou de repente, me surpreendo. 

Sim, eu estava gostando de alguém. Mas não era fácil e apropriado, para mim, dizer em alto em bom som que eu estava apaixonado pelo meu próprio cunhado. 

— Não. — Menti. — Não estou gostando de ninguém. 

Yukhei me fitou, como se soubesse que eu estava mentindo. 

— Você me odeia? — Ele continuava me surpreendendo com suas perguntas. 

— Por que eu te odiaria? Te conheço há menos de uma semana. 

— Por causa disso. — Sem aviso prévio, Lucas tomou os meus lábios. 

Eu nunca havia beijado antes, simplesmente não sabia o que fazer. Permaneci estático e chocado, enquanto Lucas tentava trabalhar em meus lábios. Em um momento de vacilo, cedi passagem à sua língua experimente, que me guiou. Eu podia sentir minha pele formigar e minhas mãos suarem de nervoso, tentei tomar alguma atitude mas não conseguia me mover ou parar o beijo. Yukhei foi capaz de tomar controle de todo o meu corpo em alguns segundos e com apenas um ato. 

Ele parou o beijo lentamente e me olhou com uma aproximação perigosa, fechei os olhos para evitar o contato visual. 

— É o seu cunhado... — Lucas citou Taeyong e eu abri os olhos rapidamente. — Você gosta do namorado do seu irmão. 

Num movimento automático, eu tampei sua boca com minha mão direita. Seus olhos saltaram surpresos. Ouvir alguém dizer aquilo em voz alta me assustou. 

— Não diga besteira. Eu não gosto de Taeyong. 

— Se não gosta, qual foi a dessa reação? — Com força, tirou minha mão de sua boca e me questionou. 

— Você disse alto demais. — Levantei e o fitei com irritação. — Alguém pode ter ouvido essa barbaridade. 

Algumas gotas de chuva começavam a cair do céu. 

— Você tem medo pois sabe que é verdade. — O mais velho de levantou também e me encarou de perto. 

Mantive minha postura irredutível, tentando lutar com o olhar penetrante de Yukhei, que me devorava. 

— Então é isso que você faz, garoto de Hong Kong? — Uma voz conhecida e temida surgiu em minhas costas. — Gosta de levar o cunhado dos outros para o meio do mato para tentar assediá-lo? 

Taeyong empurrou Lucas para longe de mim, fazendo o mesmo se desequilibrar e cair no lago em sua retaguarda.  

— Eu devia te ensinar uma lição aqui mesmo, mas não bato em crianças. — Taeyong se colocou em minha frente e apontou o dedo em direção a Lucas. — Tem sorte de estar chovendo. 

Permaneci atônito com a ação súbita de Taeyong, que despontou do nada. De onde ele tinha surgido? Ele havia nos seguido até o parque? Ele ouviu toda a nossa conversa? Ele viu o beijo? Eu queria falar alguma coisa e ajudar Lucas mas todas as palavras e ações me escaparam. 

— Vamos para casa. — Meu cunhado se virou e eu dei um passo involuntário para trás, ele segurou em meu pulso e me puxou. 

Eu estava cansado de ser arrastado hoje, então tentei, sem sucesso, lutar contra Taeyong. 

— Não podemos deixá-lo aqui. Está chovendo e ele é de fora. — Tentei argumentar.

— Ele vai ficar bem. — Lee ignorou e continuou me puxando. — Vamos, a chuva piorou. 

Olhei Lucas, que saía do lago todo ensopado, por uma última vez. Sua expressão para comigo indicava decepção e raiva. Tentei me desculpar silenciosamente enquanto o garoto sumia aos poucos do meu campo de visão. 

Jaehyun.

Liguei diversas vezes para Taeyong e ele não me atendeu. Isso nunca aconteceu. 

Já que Mark passaria a noite fazendo trabalho com Lucas hoje, combinei com Taeyong dele me buscar para irmos no cinema após meu expediente, afinal, nosso aniversário de namoro seria amanhã e queríamos começar a comemorar logo hoje, mas ele não apareceu e agora não atendia as minhas ligações. Eu tinha levado um bolo, e para piorar tudo, levei uma chuva também. 

Eu estava há alguns quarteirões da biblioteca, no lugar onde eu e meu namorado marcamos, por isso tive que andar alguns quilômetros, embaixo da forte chuva, até à parada de ônibus mais próxima.

Após alguma distância eu já não conseguia distinguir mais entre minhas lágrimas e a chuva. Deixei que as gotas que caíam do céu levassem tudo que eu sentia. Taeyong nunca havia sido negligente em relação ao nosso namoro, porém o seu descaso nessa noite e as circunstâncias importunas simplesmente me derrubaram. 

Estava me aproximando da parada de ônibus quando um carro branco, que não identifiquei o modelo, parava lentamente ao meu lado. Eu tinha percebido que aquele veículo estava me seguindo há alguns quarteirões, mas não dei muita bola, até o condutor abaixar o vidro do carro e eu descobrir que quem dirigia era Ten, meu colega de trabalho. 

— Aonde você vai debaixo dessa chuva? — Ten disse, acompanhando com o carro os meus passos. 

— Para casa. — Respondi grosseiro, me arrependendo poucos segundos depois. Ten não tinha nada a ver com meus problemas. 

— Deixe-me te levar então. Vai acabar ficando doente assim. 

Resisti ao favor de meu colega de trabalho durante algum tempo, mas depois de certa insistência resolvi aceitar. 

— Não quero abusar de sua boa vontade. Se quiser me deixar na estação de metrô já está ótimo para mim. — Tentei parecer cordial e não abusar de seu favor, afinal, a região de Seoul era grande e o caminho até minha casa era grande. 

— Eu faço questão de te levar até sua casa. — Ten respondeu e eu decidi não contra argumentar. — Mas me diga, por que estava chorando? 

Olhai no retrovisor para constatar se estava tão aparente que eu tinha chorado, e sim, estava. 

— É... — Pensei um pouco antes de responder. — Problemas pessoais. Não quero falar sobre. 

— Tem certeza que não quer desabafar?

— Obrigado. — Agradeci junto com um sorriso. — Eu estou bem agora. 

Durante todo o trajeto discutimos sobre autores e livros favoritos, e pela primeira vez em muito tempo senti que tinha alguém que me deixasse confortável conversando sobre algo que eu gostasse. 

Em menos de meia hora eu já estava em casa. Agradeci Ten milhares de vezes e prometi que agora estava devendo um favor ao tailandês.

— Não se preocupe. É o que amigos fazem. — Me espantei com o uso da palavra "amigo", antes que eu e Taeyong começássemos a namorar, Lee foi a única pessoa que considerei meu amigo. 

Entrei. Percebi pelas luzes embaixo das portas que Mark estava em seu quarto e Taeyong no meu. A casa estava silenciosa, como de costume, mas existia algo naquele silêncio que me incomodava. Alguma coisa havia acontecido. 

— Taeyong? — Bati na porta antes de entrar. 

Abri cautelosamente a passagem e encontrei Taeyong deitado, assistindo televisão. Ele parecia molhado, como se tivesse tomado um banho. Quando o mesmo me viu, arregalou os olhos, como se lembrasse de algo que tinha esquecido. 

— Como teve coragem de me deixar plantado? — Fui subindo o tom de voz a cada palavra até gritar na última. — Hein? Seu cretino desgraçado. — Joguei minha mochila em sua direção, que se defendeu com os braços. 

— Eu esqueci. — Taeyong se levantou e veio em meu rumo, pedindo desculpas. — Não me leve a mal, por favor. Foi um erro e não se repetirá. 

— Você sabe o quanto eu queria ver aquele filme. Eu tive que andar quilômetros embaixo de chuva. — Dei um leve empurrão em seu peito. — E eu não quero saber de suas desculpas. Quero que saia da minha casa. — Peguei suas coisas e joguei em sua cara. — E ainda tem a cara de pau de deitar na minha cama e ver TV. 

— Jaehyun, por favor... — Ele tentou suplicar, mas não sei brecha. 

— Não tem por favor. Saia! — Gritei para que todos os vizinhos ouvissem. 

Taeyong desceu as escadas e me olhou uma última vez antes de sair pela porta. 

Pensei em ir falar com Mark, perguntar o que tinha acontecido, mas eu não tinha mais cabeça para isso hoje, precisava descansar e colocar tudo de volta em seu lugar. 

Mark.

Eu estava lendo Dom Casmurro, o livro no qual eu e Lucas estamos trabalhando, e que Jaehyun me deu alguns meses atrás. 

A obra era tão boa e inebriante que eu devorei metade de suas páginas em algumas horas. O livro falava sobre relacionamentos extraconjugais e ciúmes, e me fez pensar um pouco sobre. Se amor era a base de tudo, por que a traição era tão condenada? Se as duas pessoas se amassem, eu não via problema e impedimentos morais. 

O barulho de alguém entrando e subindo as escadas interrompeu o meu raciocínio. 

Era Jaehyun, e em poucos segundos seu tom bravo, em uma bronca contra Taeyong por tê-lo deixado esperando, ecoou por toda a casa e fez os vizinhos abrirem suas janelas em curiosidade.

Cogitei ir lá e observar de perto aquela cena, ver o casal perfeito da Coréia brigar e se auto destruir, mas permaneci deitado em minha cama, escutando tudo como se estivesse em um camarote privilegiado. Um sorriso inconsciente e pertinente surgiu em meu rosto. 


Notas Finais


espero que tenham gostado e me desculpem novamente pela demora </3

e não se esqueçam de comentar qualquer crítica, sugestão ou elogio

(deem view pra essa rainha pls https://youtu.be/EHgeGRU3wDI)


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