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História My cousin is my boyfriend - Dia 17; Parte II - They call it living in sin


Escrita por: Gabby_Lopes

Notas do Autor


Oi meus xuxuzinhos, meus príncipes e princesas da Disney!

Eu queria começar falando que de maneira alguma minha intenção com esse capitulo foi ofender qualquer tipo de crença ou religião, ou qualquer princípio que vcs atendam, eu sou muito aberta a esse tipo de coisa. A única intenção era transparecer as aflições da Rachel quanto a esse tipo de assunto.

Bom espero que gostem muito porque me esforcei bastante para escrever, não tem nada de muito hot nem muita treta, mas espero do fundo do coração que vcs gostem. E mil perdões pelos erros de português se vcs encontraram algum, ia demorar demais para postar se eu fosse revisar agora.

Nos vemos nas notas finais :3

Capítulo 29 - Dia 17; Parte II - They call it living in sin


- Rachel, essa roupa ao menos é sua?


Respiro profundamente apertando a caneca de achocolatado até que a ponta dos meus dedos ficassem esbranquiçadas, como se aquele objeto de vidro insignificante fosse o culpado por todos os meus problemas. Encarei o sorriso zombeteiro desenhado no rosto lavado do Shawn. Canadense irritante. Não havia um fio de cabelo fora do lugar e nem um amassado sequer na sua blusa social escura.


Shawn Mendes é meu pastor e beleza não me faltará.


- Que gentileza da sua parte perguntar Mendes. - Falo vendo-o segurar a risada, apoiando-se na pia com os braços cruzados envoltos pelo tecido fino da camiseta. Merda, ele é uma benção para os meus olhos. Dou um gole no leite com chocolate em minha caneca injuriada pela minha irritação, engolindo com uma lentidão desnecessária, na tentativa de disfarçar o impacto que a presença do meu primo causou em mim. - E não. Essa cortina que eu estou vestindo não é minha. Sua Tia Lenora acha todos os meus vestidos vulgares, ou ofensivos demais, para ir ao culto. E nem morta aquela mulher me deixaria usar calça jeans na igreja.


- Não se preocupe, dá pra perceber claramente que essa roupa não é sua e que foi a sua mãe quem te vestiu. - O garoto diz erguendo uma sobrancelha e deixando um riso displicente escapar por entre os lábios rosados.


Dou um último gole no meu café da manhã exageradamente doce, com um bico ameaçando surgir em minha boca após a provocação do Shawn. Levanto num pulo andando até a pia onde meu primo se mantém escorado, analisando cada movimento do meu corpo sufocado pela renda branca daquele vestido ridículo, certificando-me de roçar meu peito no seu ao esticar o braço para juntar a caneca com o resto da louça suja.


- Você só está dizendo isso porque fica igual a um príncipe da Disney quando usa camisa de botão. - Falo, cada sílaba saindo da minha boca num tom mais baixo até se tornarem quase inaudíveis.


Ergo a cabeça lentamente ao sentir a respiração morna do meu primo afagar os meus cabelos ao dar uma risada abafada. Aquela que me faz tremer dos pés à cabeça.


- Eu fico é? Ninguém nunca me disse que eu ficava parecendo um príncipe da Disney. - Meu primo sibilou pousando a ponta do dedo indicados sob meu queixo fazendo-me olhar suas íris castanhas imediatamente, com o meu rosto apontando para cima por conta da sua altura.


Me sentia uma cadela adestrada quando o Shawn me tocaba desse jeito, poderia fazer qualquer coisa que ele me pedisse. Assenti com a cabeça de forma submissa, me derretendo ao ver o sorriso largo se formar na face iluminada do Shawn ao agarrar a minha cintura com firmeza.


- Você fica. Tirando é claro a parte do conto de fadas e do felizes para sempre. - Respondo espalmando as mãos em seu peito, sentindo o calor que emana da sua pele se irradiar para a minha.


Vejo meu primo franzir as sobrancelhas com um biquinho brincando em seus lábios cor de rosa, enquanto afasta as mechas de cabelo que cobriam meu pescoço. Um arrepio instantâneo percorreu minha coluna ao sentir os dedos febris do Shawn encostarem naquela área sensível.


- Não posso garantir o felizes para sempre mas te tratar como uma princesa pode resolver a parte do conto de fadas. - Me debruço sobre seu tórax sentindo o bater frenético do coração do meu primo. Tão acelerado quanto o meu.


Por um momento as promessas do Shawn soaram tão confiantes e verdadeiras que me deixei acreditar nelas, mesmo que por um segundo, mesmo que nós dois soubéssemos que não era verdade.


- Você é bom em me iludir. - Murmurei sentindo meu rosto queimar devido a atenção exagerada que o Shawn mantia em mim, como se ele fosse capaz de mapear cada traço da minha face se lhe pedissem. Só então percebi como minhas mãos tremulavam em ansiedade, almejando o toque cuidadoso dos dedos ásperos do meu primo.


- Sou bom em outras coisas também. - Sussurrou fazendo meu corpo entrar em erupção apenas com algumas palavras. O garoto não demorou em colar os lábios nos meus, como se não pudesse passar nem mais um segundo longe da minha boca.


Um sentimento precioso cresce em mim toda vez que a boca do Shawn toca a minha.


Toda vez que a boca do Shawn toca a minha tenho certeza de que todos os beijos que já dei na vida foram mera troca de saliva.


Como se eu nunca tivesse beijado alguém além dele.

Como ele podia, com apenas um beijo, tirar da minha boca todas as palavras que eu ainda não havia dito? Era só nós dois ali, sem nenhuma palavra, sem nenhum grande gesto, vivendo o sentimento mais precioso das nossas vidas. Então eu soube que não seria capaz de encontrar isso em nenhum outro lugar, com nenhuma outra pessoa. Só o Shawn despertava aquilo em mim.



Então,  rápido como veio ele também se foi, o som de passos no corredor extinguiu a atmosfera ao nosso redor. A garota estatelada no batente da porta tinha uma estranha expressão confusa pairando a sua face, apertando o chiuaua agitado contra seu busto. Não havia nenhum ar em meus pulmões.


- Sabia que vocês eram burros mas não tinha noção do quanto. - A Leslie murmurou com um sorriso sacana pintando o lábios venenosos. Aperto a bancada da cozinha tendo a impressão de que ela se partiria a qualquer momento, meu coração surrava meu peito por conta do susto recém tomado. - Graças a Deus não fui rápida o suficiente pra ver vocês no ato, mas só pela cara de pânico da Rach já dá pra perceber que meu impacto foi grande.


- Cala a boca sua ridícula. Não tava rolando nada. - Falo recuperando o fôlego e começando a me afastar ainda mais do Shawn, como se isso pudesse de algum jeito confirmar a mentira que eu contava. Não estava mentindo para Leslie, estava mentindo para mim. Era mais fácil achar que ninguém sabia do nosso relacionamento.


- Sério, não sei como seus pais ainda não descobriram. Vocês se olham como se fossem se engolir. - Minha amiga comentou fazendo careta, o ardor em minha face foi inevitável e só piorou ao escutar a gargalhada doce do meu primo.


Caramba, éramos péssimos em esconder esse tipo de coisa. Uma onda de paranoia começou a se espalhar pela minha cabeça, listando todos as possíveis ocasiões onde fomos um outdoor exposto para o mundo ver.


- O que você tá fazendo aqui afinal? - Meu primo pregunta tomando toda a minha atenção num piscar de olhos. Minha amiga suspirou se abaixando para soltar um Thomas desesperado no chão, antes de pôr as mãos na cintura de forma teatral e começar a contar uma história estúpida sobre como foi parar ali.

- Minha mãe não quis ir pra igreja então ela simplesmente veio aqui e convidou a sua Tia Heeley para irem a praia. Então o papai achou que seria legal perguntar a vocês se queriam carona com a gente, agora que tem espaço no carro. - Shawn assentiu com a cabeça rapidamente, como se aquela fosse uma oportunidade caída dos céus.


A maioria dos mexicanos era muito religiosa e o pai da Leslie estava inteiramente incluído nesse grupo, ele sempre dizia que na sua cidade natal havia uma capela em cada esquina. A Cathy por sua vez não era muito fã dessa devoção por isso raramente  ia à Igreja conosco. Eles respeitavam muito a escolha um do outro, diferente do que acontecia aqui em casa.


A possibilidade de não ter que ficar presa num carro enquanto meus discutem sobre a assembleia do nosso bairro me atingiu imediatamente enquanto caminhava atrás dos dois adolescentes. Eu precisaria reunir toda a minha paciência para aguentar do dia de hoje.


- Mamãe, eu e a Rachel vamos pegar carona com a Leslie ok? Te encontro lá. - Escutei o Shawn avisar a Tia Karen que assentiu o mandando tomar cuidado, como sempre fazia, aproveitando a oportunidade para ajeitar a gola de sua camiseta e se despedir com um beijinho na testa. Ver o amor do meu primo com a sua família era como assistir uma história de amor se desenrolar bem diante dos meus olhos.


- Posso ir com vocês? - A Aali pergunta rapidamente se levantando e nos seguindo antes mesmo que sua mãe pudesse responder. Não havia se passado um dia sequer desde que o Gary havia chegado e mais ninguém aguentava ele e a Lenora juntos.


Cumprimentei o Tio Juan com um beijo no rosto antes de entrar no banco de trás do seu carro sendo acompanhada pelos meus primos. Mal tive tempo de reclamar do tédio daquela manhã de domingo antes que o pai da minha amiga e o Shawn entrassem numa conversa animada sobre a música que tocava no rádio.


Eu idolatrava essa maleabilidade que o canadense tinha para falar com os outros, independentemente da idade ou do assunto, como se ele pudesse agradar qualquer um se estivesse disposto a fazer isso.


Olhei pela janela deixando a minha mente vagar pelas paisagens da minha cidade, os carros de luxo andando pelas ruas bem cuidadas e os snowbirds, como chamávamos os turistas que fugiam do inverno gelado de seus países, enchendo as calçadas. Naples era conhecida por ter uma das maiores rendas per capitas dos EUA e abrigar o maior número de velhos milionários do país. Como uma vida cosmopolita de chás da tarde e restaurantes caros.


Nós estávamos bem na linha de corte daquele lugar. Meus pais trabalham no ramo imobiliário desde que me entendo por gente, e sempre falaram que esse mercado é um tiro no escuro. Você pode ficar rico ou empobrecer da noite para o dia. Por isso a nossa vida era marcada de altos e baixos drásticos, tinha a sensação de que o Gary usava toda a nossa renda mensal para pagar a hipoteca da casa onde moramos. Viver em Naples é, aparentemente, um antigo sonho de seus tempos joviais no Colorado e eu tenho a sensação de que meu pai faria qualquer coisa para sustentá-lo.


A viagem foi curto e passou como um raio, em instantes estávamos em frente a capela opulenta do nosso bairro. Eu nunca me senti tão desconfortável de estar nesse lugar. A medida que caminhávamos todos os rostos conhecidos pareciam se virar na minha direção, me julgando, me acusando, me condenando ao eterno fogo do inferno por estar gostando do meu próprio primo. Tinha vontade de gritar que eu não estava fazendo nada de errado mas foi como se a minha voz sumisse, assim como o meu ar.


- Rachel, você tá bem? - A voz preocupada do meu primo me acordou do meu transe auto induzido me fazendo piscar com força. Ninguém me olhava, ninguém apontava para mim, eu era só mais uma pessoa em meio as outras poucas que conversavam em frente à Igreja. Eu ia enlouquecer.


- Como você consegue entrar nesse lugar e ver essas pessoas sem sentir seu peito se corroendo em culpa? - Pergunto num sussurro ao sentir meus olhos começarem a arder e o pânico comprimir meus pulmões. Minhas crises estavam cada vez mais frequentes e algo me dizia que isso tinha haver com o meu medo de sermos descobertos. Encarei os olhos castanhos do Shawn, agora quase verdes pela luz solar que incidia em seu rosto, apenas a visão da sua face tranquila já me acalmava.


- Você não tem que se sentir assim. - Murmurou, com os olhos fixos nos meus e apenas isso me impedia de desabar bem ali. A Leslie já estava longe com Aali, conversando com a Anna que me olhava de forma curiosa se perguntando o que estava acontecendo comigo. O Juan havia se perdido entre o amigos, e minha visão alcançava alguns rostos conhecidos. O Shawn se pôs a minha frente bloqueando a minha vista. - Você gosta de mim?


- Eu te adoro Shawn. - Respondo imediatamente com o tom embargado travando a minha fala. Não importava em qual a situação, sempre que demonstrávamos nosso a afeto um pelo outro em voz alta a expressão em seu rosto se iluminava.


- Eu também te adoro, e fazemos bem um ao outro, o que tem de errado nisso? Essas pessoas não podem dizer nada sobre o que você sente, nem sobre a nossa relação. A opinião delas não tem que ser importante pra você princesa, não enquanto eu estiver aqui ok? - Explicou, sem precisar levantar um dedo para possuir minha total atenção. Eu queria tanto acreditar nesse discurso salvador e cheio de esperança do Shawn, queria tanto entrar nessa de que o amor sempre vence. É tudo uma mentira. - Olhe, se eles estiverem certos pelo menos vamos passar a eternidade no inferno juntos.


- Você é um idiota. - Falo depois do clima pesado ter sido brutalmente cortado pela piada do meu primo, dando um soco amigável em seu ombro antes de andar ao seu lado em direção a Aaliyah.


O Shawn não costumava falar muito sobre religião, mas sabia que a sua cabeça podia ficar a mil com esse tipo de discussão. Ele simplesmente preferia não pensar muito sobre isso e viver o que tem para viver aqui e agora, ser o melhor que puder nesse momento sem se preocupar com o futuro, um dia de cada vez. Caramba, Shawn Mendes é a minha religião.


- Rachel! Você está linda com esse vestido, mesmo que não faça muito o seu estilo né gracinha. -  É  a primeira coisa que a Anna diz quando nos aproximamos do pequeno grupo em frente a escadaria da Igreja. A garota mais nova exibia seu corpo pequeno num manequim de várias marcas caras que eu nunca vi na vida, seu sorriso era quase tão bonito quanto toda aquela fortuna em tecido.


-  Tá tão na cara assim? - Pergunto, tentando soar o mais simpática e sociável possível diante daquele grupo típico pré-culto.


Reconheci a Ashley Benton, uma ruiva baixinha com uma bunda enorme que não parava de encarar o Shawn, ela era do terceiro ano e tinha a fama de maior santa daquele lugar. Mas só a fama mesmo. Ao seu lado estava Callie e Chloe Sanders, duas morenas com sobrancelhas bem feitas e bolsas Jimmy Cho, eram as irmãs mais disputadas do primeiro ano. E por último Candy Harris, a  garota mais nova que tinha uma paixão platônica pela Leslie desde sempre.


Havia mais meia dúzia de garotas naquela rodinha mas todas conhecidas só de vista.


- Você está deslumbrante mas prefiro o seu jeitinho. Enfim, hoje o brunch é na minha casa. Você vai né? - Assenti com a cabeça pois sabia que não tinha saída, principalmente porque os meus pais e os da Anna eram conhecidos desde de que estes se mudaram para Naples a cerca de um ano. A garota vinha sendo super gentil e carinhosa comigo ultimamente, muito mais do que sempre foi, tinha certeza de que ainda se sentia culpada pelo que houve com o Matteo e por isso estava agindo daquela forma, como se me devesse algo. - Aliás sua mãe me contou sobre a festinha do pijama que vai rolar na sua casa na terça.


- O que? Festinha do pijama? - Perguntei com um nó entalado na minha garganta. Essas garotas só podiam estar ficando loucas. Virei a cabeça para encarar o Shawn que parecia tão confuso quanto eu, todo o brilho dos dentes quimicamente clareados daquelas garotas estava me deixando tonta e por um momento pensei em bater a minha cabeça dentro daquele sino gigante na torre do edifício. A Anna franziu a sobrancelhas e ,como se alguém tivesse cochichado em seu ouvido o porquê da minha indignação, seu rosto delicado se contorceu numa careta.


- É Rach, sua mãe convidou todas nós assim que chegou. Achei bem sem graça no início mas agora pensando melhor… - Callie deixou sua frase morrer no ar ao desviar o olhar diretamente para meu primo. Respirei fundo, não podia surtar ali bem na frente daquele bando de hipócritas, engoli em seco. Uma, duas, três vezes. Pensando no que dizer. O Shawn era um gato, qualquer garota daquela cidade no mínimo se sentiria atraída, era de se esperar essa reação e eu não podia discordar da Sanders. O rosto ruborizado do meu primo me fez ferver em ódio.


- Vocês sabem como a Senhora Mitchell é… - A Leslie tentou explicar, um misto de surpresa e confusão pingando da sua voz, arrancando risadas debochadas das outras garotas.


- Espero que se divirtam nessa festa do pijama. Tenho certeza que vão adorar. - Interrompo a minha amiga forçando um sorriso em meu rosto para tentar esconder a minha raiva. O que com certeza havia falhado pois a doce e fofa Ashley parecia pronta para correr a qualquer sinal de ameaça que eu apresentasse. - A propósito, vocês viram a minha mãe?


- Ela foi falar com o reverendo. - Chloe respondeu e eu saí andando antes mesmo dela poder estampar em seu rosto idiota aquela expressão de sonsa que eu sabia que faria. Parte de mim estava maluca por deixar o Shawn ali sozinho numa jaula de leoas famintas mas a outra queria confiar nele e provar que não sou ciumenta como temo ser.


Caminhei a passos largos sentindo o saltinho das minhas sandálias afundarem na grama fofa, acelerei meus movimentos assim que identifiquei as costas do meu pai entre as outras pessoas. Se desse sorte ele vetaria esses planos absurdos da mamãe e acabaria com essa história ridícula de festa do pijama. Quer dizer, de que buraco ela tirou essa babaquice? Nem morta eu deixaria aquelas garotas entrarem na minha casa.


- Pai, onde a Lenora tá? - Pergunto assim que irrompo seu campo de visão, sem me preocupar em chamar a mulher de mãe ou cumprimentar as pessoas ao seu redor. Meu pai deu um sorriso de lado pousando a mão em meus ombros e me puxando para sua lateral como se nem tivesse ouvido o que eu havia dito.


- Sempre mal educada né filha? Estávamos falando de você agorinha. - Bato o pé no chão irritada e assim que sou obrigada a me virar vejo os olhares esverdeados sobre mim, um calafrio incômodo faz os pêlos da minha nuca se arrepiarem ao encarar aquele sorriso alinhado. Ou melhor aqueles dois sorrisos alinhado e idênticos.


- Rachel, adorável como sempre. - O italiano charmoso sibila me olhando dos pés a cabeça como se eu fosse uma peça de museu e estava ali para ser contemplada. Sempre me senti intimidada pelo pai do Matteo, meu ex não tinha um terço do magnetismo de seu progenitor. - Faz muito tempo que não te vejo lá em casa, se cansou de mim ou do meu filho?


- Ah, olá Senhor Vicenzo. - Murmuro sentindo meu rosto pegar fogo. Vicenzo Mantovanni, empresário vindo da pequena região da Liguria na Itália, era homem demais para qualquer uma. Isso explica por que os pais do Matt são separados. Arranhei minha garganta tentando esconder o constrangimento por conta das insinuações do italiano, pelo menos o Matteo parecia tão envergonhado quanto eu. - Me cansei de ser ficante do seu filho, mais especificamente. Achei que soubessem disso, o Matt não te contou?


- Contou sim minha querida. Mas queria ouvir da sua própria boca. - O homem disse e meu corpo se aqueceu por dentro. Era difícil de explicar o jeito viril dos Mantovanni, eles tinham uma lábia invejável. Foi do Vincenzo que o Matteo aprendeu tudo o que sabe. Costumava ir muito a casa dos dois pois o pai do Matt nos deixava fazer qualquer coisa, ficávamos na sua piscina e dávamos voltas na sua Ferrari. O meu ex sempre disse que eu fui a única que o seu pai gostou. - Você é mulher demais para o idiota do Matteo.


- Acho que isso foi só uma briga boba de adolescente, logo logo eles se resolvem e voltam a ser o casal incrível de sempre. - Escuto meu pai falar me fazendo, de imediato, trocar um olhar desesperado com o Matt. Nós dois já estávamos cansados dessa conversa, era sempre a mesma coisa.


Meus pais amavam o Matteo, ele era rico, bonito e charmoso, o que mais eu precisaria? Tinham certeza de que ele era o cara certo para mim e havia sido uma burrice da minha parte terminar por causa de uma coisa boba. Traição não parecia um motivo aceitável para uma atitude tão drástica.


O pai do Matteo, em contrapartida, sempre ficava do meu lado nesse aspecto. Era como se soubesse todos os defeitos do seu filho que tentasse suprir isso de outro jeito. A Leslie dizia que bastaria um estalo dos meus dedos para ter o coroa nos pés. Confesso que o meu ex sogro me enchia de presentes, me lançava olhares maliciosos e fazia insinuações, mas não era tão simples nem tão confortável assim. Tudo isso parecia muito chocante na minha concepção. A Lessie falava que era coisa de rico.  E o Matt sempre pedia milhões de desculpas.


- Espero que sim. Aliás Rachel minha gracinha, por que não passa lá em casa amanhã? Sei que não dá pra te comprar com tanta facilidade mas aumentamos aquele deck que você adora. - Não consigo conter uma gargalhada ao ouvir aquilo. Era essa esperteza de um homem maduro que fazia eu me derreter. O Shawn tinha isso, tinha sacadas rápidas e conseguia enxergar por trás das palavras ditas. Talvez essa característica fosse algo que me atraía com tanta ferocidade por ser muito difícil de se encontrar nos garotos daqui. Era uma raridade.


- Seria ótimo Rach, precisamos muito conversar. - Ouço a voz arrastada do Matteo falar com um cuidado inédito, como se negociasse a minha paciência, ele estava muito mais atencioso desde que terminamos. Parecia esconder algo de mim. Ri jogando o cabelo sobre os ombros ao ver as sobrancelhas grossas do Matt se franzirem em confusão.


- Prefiro a morte. - Digo com um sorriso doce em meu rosto escutando um muchocho irritado do meu pai e uma gargalhada sacana do Vicenzo. - Se me derem licença.


“Você tinha que fazer merda.” A voz grave do Mantovanni mais velho soa longe em meus ouvidos.


“A Rachel que é confusa, espera só a poeira baixar que ela volta correndo.” E não precisava virar para saber que meu pai havia dito isso. Era típico dele.


“ Eu vou dar um jeito.” Gelei. Tinha algo muito sério acontecendo com o Matteo e ele não pararia de correr atrás de mim até me contar o que era.


Entro na Igreja sentindo instantaneamente um peso sobre meus ombros ao encarar todas aquelas imagens e vitrais religiosos, quase punitivos, me observando de volta. Era uma capela pequena, apenas os moradores das redondezas frequentavam os cultos e os outros eventos, no meu âmago sabia que tinha medo desse lugar. Medo da interpretação das pessoas. Acelero o passo ao ver o reverendo finalmente se despedir da minha mãe e começar os últimos ajustes para rezar a missa, ou sei lá como falam isso.


- Qual a droga do seu problema? - Pergunto num sussurro assim que chego perto o suficiente para que apenas um sussurro abafado seja escutado. A mulher arregala os olhos em descrença, fazendo o sinal da cruz. Não tinha tempo para isso. - Festa do pijama? Tá louca? O papai tá dormindo no sofá por que não tem espaço e você quer levar um bando de riquinhas mimadas para passar a noite na nossa casa?


- Não xingue aqui! Esse lugar é sagrado tenha um pouco de consideração. E sim, elas vão pra festa do pijama. - Falou com um tom baixo na voz, olhando freneticamente para os lados na esperança de que ninguém nos visse. Haviam apenas algumas pessoas sentadas nos bancos de madeira orando ou lendo a bíblia, concentrados demais nas próprias crenças para prestar atenção em nós. - O reverendo falou que você não tem vindo para nenhuma reunião da crisma e as meninas disseram o mesmo sobre o Comitê. Você não pode se isolar assim.


Maldito Comitê Generoso das Meninas de Naples. CGMN. Conhecido vulgarmente como Comitê das Garotas Mimadas de Naples. Elas se auto intitulam assim. Ridículas.


- Eu não me isolo mãe eu só não gosto delas. - Murmuro entredentes batendo o pé no chão como uma criança birrenta. Porque ela sempre tinha que interferir na minha vida? Não suportava isso. Com a visão periférica vejo o Shawn entrar na capela e seguir direto para falar com banda. Típico.


- Você não pode parecer uma anti social excluída Rachel! - Minha mãe fala tentando segurar meus pulsos sem sucesso enquanto dou um passo para trás me livrando do seu toque controlador.


- Mas eu sou uma anti social excluída! - Rebato, aumentando o tom de voz e atraindo a atenção de alguns frequentadores mais próximos. Meu coração está disparado e meus olhos lacrimejam ao ver a expressão dura no rosto da minha mãe.


- Não. Você não é. Não quero mais saber de pessoas comentando sobre seu jeito excêntrico nem como você se destaca negativamente dos outros adolescentes. - Seguro a respiração quando a mulher finalmente agarra meu pulso e seus dedos magros machucam a minha pele. Ela trinca a mandíbula e empina o nariz como se estivesse prestes a me atacar. - Não questione as minhas decisões, agora fique quieta e não me traga mais problemas por hoje.


Dizendo isso minha mãe simplesmente dá as costas e caminha para fora da capela. O peso volta aos meus ombros e o meu pulmão parece encolhido em meu peito sobrecarregado. Ando a passos lentos para o banco onde sempre costumo sentar, quando minha mãe resolve uma vez ao mês nos trazer com ela para a Igreja, fica perto da janela que dá visão para a rua onde posso ver a loja de móveis bem a frente. Sempre com liquidações de preços absurdamente altos.


Levanto a cabeça analisando cada traço talhado da madeira do altar, até que meus olhos se encontraram aos do Shawn e um aperto surge em meu peito ao vê-lo sorrir para mim com tanta sinceridade. Estaria eu errada por cobiçar um homem da minha família? Minha boca está seca, como se minha língua fosse feita de areia e meus olhos ardem como se minhas lágrimas fossem a água salgada do oceano.


Deus não pode ser tão inflexível com uma herege ignorante como eu. Ou então não me restam caminhos além do inferno. Me pergunto se devo mesmo sentar aqui durante uma hora e ouvir alguém falar sobre como não vou para o céu. Eu me sinto imunda.


- Sobre o que está pensando? - O sussurro do meu primo soa baixo ao meu lado, só então noto que ele havia sentado no banco de madeira comigo. Não movo um músculo, o olhar agora só faria eu me sentir mais suja.


- Gálates diz na bíblia que aqueles que praticam a impureza, a libertinagem, a idolatria, a embriaguez e coisas semelhantes nunca herdarão o Reino de Deus. Estava pensando se vale a pena lutar contra todos esses desejos se no fim da contas vou para o inferno por gostar de você. - Respondo com sinceridade, sentindo meu corpo tremer por ter pensamentos tão infinitamente pecaminosos dentro de um lugar sagrado. O Shawn respira fundo se aproximando mais de mim até que nossos ombros fiquem completamente colados.


Como posso gostar tanto de fazer algo que todos julgam estar errado?


- Então você acredita nesse Deus sobre o qual pregam aqui? - Meu primo pergunta olhando os vitrais, a luz colorida dos mosaicos nas janelas refletindo em seu rosto claro como uma fotografia. Não me surpreende estar confortável para falar com o Shawn sobre um assunto como esse. Tenho uma confiança cega de que ele nunca me julgará como os outros fazem.


- Sei que parece idiota mas… fui criada para acreditar em tudo que dizem aqui dentro. Mesmo não concordando, fui ensinada a ter fé nesse. - Explico com os olhos marejados pela dúvida. Não conseguia acreditar num Deus que me castigaria por gostar de outra pessoa, mas não sabia se isso era ele ou o que as pessoas diziam. Eu sou um poço de ideias confusas e pensamentos emaranhados.


- Ter fé é acreditar cegamente em algo Rachel. Você não vê, não escuta, e não toca. Mas sente em seu coração e sabe que existe. - Olho para meu primo, as palavras parecem um poema sendo recitado e fazem uma luz acender dentro de mim. A gentileza na sua voz destrói a amargura em meu rosto e tudo se encaixa como uma luva. - No que você tem fé? No que você acredita Rachel? Descubra o que é e lute por isso, essa vai ser a sua religião e você não precisa de ninguém para validá-la. Porque ela é sua.


No que eu tenho fé? Minha mente pareceu congelar ao pensar nas palavras do meu primo. No que eu acredito?


Eu acredito na Aaliyah, acredito que a Leslie nunca vai me abandonar, acredito que meus pais possam melhorar algum dia, acredito que alguém vai me aceitar como sou, e acredito vou poder fazer o que gosto no futuro, acredito que o Thomas é o meu filho canino e acredito tem uma parte boa dentro de cada um de nós.


Eu acredito plenamente no Shawn.


Há algo mais grandioso para o homem do que seguir seus princípios? Bom, o Shawn se desfez de sua sensatez e abandonou a responsabilidade que lhe foi imposta, para ficar comigo. Como poderia desacreditar de algo tão valioso quanto isso? Como poderia questionar seu sentimento por mim?


É nisso que eu tenho fé.


Eu amo a Aaly, e amo tanto a Leslie que seria incapaz de viver sem ela, acho que meus pais se amam o suficiente para mudar, e acho que alguém vai me amar como sou, e acho que amo demais os meus sonhos para abandoná-los tão cedo, e amo o Thomas como se ele fosse o meu próprio filho. E tenho fé de que todo mundo ama tanto algo que isso faça uma parte boa surgir em cada um de nós.


Me sinto boba. Mas não vejo, não escuto, e não toco. Apenas sinto. Sinto o amor em cada poro da minha pele e em cada respiração que sou capaz de dar.


- Obrigada. - Sussurro para o meu primo tendo a certeza de que o sorriso em seu rosto era o culpado pelas batidas fortes em seu coração. O Shawn era bom demais para um garoto de 17 anos. O garoto se inclinou depositando um beijo caloroso em meu ombro depois voltando a se recostar no banco, pessoas entravam na paróquia, o reverendo preparava o salmo, e o sorriso continuava em meu rosto.


Não importava se eu passaria toda a minha ouvindo os outros chamarem isso de viver no pecado.


Eu chamo isso de amor.







Notas Finais


Essa tematica pra um capitulo ja tava programada a muito tempo e caiu como uma luva considerando o fato de que eu e as meninas do grupo da fic (mais conhecido como Harém) estavamos discutindo sobre religião a algums dias atrás, as duvidas e crenças de vocês me ajudaram muito a escrever e Tri sinta-se homenageada, faço das palavras do Shawn as minhas para você.

Enfim comentem muito por que isso me faz muito feliz, estou lentamente dando um jeito de responder todos os comentários mas tô muoto sem tempo por agora por que minhas provas começaram, mas vou responder todos. Amo vcs! Muito obrigada por tudo só tenho a agradecer como sempre! Beijinhos beijinhos ❤

Ps: Fiz um twitter para o Troy, o irmão da Leslie, e vcs vão poder encher o saco dele por lá!

● Onde me encontrar:

Twitter da fic - @shawn_fanfic
Twitter pessoal - @shawn_fluffy
Twitter da Rachel - @rachel_bitchell
Twitter do Troy - @MexTroy

● Grupo de Whats ( Para sofrer e me xingar)

Mandar número pela mensagem direta, deixar aqui nos comentários (com um espaço entre cada algarismo) ou falar comigo em algum dos twitters


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