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História My cousin is my boyfriend - Dia 17; Parte III - Please. Tell me she is lying.


Escrita por: Gabby_Lopes

Notas do Autor


Oi gente! Eu sei, eu sei que não postei semana passada mas caramba esse capítulo tem 8.000 palavras de um mote de treta. Deve ser suficiente. Não sei o que dizer sobre esse capítulo, acho que vai incitar muito a mente de vcs mas ok.

Amo vcs demais! Estou tentando responder todos os comentários aos poucos mas minhas provas começaram então tô ainda mais atolada de coisa e sem tempo nenhum.

Enfim espero que gostem, comentem e favoritem muito eu amo saber a opinião de vcs!

Capítulo 30 - Dia 17; Parte III - Please. Tell me she is lying.


Teria sido melhor colocar pregos nos meus ouvidos do que sentar naquele banco de madeira e ouvir o reverendo falar um milhão de coisa com as quais não concordava. Pelo menos o Shawn estava ao meu lado rindo de cada careta que eu fazia. Independente disso o culto pareceu levar uma eternidade para acabar, e assim que isso aconteceu fui a primeira a levantar e dizer que o brunch da Anna parecia um ótimo lugar para ir.


Mesmo que não parecesse, de verdade, um ótimo lugar para ir.


A Anna, de forma gentil e prestativa convidou a Leslie e eu para irmos no seu carro dirigido pelo seu motorista. Era impressão minha ou ela havia ficado muito mais legal agora que se sente culpada por ter transado com o meu ex namorado? A casa dela não era tão perto quanto a minha por isso a viagem levou mais tempo do que gostaria.


Era impressionante em como não conseguia tirar os olhos do Shawn quando estava perto dele. E quando estava longe não conseguia tirá-lo da cabeça. Foram poucos minutos até chegarmos na casa dos Campbell, e nesse tempo praticamente todos os meus pensamentos estavam focados no que o meu primo poderia estar fazendo, mesmo sabendo exatamente o que ele estava fazendo.


Fico me perguntando se me sentia assim quando estava apaixonada pelo Matteo, ou ao menos achava que sim. Não conseguia parar de pensar em seu jeito italiano, ficava imaginando todo tipo de situação que poderíamos viver, e toda vez que minha visão captava o garoto no mesmo ambiente em que me encontrava meu coração parecia uma locomotiva a vapor. Mas com o Shawn. Com o Shawn parece que eu sequer posso respirar se ele não estiver me tocando.


Já havia ido uma ou duas vezes a casa da Anna, mas o impacto era sempre o mesmo. Não sabia se meu choque era porque eu morava num lugar completamente bagunçado e cheio de tralha que não combinava, mas sempre que visitava algo semelhante à míni mansão dos Campbell, sentia que estava no Palácio de Versailles.


Minha mente entrava em parafuso quando via todos os móveis em perfeita harmonia com os tons das paredes e toda aquela louça combinando. Mobília planejada deve ser o sonho de todo adulto.


- Podem vir. Meus pais estão lá dentro preparando as coisas. - Anna diz puxando a minha mão e me forçando a atravessar o jardim perfeitamente podado em frente a construção moderna com diversos patamares. Podia ouvir a risada da Leslie atrás de mim se misturando com os murmúrios animados vindo do quintal já cheio de convidados.


Assim que percorremos a sala ampla e bem decorada fiquei na dúvida entre tirar o celular da bolsa ou tirar os olhos daquele lugar. Mas como precisava urgentemente que o Shawn viesse me resgatar a primeira opção seria mais vantajosa, mandei uma mensagem rápida para o meu primo torcendo para que o garoto não demorasse nem mais um segundo para chegar no brunch.


O cheiro saboroso dos petiscos recém preparados atingiu meus sentidos antes mesmo que eu pusesse os pés no quintal bem arrumado com mesas dispostas de forma organizada. Meus olhos percorreram o ambiente de forma atenta analisando todos os rostos conhecidos e procurando o canto mais perto da mesa para me isolar.


- Anna! Filha, você não atendeu nenhum das minhas ligações, eu e seu pai ficamos preocupados… - A voz da mulher altiva com cabelos castanhos esvoaçantes se tornou um fio até sumir completamente quando notou a minha presença ao lado da sua filha. Pigarreei sem graça tentando deixar a situação menos constrangedora ao largar a mão da Anna que espremia meus dedos. - Oh, olá Rachel! Sinta-se a vontade, vou precisar roubar a Anna um pouquinho mas as garotas estão logo ali.


A Sra. Campbell saiu arrastando a filha que batia o pé emburrada sem ao menos esperar uma resposta minha. Franzi as sobrancelhas confusa andando lentamente para a mesa redonda coberta com seda branca ocupada pela Leslie e as outras garotas do nosso colégio.


A Sra. Campbell me deixava confusa toda vez que nos víamos, era como se a mulher estivesse sempre alvoroçada e com algo prestes a explodir, como se estivesse escondendo algo. O mesmo funcionava para o Sr. Campbell, eles pareciam criar a Anna com uma coleira curta e eu me solidarizava com a situação da garota. Meus pés pararam de se mover assim que identifiquei o vulto baixinho de cabelos negros chegar ao mesmo lugar para onde eu me dirigia.


Abortar missão Brunch: Clair Rodriguez se encontra no recinto.


Bufo sentindo o sangue subir para a minha cabeça enquanto mudo o caminho direto para a mesa de comida como se esse fosse meu destino desde o início. O dia já estava ruim quando me avisaram que eu teria de ir a igreja mas agora ele passou dos limites.


Sei que fico parecendo uma patricinha surtada quando se trata da Clair mas a culpa disso é dela. Juro que não daria a mínima se ela ficasse na dela, mas a Rodriguez faz questão de me importunar aonde quer que ela vá. Parei em frente à mesa com diversas bandejas transbordando sobremesas e agarrei o primeiro cupcake que vi, começando a encher o pratinho de porcelana chinesa com vários sabores de doce.


Se tinha alguma vantagem em frequentar eventos de gente rica era a comida. As refeições nunca deixavam a desejar. Me encostei numa pilastra bem esculpida, calculando mentalmente quantos segundos levaria para alcançar os petiscos. Percebi que a Leslie me observava de longe, sentada elegantemente ao lado de Cindy, conversando de forma animada com as outras garotas.


A Leslie sempre foi mais sociável que eu, ela é boa tendo conversas superficiais e forçando sorrisos, era fácil para a minha amiga sentar numa mesa e discutir banalidades com um monte de garotas arrogantes. A Lessie sabia que eu preferia me escorar num canto e ficar só analisando as pessoas.


Infelizmente todo mundo tinha a mesma expressão pairando em seus rostos. Eram faces cheias de sorrisos polidos, narizes empinados e bocas tortas em julgamento. Escondendo o desagrado e a insolência atrás de máscaras feitas de ouro rosé e abotoaduras que custam o preço da minha casa.


- Esse vestido te deixa parecendo uma boneca de cera. - Viro de supetão ao ouvir a voz arrastada ao meu lado me fazedo pular com a mão no peito. Reviro os olhos assim que vejo seu sorriso brilhante e a barba mal feita, eu disse que o Matteo não ia desistir. - A propósito isso foi um elogio.


- A propósito esse elogio foi péssimo, como sempre. - Respondo de boca cheia vendo o sorriso do meu ex permanecer intacto em seu rosto de porcelana. Era impossível negar mas ele estava lindo com aquela pose de playboy e camisa polo. O Matteo é o típico estereótipo de filhinho do papai.  


- Pare de ser tão ácida, só quero conversar. - Olho para o garoto vendo a careta adorável em sua face. Não posso dar corda para ele, não enquanto estou esperando o Shawn chegar, tiro o celular da bolsa e olho a resposta do meu primo. “Estou quase aí”. Bom, e eu estou quase dando corda para o meu ex namorado.


- Eu até conversaria com você, mas não quero correr o risco da sua cadela de estimação me me matar com a taça de champagne na mão dela. - Falo deixando um sorriso cínico banhar meus lábios, o garoto dá um muchocho enfadonho se escorando ao meu lado na pilastra e ficando a centímetros de mim.


Sua aproximação me faz prender o ar em meus pulmões e minhas pernas tremerem, podíamos ter deixado de namorar e eu tinha certeza que não sentia mais nada por ele. Mas lembrava muito bem o que aquela boca era capaz de fazer. Engoli em seco sentindo a respiração pesada do Matteo aquecer a minha bochecha.


Ser provocada pelo Shawn durante 24 horas por dia e 7 dias por semanas havia deixando os meus níveis de hormônio lá em cima. Não aguentava mais tanta tensão sexual quanto antes, bastaria um toquezinho do Matteo para que eu me desfizesse em água. Literalmente.


- Era exatamente sobre ela que eu queria falar. - Murmurou sussurrando, modelando sua voz para que cada sílaba dita tivesse um efeito mais aterrador em mim. Minha boca estava salivando incontrolavelmente, o Matteo estava tão perto de mim que a cada respiração dada seu peito roçava em meu ombro.


Virei minha cabeça, um movimento e nossas bocas estariam coladas, meus olhos encararam os seus tão castanhos. Mas não era o castanho pelo qual eu morreria se me pedissem, era um marrom qualquer. Sem aquele brilho que só eu conseguia enxergar, sem a comunicação sem silenciosa. Sem estar apaixonada.


Nada nele valia a pena.


- Sobre ela? Quer começar pela parte em que você a come ou a parte em que eu pego vocês dois na cama? - Pergunto dando passos curtos e me afastando do garoto, a expressão em sua face e as sobrancelhas franzidas mostravam o completo estado de desagrado em que o Matteo se encontrava, ele sempre odiou ser desprezado.


- Quantas vezes vamos ter que discutir isso? Eu tava bêbado e ela é obcecada por mim. Você sabe disso! - Se defendeu deixando a voz soar ainda mais impositiva e ofendida. Oh Deus, como ele podia tentar legitimar sua deslealdade a mim?


- Quantas vezes vou ter que te explicar que nada, nada que você diga pode justificar a sua infidelidade. - Murmuro entre dentes sentindo o ar ao meu redor ficar mais denso. Vejo o Matt rosnar arregalando os olhos, era uma mania incontrolável que ele tinha quando ficava irritado. E bom, meu ex sempre teve o pavio curto.


- Caralho Rachel eu entendi isso quando você falou pela milésima vez! Eu juro que o que quero te falar não tem nada haver com isso, mas preciso que acredite no que eu vou dizer! - Implora começando a parecer mais desesperado do que eu esperava.


Havia visto ele desse jeito apenas uma vez, no dia em que o encontrei trepando com a Clair na cama de Scott McMillan, co-capitão do time de futebol da nossa escola e um de seus melhores amigos. Foi a primeira vez que tive o desprazer de ver a máscara de falsa confiança em seu rosto cair. Desde então o Matteo havia dado muitos passos em falso quando se tratava de esconder-se atrás de um personagem.


Pelo canto do olho pude ver minha família se aproximar, cochichando com os olhos grudados em mim. Quase pude ler os lábios da minha mãe falando com a Aali para não me interromper pois em briga de marido e mulher não se mete a colher. Tenho certeza que vi a palavra “namorado” brincar em sua boca, e isso só me fez ferver ainda mais. A erupção atingiu seu ápice quando notei que o Shawn não estava perto dos meus parentes.


- Olha não tenho paciência pra isso. Vou encontrar alguém que realmente merece minha atenção. - Murmuro me aproximando do garoto, podia sentir o calor emanar do seu corpo e a respiração acelerada pela raiva tocar meu rosto. O sorriso cínico banha minha boca quando eu toco seu queixo com a ponta do meu dedo indicador e arranho a pele sentindo os fios curtos e mal raspados sob a minha unha. -  Você teve a sua chance, e acredite sinto te dizer mas você desperdiçou.


Não espero ouvir uma resposta. Nem ao menos quero fazer isso. Apenas ando a passos firmes em direção a porta que dava para dentro da casa enorme, fazendo-me sentir perdida ao dar de cara com aqueles vários corredores. Havia uma ou duas empregadas circulando como formigas agitadas com bandejas nas mãos, sem sequer reparar na minha existência por aqueles cantos da propriedade.


Não estava afim de voltar para o deck lotado e ficar fazendo sala para um monte de babacas e o Shawn parecia ter virado pó pois não respondia minhas mensagens, preferia circular pela casa e ver os porta-retratos adoráveis com fotos de uma Anna ainda menor do que a que eu conhecia.


Num piscar de olhos duas mãos imensas agarram minha cintura com força me puxando de forma agressiva para dentro de uma sala desconhecida e ouço o bater violento da porta. Um grito irrompe minha garganta e antes que possa clamar por socorro como uma desesperada em apuros, algo macio e quente cobre a minha boca.


- Pelo menos agora eu sei que se alguém te sequestrar achar você não vai ser um problema pois aposto que a Tia Heeley lá na praia conseguiu te ouvir. - Consegui respirar assim que meus olhos focalizaram o rosto divertido do Shawn, fazendo-me crispar as pálpebras e morder sua mão sentindo o gosto suave da sua pele em minha língua. - Ai! Por que fez isso?


- Eu achei que ia morrer seu idiota! E eu quase derrubei minha comida, eu choraria se isso acontecesse! - Falo me afastando do meu primo segurando o pratinho perto do meu peito e agarrando um dos bolinhos entre os dedos. O Shawn pôs as mãos na cintura fazendo aquela falsa careta de descrente que eu adorava, ri dando uma mordida gorda na comida cheia de açúcar em meio a uma encenação dramática.


- Não acredito que você prefere esse bolinho a mim! - Meu primo protestou sem conseguir esconder o sorriso que brotava no canto dos seus lábios travessos. Ri tentando manter a comida dentro da minha boca enquanto garagalhava escandalosamente. Dei alguns passos desajeitados na sua direção, me sentindo dez vezes mais leve pela forma como Shawn era capaz de me deixar de bom humor.


Era isso que tornava bom né? Risos fáceis e conversas sincerar. Tudo de melhor que o Shawn poderia me dar.


- Não fique com ciúme, você é um bolinho também. Mas ele é mais gostoso. - Falei franzindo as sombrancelhas ao apontar para o cupcake em minhas mãos como se fosse óbvio. Os braços cruzados do meu primo e a sua  expressão ao lidar com o meu atrevimento me fazem saltitar radiante atéo garoto. Paro a sua frente com os olhos arregalados e a cabeça erguida para enxergar seu rosto lá no alto. - Se você provar esse paraíso aqui, aposto que vai pensar o mesmo que eu.


Analiso as feições desconfiadas do Shawn, segurando o bolinho bem a sua frente, até que ele finalmente se rendesse ao açúcar e afundasse o indicador e o dedo médio grosso na cobertura  branca sabor baunilha, arrasando tentadoramente todo o trabalho impecável de confeitaria.


Ver o Shawn enfiar os dois dedos imensos em algo tão delicado me fez estremecer. Que estrago. Diferente do que imaginei que meu primo faria, ele não levou a mão aos próprios lábios e sim aos meus, me incentivando a por a cobertura na boca.


Não hesitei em passar a língua sobre a ponta dos seus dedos antes de enfiá-los na boca e os chupar com dedicação. A mão do Shawn era um dos meus maiores pontos fracos, sempre imaginei fazer de tudo com ela, reparava em cada linha em sua pele calejada e cada detalhe desde os pulsos ás unhas.


Senti a pele áspera e doce sobre a minha língua, pressionado o interior das minhas bochechas por conta do tamanho incabível. Contornei seus dedos com meus lábios me certificando de lamber toda a cobertura neles. Abri os olhos, o Shawn me encarava por baixo dos cílios pesados e suas íris estavam escuras como a noite demonstrando todo o desejo estampado em sua face alva.


- Agora sim eu posso provar do jeito certo. - O garoto murmurou com a voz grave arranhando sua garganta e me fazendo estremecer. Mal tirei seus dedos da boca quando seus lábios a ocuparam.


Suas mãos foram em direção a minha nuca, puxando-me com força contra seu corpo e me fazendo reprimir um grito pela intensidade do impacto. Cada poro da minha pele pedia para ser tocado pelo Shawn. Retribui seu beijo com a necessidade latejando em meu peito, ansiando pelo meu primo do jeito mais egoísta possível.


Espalmei as mãos em seu peitoral contraído, dedilhando o contorno dos botões de sua camiseta, e sentindo o sabor de baunilha da cobertura se misturar com o gosto doce dos lábios do meu primo. Seus dedos mergulharam em meus cabelos, deixando-me totalmente sob seu controle.


Senti o Shawn empurrar seu corpo contra o meu forçando-me a dar alguns passos desajeitados para trás até estar apoiada na escrivaninha que se encontrava no centro do cômodo . Meu coração surrava minhas costelas com a possibilidade de alguém nos pegar ali, naquela sala aleatória dando amassos sobre a mesa de alguém.


Arfo incontrolavelmente sobre seus lábios tirando de forma apressada o bolinho de suas mãos e raspando a cobertura que ainda restava no topo dele. Aproveitei o momento em que o Shawn se afasta, na intenção de se acomodar mais confortavelmente entre as minhas pernas, e espalho o creme de baunilha pela sua mandíbula delineada, sujando seu queixo e melando seus lábios inchados.


-  Rachel… - Ouço o Shawn grunhir em meu ouvido enquanto amassava os meus seios em seu peitoral rígido. Sinto a ponta da sua língua percorrer a extensão dos meus dedos sujos, tão suave e quente que me fez estremecer e ceder ainda mais parte do meu peso na superfície da mesa. - Você vai ter que limpar o que fez em meu rosto.


- Estava torcendo pra você pedir. - Murmuro olhando para cima, idolatrando o nariz bem desenhado do meu primo e seus lábios vermelhos cobertos de creme de baunilha.


Fico na ponta dos pés até minha bunda estar apoiada sobre a escrivaninha de carvalho, sem me importar em sentar de mal jeito, enlaçando os ombros do Shawn desejando que seu corpo pudesse se aproximar ainda mais do meu. Não hesito em lamber seu rosto do jeito mais inapropriado que poderia fazer, sentindo suas unhas curtas fincarem-se nas minhas coxas.


O garoto parece perder o controle na primeira investida que dou. Quase que imediatamente ao fim do primeiro toque da minha língua papilas gustativas, seus lábios se juntam aos meus com uma voracidade irreconhecível. Podia apostar que meu rosto estava tão sujo quanto o dele agora. Era um beijo molhado e cheio de língua que nunca compartilharia com ninguém além dele.


Seu beijo dizia tanto sobre o que estava sentindo. Não era só tesão e vontade, tinha mais. Mais sentimentos que não sabia distinguir, mas gostava de descobri-las num ato tão indisciplinado e julgavel. Não importava a selvageria dos nossos toques, apenas as sensações únicas que me causavam.


- Você é deliciosa.


Mordo meu lábio contendo um gemido ao ouvir sua voz terna fazer o sangue fervilhar em minhas veias, disparando meu coração a todo vapor. Minhas pernas pareciam ter vida própria ao abraçarem desajeitadamente às coxas do meu primo, embaralhando nossas panturrilhas num nó que eu desejava ser cego.


Como era bom ser tocada por ele desse jeito. Como era bom ouvir seus elogios, seus pensamentos profanos, seus segredos sussurrados em meu ouvido.


Meus dedos trêmulos tamborilavam sobre os botões da sua camiseta, abrindo-os esporadicamente, numa necessidade absurda de sentir pele na pele. De tocar os poucos fios que cresciam em seu peito, e sentir sua clavícula roçar na minha conforme os beijos inacabáveis se tornavam mais profundos e urgentes.


Arfei ao sentir seus lábios traçarem um caminho pelo meu pescoço, sua língua tão quente e úmida marcando a minha pele com delicadeza, queimando cada ponto em que tocava. Cada centímetro do meu corpo pareceu ficar mais sensível ao sentir os beijos do Shawn naquela área.


Minha calcinha já pesava, encharcando-se a cada movimento do meu primo, o garoto parecia ter total controle do meu corpo e eu não lutaria contra isso. Seus percorrem minhas costas, alcançando a alça do vestido e a arrastando para o lado sem hesitar, desnudando meu ombro e parte do meu busto. Quanto mais pele à mostra, melhor para nós.


Sinto seus dentes na minha carne no exato instante em que puxo seus cabelos cabelos castanhos. O Shawn sabia que não podia deixar marcas em lugares visíveis, seria um escândalo se meus pais vissem, mas enquanto estivesse por baixo da roupa não parecia haver problemas.


Sua boca trabalhava com avidez sugando a minha pele e deixando vergões vermelhos pintando a curva do meu seio. Meu corpo tremia incontrolavelmente nos braços do Shawn, ansiando por pertencer inteiramente ao garoto, almejando cada dedo enterrado na minha carne.


Os beijos ficaram mais lentos e mais brandos, como se ele estivesse provando cada centímetro do meu corpo. A sua respiração ofegante em meu ouvido fazia meu corpo vibrar em excitação enquanto eu abraçava seus ombros e mergulhava meus dedos em seu cabelo sedoso na tentativa de me manter estável.


- Foi mal, tenho que me acalmar um pouco. - O garoto sussurrou em meu ouvido em meio a uma risada calorosa. Respirei fundo tentando recuperar o fôlego, ainda sentindo os dedos quentes do garoto percorrerem a minha pele.


Me afasto apenas o suficiente para admirar sua face com clareza. A sua expressão era a visão do paraíso.


Os olhos brilhantes e sorridentes me encaravam sem nenhum um pudor, seu rosto estava com uma coloração carmim aconchegante, tão corado que me fazia pensar se a sua timidez esporádica estava atacando agora. E os lábios vermelhos entreabertos que pintavam um sorriso ladino pareciam muito mais carnudos depois de estarem colados aos meus durante tanto tempo.


- Por que tem que se acalmar? - Pergunto curiosa com a voz acidentalmente rouca. Vejo o  garoto levantar uma sobrancelha, com aquela expressão presunçosa que me fazia meu sangue palpitar nas minhas veias.


Meu primo apruma o peito transpassando os antebraços entre os meus e apoiando as mãos espalmadas atrás do meu corpo, com nariz roçando no meu e a respiração tocando minhas bochechas.


- Por causa disso. - Meu primo murmura quase inaudivelmente antes de pressionar o volume em sua calça contra minha coxa. Engoli em seco, assustada com o impacto daquele ato. O Shawn riu da minha expressão aturdida enfiando o rosto na curva do meu pescoço carinhosamente.


Apenas mexo os braços para enlaçar seu tronco, deslizando os dedos delicadamente pelos fios pouco compridos do seu cabelo macio. Poderia ficar ali pelo resto da minha vida sentindo a respiração do meu primo no meu pescoço, minha pele desajeitadamente contra seus lábios, o seu cheiro tomando conta dos meus pulmões, o calor do seu corpo. Nesse momento eu o queria para mim, só para mim, para sempre.


- Oh Rachel, como é possível gostar tanto de alguém como eu gosto de você.


Um sorriso inevitável surge em meu rosto, quase tenho a impressão de que meus olhos estão mais úmidos ao escutar uma demonstração de carinho tão inesperada. Por que você tem que ser tão emotiva Rachel? Era impossível de se pensar algo assim mas agora, por um momento, parece que não conseguiria mais viver sem o Shawn.


Ficamos ali perdidos um no outros, torcendo para que aquela sensação fosse real durante o maior tempo possível, de olhos fechados para os problemas ao nosso redor desejando esconder por trás dos nossos abraços e nossas peles juntas o desgosto e angústia dos conflitos que nos cercavam. Nossa bolha estourou mais cedo do que gostaríamos quando seu celular tocou.


- Sua mãe está me ligando. - Comentou confuso ao tirar o celular do bolso e encarar o visor com uma expressão desentendida antes de atender à ligação. - Apresentar alguém? Entendo. Não, eu não contei a ela. Se eu estou com a Rachel? Não, eu não faço ideia onde ela tá. Ok, chego em um minuto.


- O que foi isso? - Pergunto dando uma risada confusa vendo-o revirar os olhos e bufar irritado. Nem ao menos o meu primo adorável e santo estava aguentando a pressão da minha mãe. Na minha mente se repetiam as palavras ditas por ele, a naturalidade com a qual o garoto havia mentido para a tia. Como se a mulher sempre lhe perguntasse onde eu estava.


- Sua mãe disse que quer me apresentar uma pessoa. Um reitor da área de direito de uma Universidade ótima aqui na Flórida. - Meus olhos se arregalam minimamente deixando um riso escapar.


O Shawn é capaz de fazer qualquer coisa que ele quiser. Mas ele jamais seria um advogado. Isso me faz rir e gostar ainda mais dele. O meu primo é o tipo de pessoa cheia de potencial para o que quer que seja, o garoto poderia ser um multimilionário e acabar com a guerra no oriente médio. Mas o seu sonho era salvar o mundo com uma música de cada vez.


Não haviam possibilidades para mim além de me apaixonar pelo Shawn e era estupidez lutar contra isso.


- E ela também me pediu para contar uma coisa a você… - Murmurou fazendo careta, engoli em seco imediatamente prestando atenção em cada palavra dita pelos seus lábios tentadores. O garoto coçou a nuca sem jeito antes de desviar os olhos dos meus por uns instantes, deixando-me ainda mais nervosa. - Então, sua mãe ela…


- Seja breve Mendes.


- Sua mãe confirmou sua presença no retiro da igreja semana que vem.


Minha mandíbula trincou com tanta força que por um momento tive certeza de que meus dentes partiriam. O garoto apertou os olhos como se assim pudesse se proteger da minha explosão iminente.


- Olha, eu disse para ela que era estupidez fazer isso porque você odiaria. - Comentou dando de ombros, como se isso pudesse ter algum efeito na decisão controladora da minha mãe. O meu primo olhou para o lado, quase buscando algo que o distraísse da conversa, antes de voltar a me encarar com a próxima notícia entalada na garganta. - Depois que eu disse isso e questionei a escolha dela, sua mãe fez questão de convencer minha mãe que seria uma boa ideia que eu fosse ao retiro também. Ela acha que isso pode prevenir uma rebeldia prestes a estourar…


- Minha cabeça vai explodir de raiva!


- Olha pelo menos você vai passar uns três dias longe dela. Não pode ser tão ruim…


- Pode sim! Claro que pode! - Digo num tom um pouco mais alto do que deveria, o interrompendo violentamente, pulo de cima da mesa começando a andar de um lado para o outro na sala. Paro em frente a um Shawn segurando a risada. Às vezes tinha vontade de socar a cara do meu primo com toda a força que podia. - Esses retiros são um feira de hipocrisia! Você não faz ideia das putarias que rolam nessa viagens…


- Não parece tão ruim com você falando desse jeito. - O garoto diz rindo enquanto bagunça o topete desordenado, me distraindo por alguns segundos. Bufo irritada andando até a parede mais próxima e batendo minha testa contra o gesso. - Veja o lado bom, vamos estar juntos.


- Esse era pra ser um ponto positivo? Porque assim, você é insuportável e tá sonhando se acha que eu vou aguentar passar três dias colada em você. - Digo colocando as mãos na cintura e crispando as pálpebras, cogitando o jeito menos ilegal de escapar dessa situação. A expressão convencida do meu fez o ar se prender em meus pulmões e o sangue pressionando minha cabeça descer todo para as minhas bochechas.


- Considerando de que faz duas semana que você não desgruda de mim, acho que três dias vai ser moleza priminha. - Reviro os olhos sem conseguir segurar o riso. Me chamar de “priminha” era o meu limite, não aguentava todos os benéficos que Shawn Mendes trazia para minha vida. Andei a passos lentos e despojados até ele, sentindo seus braços rodearem meus ombros enquanto fazia o mesmo com sua cintura. Enterrando o rosto em seu peito.


- Não me chame de priminha. - Reclamo manhosamente, ouvindo a música ambiente tocar ao longe no quintal lotado, me resgatando para a realidade ao me soltar do Shawn. - Eu odeio.


- Eu também.


Mesmo o sorriso fraco em seu rosto não escondia a tristeza na sua voz. Era muito mais que um apelido provocativo, era uma gaiola que nos aprisionava sem chance de saída. E doía o tempo tempo todo. Fiquei na ponta dos pés encostando nossos lábios suavemente antes de dar alguns passos para trás ainda com seus dedos na minha mão.


- A minha mãe vai aparecer aqui daqui a pouco e te arrastar pela orelha se você não sair daqui agora. Eu não vou para lá agora, se eu olhar pra cara dela nesse momento é capaz de eu ter uma síncope. - Digo forçando um sorriso vendo seu peito se mexer pesadamente. O garoto apenas assente com a cabeça antes de dar as costas e seguir pelo corredor, não sem antes olhar para trás com aquelas íris escuras tomadas numa tempestade de dúvidas e sentimentos.


Como eu podia me preocupar com a droga de um retiro idiota se o fato de nunca poder ficar com o Shawn estava cada vez mais perto de se tornar realidade.


Arrasto os pés até a poltrona giratória atrás da escrivaninha, largando meu corpo sobre o acolchoado de couro e fechando os olhos. Ainda podia sentir o seu cheiro se mesclado ao aroma adocicado da baunilha, seu gosto era tão forte e marcado em minha língua. Como se eu ainda o beijasse várias e várias vezes.


Sinto o canto dos meus olhos lacrimejarem e o ar ficar denso em meus pulmões. Sabia que não ia chorar, mas esse incômodo da incerteza nunca cessava. A porta estava aberta e eu não estava dando a mínima se alguém me visse lá dentro, tudo parecia estar sob um filtro sépia empoeirado.


Meu celular vibrou sobre a mesa. Uma. Duas. Três. Cinco. Oito. Até perder a conta de quantas vezes havia vibrado. E então começar a tocar, e a música que soou pela sala foi um dos grandes hits de Snoop Dog, o que significava que era a Leslie me ligando. Bufei me esticar para alcançar o aparelho e o atender.


“Onde você tá? Preciso te contar uma coisa urgente”


- Eu não sei onde exatamente eu estou, é um tipo de escritório ou algo…


“Sai daí agora e me encontra no banheiro perto da cozinha.”


Minha amiga me interrompeu brutalmente e desligou antes que eu tivesse a oportunidade de respondê-la. Nunca era boa coisa quando a Lessie ficava afobada desse jeito. Engoli em seco me levantando rapidamente da cadeira confortável, tentando fazer o mínimo de barulho possível ao sair da sala e bater a porta, todos os corredores da casa pareciam iguais e me sentia presa num labirinto sem saída.


Desbloqueei o celular pronta para pedir socorro para a Leslie, vendo todas as mensagens que haviam me mandado nesse período. Haviam algumas da Aali pedindo para distrair o Shawn pois ela estava com o Colin e não queria o irmão enchendo o saco. Ri com o que ela escreveu dizendo que era tarde demais pois não sabia onde o garoto havia se metido.


Por um momento uma onda de pânico me atingiu com a possibilidade dela saber que rolava algo entre mim e seu irmão. A Aaliyah podia ser tudo, menos burra. Não importava quantas vezes o Shawn dissesse que não havia contado para irmã, simplesmente não conseguia acreditar que ele possa esconder algo dela.


Todos os pensamentos e inseguranças se dissiparam em minha mente ao ler a última mensagem notificada no meu celular. Troy. Um sorriso brotou em meu rosto ao ver o rosto do irmão da minha melhor amiga na sua foto de perfil. Ele parecia mais velho agora que passei algumas semanas sem vê-lo.


“ Não fique brava comigo. O sinal é péssimo aqui no México”


Ri com a sua péssima desculpa para passar tanto tempo sem falar comigo. “Você pode arranjar uma desculpa melhor para fingir que não me esqueceu.” Digitei rapidamente, lembrando que deveria achar a Leslie o quanto antes. Dei alguns passos perdidos entre os corredores infinitos até me distrair com o celular vibrando em minha mão.


“Eu não te esqueci, minhas mentions no twitter não foram suficientes para você? Você é sempre tão exigente Rach. Além do mais a Leslie me disse que você já estava bastante ocupada se é que me entende…”


Bom eu estava mesmo.


“E eu estou. Inclusive nesse exato momento. Preciso achar sua irmã urgente.”


Assim que levanto a cabeça da tela brilhosa vejo uma das empregadas com uniforme sair de um cômodo com uma bandeja cheia de canapés em mãos. A cozinha! Deve ter algum banheiro por aqui, procuro atentamente até visualizar a porta de madeira encostada. Antes mesmo de bater contra a superfície minha amiga a abre completamente e me puxa para dentro.


- Caramba você se perdeu no meio caminho? - A loira pergunta bebericando uma taça cheia de champagne, com a sobrancelha rala erguida em um questionamento retórico. Rio engasgado com a sua pergunta.


- Na verdade sim. Esse lugar parece um labirinto, quase fui parar no porão. - Respondo me escorando na bancada da pia e cruzando os braços. Minha amiga respira fundo antes de me estender a taça em sua mão, olho para a bebida depois para seu rosto contorcido. Meu coração bate forte temendo pelo que está por vir, como se um mal pressentimento me assolasse de repente.


- Tome você vai precisar. - A Leslie diz em seco colocando a taça em minha mão e engolido em seco.


- Você tá me assustando, diz logo o que é. - Digo e minha voz soa mais insegura e trêmula do que eu queria. Minha amiga olha para os lados, desviando seus olhos dos meus e fazendo uma estranha sensação se apoderar do meu corpo.


- Você estava com o Shawn esse fim de semana? - Pergunta com a voz baixa e delicada, como nunca costuma ser. A mera menção do nome do meu primo faz o meu coração começar a bater descontroladamente em meu peito. Mil e uma possibilidades passam na minha cabeça ao ouvir sua aquilo.


- Porque? O que houve? Abre a boca Leslie. - Disparo tentando parecer menos desesperada do que realmente estava. Minha mente era um turbilhão de pensamentos confusos e embaralhados, sem nenhuma resposta plausível.


- Eu ouvi… - Diz respirando profundamente, como se reunisse coragem para contar o que guardava entre seus dentes. Sua mandíbula estava trincada e meu coração ficava a cada segundo mais arritmado. - Eu ouvi a Clair falando com as amigas que tinha passado o final de semana com o Shawn. Ela contou isso numa mesa cheia de garotas e jurou de pé junto que eles haviam ido juntos pra uma festa na casa do Alex lá da escola.


Meus olhos parecem arder instantaneamente, lembrando daquele fim de semana fatídico quando brigamos e ficamos dias sem olhar um para a cara do outro. O Shawn não fez isso. Ele não faria isso comigo sabendo de tudo que eu passei. Respirei fundo mas o ar nunca parecia suficiente em meus pulmões, estava com meu primo a alguns minutos atrás e ele disse que gostava de mim com toda sinceridade em seu coração. Isso não era possível.


A Clair já havia mentido várias vezes sobre meu relacionamento com o Matteo, havia causado mais intrigas do que poderia contar, ela era só mais uma vadia dissimulada tentando armar confusão. Balancei a cabeça negativamente, mesmo negando parecia haver areia na minha garganta.


- Isso não é verdade. - Digo esperando soar o mais confiante possível, parecendo uma idiota ao ouvir minha voz tremer de forma incontrolável. Vejo a Leslie franzir as sobrancelhas, arfando ao analisar a expressão em meu rosto. Tinha certeza de que parecia uma fracassada nesse momento. - O Shawn  é um escroto mas não faria isso.


- A Clair, ela disse coisas Rachel. Não tinha como ela saber se não estivesse com ele. - Murmurou lentamente, pesarosa por ter que contar aquilo. Balancei a cabeça mais vagarosamente me desencostando da pia num sobressalto.


- Eu não ligo pro que essa puta falou, ok? Ela deve ter visto que você estava por perto e disse essas coisas porque sabia que você ia me contar e me fazer ficar paranóica agora que tudo tá dando certo. - Falo tentando mais me convencer daquilo do a minha amiga. Bufo irritada levando a mão aos cabelos e os  puxando com força. Não sentia a dor dos fios sendo arrancados, era só uma angústia constante que pesava em meu peito e me impedia de respirar. - Ela não vai me fazer de trouxa dessa vez.


- Rachel… Ela disse que ele cantava John Mayer quando tá bêbado.


Meu coração que antes batia tão rápido em meu peito agora pareceu parar por alguns segundos. A areia em minha garganta se transformou em pedras e o ar denso me sufocava.


Oh gravity, gravity wants to bring me down.

Sua voz afinada cantarolava na minha cabeça como um disco macabro arranhado.


Ele não fez isso comigo. Ele não podia ter feito isso.


Não vejo nada a minha frente, brumas avermelhadas pela raiva me cegam quando eu abro a porta, balbuciando palavras indecifráveis enquanto minhas pernas me guiavam para o quintal lotado de gente. O Shawn não fez isso, ele não faria isso. Eu sei que ele não faria isso, muito menos esconderia de mim.


Só precisava encontrá-lo e ele me diria que era tudo mentira, que a Clair estava fazendo isso para me irritar e que era uma idiotice. O Shawn falaria o quanto estava apaixonado por mim e então faria alguma brincadeira boba para me fazer rir. E tudo ficaria bem, só precisava achá-lo.


Paro no batente da porta dupla do quintal amplo e como era de se esperar meus olhos pousam em suas costas de imediato. Ele sempre era a primeira pessoa que meus olhos encontravam numa multidão, isso havia se tornado um hábito.


Ou melhor, ele era a única pessoa que eu conseguia enxergar numa multidão.


Respiro aliviada preparada para correr até ele e esclarecer tudo isso aconchegada em seus braços. Antes que minhas pernas possam se mover, meus olhos focalizam a garota em sua frente. A morena baixinha de cabelos esvoaçantes, segurando sua mão carinhosamente, com um sorriso alegre no rosto. Vejo a mão dele se mover apertando a da garota, que sorri ainda mais largamente.


Ele está de costas para mim. E a Clair não me vê, mas continua sorrindo com o seu rosto corado. Feliz de verdade por estar com ele.


Levo a mão ao peito, tentando me certificar de que meu coração ainda batia após ver aquela cena. Depois de ter tantas feridas abertas num só instante. O filtro avermelhado pela raiva sumiu dos meus olhos, sendo substituído pela visão embaçada causada pelas lágrimas. Quase agradeci por estar chorando, não conseguia vê-los juntos através das gotas gordas que inundavam minhas pálpebras.


Quis ficar ali por mais tempo, na esperança desesperada de que um deles me visse e isso fizesse o Shawn sair correndo atrás de mim para tentar consertar tudo isso, como num filme água com açúcar. Mas os dois pareciam imersos demais um no outro para sequer desviarem o olhar.


Numa onda de auto-piedade minhas pernas tomaram a decisão por mim e deram meia volta, subindo a primeira escada que encontraram. A cena do Matteo, o garoto por quem fui apaixonada, nu na cama do melhor amigo, enroscado na latina morena ficava se repetindo na minha cabeça. De novo e de novo. Sem nunca parar.


Abri a porta do primeiro quarto que vi a minha frente e entrei, jogando meu corpo moribundo na cama e cobrindo a face molhada com as mãos, vendo meus dedos escurecerem pela maquiagem que escorria.


Ficava revivendo o momento em que abri a porta e vi o meu namorado fodendo a garota que me odiava sem motivo, me encarando com os olhos culpados enquanto parava lentamente de meter nela. Então seu rosto se transformava no do meu primo, e meu coração doía como nunca antes e meus soluços ficavam mais altos.

Imaginando todas as coisas que os dois fizeram juntos, todas as coisas que o Shawn não fez comigo.


Enxergava claramente na minha cabeça, o seu corpo colado ao dela, tocando suas curvas, a sua voz sussurrando para ela. Como ele pode dizer que gostava de mim depois de ter feito isso? Não podia ser verdade, estava enlouquecendo. É impossível que o Shawn tenha feito isso.


Mas ele fez Rachel. Você viu com seus próprios olhos, viu os dois juntos, viu as mãos entrelaçadas, viu o sorriso no rosto da Clair.


Ela nunca sorriu assim para ninguém além do Matteo. Você sabe disso.


- O que você tá fazendo no meu quar… Rachel? - A voz aguda me faz levantar a cabeça num susto, decifrando a imagem da Anna por trás das lágrimas. Você não poderia parecer mais fracassada do que isso Rachel. Fico de pé rapidamente sentindo meu coração bater em minha garganta prestes a sair da minha boca. - Droga…


- Desculpa eu, não quis entrar no seu quarto, eu só… - Um soluço irrompe a minha garganta fazendo-me encolher de constrangimento com a expressão de pena da menina mais nova. Tento falar mas o choro impulsivo não permite e me sinto ainda pior quando sou abraçada por ela.


- O que aconteceu, você tem que se acalmar. - Anna diz suavemente me fazendo sentar na cama ocupando o lugar ao meu lado. Você tem que se acalmar. É exatamente o que ele diria se não estivesse ocupado demais com a Clair, um grunhido doloroso escapa da minha garganta e eu sinto o carinho hesitante sobre meu cabelo. - Me diga, o que houve? Foi o Matteo? Pera, foi o Shawn não é?


- O que? Você sabe sobre o Shawn e eu? - Pergunto desesperada com a voz esganiçada pelo choro cortante. Não pode ficar pior. Ela sabe, e vai contar para todo mundo. Vai espalhar para todos sobre nosso relacionamento desastroso. O meu choro se intensifica com uma dor em minha pele, agarro seus ombros preparando-me para me humilhar implorando seu silêncio. - Por favor, não conte pra ninguém! Olha não rolou nada demais eu juro, eu faço o que você quiser pra não dizer nada só não conte sobre nós dois…


- Caralho você e o Shawn estão se pegando? - A garota fala espantada cobrindo a boca com as mãos como se não acreditasse que realmente disse aquilo.


Então o sangue congela em minhas veias. Rachel, definitivamente, você é burra.


A Anna não sabia sobre nós dois. Foi só um palpite certeiro que eu a dei de bandeja. Havia entregado todo o jogo a ela numa só frase. A minha impulsividade e negligência pôs em risco tudo que passei semanas tentando proteger. Tinha jogado no lixo as minhas chances de sair dessa inteira. Volto a chorar copiosamente com o rosto enterrado na palma das mãos.


- Calma, calma, calma. Não vou falar nada pra ninguém. Eu juro. Só tive essa reação porque fiquei chocada, não estava esperando algo assim. - Meu desespero só aumenta ao ouvir a comprovação da minha idiotice em alto e bom som. Suas mãos frias tocaram meu rosto encharcado me forçando a encarar seus olhos preocupados próximos aos meus. - Eu prometo. Não vou contar pra ninguém. Eu nunca faria algo assim com você Rachel. Só quero ajudar, não aguento ver alguém que gosto nesse estado.


Respiro ofegante. Isso doía tanto, mais do que achei que fosse doer. Era como se o Shawn arrancasse meu coração de dentro do meu peito e suas mãos o espremesse até virar uma pasta vermelha coberta de sangue. Não conseguia mais aguentar o peso em meus ombros, esmagando tudo que restava dentro de mim.


Pareceu que apenas um segundo havia se passado enquanto despejava os acontecimentos para a Anna.


E eu disse tudo.


Seu maxilar estava contraído e os olhos transtornados ao final da história. Nunca havia a visto tão furiosa em toda a minha vida. Como se ela mesma já tivesse sido vítima de uma traição tão cruel.


- Você realmente achou que fossem ficar juntos? - O peso das suas palavras me atingiu como um soco, talvez a Anna estivesse certa mas não me achava capaz de deixá-lo ir numa situação como essa. A garota põe uma mecha de cabelo castanho atrás da orelha e agarra minha mão em meio às suas palmas pequenas. - Olha, é melhor que termine assim do que com um grande escândalo por causa da relação incestuosa de vocês. Parece horrível, eu sei disso, mas vai poupar futuros sofrimentos.


- Você não percebe que o meu sofrimento atual não deixa eu me preocupar com o futuro. - Digo entredentes assistindo a Anna rir ironicamente. Nesse momento ela não parecia mais uma barbie humana plastificada, parecia uma garota amargurada de coração partido.


- Eu queria ser capaz de fazer sua dor passar. - Sussurrou com a voz se perdendo no ar. Não importava se a Anna estava ali, ela me fazia sentir bem mas havia um vazio que parecia me perseguir. Apoiei a minha cabeça em seu ombro, me permitindo chorar como uma derrotada enquanto era consolada por uma menina mais nova, claramente cheia de cicatrizes. - Quando você se sentir melhor, posso pedir para o chofer te levar pra casa no meu carro.


Assenti com a cabeça mesmo sabendo que nunca me sentiria melhor.


A Anna cumpriu sua promessa e fugiu do seu brunch para me deixar na porta de casa, com um beijo no rosto e um desejo de melhoras. Não havia ninguém em casa, cada um estava seguindo a sua vida enquanto a minha parecia ter parado no tempo. Fechava meus olhos e a imagem do Shawn com a Clair se repetia à minha frente, partindo meu coração em mais outros mil pedaços.


- Porque você saiu do brunch? - Foi a primeira pergunta que a voz hesitante do Shawn fez ao entrar no meu quarto quando voltou, quase as três da tarde, e me encontrou sentada ao pé da minha cama com a cabeça entre as mãos.


Não havia mais nenhuma lágrima em meu rosto, apenas as marcas que elas deixaram, mas tinha certeza que a minha expressão estampava o puro desgosto que sentia.


- Por favor me diga. - Peço num sussurro cansado, sem ao menos levantar a cabeça para o olhar. Passei as mãos no rosto tentando, de algum jeito, me sentir menos mal com tudo aquilo. - Tem escrito “idiota” na minha testa?


- Rachel, o que tá acontecendo? - O garoto perguntou gaguejando, indeciso entre caminhar até mim e ficar onde estava. Levantei meus olhos cheios de pesar, grunhindo assim que focalizei seu rosto confuso. Não conseguia olhar para o Shawn sem imaginar ele e a Clair na cama.


- Você continua lindo sabia? Mesmo depois de mentir. - Digo apoiando o queixo na mão, vendo o garoto engolir em seco e sua expressão mudar completamente. Lembro da sua naturalidade ao enganar minha mãe dizendo que não estava comigo, mesmo com o nariz a centímetros do meu. Deveria ter me perguntado se ele já havia feito isso comigo. - Eu pensei muito em como conversar com você, e foi horrível fazer isso porque não tô acostumada a controlar o que te digo. Mas não queria parecer obsessiva e controladora, até porque não sou nada sua pra cobrar satisfação. E estou torcendo pra que você não tivesse idéia do quanto eu, do quanto eu confio em você e do quanto sua sinceridade é importante pra mim quando me escondeu algo que sabia que ia me machucar.


- Meu bem eu… - Seguro meu choro ao ouvi-lo me chamar assim, é como se a represa que continha todo a enxurrada de sentimentos que eu estava segurando houvesse rachado e estivesse prestes a partir. Espero meu primo dizer algo, mas ele parece tão inseguro que sou incapaz de dar a ele a chance de me magoar mais.


- Não quero te acusar de algo que você não fez, na verdade eu tô desejando com todas as minhas forças que você não tenha mesmo feito, mas você deve imaginar o quanto eu tô me controlando agora. - Falo, sem mexer um músculos ao vê-lo dar um passo na minha direção. Respiro fundo, aproveitando a vista de corpo inteiro que tinha do meu primo, decidindo parar de enrolar. - Eu te perguntei várias e várias vezes o que você tinha feito no fim de semana, perguntei até encher seu saco. E caramba eu sabia que você tava me escondendo alguma coisa mas preferi confiar em você. Eu confio mais em você do que em mim mesma Shawn.


- Não sei o que a Clair falou mas não é verdade. - Meu primo diz me encarando com precisão, como se aquilo pudesse me fazer acreditar no que ele dizia. Deixo uma risada cínica escapar dos meus lábios, meu deus por que eu tinha que ser tão rancorosa?


- Você tá dizendo que ela mentiu quando falou que foi com você pra uma festa? - Pergunto elevando a voz num ímpeto de descontrole, vendo seu rosto ficar tenso fazendo o que sobrou do meu coração se contorcer dentro de mim. - Ela estava mentindo quando disse que vocês beberam juntos? E quando falou que te deu carona pro restaurante? Por favor me diga que era ela quem tava mentindo e não você.


- Eu não menti. Eu não contei porque sabia que isso nos faria brigar e não queria estragar tudo. - A voz do meu primo soo pesada quando o vi abaixar a cabeça, meus olhos arderam e eu soube que não seria capaz de segurar o choro se o Shawn me encarasse. - Me sinto idiota por pedir desculpas agora.


- Suas desculpas não vão me deixar menos magoada. - Respondo minha voz soando vergonhosamente embargada. Não podia terminar o que nem havia começado. Mas me sentia tão machucada. - Você sabe que o Matteo me traiu com a Clair, você sabe como eu me sinto em relação a isso. Você tem noção do impacto que te ver com ela causa em mim? Você entende como eu estou me sentindo um lixo agora?


- Eu nunca te trairia com ninguém Rachel. Eu me sinto péssimo por você estar insinuando algo assim! - Ele diz franzindo as sobrancelhas, levantei sobressaltada andando até o garoto sentindo a raiva me consumir.


- Não se faça de vítima! Se eu estou pensando nisso é porque você me deu motivos! - Grito sem ligar se alguém pode ouvir nossa discussão, apontando o dedo em seu peito a cada palavra dita. O Shawn segurou meu pulso me forçando a encará-lo. Eu estava tremendo, vulnerável em seus braços. Era contraditório que o garoto fosse a única coisa capaz de fazer eu me sentir bem agora. - Eu entendo que nós tínhamos brigado, e você estava bêbado e queria me esquecer, mas você poderia ao menos ter me dito que estava com ela!


- Eu não estava com ela Rachel! - Meu primo diz me interrompendo e agarrando meu rosto entre as mãos grandes. Então eu estava chorando feito uma idiota. Ele parecia tão preocupado, tão perdido, sua confusão estava me tirando dos trilhos. - A gente se encontrou por acaso na praia, e ela me convidou pra essa e eu fui porque queria limpar minha cabeça só por um segundo, tudo me lembra você e não aguentava mais aquilo. Eu fui, bebi pra caralho, e fiquei com uma universitária. Eu te disse isso. E a Clair não saía do meu pé, ela tentou me beijar várias vezes e no dia seguinte tenho certeza de que ela me perseguiu já que misteriosamente me encontrou na sorveteria cubana que tem naquele quarteirão perto da barraca de frutos do mar. E é verdade eu passei um tempo com ela até a hora de ir me encontrar com vocês no restaurante. Ela não e falou sobre você, e não rolou absolutamente nada entre nós dois. Eu juro. Devia ter te contado mas não queria deixar nosso relacionamento por um fio.


- Você tomou sorvete cubano com ela? Você nunca tomou sorvete comigo! - Digo choramingando antes de sentir seus lábios contra os meus num selinho molhado.


Eu gostava tanto do Shawn, que não importava o quanto estivesse machucada, o quanto doesse olhar para ele e lembrar que o garoto teve bons momentos com a Clair, o quanto eu estava destruída e me sentindo insuficiente. Ia recolher toda a mágoa, e varrê-la para debaixo do tapete.


Quantas vezes parti o coração do Shawn desde que ele começou a gostar de mim? Desde que ele tinha 12 anos e teoricamente nos odiávamos. Não conseguiria contar. Desta vez eu só esqueceria e tentaria seguir em frente, porque eu preciso tanto dele.


- Prometo te levar amanhã e podemos provar um pouco de cada sabor. - Sussurrou dando incontáveis selinhos na minha boca. Eu quis sorrir mas meu rosto parecia feito de cera, querendo ou não, continuava um pouco triste com tudo isso. Me afastei dele analisando cada centímetro do seu rosto curioso.


- Eu ainda adoro você mas preciso de um tempo pra deixar a raiva que eu tô de você esfriar. - Falo mordendo a boca vendo-o assentir imediatamente. Seguro seu rosto e beijo seus lábios demoradamente sem aprofundar nosso toque. O Shawn ainda parecia preocupado, ou talvez fosse culpa, mas mesmo assim queria ficar sozinha. - Agora sai daqui e vê se cai da escada no meio do caminho porque você tá merecendo seu embuste.


- Eu também te adoro. - Responde com um sorriso tímido no rosto, parecendo ignorar tudo que falei sobre desejar que ele se machucasse, e sai fechando a porta. Solto o ar dos meus pulmões um pouco mais aliviada, mas ainda havia uma coisa que eu precisava fazer.


Pego o celular com as mãos inquietas discando o número que ainda sabia de cor. Não demorou dois segundos para ser atendida.


- O convite que seu pai fez pra eu ir na sua casa amanhã ainda está de pé? - Pergunto apertando os olhos com força, temerosa com a ligação.


“Claro Rach, é um alívio saber que você mudou de ideia” A voz arrastada do Matteo ressoa do outro lado da linha causando uma enxurrada de teorias em minha cabeça.





Notas Finais


Desculpem os erros de português ia demorar muito se eu fosse corrigir agora. Enfim dia 18 promete, a partir de agora as coisas vão esquentar risos AH DIA 8 É ANIVERSÁRIO DO SHAWNZINHO 19 aninhos de pura sofrencia se achando um gostosão, de puro talento tbm e outra já to pensando na surpresa de 400 faves e ela vai me deixar muito mais proxima de vcs! Amo vcs pra caralho vcs são tudo! Obrigada!

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