História My dear - Capítulo único

Hakyeon amava Jaehwan.

Ele nunca pensou que a amizade fosse evoluir a este ponto, mas aconteceu. Como dizem, “um grande amor nasce de uma forte amizade”, e ele não acreditava, até que passou por isso para crer. Não foi de repente, mas algo que cresceu com o tempo, até que não podia negar mais, ele amava Jaehwan como nunca havia amado ninguém antes.

A personalidade extrovertida, os sorrisos fáceis, os lábios carnudos, o jeito como ele os umedecia com a língua, as expressões infantis que despontavam em seu rosto quando fazia aegyo e  por Deus, até mesmo seu nariz grande, faziam Hakyeon encher-se de uma paz e felicidade inexplicável. Ele adorava ainda mais quando o mais novo tocava-o, seja abraçando, com os costumeiros tapas de brincadeira ou mesmo apenas apoiando a mão em seu ombro; qualquer toque era muito mais que bem-vindo e o moreno sempre os retribuía da maneira que podia. Ele poderia simplesmente passar o dia inteiro abraçado com o outro e sentia que nunca seria o suficiente, o que poderia fazer? não podia se controlar ao vê-lo e ainda mais quando sorria.

Sim, o que ele mais gostava era o sorriso, e Hakyeon fazia o que podia para ver um em sua face. E conseguia. Jaehwan sorria com qualquer coisa para qualquer pessoa, então pelo menos com isto ele podia sempre contar, mesmo que não fosse um poder exclusivamente seu, mas para seu coração apaixonado, era suficiente.

Jaehwan sempre conseguia fazê-lo se emocionar.

O mais novo sempre o agradecia por estar ao seu lado, ensinando, apoiando ou simplesmente se fazendo disponível para si. E Hakyeon não podia deixar de sorrir agradecido e orgulhoso, o que gerava um ciclo de risadas, abraços e brincadeiras que ambos aproveitavam muito bem. Além disso, ele era o único em seu grupo de amigos que não o rejeitava, nem tirava sarro de si por extremamente carinhoso e grudento, ao contrário, Jaehwan também apreciava cada demonstração de afeto que recebia de seu amigo, o que tornava tudo tão especial para o mais velho.

E a sua vida melhorou de vez no dia que soube que seu amor era correspondido.

Não que ele tivesse declarado ou deixado transparecer - se tinha uma coisa em que tornara-se bom foi em esconder seus reais sentimentos pelo outro, apesar de tudo -, mas porque ouvira da boca alheia. ainda lembrava-se daquele dia perfeitamente, mesmo depois de anos.

***

Jaehwan pediu para que fosse à sua casa pois tinha algo importante a lhe dizer e seu coração apertou. A voz ao telefone tinha um tom assustado, como se tivesse feito algo errado e temesse ser descoberto e punido. Foi o mais rápido que pôde e ao chegar, foi recebido nervosamente pelo seu dongsaeng. Sentaram-se no sofá e o mais novo não o olhara uma vez sequer nos olhos, umedecendo os lábios e brincando nervosamente com os dedos.

— Jaehwan, o que houve?

Não obteve resposta.

— Jae? - tocou-o no ombro.

Jaehwan contraiu o músculo, deixando mais que óbvio seu estado alterado.

— Tenho uma coisa pra te contar, mas tô com medo, hyung…

Hakyeon engoliu em seco, assustando-se.

— Jaehwannie, sabe que pode me contar qualquer coisa, não sabe? - viu o outro fechar os olhos com força, assentindo. — Então diga.

O alvo suspirou, como se estivesse derrotado.

— Eu gosto de uma pessoa.

Hakyeon perdeu algo naquele momento. Retirou a mão do outro, pousando-a em seu colo e entrelaçou os dedos, contendo-se para não surtar. Não podia aceitar perder seu amor daquele jeito, mas lembrou que não podia reclamar, pois ele não tivera nenhuma intenção de pegá-lo para si. E agora outra pessoa roubara o coração do Lee, destroçando o seu.

— Alguém que eu conheço? - não que ele quisesse realmente saber, porém precisava mostrar-se o bom amigo que sempre foi. Deveria fingir especialmente agora.

— Hyung… por favor...

A voz do Lee estava carregada em agonia e desespero, o que fez Hakyeon esquecer seu teatro e abraçá-lo forte. Jaehwan agarrou-se aos braços do moreno, começando a chorar. O Cha subitamente foi domado por raiva. Que tipo de imbecil faria aquela pessoa tão maravilhosa sofrer tanto por gostar dela?Decidiu que lhe daria uma lição quando soubesse quem era.

— Jaehwannie… por favor, me conta o que tá acontecendo.

— Hyung, por favor, não fica bravo comigo.. não… não fique com nojo de mim.

Mas e aquilo agora? Como assim? Ficar bravo? Nojo? Que diabos aquele narigudo idiota estava dizendo? Hakyeon segurou o rosto alheio, forçando-o a encarar-lhe. Ele estava com os olhos molhados e a expressão dolorosa.

Então, ele respirou fundo e disse o que o moreno mais queria ouvir na vida:

— Hakyeon-hyung… eu te amo.

Hakyeon ficou sem fala, enquanto Jaehwan ameaçava voltar a chorar, as mãos tremendo.

— Jaehwannie, isso…

— Eu sei hyung, é inaceitável, não é? Desculpa eu-

Foi interrompido por um abraço forte do moreno. Hakyeon não conseguia falar, então resolveu demonstrar, tomando os lábios de ambos em um beijo terno e apaixonado, como se respondendo a sua declaração, as lágrimas molhando os rostos deles. Ao separar, os olhares encontraram-se novamente, desta vez com um Lee estático e o Cha sorridente.

— Jaehwannie, eu também te amo, seu bobo.

Assim, passaram o dia conversando sobre como foram tolos de perderem tanto tempo e também recuperando o que perderam.

***

— Hyung? Hakyeon-hyung! - viu uma mão balançar a sua frente.

Balançou a cabeça, sorrindo para o namorado.

— que cara é essa, Jaehwanie?

Acomodou o  mais novo que sentou-se em seu colo e abraçou-lhe pelo pescoço, com um bico manhoso nos lábios.

— Eu estava dizendo que o Taekwoon-hyung chamou a gente pra festa de aniversário surpresa do Wonshik-ah, que vai ser domingo que vem e você tava ai viajando e me ignorando. -  o biquinho intensificou, fazendo com que o mais velho não resistisse a vontade de mordê-lo levemente.

— Eu estava relembrando do dia que você me fez a pessoa mais feliz deste mundo, meu amor.

Jaehwan corou, desferindo um tapinha na nuca alheia.

— Pelo amor de Deus, esquece isso hyung, aquilo foi vergonhoso e assustador e já se passaram três anos…

— Eu nunca vou esquecer aquele dia Jae, eu só… fiquei tão feliz que achava que podia morrer.

— 'Tá bom… eu também fiquei feliz hyung, porque eu achei que fosse ser expulso da sua vida e no final, você me aceitou.

Ambos sorriram, simplesmente admirando a beleza do outro, como sempre faziam quando perdiam-se em seu amor, os olhares expondo tudo que não precisariam dizer. O sorriso de Jaehwan assumiu um tom malicioso, que logo foi pescado pelo Cha e ele já estava pegando o namorado no colo para levá-lo ao quarto, quando este finalmente verbalizou o desejo e selou como passariam o fim daquele dia:

— Hakyeon-hyung, que tal relembrarmos como foi nossa primeira vez?

— Aish, Lee Jaehwan você não presta, mas eu te amo. Muito.

— Também te amo, meu bebê.

— Eu sou o mais velho, me respeite.

— Então acho que precisarei ser punido.

— Ah, isso com certeza.

Lee Jaehwan e Cha Hakyeon se completavam de todas as formas possíveis, se amavam, respeitavam e principalmente, admiravam um ao outro como jamais fariam com qualquer outra pessoa no mundo, como se fossem destinados a ficarem juntos.