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História My Dear Angel - Apenas um pouco de hospitalidade


Escrita por: cutiepie123

Notas do Autor


Gente, vou tentar postar mais frequentemente, eu tava com um péssimo bloqueio, mas estava lendo um livro esses tempos e tive a ideia perfeita <3

Capítulo 3 - Apenas um pouco de hospitalidade


Angel's P.O.V

Respiro fundo pela última vez, sentindo o cheiro de lavanda misturado com o forte odor dos cigarros que os funcionários fumavam antes de seu expediente. Agora você vai entrar lá e resolver esse caso, Angelina. Isso é uma ordem. Mordo o lábio e arrumo o meu suéter, me repreendendo mentalmente por não ter vindo com outra roupa. Como sempre fui consultora dos casos, nunca precisei usar um terninho horroroso (embora sempre me tenha sido recomendado), mas estranhamente eu me sinto extremamente mal vestida ao observar todas essas mulheres magras e de pernas longas com seus ternos feitos sob medida que realçavam suas curvas. Eu não tenho pernas longas. E nem curvas. Aliás, quando tento usar qualquer coisa do gênero, pareço algo perto de um pato andando de salto: desengonçado e frustrante. 

Dou meu primeiro passo em direção à UAC, e sinto como se um peso fosse colocado sob os meus ombros. Ando em passos largos e entro pela grande porta de vidro blindado até o elevador, sentindo toda a tensão diminuir quando eu noto somente um rapaz submerso em seu livro. Um alívio percorre pelo meu corpo quando as portas se fecham e eu coloco uma mexa de cabelo atrás da orelha, bebendo um gole do meu café e analisando de soslaio o homem ao meu lado. 

Ao contrário do que eu pensei pela primeira vista, ele já devia ter por volta dos seus 30 anos. Seus olhos devoraram o livro com uma velocidade sobre-humana, fazendo eu me perguntar se aquele era o menino prodígio de que tanto falam. Em seus pés ele calçava um all star, fato que me fez sorrir. Aparentemente eu não sou a única que não gosta de estar completamente formal. Subo o olhar até a capa de seu livro, mas só reconheço as palavras "mitologia" e "asteca". Pela velocidade em que ele lia isso parecia ser bom. 

Me encolho no canto, dobrando a barra do meu suéter pra cima e pra baixo. Uma espécie de vício meu. Lembro então de apertar o botão do meu andar, e só então noto que ele já estava pressionado. Olho novamente pro homem ao meu lado e sinto o elevador parar aos poucos. As portas se abrem e dois homens usando um jaleco branco entram, conversando alto sobre algum assunto aleatório. 

-...completamente insana! Ouvi dizer que ela fez um aluno engolir um trabalho só porque ele escreveu o nome dela errado. 

-Pode até ser, mas ela é extremamente inteligente. O Q.I dela é de 185. Dois pontos abaixo do Q.I do Dr. Reid. Não é? -Ele então cutuca o homem ao meu lado que parece despertar de uma espécie de transe, largando finalmente seu livro. 

-O que? -Pergunta confuso. 

-Você vai trabalhar com a famosa Angel, não vai? Como acha que ela é? Louca? Instável? Bonita? -Ao dizer a última palavra, ele dá um sorrisinho malicioso que me faz querer vomitar. O ar de superioridade com que eles falavam de mim me dava repulsa, mas decido me conter e beber mais um gole do meu querido café. Não posso chegar já me metendo em confusão -ainda que seja merecida. 

-Profissional e inteligente. Mas acima disso, necessária. -Dr. Reid diz e eu sorrio internamente. Então é assim que o menino prodígio se porta. 

Os dois homens, entretanto, ignoram sua resposta e voltam a conversar entre si, falando sobre o quanto eles acham que eu sou tenebrosa ou louca. O menino prodígio se concentra nos números que marcavam o andar que estávamos e eu simplesmente beberico meu café, em silêncio. Todavia, pela primeira vez desde o início da conversa, o olhar dos homens de jaleco cai sobre mim, fazendo com que eles dessem sorrisos nervosos e murmurassem entre si. Engraçado, achei que eu era feia ou tenebrosa. Respiro fundo e as portas se abrem, me tirando finalmente daquele suplício. 

Saio primeiro, verificando que eram 7:59a.m. Okay, estou em cima do horário. Olho em volta meio perdida, quando o menino prodígio abre uma grande porta de vidro e me dá espaço pra entrar. Agradeço um sorriso e um aceno, e só então ele parece me reconhecer. Me atento à sua postura, mas ele só franze as sobrancelhas e umedece os lábios. 

-Srta. Morelli, certo? Desculpe por eles. Aquele andar inteiro tem uma espécie de obsessão por você. Imagino que esteja procurando o agente Hotchner, certo? 

-Isso.

Murmuro simplesmente e ele assente. 

-Ele está na sala de reuniões, posso te levar lá, estou indo pra lá também. -Sorri e eu concordo. 

-Obrigada, Dr. Reid. 

Ele então me olha confuso e eu sorrio, dando de ombros. 

-Na época em que eu ainda estava na ativa você era a obsessão de grande parte dos psicólogos e psiquiatras. O menino prodígio. -Sorrio. Um silêncio se instala entre nós, mas aquele tipo de silêncio confortável. 

Nós andamos calmamente até a sala de reuniões, e lá do corredor já era possível ouvir o tom de voz elevado dos agentes que ali residiam. Ótimo, então a equipe que eu vou auxiliar tinha problemas internos. 

-Ela é completamente louca, Hotch! Você leu a ficha dela?

-Você acha que ela vai fazer o que? Ela tem 1,60 e pesa 45kg, Tara. -Um homem diz tentando acalmá-la.

Olho pra baixo e respiro fundo, sentindo o olhar do Dr. Reid queimar em mim. 

-Eu sinto muito. -Ele murmura e abre a porta, me dando espaço pra entrar. O agente Hotchner estava em pé com as mãos na mesa, discutindo com uma mulher que se encontrava inclinada na cadeira e um homem moreno que estava sentado confortavelmente e parecia completamente calmo. 

-Reid. E imagino que você seja a Srta. Morelli. -O homem diz com um sorriso charmoso, me fazendo lembrar do Lee. 

-Prazer em conhecê-los. Podem me chamar de Angel. -Olho pra cada um e o agente Hotchner se recompõe, concordando.

-Angel, esses são os agentes Derek Morgan e Tara Lewis. Imagino que já tenha conhecido o Dr. Reid. 

Concordo com a cabeça e ele força um sorriso. 

-Então sente-se por favor. Acabamos de descobrir mais um corpo, nossa técnica em informática foi coletar as informações. O arquivo do caso está na mesa. Você pode se sentar aonde quiser. 

Escolho o lugar ao lado do agente Morgan, pedindo licença e pegando o arquivo do caso. Franzo o cenho ao começar a ler a descrição das vítimas encontradas. A primeira era sobre uma mulher que havia sido encontrada com um casaco de pele de asno. Ao seu lado, havia um bolo com um anel dentro. De acordo com a perícia, ela foi a autora do bolo, considerando as suas vestes sujas de farinha e massa.

A segunda, a terceira e a quarta eram 3 amigas que foram encontradas na casa de uma delas. Duas delas vestiam vestidos de festa. A outra, vestia uma saia simples e um suéter, contrastando com sapatinhos de ouro. Os pés das duas primeiras haviam sido mutilados e o da segunda estava normal, coberto pelo sapato de ouro puro. Os olhos das duas haviam sido estraçalhados por algo (não se tem certeza do que). 

Franzo o cenho e olho pro agente Hotchner. Os agentes estavam em uma discussão sobre o que poderia estar acontecendo, a não ser pelo Dr. Reid, que parecia tão submerso em pensamentos quanto eu. 

-É a Cinderella. -Digo e os olhares são direcionados a mim.

-O que? -Pergunta a mulher morena, num tom de superioridade e sarcasmo. 

-A Cinderella. Uma das versões mais antigas se chama "Pele de Asno", e é a da primeira vítima. O segundo caso foi inspirado no conto dos irmãos Grimm. 

-Faz sentido. -Reid completa. -De acordo com Pele de Asno, havia um rei, que ao perder sua esposa se apaixonou pela própria filha. A fada madrinha então pede diversos presentes impossíveis pra ele, mas que ele cego de amor consegue. Um dos presentes era então a pele de asno. A princesa então foge com os presentes e vira cozinheira, usando a horrível pele nos dias normais e seus vestidos reais em festas comemorativas. Um principe, ao espiar pelo buraco da fechadura a vê com seus trajes reais, e se apaixona perdidamente. Ele então pede que ela lhe faça um bolo, o que ela obedece, mas então derruba o anel dentro do bolo, e o rei diz que se casaria com a mulher cujo dedo coubesse perfeitamente no anel. Ela a acha, eles casam e eles vivem felizes para sempre. 

-Isso é horrível. -A agente Lewis faz uma careta.

-Então temos um maluco viciado em contos de fadas? -Hotch pergunta se inclinando, interessado.

-Não contos de fadas. Na Cinderella. O começo do conto dos irmãos Grimm é o mesma que o da Cinderella original, mas seus sapatinhos são dourados,e  para fazerem os sapatos entrarem, as irmãs cortam os próprios pés, e depois tem os olhos comidos por pombos. -Acrescento e Reid concorda.

-Nesse caso, arrumem suas coisas, saímos em 30 minutos. Penelope pode nos passar as informações sobre o novo corpo no caminho. 

Todos então se levantam e saem. Pego o meu celular e mando uma mensagem pro meu vizinho, Brendon, pedindo que ele alimentasse meu lindo gato preto chamado Gato. Aquela bola de pelos não podia passar 4 horas sem comer nem morto. Por isso estava gordo daquele jeito. Mordo os lábios e segundos depois meu celular vibra, mostrando a resposta do rapaz.

"Com sardinhas ou atum?

Brendon"

"Sardinhas. Obrigada, Brendon. Devo voltar em uns 3 dias no máximo. XOXO. 

Angel" 

Envio a mensagem em pego o meu copo térmico de cima da mesa, saindo da sala de reuniões. Assim que passo pela porta, sinto um corpo esbarrar no meu, derrubando todo o líquido preto no meu suéter. 

-Tenha mais cuidado, Angel. 

A ênfase no meu nome demonstrava todo o desprezo da agente Lewis pela minha pessoa. Me pergunto o porquê de tanto ódio, mas na verdade não é como se fosse de grande importância. Respiro fundo e pego meu copo do chão, o tampando. Seguro a vontade de chorar respirando profundamente várias vezes e então uma voz conhecida de pronuncia atrás de mim. 

-Já chamei a moça responsável pela limpeza. Tenho um suéter na minha mochila. Quer emprestado? 

Me viro vendo o emaranhado de cabelos bagunçados do Dr. Reid, que me olhavam de forma indecifrável, porém acolhedora. 

-Obrigada, Dr. Reid. -Agradeço e ele pressiona os lábios, assentindo. 

-Claro. Um pouco de hospitalidade cairia bem agora. -Diz enquanto mexe na sua bolsa, procurando o suéter. Assim que ele o acha, me entrega, franzindo o cenho. -Eu usei ele hoje de manhã, mas está limpo, eu garanto. 

Pego a peça de roupa e sorrio em agradecimento. 

-Tudo bem. Obrigada Dr...

-Reid. Spencer Reid. Digo, trabalhamos juntos, você não precisa me chamar de doutor. -Ele então coça a nuca e eu rio baixinho, vendo o rubor no seu rosto. 

-Tudo bem. Obrigada Spencer. Com licença. -Peço e me dirijo ao banheiro, tirando o meu suéter molhado e colocando sua blusa, definitivamente grande demais pro meu corpo. Cheiro a peça de roupa e fecho os olhos, sentindo o perfume masculino meio amadeirado do rapaz e sorrio comigo mesma. 


Notas Finais




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