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História My dear delegate - Capítulo cinco


Escrita por: Patricia00 e Luaah-chan

Notas do Autor


Só estou passando pra desejar uma boa leitura e agradecer aos favoritos novos❤...

Capítulo 5 - Capítulo cinco


... Sinto algumas lágrimas rolando por meu rosto. Foi isso que me tornei. Uma qualquer...

Levo alguns minutos para recolher os cacos da minha dignidade, ou do que sobrou dela pelo menos. Aproveito o silêncio gritante que agora reina por toda a casa e sigo para a cozinha em busca de água. Ao chegar, passo um tempo abrindo algumas portas do armário em busca de um copo, pego o primeiro que vejo abro a geladeira, pego a garrafa e encho meu copo com água. Volto a por a garrafa na geladeira e fecho a porta dando de cara com uma sombra enorme parada no batente da cozinha.

-Porra!

Acabo deixando o copo cair. Ouço o riso baixo vindo do outro lado da cozinha e só quando me abaixo para apanhar cacos, ele toma a iniciativa de acender a luz fazendo meus olhos arderem pela luminosidade e graças ao momento de distração acabo cortando a mão com os cacos de vidro.

-Merda!

-Olha a boca moleca.

Fala andando até mim e se abaixando na minha frente e pegando minha mão machucada.

-Dói?

-Um pouco.

Puxo-a voltando a recolher os cacos e os colocando no cesto da pia.

-Eu vou pegar as coisas pra arrumar isso.

Saio da cozinha indo na mesma direção do meu quarto parando na lavanderia. Pego a vassoura, a pá e volto pra cozinha vendo o sangue da minha mão pingar no chão.

-Droga!

Acabei arrumando mais coisa para limpar.

-Para uma menina tão linda, você usa muitas palavras chulas.

Vejo-o parado no mesmo lugar de antes, só que agora segurando um kit de primeiros socorros.

-Sakura.

-O que?

-Meu nome é Sakura

-Oh sim, já tinha visto seu nome na ficha da delegacia, sou Sasuke muito prazer em conhecê-la. Agora se puder largar essa vassoura e sentar gostaria de fazer um curativo na sua mão Sakura.

Diz ele em tom irônico, resolvo não discutir e limito a respondê-lo apenas com um semicerrar de olhos sentando na cadeira mais próxima.

-Você é bem descuidada.

Diz sentando na cadeira ao meu lado.

-Então Sakura, o que você faz da vida?

-Estou no final da minha faculdade de medicina e trabalho, trabalhava aliás.

-Hm.

Levanta o olhar encarando meu rosto deixando de lado o algodão com remédio que passava na minha ferida.

-Por que não trabalha mais?

-Fui demitida.

Uso um tom mais ríspido na hora de responder.

-Por que?

Ele parece nem se importa com meu incômodo em falar da minha vida pessoal.

-Porque to grávida do filho do meu patrão.

Ele continua me encarando creio que esperando que eu continue a falar

-Meu namorado não reagiu bem a gravidez.

-Por isso ia fazer àquilo?

Sinto meus olhos arderem e lágrimas se formando.

-Como você esperava que eu cuidasse de uma criança estando desempregada, sem lugar pra morar e sem ninguém pra me dar apoio? O que você esperava que eu Fizesse? Ter o bebê e ir morar com ele em baixo da ponte?

-Você tinha que ter pensado em outra solução.

Diz como se isso fosse coisa mais simples do mundo.

-Hahaha, Claro! As coisas são realmente simples assim. Só se for no seu fantástico mundo imaginário.

-Você devia ter esperado a criança nascer, exigir do pai dela auxílio. Pelo que me falou ele deve ser bem de vida.

-Oh sim, ele é um cretino bem de vida que ameaçou ferrar com a minha, caso eu contasse sobre a gravidez pra alguém.

-É pra esse tipo de coisa que existe a polícia.

-Ah cara! Você só pode ta tirando uma com à minha cara!

Faço uma pausa e o olho incrédula.

-Sinceramente, você trabalhando na polícia, quanto tempo acha que um play boy riquinho como ele ficaria preso? Isso se ele realmente fosse ser preso. Ele é um idiota rico e eu sou o que?

-Se sabia disso não devia ter engravidado.

Chega! Agora chega!

-Quem você pensa que é ou o que sabe da minha vida pra falar assim comigo?!

Me levanto já alterada espalmando as mãos em cima da mesa sem me importar com a dor que isso me causou. Quando estou pronta pra sair de lá em direção ao quarto, ele segura o meu braço.

-Nós ainda não terminamos de conversar, sente-se.

-Eu não tenho mais nada pra lhe falar! Agora solte o meu braço que eu quero ir embora.

-Você não tem pra onde ir. Daqui você não sai!

Fala levantando da mesa ainda segurando meu braço.

-Isso não é da sua conta. Se nem sua mulher aguentou esse seu gênio ruim não sou eu que vou fazer isso.

Disse puxando meu braço e indo buscar a minha bolsa no quarto sentindo a presença dele atrás de mim. Assim que pego minha bolsa me viro pra sair, encontro meu “querido” delegado, de braços cruzados na porta.

-Nós ainda não terminamos de conversar.

-Não temos mais nada pra conversar. Agora o senhor pode me dar licença por favor?

Peço enquanto tento conter as lágrimas e me aproximo da porta esperando que ele saia na medida que eu avanço mais ao invés disso. Sinto seus braços envolverem meu corpo e me puxar mais em direção ao seu peitoral onde acabo derramando as minhas lágrimas.

-Eu sinto muito.

Dizer isso só me fez querer chorar ainda mais e me apertar mais a ele deixando.

-Eu não deveria ter dito nada daquilo, por favor não chore.

Diz ele segurando meu queixo e me fazendo olha-lo.

-Eu fui ríspido me desculpe.

Com a mão que segurava meu queixo começou a limpar as minhas lágrimas.

-Uma mulher tão linda não deveria chorar assim.

Sinto suas mãos abandonando as minhas bochechas e começando a contornar os desenho dos meus lábios.

-Senhor Uchi...

Antes mesmo de terminar o que eu tinha pra dizer seus lábios tocam os meus num gesto Simples. Ficamos assim por alguns segundos antes de morder o inferior dos meus lábios e me fazer supirar levando as minhas mãos ao seu peito e agarrando a sua camisa. Sinto-o sorrir ainda com os lábios rentes aos meus e em seguida iniciou um beijo. Um beijo de verdade, diferente de todos que já havia dado, sem comparação aos de Idate e por alguns instantes esqueço quem sou, dos meus problemas, da minha vida conturbada mas, infelizmente, foi somente por alguns instantes, pois logo as palavras da esposa dele gritaram na minha mente “uma qualquer... uma qualquer”. ESPOSA! Ele era casado! O que eu estava fazendo?! Com as mãos espalmadas em seu peito o empurro com todas as forças que ainda me fazem resistir a ele, mas felizmente suficiente. Pego minha bolsa do chão sem nem ao menos lembrar de quando ela caiu e corro em direção a saída, deixando um homem atônito naquele quarto. Assim que chego na porta o ouço gritar meu nome, empurro a porta com força e vou até a próxima, só mais esta e vou poder correr pra longe dele de verdade. Mas para minha total frustração a mesma se encontra fechada e enquanto inutilmente faço força tentando abri-la, mãos fortes envolvem as minhas

-O que aconteceu? Por que saiu daquele jeito?

-Como por quê? Diferente do que você possa estar pensando eu não sou uma vagabunda!

-Tsc. Desculpe, eu não tive a intenção e em momento algum pensei que fosse esse tipo. Desculpe-me por Karin também, ela não costuma falar esse tipo de coisa, só estava nervosa.

-Eu também sinto muito, não era minha intenção ouvir toda conversa de vocês.

-Tudo bem, tudo bem, não é como se você tivesse nos espiando, não tomamos cuidado nenhum para não sermos ouvidos. Provavelmente até os vizinhos da outra rua ouviram.

Me diz isso sorrindo de maneira tão terna que acabo deixando um mínimo sorriso brotar em meus lábios…

Sasuke

-Venha vamos entrar está frio aqui fora e isso não te fará bem.

-Já está amanhecendo acho que devo ir embora.

-Eu insisto para que fique, eu não vou mais tocar em você.

-Não é isso. É que eu não acho certo o que fizemos, não deveríamos eu prefiro ir embora.

Observo sua teimosia e o rubor em sua face uma combinação estranha. Mas que cai muito bem a ela.

-Sakura. Vamos entrar, podemos conversar melhor lá dentro, chegar a um acordo. E você precisa comer.

Após terminar de falar vejo uma Sakura ainda hesitante. Volta pelo mesmo caminho até a cozinha onde se senta deixando sua bolsa em cima da mesa. Vou a geladeira e tiro a única coisa que tem pra comer que considero saudável.

-Bom, sei que é só uma maçã mas é o que temos pra hoje.

A entrego. Sentando na cadeira próxima a dela.

-Então...

Fala segurando a maçã.

-Então?

-Você disse que íamos conversar.

-Ah bem. Sobre o trabalho e tudo mais. Eu estou disposto realmente a te oferecer um emprego, apesar dos pesares você me parece uma boa pessoa e eu nunca me enganei fazendo esse tipo de julgamento. Estou disposto a fazer tudo conforme a lei. Vou assinar sua carteira, respeitar seu tempo de resguardo e todo o resto da parte burocrática.

-Sua esposa não me quer aqui.

-Eu nem sei se ela volta... Todas as vezes que ela sai pela porta parece que será a última vez que a vejo.

-Como assim?

Suspiro a olhando

-Você é realmente curiosa, Sakura.

Noto-a inquieta com o meu comentário.

-Você, a minutos atrás, estava me interrogando sobre a minha vida pessoal, me sinto no direito de saber mais sobre você também.

Sorrio. Garota de língua afiada.

-Touché. Bom são tantas coisas que nem sei por onde começar.

-Pelo começo. Sempre é bom começar pelo começo.

-Você vai me ouvir ou não?

-Desculpa...

-Hm. Karin e eu nos conhecemos a 12 anos atrás quando eu ainda estava na faculdade. Ela estava fazendo uma pós-graduação em Direito. Ela era inteligente, bonita determinada e sonhadora. Queria viajar pelo mundo ver coisas novas conhecer novos lugares. Depois de um tempo nós nos envolvemos. No começo só um casinho, como ela mesma gostava de chamar, casinho que durou até eu terminar o meu curso, começar a trabalhar então a pedi em casamento e ela acabou aceitando. E foi assim, vivemos ótimos anos juntos até que nossos sonhos começaram a colidir uns com os outros. Eu queria ter filho e Karin achava que ter filhos eram um empecilho para a vida, começaram as brigas e com muito custo consegui convencê-la a parar de tomar os remédios, íamos esperar pra ver o que o destino nos reservava. Com o tempo comecei a sentir Karin se afastando de mim. Depois de vários alarmes falsos ela começou a se sentir frustrada, ela já estava com 40 anos e não conseguia engravidar, então as brigas recomeçaram, dessa vez mais intensas como as de hoje carregadas de culpa, rancor, mágoa, ressentimento. Então decidimos que não estava dando certo que estáva-mos acabando um com o outro e nos divorciamos, ela mesma cuidou de toda a papelada, foi rápido sem muito desgaste. Karin fez sua mudança e voltou a morar com a mãe. Dois meses depois Karin aparece na delegacia dizendo que estava grávida, parecia feliz, estávamos felizes então ela voltou a morar comigo e decidimos que era melhor ela parar de trabalhar por um tempo e assim ficamos acordados. Foram meses felizes, Karin estava radiante com a idéia de que teríamos um bebê. Íamos as consultas juntos, dedicava todo o meu tempo fora da delegacia a ela e ao nosso filho. Era um menino Sakura, nosso filhinho que eu não pude ver nascendo, não pude ensinar a jogar futebol, andar de bicicleta, que eu não vi andar e nem o primeiro sorriso.

Não noto que estou chorando até sentir mãos delicadas enxugando as minhas lágrimas. Olho pro seu rosto e noto as dela também.

-Eu sinto muito por tudo isso. Não precisa continuar se não quiser.

Tiro sua mão do meu rosto e repouso em cima da mesa mantendo a minha sob ela.

-Tudo bem já está na hora de falar sobre isso. Quando a Karin estava com 7 meses fomos a clínica fazer mais um ultrassom de rotina só que dessa vez, não só eu como ela sabíamos que havia algo errado. Mas já estava na reta final preferimos nos manter confiantes e achar que tudo aquilo não passava de inseguranças de primeira viagem. Mas não era, sentimos que ele já não se movia como antes mas em momento algum pensamos o pior. Caminhamos até a sala do médico, Karin se preparou e ela estava linda com o barrigão de fora deitada na maca até que o médico começou a passar o equipamento pela sua barriga e dessa vez eu não ouvi o coraçãozinho dele batendo, aquilo pra mim já foi um choque mas preferi acreditar que talvez o som estivesse desligado ou qualquer outra desculpa que se passou pela minha cabeça naquele momento, até que o médico olha pra Karin com aquele olhar de pesar e eu soube naquele instante que o pior tinha acontecido e rapidamente segurei as mãos dela enquanto o médico perguntava coisas a ela,coisas que eu não estava mais prestando atenção. Minhas lágrimas naquele momento não embaçaram só as minhas vistas mas me deixaram meio surdo também, ate que o ouvi dizer.

“Não tem mais batimentos”

-Em seguida, vi ktarin gritando, chorando e mandando ele fazer alguma coisa até que ele saiu da sala. Sentei com ela na maca e choramos aquela dor juntos. Saímos de lá sabendo que teríamos que voltar no dia seguinte para retirada do feto. Antes chamávamos ele de Daisuke e agora tínhamos que trata-lo como feto. Aquilo doía em mim e muito mais nela. Quando voltamos a clínica nos disseram que era melhor induzir o parto por diversas questões. Não sabíamos o que responder e aceiteitamos. Nem sabíamos o que aquilo queria dizer na verdade, mas só pensava em uma coisa: eu quero ver meu filho! O parto durou 22 horas e vi Karin lidar com tudo aquilo e não pude fazer nada a não ser segurar sua mão durante o processo. Ela lidou sozinha com a dor do parto mas juntos estávamos lidando com a dor no coração, a dor na alma. E depois de todo aquele tempo, lá estava ele nos braços de Karin, infelizmente sem vida, sem emitir som algum. Em um último ato de esperança me aproximei e chamei-o pelo nome “Daisuke” mas mesmo assim sem ter nada como resposta, mais uma vez choramos, não que tivéssemos parado de chorar durante todas aquelas horas, mas daquela vez foi diferente, estavamos vendo nosso filho que não teve chance de viver. Depois de tudo chamamos os parentes mais próximos, só aqueles que estavam envolvidos com a gravidez de algum modo. Não fizemos velório, não se vela um anjo e Daisuke é como um anjo pra mim. Sabe o que o nome dele significa? Grande protetor.

Aperto mais a mão dela em busca de coragem para continuar.

-Depois de algum tempo decidir parar de chorar e pelo menos tentar voltar a vida, mas Karin não achou que era hora, me condenou por voltar a trabalhar e então mais brigas se iniciaram, por alguma razão ela me culpou por tudo. Tentei convencê-la a ir comigo a um psicólogo mas ela não aceitou, disse que não estava louca, brigamos e ela saiu de casa. Mas voltou dias depois, não falamos mais sobre o assunto, não dormimos mais juntos, não somos mais um casal. Parece que a parte da gente que fazia com que funcionássemos juntos havia ido junto com o nosso filho. E temos vivido assim por quase dois anos. Duvido que ela ainda goste de mim, não sei o que a faz voltar e nem o que me faz sempre deixá-la entrar. É como se fôssemos nos aturando, esperando que o fim chegue. Olhar pra ela faz com que eu me lembre do meu filho, talvez por isso sempre a aceite, talvez ela também se sinta assim por isso sempre volta. Temos nos visto pouco e brigado durante todo o nosso tempo livre. E assim vamos vivendo juntos porém sozinhos nos suportando e aguardando o fim.

Sakura

Escuto toda aquela história sentindo meu coração apertar a cada palavra e no fim levanto puxando a minha mão da dele e o abraçando de maneira desajeitada, alisando seus cabelos num ato impensado. Tudo que eu consegui dizer foi.

-Você não está mais sozinho.


Notas Finais


Espero que tenham gostado. Até o próximo.

Beijosss😙😙😙😙😙


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