1. Spirit Fanfics >
  2. My Dear Harlequin >
  3. Um Pequeno Favor

História My Dear Harlequin - Um Pequeno Favor


Escrita por: ayayui1504

Notas do Autor


Boa leitura, amores ❤

Capítulo 20 - Um Pequeno Favor


 

 A sala estava escura, incrivelmente quente e com um leve cheiro de mofo, mostrando que a estrutura do Asilo Arkham era mais do que precária, mesmo assim, era o único lugar em Gotham capaz de segurar, nem que fosse por um tempo, as pessoas que demonstravam grande perigo à cidade.

 Havia apenas uma janela, coberta por uma persiana escura e, com o dia chuvoso, nublado e escuro, mal iluminava o cômodo. O carpete claro tinha algumas manchas de sangue e a cadeira que eu estava sentada era, no mínimo, muito desconfortável.

 Mas isso não importava, The Joker estava bem ao meu lado, deitado no divã vermelho-escuro e, o mais importante, sem camisa de força.

 Era quarta-feira e Dr. Arkham requisitou minha sala de consultas para o primeiro dia de um novo psiquiatra, Dr. Hugo Strange. Pelo que eu sabia, ele tinha acabado de chegar em Gotham, mas já havia vivido aqui antes. Esse seria o único dia em que minha sala seria necessária, eu mal sabia o porquê, nem mesmo sabia qual paciente ele atenderia ali, mas não importava.

 Essa minha sessão com The Joker estava acontecendo em uma das salas de um dos antigos psiquiatras, que precisava de uma reforma. A parte boa é que Mr. J não estava usando camisa de força e estava bem ao meu lado. A parte ruim é que tinha três seguranças vendo nossa consulta através do vidro presente no cômodo.

 Pelo menos eles não podem nos ouvir.

 -Já deixei o celular no armário – falei casualmente, tentando mostrar uma expressão de seriedade, para que nenhum dos guardas ali presentes desconfiassem de nada.

 -Bom – ele disse, virando-se para olhar em meus olhos – Obrigado, Cupcake.

 Eu me sentia mal por estar tão perto e não poder fazer nada. Foi um milagre deixa-lo apenas com o uniforme do asilo, sem nenhuma algema. Eu tinha insistido para os guardas que, já que ficariam nos vigiando, qualquer movimento brusco, eles poderiam entrar na sala e impedir o homem de cabelos verdes de fazer qualquer coisa, não havia necessidade de tanta segurança. Não que ele iria fazer qualquer coisa, não comigo.

 -Precisa de mais alguma coisa? – pergunto, querendo ajuda-lo o máximo possível. Não deveria ser fácil estar preso aqui em Arkham.

 -Sabe, Harls – responde, remexendo-se desconfortavelmente no divã em que estava deitado – Meu ombro ainda dói, muito, mas não consegui nenhum medicamento. Acho que eles querem me fazer sofrer aqui.

 -Eles não podem – falo baixo, segurando sua mão, virando-me na cadeira de forma que, com a escuridão da sala, os brutamontes do outro lado do vidro não pudessem ver nossa proximidade – Mas já lhe diagnosticaram com alguns dopantes, adicionar outros seria perigoso para qualquer um.

 -Então acha que sou qualquer um, Doc? – ele parecia magoado, apesar de mal conseguri ver sua expressão. Entrei em desespero quando senti sua mão se movendo para longe da minha, impedindo esse ato instantaneamente, segurando com mais força.

 -Não! Claro que não – nego.

 -Então consiga os comprimidos para mim – fala.

 Bem, eu sabia que sua resistência a qualquer droga era muito mais alta do que das pessoas normais, mesmo não sabendo o motivo. Observei isso sempre que os guardas tentavam dopa-lo. Era necessário mais que o dobro de calmantes, mesmo que não fosse permitido na lei, Arkham não era um lugar para leis. Gotham não é um lugar para leis.

 -Tudo bem, eu vou dar um jeito – digo e vejo o brilho de seus dentes metálicos, ele estava sorrindo para mim.

 -Boa escolha, Harley – seu tom de voz já estava calmo novamente e eu sorria junto com ele. Ainda estávamos de mãos dadas e ficamos assim pelo resto da consulta, que não passou de monólogos de sua parte, contando suas façanhas, e eu me segurando para não explodir em gargalhadas na frente dos guardas.

-x-

 A enfermaria do Asilo estava vazia, para a minha sorte, era o horário de almoço da enfermeira. Por isso, não foi difícil conseguir Vicodin, os comprimidos que Mr. J queria. Talvez aquilo mostrasse que era um viciado, mas não me importei, se aquilo o fizesse se sentir melhor, eu o faria com a maior vontade do mundo.

 Coloquei o frasco em meu jaleco, pensando em algum jeito de entrega-lo a The Joker sem que os guardas vissem.

-x-

 Assim que cheguei em casa, tomei banho e pedi pizza, sentando-me no sofá junto com meu notebook e minhas anotações. Eu não havia entregado o relato da consulta com Poison Ivy ontem, até porque, ela mal falou comigo, parecia irritada e, apesar de não ter avançado em meu pescoço, isso poderia mostrar um regresso e eu não queria que o Dr. Arkham tivesse nenhum motivo para afastar-me de meus pacientes.

 Foi na quinta-feira que consegui que respondesse às minhas perguntas.

 -Não há motivo para ficar irritada, sabe disso – falei anotando qualquer coisa em minha prancheta, enquanto Pamela ficava calada, com a cara emburrada – Com essa carranca quase não fica bonita.

 -Isso é ridículo, sabe disso, não é? – a ruiva soltou, de repente – Ele vai te matar na primeira oportunidade.

 -Já conversamos sobre isso – respondo.

 -Eu ainda não consigo entender – diz – Você sequer tem ideia do que ele é capaz? Uma das últimas psiquiatras dele foi minha também, seu nome era Erika Moneclair. Uns trinta anos, eu diria, mas não importa. Algumas semanas com o palhaço e ele acabou cortando sua língua fora, no meio da consulta! E depois disse que era apenas uma piada que ninguém entendia. Sabe qual era essa piada?

 -Hum – pensei por um instante, ignorando o fato de uma mulher ter perdido a língua – Será que ele fez isso porque ela falava demais e não o deixava falar? – respondo num tom um tanto brincalhão e vejo sua expressão passar para surpresa.

 -Você entendeu a piada – a mulher de pele verde disse após alguns segundos – Você foi capaz de entender a piada dele. O que aquele maluco fez com você?

-Por que fica surpresa? – pergunto – Sabe, você também tem uma lista um tanto grande de assassinatos, não é como se fosse ficar chocada com a morte de uma psiquiatra aqui no Arkham.

 -Não me interessa a morte dela, quanto menos seres humanos no mundo, melhor – cruza os braços, tendo o movimento dificultado pelas algemas, cruzando as pernas também – Só me impressiona. Acho que você foi a única que não precisou que a piada fosse explicada.

 -Se fosse explicada – começo, talvez a vozinha irritante em minha cabeça falando por mim – Não teria graça nenhuma.

-x-

 Lá estava eu, na manhã de sexta-feira, arriscando meu emprego para entregar alguns comprimidos para um psicopata.

 Respirei fundo antes de entrar na sala de consulta, ali estava ele, já me esperando em sua camisa de força e sorrindo para mim. Assim que o guarda fechou a porta, retribui o sorriso.

 -Harley, senti sua falta – falou enquanto eu me sentava – O que tem aí? – perguntou assim que percebeu que eu tirava algo do bolso.

 -Eu te trouxe um gatinho – respondo, pegando o bichinho de pelúcia nas mãos, sentindo o saquinho com vários comprimidos dentro dele. The Joker entendeu, porque gargalhou.

 -Harley, Harley, Harley – diz, ainda sorrindo – Você é a melhor.

 Isso me fez sorrir, colocando uma mecha de meu cabelo por trás da orelha. Coloquei o bichinho em cima da mesa, enquanto Mr. J começava a contar uma piada.

 -E é por isso que o melhor jeito de matar um passarinho irritante é com um pé de cabra – termina enquanto eu solto uma gargalhada.

 -Não é como se o passarinho não tivesse merecido – digo, apoiando meu queixo em minha mão, ainda sorrindo – É sempre uma má ideia se meter entre um palhaço e um morcego – continuo mais baixo, ouvindo seu riso psicótico.

 -Sabia que iria entender – inclinou-se para frente, quase ronronando – Dra. Quinzel, eu vivo por esses momentos com você.

 Isso só serviu para aumentar ainda mais o sorriso em meu rosto.

 -Tem mais uma coisa que poderia fazer por mim – continua.

 -Qualquer coisa – falo rapidamente – Quero dizer, tudo bem.

 -Eu preciso de uma metralhadora – disse, deixando-me perplexa.

 -Uma metralhadora? – repito e o vejo sorrindo, mostrando novamente todos os seus dentes ameaçadores – Eu não posso fazer isso. Não consigo arranjar uma metralhadora, eu já me arrisquei muito com o Vicodin que trouxe hoje.

 -Eu sei disso – fala um pouco mais sério – E admiro isso em você, Doc, mas tem esse pequeno... Favorzinho que preciso que faça por mim.

 -Não é um pequeno favorzinho, é impossível – respondo. Sua expressão se fecha.

 -Bem, doutora Quinzel – começa, seu tom de voz totalmente diferente de qualquer outro que já tenha usado comigo, aquilo era assustador – Eu sou um homem bem flexível, gosto quando meus amigos me ajudam, e eu sempre os ajudo de volta. Até a hora que eles não podem mais, sabe? E eu entendo que é demais para eles ajudarem alguém como eu – sua voz, calma e assustadora, continuou – É realmente uma pena a quantidade de corpos que a polícia acha nos esgotos, eles nunca imaginam que aqueles corpos estão ali por apenas um pequeno favor negado.

 Aquilo definitivamente me impressionou.

 -Está me ameaçando, Mr. J? – pergunto e, mesmo não sabendo da onde vinha, uma risada escapa por minha garganta. Estico-me sobre a mesa, aproveitando o quão perto ele estava e encosto nossos lábios.

 Sentir os lábios ásperos sobre os meus, o cheiro de sangue, morte e até produtos químicos que maneava de seu corpo, fez com que eu me sentisse confortável, mesmo que The Joker não houvesse correspondido. Afasto-me alguns centímetros, notando que ele, de certa forma, parecia surpreso.

 -Eu faço – respondo – Arranjo uma metralhadora, se isso te faz feliz.

 -Ótimo – é o que diz, antes de abrir seu sorriso psicótico mais uma vez. Sorrio junto, levando meus lábios aos seus novamente.

 Ele correspondeu o beijo dessa vez.


Notas Finais


Sentiram a referência?
Okay, agora acho que a gente finalmente chega nos 500 favoritos.
PS: CAPÍTULO COM 3000 PALAVRAS ASSIM QUE CHEGARMOS A 500 FAVORITOS!!
Beijos.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...