Encarei o porta retrato por um bom tempo. Eu não tinha raiva da Ali, tinha ciumes. Sorri feito um bobo olhando o seu sorriso na foto.
- Rafa. - Minha mãe fala batendo na porta que já está aberta. Olho em sua direção. - Toda vez que eu venho aqui eu encaro essa foto. - Ela caminha até mim e pega a foto de minhas mãos. - A Ali era uma bebê linda. - Ela fala sorrindo boba, ela olha para o Matthew. - Tenho tanta saudade desse tempo.
- O Tio Matthew era um cara legal. - Falo.
- Achei que não lembrasse. - Ela fala ainda com o seu sorriso bobo.
- Eu não lembrava, mas quando vi esse lugar algumas lembranças vieram. - Falo olhando em volta do quarto.
- Você era tão ciumento. - Ela fala sorrindo e limpando uma lagrima que ousou escapar. - Toda vez que a minha amiga de trabalho vinha aqui com o seu filho da idade da Ali, você não o deixava brincar com ela. - Sorri.
- Disso eu não lembro. - Falo. - Foi um erro você não ter contado pra Ali.
- Eu sei, mas eu achei que… - Ela respira fundo. - Que recomeçar com o Michael do zero e esquecer tudo do passado seria o melhor.
- Entendo. - Falo e me jogo na cama. Logo ela se joga ao meu lado.
- Quando a Ali tinha uns 2 anos ela sempre corria para o seu quarto chorando. - Ela fala. - Ela sempre falava "Ael, estou com medo.", Nunca corria para o meu quarto e sim para o seu.
- Eu lembro. - Falo, sorri bobo.
- Bom… - Ela fala levantando da cama. - Tenho uma notícia boa e duas ruins.
- Boa. - Falo.
- Temos comida. - Ela fala.
- E as ruins? - Pergunto.
- Estamos sem roupas e sem carro. - Ela fala.
- O que aconteceu com o carro? - Pergunto me sentando na cama.
- Haaa…
[Flashback Margareth on]
- Isso...- Pego uma pedra no chão e jogo no vidro da janela do carro. - É… pela merda que você fez da minha vida. - Pego um taco de golfe que comprei em uma loja no caminho. - E isso… - Bato no vidro da outra janela. - É pelo o que fez com a Ali.…
[Flashback Margareth off.]
- Bateu. - Ela fala simples.
- Bateu? - Pergunto.
- Sim. Já vou pro quarto, estou morrendo de sono. - Ela finge bocejar.
- Sei. - Falo. Ela caminha até a porta e olha pra trás.
- Amanhã explicarei tudo para a Ali. - Ela fala e sai do quarto.
Levantei da cama e saí do quarto. Caminhei até o quarto onde a Ali estava. Abri a porta e há vi sentada na cama, pensativa.
- Já acordou? - Pergunto entrando no quarto e fechando a porta. Eu esperava uma resposta digna da Ali mas...
- Sim… - Ela fala baixo.
- Você está bem? - Pergunto e vou em direção a cama me sentando ai seu lado.
- Não… - Ela fala e começa a chorar baixinho. Respirei fundo.
- Vem cá. - Falo à puxando e deitando-á em meu peitoral.
- Rafa… - Ela sussurra. - Eu fiquei pensando sobre tudo. Sobre nós dois, sobre o nosso bebê…
- Já falei pra você não se preocupar com isso. - Falo doce acariciando seu cabelo.
- Mas… se todos descobrirem e nos condenar ou se tentarem tirar o nosso bebê. - Ela fala.
- Isso não vai acontecer. - Falo.
- Você promete? - Ela pergunta baixinho.
- Prometo. - Falo. - Agora vamos dormir.
- Mas o seu rosto. - Ela se senta na cama. - Seu rosto está machucado.
- Não se importe com isso agora. - Falo.
- Como não? - Ela pergunta e coloca sua mão sobre meu rosto. - Seu rosto tá horrível.
- Obrigado. - Falo. Ela revira os olhos. - Sabe o que eu queria agora?
- O quê? - Perguntou. Sorri malicioso.
- Hoje não Rafael. - Ela fala.
- Tudo bem. - Falo levantando os braços em rendimento. - Então só um beijo.
- Deixa eu pensar. - Ela fala fingindo estar pensativa. - Não.
- Isso é maldade. - Falo fazendo biquinho. Ela sorri.
- Tá bem. - Ela fala. - Só um.
- Só um. - Falo. - Ou talvez dois ou vários.
- Idiota. - Ela fala e junta nossos lábios.
(…)
P.o.v Alice
Não consegui dormir novamente. Olho para o lado e vejo o Rafael dormindo sereno. Olho para o teto e respiro fundo. Minha barriga começa a implorar por comida.
Logo agora que estou com preguiça de levantar? - Pergunto mentalmente.
Bufei e levantei da cama com um pouco de dificuldade. Caminhei até o lado de fora do quarto.
- Ai… porra! - Gritei em um sussurro quando sem querer piso em falso no chão com o meu pé machucado.
Caminhei até a mine cozinha que havia na sala. Vi algumas sacolas plásticas sobre o balcão. Procurei por cada sacola algo que me agradece mas nada. Abri a geladeira com esperanças e vi um pudim de mercado. Sorri largamente e pequei o mesmo.
- Droga, aqui não tem talher. - Falo me encostando no balcão. Minha barriga continua implorando por comida.
- Calma, a mamãe vai procurar algo pra nós comermos. - Falo olhando para minha barriga.
- Falando com o meu neto ou neta? - Minha mãe fala e me dá um susto me fazendo dar um pequeno pulo.
- Que susto mãe. - Falo colocando a mão no peito.
- Desculpa. - Ela fala sorrindo. - Meu neto ou neta está com fome?
- Seu neto ou neta e sua filha estão com fome. - Falo.
- Eu achei que iria querer comer pudim então o trouxe. - Ela fala.
- Mas esqueceu dos talheres. - Falo.
- Que idiota eu sou. - Ela fala e coloca a mão na testa. - Eu acho que tem nessa gaveta. - Ela olha em uma gaveta. - Toma.
- Você lavou isso ai quando? - Pergunto pegando a colher de sobremesa de sua mão.
- Eu sempre pago uma faxineira pra vir aqui uma vez por semana. - Ela fala. Ela abre a geladeira e pega a garrafa d'água.
- Por que você escondeu tudo de mim? - Pergunto.
- Achei que seria o melhor pra você. - Ela fala colocando água em um copo e se encosta no balcão ao meu lado.
- Esconder tudo de mim? - Pergunto.
- Eu pensei que se você não soubesse que é filha de uma relação incestuosa não sentiria raiva de mim. - Ela fala olhando pra baixo.
- Por que eu sentiria raiva de você? - Eu pergunto.
- Não sei? - Ela fala baixo. - Eu pensei que recomeçar com o Michael era o certo. Depois da morte do Matthew, ele foi tão atencioso comigo que… eu pensei que seria com ele que eu passaria o resto da minha vida.
- O Matthew. - Falo. - Ele chegou a me conhecer?
- Sim. - Ela sorri. - Ele te amava tanto Ali... - Ela limpa uma lagrima que escapou de seus olhos. - Ele te chamava de princesa.
- A única coisa que me falaram sobre o Matthew foi que ele morreu, mas não como. - Falo.
- Ele… ele levou um acidente de carro. - Ela fala ainda chorando. - Os momentos mais felizes da minha vida foram nesse apartamento. - Ela olha em volta.
- Entendo. - Falo encarando meu pudim.
- Bem… eu só vim aqui beber água. - Ela fala e coloca o copo sobre a pia. - Boa madrugada. Pra vocês dois ou duas. - Ela fala e sai em direção ao corredor. Sorri sem mostrar os dentes.
- É agora somos eu e você nessa madrugada. - Falo olhando para a minha barriga e coloco uma colher enorme de pudim em minha boca.
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