História My demons. - Mentira.

-Rinto-

Eu sentia o frio ar batendo em meu rosto enquanto eu caminhava junto daquela jovem em direção à um café que ela falou que conhecia, ela aparentava não falar muito, mas pela cena que fez anteriormente parecia um tanto emotiva e expressiva demais. Depois de um tempo finalmente chegamos, o lugar não era muito “chamativo”, parecia ser um lugar bem humilde, o que foi do meu agrado, odeio lugares muito “chamativos”

Entramos no lugar e fomos recebidos por dois senhores muito simpáticos, diga-se de passagem, nos sentamos, fizemos nossos pedidos e um silêncio constrangedor se instalou. Eu tentava puxar conversa mas a garota simplesmente parecia ter medo de mim, eu não estava entendendo nada.

- Você tem medo de mim? – Perguntei.

- Hã? – A garota falou assustada. – Como assim?

- Bem, você fica toda encolhida e parece um tanto nervosa, a sua vontade de estar aqui comigo é tão baixa assim? – Provoquei.

- NÃO! – Ela exclamou logo em seguida. – Quer dizer, não, eu só.... Eu não sou acostumada a sair com outras pessoas, digamos que por certas razões eu tenho que andar meio que me “escondendo”

- Isso explica o chapéu tão grande. – Falei e nós dois rimos.

Após um tempo nossos pedidos chegaram, ficamos conversando sobre coisas aleatórias, o que foi um tanto engraçado já que ela não acreditou que eu tenho mais de trinta anos.

- Não é possível, isso é pegadinha né? – Ela falou em meio à risadas.

- É sério, eu até tenho dois filhos. – Falei.

Do nada pareceu que a animação dela acabou.

- E a mãe? – Perguntou ela.

Foi a vez da minha animação acabar.

- Ela..... Ela morreu. – Falei cabisbaixo.

- M-Me.... ME DESCULPA. – Ela falou e então saiu correndo.

Minha vontade de início era deixar pra lá, mas senti que devia seguir a mesma. Deixei o dinheiro da conta e corri atrás da IA.

Eu a procurava por toda a parte, mas sair correndo, em uma cidade grande a noite, bem, não era muito fácil achar aquela “bendita” garota.

Possivelmente procurei aquela idiota por mais ou menos duas horas, já estava ficando tarde, eu tinha que voltar pra casa, mas também tinha que achar aquela idiota.

-IA-

Eu não sabia onde estava direito, por que eu me sinto tão mal? Por que eu corri daquele jeito? Por que eu deixei a conta pra ele? Bem, exagero da minha parte, eu simplesmente sentia as lágrimas deslizarem pelas minha face enquanto sentia uma forte dor no peito.

Senti uma grande rajada de vento e jurei ter visto uma garota loira passar correndo pela minha frente. Comecei a seguir o vulto daquela garota mesmo sem motivo aparente.

- Por aqui. – Escutei a mesma falar.

E por algum razão eu continuei a seguir aquele vulto, o vento começou a bater de frente com o meu corpo, dificultando a minha visão, eu estava correndo com os olhos praticamente fechados e meio inchados por conta do tempo que eu fiquei chorando.

Senti uma grande impacto, eu havia esbarrado alguém, quando vi a pessoa só pude arregalar os olhos e tentar correr de novo.

- Você não vai a lugar nenhum. – Escutei Rinto falar antes de me segurar e me encurralar na parede. – Por que você correu daquele jeito?

- Eu.... Eu não sei, me.... Me desculpa, eu só..... – Eu tentava falar mas as palavras simplesmente não saiam.

- Ei, não precisa se preocupar tanto, bem, não gosto de falar sobre a morte da minha irmã. – Falou ele tentando me acalmar.

- IRMÃ? – Exclamei confusa.

- Longa história, de qualquer forma, você deve estar com vontade de ficar longe de mim, certo? – Falou ele.

- Claro que não, bem, se você a amava eu não vejo problema e te qualquer forma eu não sou ninguém pra te julgar. – Falei olhando em seus olhos.

Então ele caiu na gargalhada.

- Você é realmente estranha. – Falou ele rindo muito.

- Falou o cara que engravidou a própria irmã. – Disse eu.

Então ele mudou a expressão dele para uma mais séria e o medo me dominou novamente, mas então ele começou a rir de novo.

- VOCÊ DEVERIA TER VISTO A SUA CARA. – Ele ria escandalosamente no meio da rua, eu queria tentar o corrigir, mas sai risada era tão gostosa que não aguentei e tive que rir tanto, então lá estávamos nós, dois idiotas rindo no meio da rua.

-Rinto-

- Acho que tenho que ir pra casa. – Falei.

IA pareceu cabisbaixa.

- Você mora aonde? Questionou ela.

- Tokyo – Falei coçando a parte de trás da cabeça.

- Você sabe que a essas horas não tem mais trem né? – Perguntou ela.

OK, definitivamente estou na merda.

- É.... Danou-se. – Falei.

- Claro que não, não tema, a sua salvadora está aqui, bem, como você pagou a conta sozinho, mesmo que obrigado, e ainda me ajudou com o meu chapéu, então acho que é justo eu deixar você passar a noite na minha casa. – Falou ela confiante.

- Seus pais não vão estranhar? – Perguntei.

- Eu tenho vinte anos, eu já tenho minha própria casa. – Falou ela com um sorriso confiante, novamente.

- Eu com vinte anos ficava socado na casa da minha mãe. – Falei cabisbaixo.

Nós dois rimos.

- Vamos, senhor Rinto? – Falou ela.

- Claro que sim, senhorita IA. – Respondi.

-IA-

Não me perguntem o porquê de eu ter mentido pra ele, não me perguntem mesmo, claro que ainda haviam trens, meu Deus, o que eu acabei de fazer? E pior, por que eu fiz isso?

Então eu e Rinto fomos em direção à minha casa, não demoramos muito, afinal eu não morava longe de onde estávamos, mas de qualquer forma eu estava nervosa, até agora eu não entendia o porquê de eu ter mentido para o Rinto acabar dormindo na minha casa.

-Rinto-

- Obrigado mesmo, IA, Você salvou a minha pele. – Falei sorridente ao entrar na casa da mesma.

- Claro que não, disponha. – Respondeu ela um tanto nervosa.

- Você está nervosa? – Provoquei.

- C-claro que não.

- Então por que você ta gaguejando? – Provoquei novamente.

Ela saiu correndo subindo as escadas e alguns segundos depois voltou tacando um travesseiro e um cobertor na minha cara.

- Dorme onde se sentir mais confortável. – Disse ela.

- E se eu achar que o lugar mais confortável é ao seu lado? – Provoquei mais uma vez, eu realmente estava me divertindo.

- BOA NOITE, IDIOTA! - Falou ela e foi em direção ao seu quarto, possivelmente.

Me direcionei ao sofá da casa e me deitei por lá mesmo e comecei a refletir sobre IA.

- Essa garota é realmente estranha.