História My Dingy Boss (Meu Chefe Sombrio) - You abandoned me

– Obrigada. – Falei, mas novamente nenhum som saiu da minha boca. Leiftan percebeu e afagou minha cabeça. – De nada. Agora descanse. – Ele me cobriu na cama carinhoso e, junto com Kero, me deixaram sozinha.

Assim que a porta fechou eu me levantei e corri para o espelho. Meu olho estava azul igual ao cristal. O que está acontecendo?

Uma dor surgiu na minha cabeça e de repente uma voz começou a falar, gentilmente. “É que eu estou aqui. ” Era o oráculo, eu sentia sua voz ressoar de dentro do meu ouvido.

– Porque você está dentro de mim? – Falei, tentando não surtar. “ Eu preciso te guiar. Você precisa achar o fragmento, se lembra? ”

É mesmo. Tenho um dever agora. E se eu quiser falar de novo, vou precisar entrar naquela floresta e enfrentar aquele bicho horrendo. Andei pelo quarto, meio zonza e com fome. Fazia vários dias que eu não comia, nem dormia então...

Mas não liguei. Senti falta desse quarto, apesar de não poder chamá-lo de casa ainda.

Um barulho me tirou dos meus devaneios e eu olhei para a janela. Nevra entrava pela mesma, com Shiro no colo. – Shiro! – A agarrei e ela começou a fazer festa no quarto, pulando e rodeando meu corpo. – Ei, calma. – Nevra falou e ela parou na hora.

Ele saiu de cima da minha cama e a pegou no colo. Ele juntou os travesseiros e a deitou lá. Depois, veio até mim.

Ele olhou no fundo dos meus olhos e segurou minhas mãos. – Nem acredito que você está de volta. Eu realmente senti sua falta. Ela também. – Ele falou e deu um sorriso de canto para Shiro que continuava quieta na cama.

Eu acabei sorrindo. – Que foi? A gente acabou se aproximando... – Ele ficou sem graça. – Vem, melhor você ficar sentada. – Ele segurou minha cintura e me guiou até a cama.

– Nevra, pare de tratar como uma velha doente! – Eu falei, mas ele não percebeu. – Prontinho. Aqui, trouxe um papel para você escrever. Assim a gente consegue conversar. – Ele pôs a folha na minha mão, com cuidado.

Ele não está bem com a situação, consigo sentir, mas está dando muito duro. E ainda veio me visitar escondido, podendo levar uma bronca da Miiko. Eu sorri fraco e senti a mão dele no meu rosto.

– Não faz essa cara. Aquele elfo vai descobrir porque isso aconteceu. – Ele falou com raiva na voz. Eu escrevi: O Ezarel não tem culpa.

– Claro que tem! A ideia de te enfiar naquele cristal foi dele! – Ele ficou meio irritado. Eu escrevi irritada: Pelo menos eu posso me mexer de novo.

Ele ficou quieto. – O.... Lugar que você estava, como era? O que você fazia? – Eu engoli em seco. Me lembrar de todos aqueles dias naquela escuridão fez meu estômago revirar.

Escrevi: Era escuro. Eu não via, nem fazia nada. Só ouvia a sua voz e do pessoal.

Ele pareceu um pouco chocado e virou o rosto para não me encarar. – Deve ter sido um inferno... – Eu não queria ser mais grossa com ele, mas a minha mão escreveu sozinha: Foi um inferno quando você foi embora.

Eu não consegui decifrar a cara que o Nevra fez. Fiquei esperando sua resposta, mas ele não falou nada. Ficou um clima extremamente pesado no quarto.

– Estou com fome. – Eu falei, e ele finalmente olhou para mim.

Eu comecei a passar a mão na barriga e a repetir bem devagar: Estou com fome. – Ah, sim. Você deve estar faminta. Vamos lá na despensa. – Ele puxou meu braço, evitando olhar para o meu rosto e seguimos para a despensa.

Eu enchi a cara de panquecas e várias outras coisas. O gosto estava melhor do que eu imaginava. Ouvi Nevra suspirar.

– Danna, eu nem sei o que dizer... Primeiro, me desculpe. Se não fosse o meu avô, você não teria passado por isso. E eu também sinto muito por te abandonar. – A raiva que eu estava sentindo passou, de repente. Limpei a boca e fui até ele.

Nevra me encarou, triste. Uma parte de mim, estava com raiva, mas eu não queria que ele ficasse mal por minha causa.  Afinal, eu gosto muito dele, apesar das mancadas. – Tudo bem. – Eu falei, e lhe dei um beijo na bochecha.

Eu ia voltar a comer, mas ele me puxou e me abraçou com força. Eu me deixei ser abraçada e fiquei fazendo carinho nas costas dele. – Nunca mais vou te deixar sozinha. – Eu acreditei nas palavras dele e continuamos abraçados.

Uma picada nas minhas costas me fez empurrar ele longe. – Hein? O que foi, Danna? – Eu o olhei sem entender e ouvi novamente aquela voz suave: “Você precisa ir para a floresta logo. ”

Pera, o oráculo me beliscou?

Eu olhei para o Nevra, que estava esperando eu falar algo. “ Como eu conto para ele? ” Eu pensei a pergunta e a resposta veio imediatamente: “Coloque suas mãos em volta da cabeça dele e deixe que eu irei fazer o resto. ”

Eu hesitei, afinal, não posso confiar totalmente nesse Oráculo. Mas, eu não queria ficar escrevendo tudo o que vi, então fiz o que ele me pediu. Assim que fiquei de frente para Nevra, pus meus braços em volta de sua nuca.

 – Oe, o que está acontecendo? Você está estranha. – Eu o ignorei e passei meus dedos por entre os cabelos dele. De repente, minha mão começou a ficar quente e eu vi que todas as veias dos meus braços saltaram.

Nevra começou a gritar, até que caiu no chão. – Nevra? – Eu me agachei e segurei seu rosto. Um pequeno rastro de sangue saiu do seu nariz. – Meu Deus.... O que eu fiz? – Senti as lágrimas se formando nos meus olhos.

“Calma, foi só um choquinho. Vampiros...” – Só um choquinho? Ele está sangrando! O que foi que você fez? – Eu falei, irritada por ter acreditado nele. E se eu tiver machucado o Nevra de verdade?

Mas eu me acalmei instantaneamente, depois de ouvir a voz do Oráculo. Eu não entendia o que ele falava, mas em vez de me preocupar com isso, eu me sentei ereta ao lado do Nevra e fiquei esperando ele acordar, pacientemente.

Ele abriu os olhos alguns minutos depois. Deu um pulo e se sentou ofegante, com os olhos arregalados. – Nossa.