ISABELLA
- Papai matou João Vitti? – Isabella estava incrédula. – Impossível!
- Seu pai é perverso. João foi o meu primeiro namorado, primeiro amor, o primeiro, como Rafael foi pra você filha. Aos meus 18 anos, meu pai entregou a minha mão a família Santoni, a tradicional família Petrolina.
- Ribeiro e Santoni. – Isabella disse pensativa – Unir as duas famílias seria ótimo para os negócios.
- Exatamente. – Ana continuou – Eu fiquei noiva de seu pai sem amá-lo, mas eu o admirava, o conhecia deste os meus 15 anos. Formávamos um belo trio de amigos, até que comecei a “namorar” com João, no auge de meu 17 anos.
- Porque a senhora disse namorar com aspas? – Ana Júlia questionou.
- Meu pai não aceitava.
- Assim como papai! – Isabella completou.
- Seu pai quer acabar com a dinastia Vitti há muito tempo.
- Ele o matou quando?
- Me casei dois meses depois que fiquei noiva. João mudou de cidade, foi pra San Luis Obispo, onde conheceu Valéria. 12 anos depois eu tive noticias dele. Ele havia voltado para Los Angeles, com a esposa e filhos. – Ana suspirou.
- Em seguida ele morreu! – Ana Júlia disse – Rafael tinha seis anos quando o pai morreu.
- João morreu quando estava voltando para casa, em um acidente de carro.
- Rafael não se lembra de morar em Los Angeles. – Isabella disse.
- Eles moraram por dois meses aqui. João pediu emprego para seu pai logo que chegou, trabalhou por dois meses, foi aí que seu pai percebeu que eu estava indo visitá-lo muitas vezes na Petrolina. Ele me viu conversar com João várias vezes.
- Você traiu o papai?
- Não. Eu aprendi amar o seu pai, mas sempre gostei do João. – Ana sorriu – Nós conversávamos sobre os nossos filhos, ele me contava que Francisco falava sem parar, Rafael era o mais quieto. E não escondia o amor que sentia pela Valéria. Ele os amava. – Ana limpou a lágrima que caiu em seu rosto.
- O que aconteceu em seguida? – Ana Júlia perguntou.
- Era fim de tarde, Eriberto chegou sorridente em casa, e foi para o escritório. Meia hora depois recebemos a noticia que João havia sofrido um acidente de carro e não havia sobrevivido.
- A senhora foi ao enterro?
- Não. O corpo foi levado para San Luis onde a família dele morava. Depois disso, não fiquei sabendo de mais nada, até que 10 anos depois, eu conheci Rafael, e ouvi uma conversa de seu pai – Ana olhou para Isabella – ele estava no telefone com alguém e dizia que havia mais uma peste Vitti pra dar fim. Assimilei automaticamente o que havia acontecido, encurralei o capacho de seu pai, e ele me confessou que havia cortado o freio da caminhonete de João, seguindo as ordens de Eriberto.
- Você conhecia Rafael nesta época? – Isabella perguntou a Ana Júlia.
- Sim. Eu conheço Rafael deste pequeno. Por quê?
- Ele nunca comentou nada sobre os pais!
- Ele não gosta de falar neste assunto. – Ana Júlia disse.
- O que está pensando Bella? – Ana questionou.
- Francisco, o irmão de Rafael!
- O que tem ele?
- Tenho que conversar com ele.
- Onde está indo? – Ana Júlia perguntou vendo Isabella se levantando.
- San Diego.
- O que? –Ana perguntou assustada – Está louca?
- Eu preciso falar com Francisco, e ele faz faculdade em San Diego, é uma ótima oportunidade.
Ana e Ana Jú ficaram paralisadas sentadas ainda a mesa de jantar. Isabella havia saído pela porta da frente, sem ao menos pesar as conseqüências de seu ato.
- Ela esqueceu que o marido está em casa? – Ana Júlia disse.
- Vá com ela, eu enrolo Heitor!
- Isabella, Isabella! – Ana Júlia gritava enquanto corria até o carro que estava a poucos metros do grande portão.
- O que foi sua doida? – Isabella perguntou ao ver a amiga ofegante entrar em seu carro.
- Você enlouqueceu? Seu marido está em casa, e você vai atrás de seu... ex-cunhado? – Ana Júlia disse pensativa.
- Eu não considero Heitor como meu marido faz algum tempo, estou pouco me importante com o que ele faz ou deixa de fazer. Eu quero o Rafa, e pra ficar com ele eu preciso descobrir toda essa bagunça do passado. – Isabella encarou a amiga – Você vai comigo?
- Sim, é uma ordem da Dona Ana, nem louca eu iria desobedecê-la!
Isabella arrancou com o carro, e minutos depois já estavam na estrada a caminho de San Diego. Ana Júlia ligou o som do automóvel, e foi cantarolando até ver a placa de boas vindas da cidade San Diego após duas horas e meia de viagem.
- O que você vai falar com ele? – Ana Júlia quis saber.
- Quero saber sobre o pai deles.
- Ele morreu, não tem nada mais pra você saber! – Ana Júlia comunicou.
- Não sei por que, mas algo me diz que há alguma coisa cheirando mal nessa história.
- Seu pai que fede na história, você ouviu da boca de sua mãe que seu pai matou, eu repito Bella, ele matou seu João. É simples, e mesmo assim, você está mais preocupada em encontrar o Francisco do que ir atrás de seu pai e matá-lo.
- Ana Júlia! – Isabella a chamou, enquanto desligava o motor do carro.
- Desculpe por querer matar seu pai!
- Não é isso.
- O que é então?
- Ali – Isabella apontou para um moço que estava em pé no gramado a frente do automóvel – É o Francisco!
- Como pode ter certeza, faz dez anos que você o viu pela última vez.
- Eu sei que é ele!
Isabella desceu do carro às pressas, e começou a andar na direção do rapaz, Ana Júlia vendo a amiga no gramado, a seguiu.
- Francisco?! – Isabella chamou e o rapaz que estava de costas virou e a encarou – Francisco Vitti?
- Sou eu! – o rapaz respondeu.
- Você o encontrou sua safada! – Ana Júlia disse a amiga.
- Eu sou Isabella Santoni. – ela disse sorrindo.
- A namorada do meu irmão – Chico sorriu – Eu me lembro de você. Aconteceu algo com ele? – disse com tom preocupado - Faz tempo que não o vejo, ele só trabalha, não tem mais tempo.
- Ele está bem – Ana Júlia disse.
- Queremos falar sobre seu pai, João.
- O que tem ele? O que ele aprontou?
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