RAFAEL
- Doutor, seu irmão está na linha a sua espera!
Amélia disse para Rafael quando o viu aproximar de seu consultório, ele agradeceu, e entrou e foi logo em direção ao fone fora do gancho que o aguardava, sentou em sua cadeira e sorriu ao ouvir a voz do irmão da linha.
- Onde vocês estão?
- Estamos a caminho, acho que em vinte minutos chegamos à rodoviária daí. Você vai nos encontrar?
- É claro! Não convidei vocês pra passarem o Natal sem mim. Passaremos juntos, como nos anos anteriores.
- Falando do passado, me diga por que você escondeu Isabella da gente?
- Como? – Rafael não havia ouvido direito.
- Isabella! A mesma do tempo do colégio, ela não havia casado? Você é amante dela?
- Quem contou essas coisas a você Chico?
- Ela própria. Ela me procurou na universidade.
- Que dia?
- Faz uma semana. É. Hoje completa uma semana. Porque o susto?
- O que ela queria?
- Falar sobre o passado. Ficamos conversando sobre o pai, a mãe, sobre eu e sobre você. Ela queria saber se eu me lembrava do tempo que moramos em Los Angeles.
- Você falou o que sobre o pai?
- Ela veio com um papo estranho.
- Que papo estranho?
- Ela perguntou como o pai tinha morrido.
- O que você respondeu?
- Que ela havia se enganado. O pai não morreu. Você sabe disso, todos sabem disso. É só olhar pra ele que percebemos que ele não está morto, oras bolas!
Rafael bufou.
- Fiz alguma coisa errada?
- Não, eu que fiz. Encontro vocês daqui a pouco!
Rafael desligou e discou alguns números em seguida.
- Ela descobriu! – ele disse – Ela descobriu tudo Guilherme! - Amélia entrou na sala com um envelope a mão – Depois de ligo!
- Convite para uma festa de Natal!- ela entregou o envelope – Achei que as pessoas não fizessem festas no Natal para pessoas que não são da família.
- Nem eu! – Rafael disse vendo os dizeres do convite.
- Posso ajudar o senhor em alguma coisa?
- Pode ligar pra Senhora Müller e dizer que agradeço pelo convite, mas não poderei ir a festa de Natal realizada por ela!
- Desculpe senhor, mas... Quem é Senhora Müller ? – Amélia fez cara de desentendida.
- Isabella!
- Ah, a senhorita Santoni!
- Achei que não daria tempo!
- Se trabalhasse menos! – um senhor mais velho disse ao vê-lo.
- É bom ver o senhor também pai!
- Como você está meu querido? – a mulher ao seu lado disse o abraçando.
- Estou bem mãe!
- Que bom! – Valéria disse.
- Podemos ir? – Francisco disse – Estou varado de fome!
- Chegamos! – Rafael disse abrindo a porta de seu apartamento para a família entrar.
- É bem bonito, mas o que importa é se tem comida! Tem? – Francisco disse parando a frente do irmão.
- Pode acabar com a geladeira! – Rafael disse rindo.
- É assim que se fala mano! – Francisco disse indo para a cozinha.
- É muito bonito filho! – Valéria disse. – Não é João?
- É sim, muito bonito mesmo.
- Quer se sentar pai? – Rafael disse preocupado ao ver o pai abatido.
- Estou bem. Mas quem sabe daqui a pouco.
- Me deixa mostrar onde vão ficar. Guilherme vai passar alguns dias na casa de Ana Jú, estão noivos agora.
- Que benção! – Valéria disse.
A família Vitti estava unida como há vários anos não se via. Estavam a postos para o jantar, quando a campainha da casa tocou. Rafael pediu licença e foi abrir a porta, por onde passou uma Isabella furiosa que parou no meio da sala e o encarou. Ele fechou a porta, e a encarou.
- Pode entrar, fica a vontade! – ele disse.
- Como você pode? – Isabella disse séria.
- Pude o que?
- Negar o meu convite. Você o quando eu lutei pra conseguir lhe convidar, não foi em segredo, Heitor concordou. E você mais do que ninguém sabe que ele não tinha obrigação nenhuma em aceitar isso.
- O que você deve dar em troca?
- Como você se atreve a me perguntar isso?
- Eu o conheço. – ele deu alguns passos a frente – Ele deve lhe cobrado alto, mas o que? Quanto? Talvez algumas noites de amor, ou o prazer dele, espancamento!
- Eu não tenho que responder isso! – Rafael riu.
- Eu não vou passar o feriado com a mulher que eu amo casada com outro. Eu não posso fazer isso!
- Isabella?! – ela ouviu alguém a chamar.
- Francisco?! – ela sorriu sem graça.
- Algum problema filho?
Isabella ouviu a voz grossa e depois assimilou que a voz pertencia ao senhor mais velho que estava em pé com a ajuda de uma bengala como apoio.
- Não pai! – Isabella o encarou.
- Ele é o seu...
- Pai! – Rafael completou – O mesmo que você pensou que estava morto!
- Quem é essa garota Rafael? – Valéria perguntou.
- Essa é Isabella, mãe. Isabella Santoni, filha de Eriberto Santoni.
O silêncio que reinou em seguida foi quebrado apenas com o som da bengala de João tocando ao chão, e ele desmaiando, caindo ao chão logo em seguida.
- Como ele está? – Isabella perguntou ao ver Rafael entrar no próprio quarto após um tempo.
- Está bem. Só está um pouco perturbado por ouvir o nome do seu pai.
- Por quê?
- Você já sabe a história! – Rafael disse rindo.
- Conte a sua versão!
---------------------------------------------------
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.