24 de Dezembro – Véspera de Natal
- Tem certeza que você quer fazer isso?
Isabella olhou para sua mãe que estava na entrada do closet pelo espelho. Fazia quatro dias que havia descoberto os segredos que guardavam o passado.
- Vai ser hoje mãe, não dá pra ser outro dia.
- Já estamos prontos Bella! – Nina disse ao chegar ao quarto – Aconteceu algo?
- Não! – Isabella sorriu – Não aconteceu nada.
- Ainda não! – Ana disse ao sair do quarto deixando as filhas a sós.
- Do que a mãe está dizendo Bella?
- Eu vou terminar meu casamento hoje! – Isabella respondeu a irmã que a olhou com olhos regalados.
- Espero não te ofender, mas você demorou pra tomar essa decisão!
- Você não vai ir passar a noite com ela?
- Não Chico! – Rafael disse olhando para a imagem noturna de Los Angeles da varanda de seu apartamento. – Não tenho certeza do que acontecerá essa noite.
- Vai dar tudo certo!
- Tomara!
- Acredite! – Rafael e Francisco se viraram ao ouvir a voz do pai – Ela vai fazer a coisa certa!
Rafael e Francisco sorriram ao pai – Sua mãe disse a ceia está pronta! – João completou.
- Achei que teria que ir buscá-las pela demora! – Heitor disse ao ver Isabella descendo as escadas com Nina ao seu lado.
- Não será necessário!
- Que bom! Vamos comer então!
Heitor seguiu para a sala de jantar, sendo seguidos pelos sogros, cunhada, e a esposa, sentaram-se a mesa e começaram a fazer a refeição.
Rafael estava na sala de estar sentado ao lado dos pais, ouvindo o irmão contar mais uma de suas histórias malucas. Valéria estava rindo sem parar. João ouvia com sorriso no rosto. Rafael estava feliz ao lado da família. Vou até a cozinha para atender o celular que tocava.
- Alô?! – ele disse ao atender.
- Eu preciso de você aqui! – Rafael fechou os olhos ao ouvir a voz.
- Eu não posso Bella, você tem que fazer isso sozinha, eu não posso estar aí.
- Você é minha força!
- Tenha força sem mim!
- O que acontecerá amanhã?
- Estaremos juntos!
Isabella voltou a sala onde a família estava reunida, sorriu ao ver todos a encarar.
- Tenho algo a dizer!
- Diga então Isabella! – Heitor disse com ar de superior.
- Eu quero o divórcio! – todos ficaram quietos.
- Você não pode fazer isso! – Heitor respondeu furioso ficando em pé.
- Eu posso e vou.
- Filha, pense bem! – Eriberto disse.
- Já pensei, não vou suportar mais esse casamento onde eu sofro vinte e quatro horas, um casamento que só fez bem a empresa e não para mim.
- O que você está dizendo filha? – Ana perguntou sem saber do que Isabella se referia.
- Eu casei com Heitor, porque o pai pediu, na verdade ele mandou. A empresa estava falida e somente a minha união com Heitor salvaria a empresa, já que essa foi a troca. Como em A bela e a fera. Só que a fera, não é um príncipe.
- O que está acontecendo com você? – Eriberto disse inconformado.
- Estou cansada de farsa e mentiras nesta família. Então hoje eu quero acabar com isso.
- Como? – Heitor disse.
- No auge dos meus 18 anos eu tive uma decepção amorosa, meu namorado na época foi para Nova York estudar medicina, enquanto eu fui obrigada a ficar aqui, cuidando dos negócios da família. Fiz faculdade de Administração e comecei a trabalhar na Petrolina.
- Chega dessa história! – Eriberto disse se levantando.
- Qual história? A que você destruiu a minha vida, subornou o meu namorado?
- Rafael nunca foi homem para você! – Eriberto disparou em alto e bom som.
- Rafael? – Heitor a encarou – O neurocirurgião?
- Esse mesmo! – Nina disse calmamente.
- Você não sabe de nada! – Eriberto disse rindo.
- Eu sei de tudo!
- Então me conte! – Eriberto a desafiou sentando novamente.
- Você odeia o Rafa, porque odeia o fato que minha mãe foi apaixonada por João Vitti antes de casar com você. João que é pai do Rafael. Quando você descobriu esse fato você fez de tudo para me separar dele, e você conseguiu, mas não pelos seus meios.
- Como assim Bella? – Ana disse.
- O pai deu um milhão de dólares para que Rafael se afastasse de mim, quando ele recusou, você mandou seus capangas para baterem nele. Esse foi o aviso para que Rafael aceitasse o dinheiro, mas não sei se você sabe ou não, mas Rafael nunca encostou um dedo em seu dinheiro.
- Mas ele aceitou! – Eriberto disse.
- Porque queria pagar o tratamento do pai!
- João está morto! – Eriberto disse sério.
- Nunca esteve. – Isabella riu – Ele estava em estado grave após o acidente de carro que sofreu porque estava sem freio. Mas é claro, que esse defeito foi causado por ordens suas. João sabia o risco que corria com você por perto, então pediu aos médicos para ser transferido para San Luis , mas queria ser dado como morto em Los Angeles. O doutor aceitou naquela época. João foi embora, e você acreditou que ele estava morto. Anos se passaram e mais um Vitti entrou na sua vida.
- Rafael! – Ana suspirou.
- Rafael foi para a Nova York aos 18 anos – Isabella sorriu – Ele havia conseguido a bolsa de estudos que tanto lutou. Eu não o impedi, era o sonho dele. Eu fiquei na cidade, e dois anos depois quando estava na metade do meu curso universitário, o senhor – ela apontou para seu pai – me obrigou a casar com Heitor, para salvar a empresa. Eu aceitei, não tinha nada mais para perder, já havia perdido o Rafael não tinha mais noticias dele mesmo.
- Como João sobreviveu? – Eriberto quis saber.
- Fé! Apenas um milagre o faria viver, passou meses no hospital. Quando teve alta do hospital, se viu preso em uma cadeira de rodas, devido à falta de movimentos na perna. – Eriberto sorriu – Rafael se dedicou 100% na faculdade, fez residência no melhor hospital do país, e fez especialização com o melhor Neurocirurgião, Derek Shepherd, que aceitou ver o caso de João, e percebeu que havia um meio dos movimentos voltarem. Fez a cirurgia de graça em consideração a Rafael que era seu pupilo, e um dos mais promissores. João começou a fazer fisioterapia após a cirurgia e os movimentos voltaram. Hoje ele anda apenas com a ajuda de uma bengala como apoio.
- Impossível! – Eriberto disse sem acreditar. – Mas, toda essa história não lhe dá a liberdade de você quebrar o acordo!
- O senhor me deu uma brecha. – Isabella disse sorrindo.
- Como assim?
- Se eu desse um herdeiro a você, eu poderia quebrar o acordo!
- Eu vou ser avô?! – Eriberto disse.
- Eu vou ser pai?! – Heitor disse.
- Sim e não.
- Como assim Bella? – Ana perguntou.
- É simples mãe. Você e o pai vão ser avós, mas o Heitor não será pai.
- Você... – Eriberto deixou a frase no ar.
- Me traiu? – Heitor completou.
- Há um ano eu encontrei Rafael. Nós conversamos, esquecemos o tempo que ficamos separados um do outro, e alguns dias depois começamos a sair como namorados, e em seguida como amantes. Eu estou grávida de dois meses, do meu primeiro e único amor: Rafael Alencar Vitti.
- Filho? – Valéria chamava Rafael que adormecia já em sua casa – Telefone pra você. É do hospital!
Rafael se levantou e foi até o fone, ouviu o que Amélia que estava de plantão disse e saiu em disparada ao hospital. Francisco que nunca havia visto o irmão trabalhar foi junto para acompanhar uma cirurgia de emergência.
- O paciente está estável, mas há alguns coágulos em volta ao cérebro!
- Tomografia?
- Aqui senhor! – Amélia entregou o exame.
- Leve para a SO, vou me preparar e te encontro lá!
- Sim senhor!
- Amélia! – Rafael a chamou quando se lembrou de Francisco – Mudança de planos: fique na cabine com Chico, ele nunca viu uma cirurgia neurológica de perto, não quero me preocupar com ele.
- Sim senhor!
- Você está bem? – Francisco disse.
- Vou ficar! – Zac sorriu – Vá com ela!
Francisco seguiu com Amélia para a cabine que dava pra ver a sala de cirurgia.
- Você gosta de trabalhar com ele? – Francisco perguntou quando se sentou na poltrona.
- Sim. – Amélia sorriu – Ele é o melhor!
- É mesmo! – Francisco sorriu – Feliz Natal a você!
- A você também!
- Feliz Natal a todos! – Rafael disse assim que entrou na SO.
- Feliz Natal doutor! – todos responderam em coro.
- É uma ótima noite pra salvar vidas!
Rafael se concentrou em seu trabalho. De vez enquanto olhava para o irmão que estava entretido em uma conversa com Amélia.
- Porque há um pano na cabeça do paciente? – Francisco perguntou.
- As vezes é necessário!
- Como assim?
- Na verdade, é uma paciente, é mulher.
- E porque não contaram ao meu irmão?
- Porque é Isabella Santoni a paciente.
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