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História My Enemy, My Ally - Fourteen;


Escrita por: Torix

Notas do Autor


Postada da vergonha depois de morrer por um tempo ToT
Mano, sei nem como vocês me aguentam </3 Você são top <3
Enfim, 4000 palavras pra vocês ;;

Capítulo 14 - Fourteen;


Abriu os olhos lentamente, a luz forte o cegando momentâneamente. Sentia o cheiro forte de desinfetante de lavanda.

Sua audição voltou de repente, o assustando. Podia ouvir o barulho do nebulizador a trabalhar não muito longe. Sentou-se na cama, olhando ao redor e reconhecendo o quarto de hospital. Sua cabeça latejava e sua boca ardia de tão seca.

– Byun Baekhyun. Que bom que acordou. – O doutor anunciou, dando uma rápida olhada na prancheta e sorrindo para o rapaz. – Como se sente? – Andou até a cama e checou o estado da bolsa de soro pendurada sobre a cama.

– Com sede. – O médico riu, concordando com a cabeça.

– Vou mandar alguém aqui para trazer-te água e checar seu estado. Se tudo estiver certo, você poderá ir para casa hoje. – Baekhyun concordou, bocejando e olhando ao redor para procurar seu celular. Infelizmente. não o achou em lugar algum.

Suspirou e se levantou para ir ao banheiro, teve que arrastar consigo a barra de metal que segurava o soro. Usava a roupa ridícula do hospital, mas seu cabelo cheirava a álcool e cigarro. Pode ouvir o barulho de alguém entrando no quarto, assumiu que fosse o médico e continuou com seus negócios.

Depois de se aliviar, deixou o banheiro e deu de cara com a última pessoa que queria encontrar naquele estado deplorável. Arregalou os olhos e tentou se mover sem fazer barulho,. Ainda estava de costas, checando a cama, talvez, com sorte, conseguiria fugir antes de ser visto.

Mas para seu azar, enroscou o pé na barra que fez um barulho alto demais para passar despercebido.

– Você já saiu? – Perguntou, ainda de costas, enquanto tirava da pequena caixa ao lado do criado-mudo, tudo o que precisaria. – Eu entendo que talvez esteja com vergonha, por eu ser mulher, mas tente pensar em mim apenas como uma funcionári– Se virou lentamente e arregalou os olhos, deixando o medidor cair no chão. – B-Byun Baekhyun! – Mirae exclamou, apontando para o rapaz envergonhado.

Por que de todos os hospitais possíveis, ele tinha que ser levado justamente para o único onde Lee Mirae trabalha?

– Olh–

– P-Por quê? Você… Você estava em coma alcóolico?! Ai, meu Deus… Você é idiota?! – Ela entrou em pânico, mal conseguia formar uma frase. Todos do hospital sabiam sobre o rapaz que veio para o pronto-socorro na noite anterior. Uma quantidade assustadoramente grande de álcool o havia colocado em ponto crítico. Além do álcool, havia também sido encontrado outras substâncias em sua corrente sanguínea, mas porque era um paciente VIP, seu real estado foi revelado apenas para um grupo seleto de médicos.

Mirae acabou sendo forçada por seu superior a atendê-lo com seu melhor sorriso de garota bonita apenas para agradar o VIP que poderia eventualmente doar mais dinheiro.     

Mas descobrir que era Baekhyun que abusara de drogas na noite anterior havia lhe chocado profundamente.

– Desculpa. – Baekhyun disse, coçando a nuca, se aproximou dela, tentando remendar as coisas. – Uns caras no clube, acho que colocaram algo na minha bebida.., – Mirae balançou a cabeça, segurando a mágoa que tinha de ver seu amigo de infância naquele estado horrendo. – Eu juro que não queria ficar assim. Eu–  

– Não é da minha conta. – Ela disse friamente, o interrompendo. – Por favor, sente-se para que eu possa checar seu estado. – O sorriso forçado que ela usava com todos os pacientes fez seu coração doer, caminhou até a cama e sentou-se. Não teve coragem de encará-la. Mirae mediu sua pressão sanguínea, tirou uma pequena amostra de sangue, fez perguntas rotineiras e tirou sua temperatura.

Depois de guardar tudo de volta ao lugar, sorriu. – O resultado deverá sair em algumas horas. Enfermeiras trarão seu café da manhã. – Fez reverência ao rapaz e se virou para sair. Ele a segurou pelo braço.

– S-Se você estivesse na minha situação não me julgaria… – Ele disse. Mirae fechou os olhos. – Por que você tá agindo assim agora? Tão fria? – Não obteve resposta alguma. – O que aconteceu com você, Mirae-yah? – Sua voz falhou. Esperou a resposta ansiosamente.

– Eu cresci, Baekhyun. – Se livrou de sua mão. – Eu não posso ser a mesma garota ingênua pra sempre. Escondida atrás de aparelhos ortodônticos e um corte de tigela. O coração pertencendo ao inalcançável… – Disse com um tom melancólico até demais. Baekhyun manteve-se quieto. – Você deveria tentar… Deixar de ser imaturo. – Retrucou. Ele engoliu seco, seus lábios tremendo.

– Tudo o que você se tornou foi uma megera. – Ele cuspiu as palavras no calor do momento. Mirae fechou os olhos. Baekhyun se levantou, tentando ter uma reação dela. A indiferença doía mais que o ódio. – Não me admira que os homens tenham tanto interesse em você… Está se exibindo como um pedaço de carne. – Ele murmurou e se arrependeu imediatamente de ter falado algo tão horrendo. Havia notado como os homens a olhavam com desejo no último jantar que tiveram e as lembranças faziam seu sangue ferver. Não queria ter dito aquilo.

Mirae se inclinou e pegou o copo de água que estava no criado-mudo, despejando seu conteúdo sobre o rapaz.

Baekhyun levantou o olhar para encará-la. Pode estudar sua expressão nos poucos segundos – que mais se pareciam com horas. Seus olhos caramelo estavam embaçados pelas lágrimas. Ela mordia o lábio inferior, segurando o choro.

– Mirae-yah… – Ele murmurou, desejando com todas suas forças poder voltar no tempo.

– LEE MIRAE! – O doutor invadiu o quarto em passos largos e pesados. O tom de sua voz assustou a jovem que rapidamente limpou as lágrimas e abaixou a cabeça. – Você não consegue fazer nada certo?! Eu te deixo sozinha por alguns minutos e você faz uma coisa dessas com um dos nossos pacientes VIP?! Peça perdão imediatamente! – O homem gritou. Baekhyun arregalou os olhos, paralisado. Como ela podia ser tratada assim?!

– Eu prefiro ser punida a pedir desculpas. – Ela disse, olhando para o homem que riu soprado. Não podia acreditar na insolência da residente. Poderia soltar fogo pelas narinas de tão furioso.

Ele levantou a mão.

Mirae fechou os olhos. Não seria a primeira vez que seu sunbae ficava assim tão nervoso.

Esperou pelo tapa. Mas estranhou que nada aconteceu. Abriu os olhos confusa e foi surpreendida pela visão.

Baekhyun se levantou o mais rápido que pode e colocou-se à frente dela, segurando a mão do homem que o encarava confuso.

– Encoste um dedo nela e você vai ser demitido mais rápido do que pode dizer ‘desculpa’.

 

 ✖ ✖ ✖

 

– Eu disse pra você “Não sai no frio, você vai ficar gripada.”. Mas a princesa escutou? – Chanyeol cruzou os braços enquanto assistia Haera deixar o consultório médico, prescrição em mãos. – Está frio, por que você tá de vestido? – Reclamou, tirando sua jaqueta e colocando sobre os ombros dela.

– Cala a boca. – Ela rangeu os dentes, sua voz falhou e Chanyeol a olhou com uma cara de Eu-te-falei. – Pega de volta, você vai ficar doente.. – Tentou tirar a jaqueta, mas ele a impediu.

– Fica com ela. Eu não quero ser viúvo aos vinte e cinco. – Ele riu, piscando para ela.

– Eu preciso pegar uns antibióticos na farmácia no andar de cima… Vai comer alguma coisa que eu te encontro no estacionamento. – Ele concordou com a cabeça e tirou o papel de sua mão.

– Deixa que eu vou. Não sai daqui. – Ele disse, se virando para caminhar até o elevador antes que ela pudesse protestar. Haera suspirou e se sentou em um dos bancos enfileirados no corredor. Uma senhora estava sentada no assento ao lado, tricotando algo que se parecia com um cachecol.

– Sabe… Eu sempre achei que esse seu casamento era uma farsa. – A mulher comentou repentinamente, a assustando. Haera franziu as sobrancelhas, encarando-a. A senhora ajustou os óculos e continuou a tricotar. – Gente jovem casa por qualquer coisa. Tá namorando há seis meses e já quer casar. – Desabafou, deixando Haera desconfortável.– Mas depois de ver vocês interagindo… Eu sei que vocês são especiais. O jeito que vocês se olham.., Me lembra meu próprio casamento. – A mais jovem forçou um sorriso.

– Obrigada… – Tudo o que ela mais queria era fugir daquela situação constrangedora.

– Meu mari– A senhora foi interrompida por uma multidão de médicos que se reuniu não muito longe.

– Yah! Lee Mirae causou problemas de novo. – Um dos médicos disse. Haera virou a cabeça, torcendo para que fosse outra Mirae.

– Ah! De novo, não… – Uma enfermeira choramingou.

– Mas ela não estava tratando um VIP? – Eles trocaram olhares.

– Estava. – Eles suspiraram.

– Eu saí antes do doutor Go bater nela... Aigo… Mas que menina pra causar! Parece que não sabe fazer nada. – Isso foi suficiente para fazer Haera voar de seu assento para o elevador. Não iria deixar que isso acontecesse à sua melhor amiga.

Pressionou o andar dos quartos VIP e bateu o pé incansávelmente. Chegou lá em menos de um minuto, atravessando o longo corredor em passos pesados. Não precisou adivinhar onde estavam, a multidão denunciou.

– Mirae-yah! – Exclamou, não se importando se estava invadindo. O médico olhou a jovem, completamente petrificado.

– P-Park Haera?! – Engasgou-se com sua saliva. Baekhyun riu de canto e soltou seu braço, deixando a rainha do drama tomar conta da situação. – Como você a conhece? – Encarou a jovem residente,

– Você está bem? Se machucou? – A garota negou e Haera sorriu, se virando para o senhor. Ela o conhecia de longa data; O marido de Yoora fez a residência nesse mesmo hospital. Ele é conhecido como o Diabo de Jaleco, faz a vida de todos os residentes e estagiários um puro inferno. Dizem que um dos residentes se matou por sua culpa e ele apenas riu e disse que provou sua incompetência. – De acordo com a lei deste país, os crimes que você cometeu contra essa garota conseguem tirar sua licença médica e te jogar atrás das grades por tanto tempo que você vai se esquecer como o Sol é. – Ela disse em um tom firme, se aproximando do homem que escondeu as mãos trêmulas atrás de si.

– Você vê… Mirae agrediu o paciente! – Ele exclamou, jogando a culpa na pobre garota. Mirae arregalou os olhos, encarando Haera e negando com a cabeça. Baekhyun estalou a língua, pronto para jogar palavras em sua direção, mas Haera o interrompeu.

– Baekhyun. – O chamou, sem tirar os olhos do Dr. Go. – Mirae te agrediu? – Ela perguntou calmamente. O doutor suspirou ao perceber que eles se conheciam. Amaldiçoou a residente que tinha mais influência que ele.

– Não. – Ele respondeu, colocando a mão na cintura e encarando o homem intimidado. O médico olhou para Baekhyun como se o mesmo estivesse mentindo, fez uma careta e cerrou os punhos. Haera estalou a língua.

– Você não vai se endireitar?! – Ela levantou a voz, fazendo-o pular de susto e arrumar sua postura imediatamente. – Abaixe os olhos! – Ele o fez, encarando seus pés em vergonha, assim como faz com os hoobaes. Nesse ponto, alguns de seus colegas se reuniam na porta, trocando sussurros e filmando tudo.

Mirae encarava a cena perplexa enquanto Baekhyun sorria. Havia visto Haera colocar milhares de arrogantes com complexo de superioridade em seu lugar. Tinha que admitir: Vê-la fazendo o mesmo com o homem que agrediu Mirae era muito mais satisfatório.

– Me perdoe, madame. – Engoliu seco. Os sussurros se intensificaram e noventa e nove porcento das pessoas que assistiam a cena não podiam acreditar em seus olhos. Era como se estivessem em um universo paralelo.

– Além de agressão e natureza violenta, podemos adicionar difamação ao seu currículo. Isso é mais do que suficiente para que sua esposa volte a usar seu nome de solteira e mude o nome de seus filhos por pura vergonha. – Baekhyun riu. – É esse o tipo de médico que esse hospital tem?! Eu deveria ligar para os jornais e contar a verdade? Porque eu tenho certeza que eles adorariam ouvir tudo sobre a história.

– Por favor– O homem implorou, a encarando, amedrontado.

– O que eu disse? – Ele abaixou os olhos novamente. Haera cruzou os braços e olhou Mirae, que estava paralisada. – Mirae-yah… – A jovem pulou, encarando a amiga. – O que você quer que aconteça? – Baekhyun sorriu, enquanto Mirae estava atônita, ela mordeu o lábio inferior e olhou para Haera, pedindo ajuda. – Eu não posso decidir por você, já que eu não sei como realmente são as coisas por aqui… – Explicou.  

Mirae acenou com a cabeça, encarando o homem à sua frente. Ele tremia de medo assim como a fazia sentir-se. Tudo voltara. O jeito como foi tratada, os gritos, os xingamentos. Sentir-se incapaz, um lixo. Lembrou-se de quando ele ficou bêbado e tentou levá-la para sua cama. Depois a chamou de ‘vadia barata’ ao ser rejeitado.

Ela poderia impedir que ele fizesse isso com outros.

Poderia demiti-lo de uma vez por todas e acabar com isso. Poderia usar seu poder e influência e apagá-lo da existência.

Mas fazê-lo, a tornaria igual à seus pais. Arrogante e gananciosa. E por isso, escondeu sua identidade. Tinha dois trabalhos para pagar sua faculdade. Morava em um lugar apertado, dois ônibus de distância do hospital.

Mirae era diferente de seus pais.

– Peça desculpas formais à todos residentes e estagiários sobre seu nome. Atuais e passados. Agressão física não será tolerada de maneira alguma... – Ela disse com um suspiro. – E use sua posição para ter certeza que pacientes não morram só porque um VIP foi admitido, independentemente se eles podem pagar a conta do hospital ou não.

O médico levantou a cabeça, olhou para Mirae, depois para Haera e para Baekhyun. Eles tinham um sorriso orgulhoso no rosto.

– Isso é impossível! – O homem indagou. Haera o encarou e ele rapidamente mudou sua postura. – Não temos verba para atender todos os pacientes de renda baixa que vem parar aqui. Mal temos equipamentos para tratar os VIPs.

Enquanto Mirae tentava pensar em algum plano, Baekhyun simplesmente deu de ombros e gesticulou para Haera, que sorriu e abriu sua bolsa. O rapaz pegou uma caneta do criado-mudo e escreveu no bloco de folhas.

– Não é mais um problema. O BY group acaba de doar 100 Milhões. – Ele disse, arrancando o cheque e entregando ao homem que o encarou com uma mistura de admiração e medo. Mirae arregalou os olhos, tentando impedi-lo, mas Haera negou com a cabeça, murmurando um ‘Apenas deixe-o.’

Os médicos na porta comemoraram baixinho e trocaram sussurros sobre como Baekhyun era legal. Enquanto isso, Mirae se arrependia de ter encontrado Baekhyun, seu disfarce estava arruinado. As pessoas não iam bajulá-la por seus pais, mas sim pelo chaebol do BY Group e a herdeira dos Kim&Park.

– Nos manteremos informados. Se o dinheiro estiver sendo usado de maneira errada, ações serão tomadas. – Ele disse, devolvendo o talão à Haera. – Agora, desapareça. – O homem acenou com a cabeça e correu até a porta, fazendo reverência várias vezes na saída. O grupo se dispersou no mesmo momento e a porta foi fechada, permitindo que pudessem relaxar. – Ah… Eu não fui feito para agir desse jeito… – Baekhyun suspirou aliviado, se jogando na cama. Haera riu soprado, cruzando os braços e o encarando.

– Que porra é essa? Por que vocês tão agindo assim? Vocês tem noção do que acabou de acontecer?! – Mirae reclamou, apontando para a porta em completo desespero. – Eu acho que  não consigo respirar. – Baekhyun arregalou os olhos e se levantou em um pulo.

– Okay. Respira fundo. – Ele instruiu, segurando o rosto dela e assistindo enquanto ela inspirava. – Agora solta. – Haera se inclinou e pegou uma luva limpa da caixa, a entregando. Mirae a pegou e começou a respirar dentro do plástico, o pânico lentamente diminuindo.

– Eu preciso levar as amostras ao laboratório. – Ela disse, parecia em choque. Haera riu e acenou com a cabeça, dando espaço para que ela deixasse a sala com a pequena bandeja.

Assim que ela fechou a porta, a jovem encarou o rapaz.

– Que merda você fez pra deixar ela irritada? – Ela cruzou os braços, arqueando a sobrancelha. Baekhyun suspirou, se jogando novamente na cama.

– Eu pisei na bola, Haera. – Cobriu os olhos. – Eu não sei o que aconteceu… Eu vi ela e as palavras só saíram, sabe? – Se sentou na cama, tentando explicar. Haera riu e se sentou ao seu lado.

– Sei… – Ela deu um tapinha em seu ombro. – Soube que você deu PT ontem… Seus pais estavam furiosos. Isso me lembra, Chanyeol veio te ver. – Baekhyun arregalou os olhos.

– Chan está aqui?! – Ele exclamou, assustando Haera com o tom estridente de sua voz. Ela rolou os olhos.

– Ele já te viu em estados piores, Baekhyun. – O rapaz mordeu o lábio inferior.

– Não é isso. Não deixa a Mirae encontrar com ele.

– Por quê? – Perguntou confusa, queria apresentar seu famigerado marido à sua melhor amiga.

– Depois eu te explico. Só me faz esse favor. – Ele juntou as mãos, implorando. Haera suspirou, se levantando.

– Okay, você me deve uma.




 

– Seus resultados vieram normais. Você tá livre pra ir. – Mirae explicou, abaixando as folhas da prancheta e encarando Baekhyun. Ele acenou com a cabeça, vestindo sua jaqueta. Suas roupas ainda cheiravam à bebida da noite anterior. – Você vai ficar bem? Seus pais disseram que não te queriam em casa… Ou na casa que eles te dera... – Ele parou por um momento, parecia triste.

– De boa. Eu posso ficar com Chanyeol e Haera. – Mirae suspirou, correndo os dedos pelos fios de seu cabelo.

– Eu sei que eles são seus amigos, mas eles são casados. Mesmo sem querer, incomoda. – Ele suspirou. Sabia disso, mas que outros amigos tinha? Seus “amigos” de balada se aproveitaram enquanto ele estivesse dormindo e tirariam proveito para vender qualquer foto ou manchete para os jornais.

– É… Eu vou pra um hotel ou algo do tipo. – Mentiu. Antes de chamarem uma ambulância, seus colegas de bebida fizeram questão de tirar todo o dinheiro que tinha dentro de sua carteira.  

– Eu.... Eu tenho um lugar… Não é bom como um hotel, mas… Sei lá… Na verdade, não chega nem perto de um hotel… É–

– Quero. – Baekhyun exclamou de repente, confundindo a garota. Mirae não pôde conter o riso abafado que escapou.

– Eu vou pegar umas mudas de roupas mais tarde, te levo lá. – Explicou. Baekhyun concordou. Teria que arrumar um jeito de convencer seus pais a deixá-lo voltar para casa. Provavelmente teria que pedir ajuda do Baekbom, ele o ajudaria desde que estivesse longe da esposa manipuladora.

Ele teve pouco mais de uma hora livre para pensar em um plano até Mirae estar livre e pronta para ir para casa. Ela carregava uma mochila cheia e já não estava mais com o jaleco, parecia cansada. Baekhyun a seguiu quietamente.

– Eu sei que você não tá acostumado a andar de ônibus, mas eu não tenho carro… – Ela explicou, coçando a nuca. Baekhyun concordou com a cabeça.

– Ah não, tudo bem. Eu já andei de metrô antes, é parecido, né? – Ele riu. Mirae mordeu o lábio inferior. Baekhyun havia andado de metrô em Paris, estava acostumado com as luxúrias das quais ela abriu mão. Eles sentaram no banco do ponto, balançando os pés e batucando os dedos no metal, qualquer coisa para preencher o silêncio.

O primeiro ônibus chegou, Mirae entrou primeiro, com Baekhyun na sua cola. Era horário de pico, então o lugar já usualmente cheio, estava ainda mais apertado. Ela passou seu cartão duas vezes e caminhou para um lugar vazio.

– Senta aqui. – Ele a olhou. – Senta logo ou alguém vai pegar o lugar. – Obedeceu, encolhendo-se no assento pela janela. Olhou para Mirae e ela estava se debatendo com a bolsa, ele estendeu a mão e removeu a alça quietamente. Ela não pôde rejeitar, suas costas estavam matando-a.

Metade do caminho foi normal, Baekhyun não teve nenhum problema exceto as pessoas que notavam o cheiro de álcool em suas roupas e fizeram comentários maldosos. Mesmas pessoas que ignoraram completamente quando uma senhora entrou no ônibus com várias sacolas.

Mirae estava quase se oferecendo para segurar as sacolas quando Baekhyun se levantou, guiando a senhora até o banco. Ele deu de ombros quando recebeu um olhar confuso de Mirae. Ela estava genuinamente surpresa. Nunca pensaria que Baekhyun abriria mão de seu conforto apenas para dar seu lugar

O motorista deu a partida e Baekhyun foi surpreendido pelo arranque, escorregando e quase caindo se não fosse pela garota que o segurou. Mirae abafou o riso e segurou sua mão, a colocando sobre o puxador.

– Você tem que segurar, okay? – Ela disse, dando tapinhas na mão do rapaz envergonhado.

O resto da viagem foi mais calma, as curvas foram difíceis de se segurar, mas Mirae dava um jeito de deixá-lo apoiar-se nela. Na hora de descer, Baekhyun foi na frente e ofereceu a mão para ajudá-la. Ato que a fez rir.

O segundo ônibus estava sete minutos atrasado, mas em compensação, estava vazio para o alívio da dupla. Se sentaram no fundo. O caminho era um pouco maior que o anterior, então para passar o tempo, dividiram os fones de ouvido como faziam anos atrás.

O ponto não era muito longe da casa, eles chegaram alguns minutos de caminhada depois. Ela abriu a porta e a primeira coisa que fez foi tirar os sapatos e jogá-los no meio da sala. As chaves foram colocadas em pote de cerâmica próximo a porta.

Baekhyun fechou a porta atrás de si e tomou tempo para analisar o local. Era bem apertado; Cozinha e sala eram no mesmo cômodo. Um pouco ao lado, haviam duas portas de madeira que ele julgou darem para o quarto e o banheiro. A mobília não era ruim, era até de qualidade alta em comparação ao resto da casa.

– Há quanto tempo você mora aqui? – Ele perguntou, estudando as decorações provavelmente feitas por ela. Mirae tirou o casaco e o jogou no sofá, caminhando até a cozinha em seguida.

– Eu fechei o contrato no final do ano passado. – Explicou, tirando da geladeira a garrafa de água. – Desde abril, eu ficava aqui toda vez que visitava a Coréia, mas me mudei oficialmente mês passado. – Baekhyun concordou com a cabeça. Então ela havia vindo várias vezes, mas nunca o contatou, exceto por aquele jantar arranjado por seus pais. – Haera fez questão em decorar pra mim. – Riu. – Água? – Ela perguntou, tirando um copo do gabinete.

– Por favor. – Ele respondeu, colocando as mãos no bolso da calça jeans. Mirae serviu a água em dois copos, o entregando um e desaparecendo no banheiro em seguida. Baekhyun tomou o tempo para explorar no local. A louça na pia consistia talheres e potes vazios de macarrão instantâneo. Ele riu. E ainda dizia que não tinha estômago para espaguete.

Ele pôde ouvir o chuveiro correndo e suspirou. Teria que arrumar alguma coisa para fazer enquanto ela estivesse no banheiro. Sentou-se no sofá, segurando o copo e encarando o nada. Não se atreveria a mexer na bagunça dela.

Mirae não demorou, saiu do banheiro com uma toalha na cabeça e de roupa trocada, usava um suéter rosa com bolinhas e jeans.

– Eu acho que tenho algumas roupas que te sirvam… – Ela comentou, entrando no quarto. Baekhyun preferiu não pensar no porquê ela teria roupas masculinas. Voltou com uma muda de roupas e o cabelo solto. O cabelo dela ficava mais escuro quando estava molhado.

– Você vai ficar resfriada se não secar o cabelo. – Baekhyun repreendeu. – Tem um secador? – Ela negou. – Vem aqui. – Ela obedeceu, sentando-se ao seu lado. Mirae arregalou os olhos ao tê-lo tão próximo. Ele tirou a toalha de sua nuca e colocou sobre sua cabeça, começou pelas pontas, lentamente subindo e tendo certeza que não ficasse úmido.

Ao chegar na raíz, seus olhos se encontraram. Ambos sentiram suas bochechas ficarem mais quentes apesar do frio. Ela pôde notar como suas feições haviam amadurecido, seu rosto nunca deixara de ser bonito, mas agora parecia mais másculo. Seus olhos, apesar de iguais, pareciam diferentes, não tinham o mesmo brilho infantil.

Baekhyun só conseguiu ter certeza de como Mirae estava ainda mais bonita. O rosado de suas bochechas a faziam parecer tão inocente e fofa que ele não pode conter um sorriso que surgiu em seus lábios. Ela com certeza, havia mudado muito; Desde a cor e o corte de seus cabelos até suas feições e o jeito com que lhe olhava. Ela parecia muito mais madura, mas no fundo, sentia falta dos olhos de jabuticaba que costumavam lhe encarar.

Mirae foi a primeira a desviar o olhar. Mordeu o lábio inferior e encarou seu colo. Baekhyun abriu a boca, estava decepcionado, queria olhá-la por mais tempo.

– Eu vou tomar banho… – Ele murmurou, a entregando a toalha e sumindo atrás da porta do banheiro.

Queria ter em sua imagem gravada em sua mente.


Notas Finais


Muito obrigada por ler~!
Não esqueça de deixar um comentário!
Beijinhos~


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