História My Enemy, My Ally - Seventeen;

Haera foi a primeira a descer. Usava apenas suas roupas íntimas e cabelo bagunçado. Caminhou até a cozinha e tirou os ovos e leite já que Chanyeol havia lhe perturbado na noite passada para que fizesse panquecas. Ele desceu um pouco depois, bocejando, apenas com uma samba-canção do superman.

– Ainda temos soju? – Ele perguntou, voz ainda rouca enquanto abria a geladeira.

– Soju o caralho, Chanyeol. São sete da manhã e a gente tem uma entrevista em quatro horas. Tá maluco? – Ela perguntou, despejando o leite na vasilha. Ele suspirou, fechando a geladeira e se inclinando na bancada para assistí-la.

– Tô com vontade de tomar soju e comer ddeokbokki… Talvez dak-bal… – Ele disse, cutucando a mais jovem no braço. – Vamos hoje à noite… Chamar o Baek quem sabe. A Mirae também.

– Se você quiser ir, pode ir. – Ela disse, mexendo a mistura com o fuê. – As dietas da sua mãe estão me fazendo ganhar peso… – Reclamou. – Minhas coxas tão grossas. Acho que vou contratar um personal trainer. – Chanyeol fez bico.

– Não notei… – Comentou, se levantando e dando uma olhada nela. – Deixe-me checar. – Se aproximou, agarrando sua mão e a girando. Haera riu, rolando os olhos. Chanyeol apalpou suas coxas, olhando para cima e murmurando, como se estivesse fazendo uma análise científica.

– Sério? – Haera colocou a mão na cintura, arqueando a sobrancelha e o encarando. Ele a  levantou, colocando-a sobre a bancada e beijando seus lábios rapidamente.

– Estão perfeitas para o toque. – Piscou, recebendo um tapa. – Vamos marcar, por favor? Eu quero muito comer dak-bal e ddeokbokki… – Ele fez bico.

– Não tem outra coisa? É muito apimentado… – Chanyeol sorriu safado, se aproximando ainda mais e se posicionando entre suas pernas.

– Só tem outra coisa que eu quero comer… – Mordeu o lábio inferior, olhando os lábios de Haera. Ela riu soprado, envolvendo-o com seus braços.

– Ah, é?  E o que seria?

– Começa com Hae… – Sussurrou. Haera sorriu travessa.

– Haejangguk? Você está de ressaca? – Perguntou, recebendo um ‘não’.

– E terminar com Ra. – Respondeu antes de selar seus lábios em um beijo quente e necessitado.

Haera não demorou a retribuir. Seus dedos se entrelaçavam com as mechas embaraçadas do cabelo castanho. As mãos quentes de Chanyeol massageavam suas coxas, brincando com a borda da calcinha de renda.

– Com licença, eu preciso limpar o fogão. – A voz desconhecida fez os dois pularem em seus lugares, separaram o beijo com rapidez, se virando para ver quem era. A senhora sorriu, agindo como se fosse normal para era estar lá. – Não fomos apresentados ainda. Sou a nova empregada. – Haera e Chanyeol se entreolharam, igualmente confusos.

– Ah… Okay… Nós vamos lá... Não ficar aqui… – Ela disse, desconcertada, descendo da bancada e puxando Chanyeol pela mão até o andar de cima. – Que porra é essa? – Sussurrou, fechando a porta do quarto. Ele deu de ombros, correndo até o guarda-roupa para pegar qualquer coisa para vestir.

– Sua mãe. Definitivamente foi ela. – Haera concordou, andando até o criado-mudo e pegando o celular. Discou o número da mãe e a esperou atender.

– Haera-yah! O que foi? Você nunca me liga. – Tudo o que passou em sua mente foi um sarcástico ‘Por que será?’.

– Cadê a Shin Hye? – Foi direta. Chanyeol se inclinou para ouvir a ligação. Sunhee riu, colocando de lado o copo de suco de laranja.

– A essa altura, espero que esteja procurando outro emprego, querida. Eu a demiti há quase uma semana. – Disse despreocupadamente. Haera levou a mão ao rosto, cobrindo os olhos em descrença.

– Você… O quê? – Não conseguia realmente se expressar. Essa era a gota d’água, sua mãe simplesmente invadiu sua privacidade e despediu sua empregada sem nem avisá-la antes e no lugar, colocou uma estranha.

– Você está comendo por dois agora! Precisa descansar e poupar energia, a velha Shin Hye não daria conta de fazer tudo, por isso eu contratei alguém melhor. – A maneira casual como ela tratava o assunto fez a cabeça de Haera doer. Chanyeol a encarou preocupado.

– Demita-a e traga Shin Hye de volta.

– Como você espera que eu–

– Eu não ligo! Se não for a Shin Hye, não preciso de empregada. – Ela alterou o tom de voz.

Shin Hye não era apenas uma empregada. Ela era uma amiga. Veio trabalhar para os Kim quando Jongdae estava no ensino médio e seu jeitinho conquistou a todos. Ela era excelente com Jungmin e com Haera. A ensinou a cozinhar e a fazer uma torta de limão como ninguém!

O tempo logo a alcançou e ela já não aguentava limpar toda a casa, por isso, Haera a contratou, ela viria apenas uma vez por semana e seu salário era mais do que suficiente para que vivesse e comesse bem sem precisar de um segundo, ou até terceiro emprego.

Mas é claro que sua mãe não entendia a importância de Shin Hye para seus filhos. Haera não precisava de uma empregada. Ela e Chanyeol davam conta de manter a casa limpa e ela gostava de cozinhar. Eram só os dois, não havia necessidade de nada muito extravagante. Mas Shin Hye precisava do emprego, era viúva e tinha seus filhos para cuidar.  

– Haera! Pare de ser egoísta e mimada! – Sunhee levantou sua voz, assustando os empregados que estavam ao lado. Bateu a mão na mesa, franzindo o cenho. Chanyeol, que estava ouvindo, riu de escárnio. Quem estava sendo egoísta era ela mesma, que queria que tudo fosse conforme seus planos mirabolantes, senão iria ameaçá-los. – Shin Hye não voltará mais! Ponto final!

– Vai ser assim? – Haera colocou a mão na cintura, mordendo o lábio inferior. Sunhee bufou insatisfeita.

– Vai! E é bom você se conformar! – A mais jovem riu de canto. Não iria se conformar. Nunca o fazia. Iria dar um jeito nisso, estilo Haera. Desligou a chamada, jogando o celular na cama.

Estalou o pescoço, sorrindo maleficamente e deixando o quarto com um Chanyeol preocupado na sua cola. A nova empregada estava murmurando alguma canção dos anos 70 e limpando o balcão com um pano.

Haera entrou na cozinha e parou no batente, cruzando os braços e encarando a mulher.

– A jovem senhorita foi entregar uma reclamação à sua mãe, não foi? – Ela disse, encarando Haera. Seus lábios tinham um sorriso simpático, mas seus olhos demonstravam o ódio que sentia. – Que pena que Senhora Sunhee não irá escutar-te.

– Sai da minha casa. – Haera disse, Chanyeol estava atrás dela, colocou suas mãos em seus ombros, na esperança de acalmá-la.

– Deve ter havido algum mal entendido. Essa casa pertence à Senhora Sunhee e não à jovem senhorita. – Haera riu soprado, arqueando a sobrancelha. Então era assim que ela queria jogar. Deveria saber que a mais jovem era uma ótima jogadora.

– Okay… Mas se você quer ficar aqui. Deverá deixar essa casa um brinco. – Haera caminhou até o centro da cozinha. A mulher levantou o olhar, retribuindo o ar arrogante.

– Eu sou ótima no meu trabalho. E sua casa não é das maiores, conseguirei mantê-la mais limpa do que você tem conseguido. – Haera riu, a contornando e caminhando até a bancada.

– Que bom. Então vou terminar de cozinhar. – A mulher sorriu triunfante. Odiava Haera. Ela era mimada e tinha tudo o que queria desde pequena. Ouvia de suas colegas as luxúrias das quais ela desfrutava enquanto as meras empregadas tinham que batalhar para conseguir comer em um restaurante caro uma vez por ano.

Chanyeol encarou Haera, poderia imaginar seus planos. Sabia mais do que ninguém que ela nunca deixaria a mulher sair impune daquela discussão.

– Opa! – Haera exclamou, derramando a mistura de ovos, leite e farinha no chão. A empregada a fuzilou com o olhar. – Você pode limpar pra mim? – Suspirando, a mulher se abaixou, passando o pano sobre a meleca. Chanyeol riu, caminhando até a mais jovem. Havia entendido perfeitamente o que ela estava fazendo e não iria deixá-la sozinha.

– Amor, como você é desastrada! – Ele exclamou, caminhando até a garota e pressionando os lábios em uma linha fina. A mulher concordou com a cabeça. – Vamos pegar mais ingredientes. – Sorriu. Haera o entendeu e caminhou até a geladeira. Chanyeol pegou a cartela de ovos e abriu. Cartela que logo estava no chão.

– Que escorregadio! – Exclamou. – Olha que lambança fizemos… Espero que nossa empregada dê conta. – Olhou para Haera que sorriu de volta.

– É claro que dará! Ela é ótima em seu trabalho! – Repetiu as palavras da mulher, fazendo-a resmungar xingamentos.

– Saiba que eu sou difícil de ser atingida. – Ela comentou, ainda limpando a bagunça no chão. Haera cruzou os braços, acenando com a cabeça.

– Mhm. É claro, querida. Deveríamos ajudá-la, não é, Chanyeol? – O moreno concordou, colocando as mãos na cintura. A mulher se levantou, arregalando os olhos.

– Não ouse! Irei denunciar-te às autoridades! Irás para cadeia! – Cerrou os punhos, levantando a mão no ar.

– Não se preocupe, irei te ajudar! – Haera sorriu, se inclinando e pegando a mangueira da pia. A mulher a encarou.

– Irei fazer da tua vida um inferno! – Xingou. A mais jovem riu.

– Minha vida já é um inferno. – Disse, mirando nela. – E, querida, eu sou a rainha desse inferno! – Piscou antes de ligar o fluxo da água, encharcando a mulher por completo. Chanyeol riu, assistindo enquanto ela lutava com o líquido.

Assim que estava satisfeita, desligou a mangueira, colocando-a de volta como se nunca tivesse sido usada. A empregada estava quase a soltar fogo pelas narinas de tão furiosa. Ela bufou e pegou sua bolsa.

– Todos saberão quem Kim Haera realmente é! Uma psicopata mimada e arrogante! – Exclamou. Haera riu.

– Todos sabem disso. Mas… A verdadeira pergunta é… Eles sabem quem você realmente é? Sabem do seu passado? – Ela congelou, parando imediatamente. Se virou para encarar Haera.

– Você não ousaria… É covarde demais. – Cuspiu as palavras como se tivesse toda a razão do mundo.

– Um depoimento vendido de uma empregada nunca abalaria minha imagem… Mas um depoimento de uma ex-chefe influente abalaria completamente a sua. – Rangeu os dentes. – Eu a pedi para sair da minha casa e você se recusou. Me difamou e agiu de forma insolente. Você acha que alguém iria querer te contratar depois disso?

Ela a respondeu com silêncio. Estava morrendo de medo.

– Não faça ameaças vazias. – Haera disse, caminhando até ela. – Entregue sua carta de demissão à minha mãe amanhã e te arrumarei um emprego no mesmo dia. Não o faça, e não haverá pessoa na face do planeta que limpará seu nome. – A mulher cerrou os punhos. Odiava ceder, mas não tinha outra escolha. – Espero que faça a escolha certa.  

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Chegaram na rádio a tempo para a entrevista. Tudo já estava preparado para a revelação do ano, os anfitriões repassavam o script com cuidado, tendo certeza que tudo ocorreria bem. Uma maquiadora havia vindo junto com o pessoal da revista, retocou a maquiagem do casal para que ambos saíssem bem nas fotos.

Haera ajeitava as roupas do moreno enquanto ele apenas usava seu celular, ouvindo os desabafos de Baekhyun. Os repórteres que estavam preparando os equipamentos necessários os olhavam com admiração. Eles se aprontaram para tirar uma foto para a revista e dar um pequeno depoimento em vídeo que seria postado nas redes sociais e instigar o público, aumentando significativamente a audiência.

A entrevista estava para começar. A staff e os outros deixaram o lugar enquanto Haera e Chanyeol se dirigiram para a sala acústica. Os anfitriões estavam logo atrás. A porta foi fechada e o diretor gesticulou do lado de fora a contagem regressiva antes de irem ao ar.

– Bom dia, boa tarde, boa noite. Eu sou Lee Jae Suk. – O homem começou, sorrindo enquanto organizava as folhas do script.

– E eu sou Yoo Dasom. E você está ouvindo Love Letters! – O título fora uníssono. Jae Suk apertou um botão e o jingle da abertura tocou. O diretor esperou a música acabar antes de levantar o braço, sinalizando-os para começarem o show. – E hoje, muitos de vocês já devem saber… Temos convidados muito especiais.

– Sim, por favor, uma salva de palmas para os herdeiros das empresas Kim&Park! – Ambos aplaudiram, comemorando a presença do casal.

– Vocês poderiam, por favor, se apresentar para aqueles que não os conhecem? – Dasom perguntou assim que as palmas se acalmaram.

– Ah, sim. É, olá, eu sou Park Chanyeol, filho de Young Mi e Cheolmin da Park Corp e marido de Kim Haera. – Disse, recebendo sorrisos de todos.

– E eu sou Kim Haera, filha de Bangjoon e Sunhee das empresas Kim e esposa de Park Chanyeol. – Haera completou.

– Whoa. Está certo. – Jae Suk acenou com a cabeça. – Chanyeol e Haera nos disseram que têm um anúncio muito importante para fazer… – Deixou o suspense cair no ar. – Que será revelado no final do programa, sintonize seu rádio para descobrir o que é. – Finalizou, mudando de assunto em seguida. – Vocês recentemente completaram quantos anos de casados?

– Dois anos.

– E para comemorar vocês foram para uma segunda Lua-de-mel? – Ele perguntou, seguindo a lista de informações das quais eles eram permitidos perguntar sobre.

– Sim, está certo. – Chanyeol respondeu. – Passamos duas semanas em uma pensão em Adelaide.

– Oh, que romântico! – Dasom exclamou, suspirando em inveja. – E como foi ter uma casa na beira da praia só para vocês por tanto tempo? – Perguntou, recebendo risos forçadamente tímidos.

– Mhm… Foi bom. – Haera disse, levantando risadas. – Foi muito relaxante ir pra praia depois de tanto tempo e ir com Chan fez a experiência muito melhor. – Trocou olhares com o moreno, que tentou conter um riso de deboche.

– A gente viu muitos lugares lindos lá. – Ele adicionou.

– Sim. À noite, ambos estavam exaustos e todos doloridos. – Haera explicou, gesticulando com as mãos.

– Exaustos das viagens ou de outra coisa? – Jae Suk perguntou e o casal arregalou os olhos.

– Um pouco de ambos. – Chanyeol riu, recebendo um tapa da mais jovem.

– Sei. – Dasom deu uma piscadela. O diretor gesticulou da outra sala o telefone. Jae Suk levantou a mão, fazendo sinal de O.K.

– Parece que temos a primeira ligação do dia. – Ele interrompeu. – Alô, com quem eu falo?

– Hae Eun Ji. – A mulher disse na outra linha.

– Eunji-ssi. Obrigado por ligar para Love Letters. O que você gostaria de perguntar para nossos convidados? – Perguntou, seguindo o usual.

– Vocês se casaram dois anos atrás. Como vocês fazem pra se manterem nessa fase gostosa de começo de namoro? – Ela perguntou.

– Mhm… – Haera murmurou. – Acho que porque a gente já tava acostumado um com o outros e nossos hábitos, então é mais fácil…

– Você moraram juntos antes de se casarem?

– Ah, não. – Chanyeol balançou a cabeça. – Nossos pais são muito próximos, então a gente brincava junto quando mais novos, estudamos juntos, desde pequenos.

– Então quer dizer que Haera foi seu primeiro amor? – Dasom perguntou. Chanyeol e Haera se entreolharam, mas antes que pudesse ter sua resposta, o diretor interrompeu novamente.

– Parece que estamos recebendo muitas ligações. – Jae Suk disse. – Tivemos mais de cinquenta ligações nos últimos minutos. – Todos abriram a boca, atônitos. – Muitos querem saber os segredos para manter uma relação saudável… Vocês podem nos dizer qual é?

– Acho que comunicação é o mais importante. – Haera disse enquanto Chanyeol concordava com suas palavras. Ambos tentavam segurar o riso.

– Sempre fomos muito abertos com nossos sentimentos e fazemos todas as decisões juntos… – Os anfitriões acenaram com a cabeça.

– Temos outra ligação. – Dasom interrompeu, pressionando o botão para o ouvinte falasse. – Alô, com quem eu falo?

– Go Hyunsik de Daegu.

– Oh. Um ouvinte do sexo masculino, essa é uma raridade. Obrigada por ligar para Love Letters. O que você gostaria de perguntar aos nossos convidados?

– Primeiramente, queria saber como foi o começo de namoro e quem pediu quem em casamento. E segundamente, queria dizer que Haera noona é muito linda.

Eles riram enquanto Haera agradecia o rapaz. Assim que as risadas se acalmaram, a pergunta foi respondida:

– Como a Hae disse, a gente cresceu junto, então eu tava acostumado com a presença dela sempre… Quando eu tava no ensino médio, ela foi estudar moda na Europa. E eu acho que foi porque ela estava longe que eu percebi quanto ela importava pra mim. E daquele ponto em diante, eu sabia que não queria passar nem um segundo longe dela. – Chanyeol disse, se lembrando de cada palavra do script que os dois haviam escrito na noite do anúncio do noivado para ocasiões como essa. Haera sorriu, forçando lágrimas e fazendo os anfitriões se comoverem.

– Oh, que fofos! – Dasom exclamou enquanto Chanyeol se inclinou para abraçá-la. – Aigo, Haera irá borrar sua maquiagem! – Ela disse enquanto entregava lenços para a jovem. Haera escondeu o rosto no suéter do mais velho, segurando os risos.

– Você já havia falado isso para ela? – Jae Suk perguntou, tentando manter a entrevista na linha e manter os ouvintes o maior tempo possível.

– Não.. Essa foi a primeira vez. – Chanyeol disse. Ambos se entreolharam, aplaudindo o casal em seguida.

– Um confissão de amor de um casal em primeira mão! – Jae Suk exclamou no microfone, vendo do outro lado da sala, o diretor sinalizando que as ligações haviam aumentado e que o tempo já havia passado. – É com essa confissão que terminamos o primeiro bloco. Lembrando que no terceiro bloco, Chanyeol e Haera farão um anúncio muito importante então não saia do ar. A música de hoje é Wait de NoMBe. – Eles cortaram os microfones, deixando a música tocar no fundo. Haera se recompôs, fungando de mentira para os comover ainda mais.

– Isso foi inesperado. – Dasom comentou com um sorriso, se inclinando para entregá-la uma garrafa d’água. Haera riu, pegando o objeto e fingindo que não conseguia abri-lo, apenas para dar uma deixa para que Chanyeol fosse ‘macho’. – Vocês estão presos eternamente em suas fases de amor adolescente, isso é tão invejável. – Ela suspirou.

– O que vocês odeiam um no outro? – Jae Suk perguntou, recebendo um olhar reprovador de Dasom. – O que foi? Estou curioso. E você também está, não minta.

Chanyeol e Haera riram da dupla.

– Chanyeol gosta de ficar me provocando. Ele coloca quase tudo no alto só pra eu pedir pra ele pegar. – Ela disse, fazendo-os rir enquanto Chanyeol tentava a silenciar.

– E você pede? – Haera balançou a cabeça, fazendo-os rir ainda mais.

– Ela já caiu de uma cadeira, porque não queria me chamar de jeito nenhum. – Jae Suk abriu a boca em espanto, encarando os dois.

– E você, Chanyeol? O que não gosta na Haera? – Dasom perguntou, recebendo olhares surpresos de seu colega. O moreno coçou a cabeça, pensando.

– Mhm… Ela tem mania de limpeza… Mas acho que se não tivesse, eu estaria perdido. – Ele riu.

O diretor gesticulou que o intervalo havia acabado. Os anfitriões acenaram com a cabeça e se organizaram para voltar.

– Love Letters está de volta para mais um bloco! Estamos aqui com a Power couple Chanyeol e Haera.

– E me conta, como foi o começo do namoro? – Dasom perguntou, riscando a pergunta do bloco de notas.

– No começo, a gente tinha medo dos nossos pais não gostarem da ideia, então ficou em segredo por muito tempo… – Ela explicou. – Uma hora, a gente não aguentava mais se sentar a três metros de distância toda vez que nossos pais abriam a porta… – Riram. – Então fizemos uma mini reunião familiar pra contar pra todos.

– E qual foi a reação dos seus pais?

– “A gente já sabia”. – Risos preencheram a sala.

– E de quem veio a iniciativa de se casar? – Jae Suk perguntou.

– Bom, eu que pedi ela em casamento, mas ela ficava dando pistas… Deixando o catálogo de anéis aberto em cima da cama, parando para olhar vitrine quando a gente saía. – Eles riram enquanto Haera cobria seu rosto. Eles haviam combinado todo o seu ‘passado’ perfeito. Era tudo roteirizado. Na mesma época que eles supostamente estavam namorando, Haera saía com Kevin e Chanyeol ia para clubes.

– Temos mais uma ligação. – Jae Suk disse, pressionando o botão novamente. – Alô, com quem eu falo?

– Hwang Jisoo.

– Oh, Hwang Jisoo-ssi, obrigada por ligar para Love Letters. O que você gostaria de perguntar aos nossos convidados?

– Uhh… Eu estou namorando há sete anos. – Todos trocaram olhares surpresos. – E eu não sei como pedi-la em casamento, ela é muito extravagante e extrovertida. Eu queria saber, qual é o melhor jeito de pedir?

– Ooh, essa é uma boa pergunta. – Jae Suk comentou. – O que você acha, Chanyeol-ssi?

– Bom… Ela provavelmente vai gostar de algo bem preparado. Flores são cruciais. Tente arrumar alguns balões, pelúcias, coisas que ela gosta e monte um cenário. Escreva um discurso. Não tem como dar errado. – Todos concordaram.

– E como você pediu Haera em casamento? – Dasom perguntou, virando o rosto do microfone para dar um gole d’água em seguida. Chanyeol sorriu. Haera encarava o microfone. Não gostava de lembrar da época em que seus pais controlavam suas vidas cem por cento.

– Fomos à um restaurante em Gangnam. Nosso favorito. Depois do jantar, um bom vinho. Eu fui sincero. Disse que não podia viver sem ela e coloquei o anel em seu dedo. – Ele disse, esticando a mão para segurar a de Haera, que acordou de seus pensamentos, sorrindo para ele.

– Que lindo… – Dasom comentou, segurando as lágrimas.

Não havia nada de lindo nos acontecimentos reais do fatídico dia. A razão do restaurante ter sido escolhido era por ter uma grande quantidade de celebridades e atrair atenção dos paparazzi.

Tiveram que forçar boas maneiras todo o jantar. A razão por Haera ter chorado não era de emoção, mas sim por ter desistido de uma parte de sua vida por aquilo. Chanyeol estava igualmente estressado. Havia decorado um roteiro para aquela noite e devia segui-lo à risca, ou já sabia as consequências.

O resto do segundo bloco seguiu como o usual. Perguntas banais foram feitas aos montes e eles continuaram a respondê-las. Depois de um breve intervalo, o terceiro e último bloco havia começado.  

– Love Letters está volta no seu rádio. Recebemos muitas mensagens curiosas de nossos ouvintes. – Dasom disse, Jae Suk concordava ao seu lado. – Nós também estamos roendo as unhas de ansiedade para o anúncio. Vamos deixar Chanyeol e Haera falarem?

– Bom… Não há maneira de dizer isso de maneira sutil.. Então vamos quebrar em pedaços. – Chanyeol disse. Haera riu, virando para encará-lo.

– Para encurtar a história… Depois que voltamos de Adelaide, eu me sentia muito cansada e sentia náuseas o tempo todo. – Ela completou, levantando expectativas na sala. – Chan conseguiu me convencer a fazer um exame de sangue e… – Fez uma pausa para permitir que a audiência subisse. As pessoas comunicavam seus amigos para sintonizar na rádio para o que possivelmente seria a notícia do ano.

O diretor comemorava na sala ao lado.

– E o resultado foi positivo… Estou grávida. – Haera disse, colocando a mão sobre seu abdômen e recebendo olhares surpresos e comemorações. O diretor arregalou os olhos, completamente atônito vendo a audiência estourar como nunca havia tido em anos do programa. Dasom cobriu sua boca, sorrindo, sinceramente feliz pelo casal.

– Omo! Parabéns! – Ela exclamou, segurando a mão da mais jovem e acariciando a pele macia. Lembrou-se de quando descobriu da existência de seu primeiro filho e a felicidade que veio junto.

– Já sabem se é menino ou menina? – Jae Suk perguntou, finalmente podendo abrir a segunda parte do bloco de notas para revelar o script de questões permitidas. A equipe de marketing queria uma reação genuína e convincente o suficiente para instigar ainda mais o público.

– Ainda não. Não completou nem duas semanas. – Chanyeol explicou.

– E como foi a reação da família? – Dasom perguntou.

– Ah, ficaram felizes até demais. Acho que mais que a gente. – Riram. – Não são os primeiros netos de nenhum deles, então eles já têm experiência.

– Netos são sempre uma fase gostosa. – Jae Suk disse. – E os planos para o futuro? Vocês, sendo pais de primeira viagem, como se sentem?

A pergunta era tão simples e usual, mas para se aplicar às circunstâncias inusitadas do casal era tão estúpido. Chanyeol e Haera se entreolharam.

– A ideia ainda tá muito fresca pra cair a ficha. Às vezes, eu tô deitada e vem uma voz tipo ‘Você vai ser mãe!’ – Haera disse, rindo. – Mas eu sei que com Chanyeol ao meu lado, não importa o que venha, eu sei que eu vou ficar bem. – Chanyeol sorriu, sabendo que a frase vinha de sua coleção de frases românticas e melosas.

O resto da entrevista correu sem problemas. Eles tiveram picos de audiência como nunca, o diretor fez questão que toda staff marcasse outra entrevista logo, uma vez que os telefones não paravam quietos com propostas de patrocinadores procurando um pouco do tempo de Love Letters.

Enquanto deixavam a sala acústica, recebendo elogios e parabenizações sem fim dos estranhos que os viam como um perfeito casal. Chanyeol e Haera se entreolharam, partilhando sorrisos melancólicos.

Que vida glamourosa eles viviam.