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História My Enemy, My Ally - Nineteen;


Escrita por: Torix

Notas do Autor


Hello, it's me~
Boa leitura!

Capítulo 19 - Nineteen;


Quase uma hora depois, elas finalmente se direcionaram às escadas. Baekhyun estava esperando no andar debaixo, Chanyeol havia ido ao banheiro alguns minutos antes. Haera foi na frente, cruzando os braços ao ver que Mirae estava parada no caminho. Depois de um olhar repreendedor, a garota finalmente a obedeceu, descendo as escadas. O barulho de seus saltos se chocando contra os degraus de madeira chamou a atenção do rapaz.

Baekhyun congelou por completo.

A música alta que ecoava se tornou um ruído sem sentido, mesclando com as vozes dos convidados que nem prestavam atenção naquele canto do cômodo. Era tão clichê que o tempo havia parado.

Como ela estava linda. O cabelo castanho claro caía em cachos sobre seus ombros como uma cascata de caramelo, sombra preta esfumada com um tom cobre em seus olhos e um batom vermelho vinho em seus lábios. Um vestido curto da mesma cor da sua boca abraçava seu corpo com alta precisão, realçando suas curvas harmônicas. O tecido parava um pouco acima do meio de suas coxas, revelando a pele pálida que nunca aparecia pelo seu modo conservador de se vestir. Sobre a coxa direita, descansava um coldre com o que parecia ser uma adaga dentro da bolsa de couro. Baekhyun engoliu seco.

– Oh, cookies! – Ela exclamou, pulando os últimos dois degraus da escada e correndo até o rapaz, apenas para roubar de suas mãos o pedaço de massa cozida e tingida com corante verde decorada com pedaços de chocolate.

Haera notou que seus olhos estavam fixados no corpo da mais jovem tossiu, encostando na parede ao lado. O Vampiro pulou em seu lugar, levantando os olhos e as encarando. Mirae desviou o olhar, claramente envergonha e puxou o sobretudo preto para cobrir seu corpo.

– O que você é? – Baekhyun perguntou, encarando a garota que devorava com um sorriso o cookie. Haera sorriu.

– Uma caçadoras de vampiros. – Baekhee respondeu, aparecendo da cozinha com um pequeno prato de cerâmica, cheio dos doces e salgados servidos. O entregou para Mirae que sorriu ainda mais. Baekhyun arregalou os olhos, engolindo seco.

– Mãe! – Repreendeu a senhora que apenas deu de ombros, pegando um bombom do prato.

– O quê? Era a única opção, além do que, Mirae fica extraordinária assim. – Ela comentou, enfatizando o ‘extraordinária’, Baekhyun abriu a boca para opinar, mas foi interrompido pela senhora. – A lista de convidados está cheia com solteiros elegíveis, não podia deixá-la aparecer aqui com o uniforme e o cabelo bagunçado. – O rapaz arregalou os olhos, cruzando os braços.

– Mãe! No que a senhora estava pensando?! – Ele sussurrou. A senhora pressionou os lábios em uma linha reta, o repreendendo com o olhar. – Dar uma fantasia dessas pra ela?!

– E-Eu vou ao banheiro. – Mirae disse, forçando um sorriso e entregando o prato à Haera. Deu as costas e subiu as escadas com pressa, tentando seu melhor para esconder a mágoa em seu rosto.

Ela nunca deveria ter vindo à essa maldita festa. Não pertencia ali. Não pertencia aquela multidão de socialites bem vestidos, usando jóias que poderiam pagar suas dívidas da faculdade. Entrou no primeiro banheiro que viu, deslizando contra a porta e mordendo os lábios para segurar as lágrimas.

Deus, como fora estúpida. Por um momento, realmente se sentiu bem ao olhar para o reflexo no espelho.

– Mirae-yah. – Baekhyun exalou, fechando os olhos, a mão descansando sobre a maçaneta da porta.

– Você tá perdendo a festa. – Ela disse, tentando mascarar o tremor em sua voz.

– Me desculpa. Eu… – Ele umedeceu os lábios, suspirando em seguida. – Eu não quis dizer daquele jeito, escapou… – Mirae fechou os olhos. – Você nunca usa nada assim… E eu tive medo que minha mãe tivesse te deixado desconfortável. Na verdade, por mim, não tem problema algum você usar um vestido assim mais vezes, sério, mas você parecia desconfortável...E é outubro, tá frio pra caramba e você tá de vest–

A porta se abriu de repente e ele deu de cara com a expressão da jovem, os olhos que usualmente os olhavam de baixo, agora, graças aos saltos, estavam na mesma altura dos seus.

– Você é um idiota.

Ele sorriu.

– Esse idiota pode te pegar um drink? – Perguntou esperançoso. Mirae suspirou, encostando no batente. Normalmente, não beberia, mas os eventos anteriores a deixaram extremamente inclinada a tomar um drink. Que mal teria?

– Eu não tô afim de descer agora. – Ela mordeu o lábio inferior e Baekhyun se pegou os encarando por tempo demais. – Tem tanta gente lá embaixo que vai me perguntar sobre meus pais e porque eu ainda não me casei.

– Quem disse que a gente vai descer? – Ele sorriu, a puxando pela mão até o fim do corredor. Mirae reconheceu a porta branca de madeira e não pode segurar o sorriso que apareceu. – Eu comprei ano passado pra gente – Baekhyun pausou, notando o contexto da frase. – Chanyeol, Haera e eu, quero dizer. Mas por causa do negócio da gravidez, eles não podem nem chegar perto de bebida.

– O que você tá esperando? Abre isso logo. – Ela apressou, tomando um lugar na cama de casal coberta com uma colcha estampada com um dos personagens de Dragon Ball. Um sorriso apareceu em seu rosto. – Quando foi a última vez que você redecorou?

Ele pausou por um momento, tentando lembrar, a garrafa transparente com um líquido igualmente translúcido ainda em suas mãos.

Baekhyun riu soprado levemente ao perceber quanto tempo havia se passado. – A última vez foi antes de eu me mudar pro dormitório… Então... no ensino médio. – Ela arqueou as sobrancelhas.

– Tá exatamente como eu me lembrava. – Ela comentou, olhando ao redor. O Baekhyun de dez anos atrás era quieto e recluso, muito diferente de seu melhor amigo. Era orgulhoso de suas action figures e numerosas cópias de seus jogos favoritos, coisas que deixou para trás ao entrar na faculdade.

O rapaz sorriu fraco, caminhando até ela e tomando um lugar na cama. Ele abriu a garrafa com facilidade, tomando um gole e a entregando. Mirae sorriu, virando o líquido e fazendo careta assim que a acidez tomou conta de sua boca. Nunca soube beber, se limitava com ocasionais cervejas em comemorações, mas não era do tipo que sabia aguentar licor, muito menos destilados.

Baekhyun riu soprado e pegou a garrafa de suas mãos. – Não precisa tomar a garrafa toda de uma vez. Tem muito mais de onde essa veio. – Mirae mordeu o lábio inferior envergonhada, um pouco tonta.

– Parece que você já se acostumou com esse gosto, não é? – Ela comentou, brincando com a beirada da colcha. Ele franziu o cenho, não a entendendo. – Você não se lembra?  – Mirae se virou para ele. Baekhyun foi surpreendido por sua expressão e o quão familiar era. Se sentiu estúpido quando as memórias invadiram sua mente, como pôde esquecer?

A primeira vez que tomou álcool foi quando Baekbom se casou. Enquanto seus pais estavam ocupados na festa, Baekhyun roubou uma das dezenas de garrafas da cozinha e se escondeu no seu quarto de hotel. Chamou Mirae alguns minutos depois, extremamente hesitante e nervoso que algum dos adultos poderia descobrir de seu pequeno furto. Ela estava tão nervosa quanto e até brigou com ele, apontando o quão estúpido fora, mas não ousou deixá-lo sozinho.

Adolescentes mais álcool com certeza não era uma boa equação. Eles ficaram bêbados quando a garrafa ainda estava na metade. O resto da noite foi preenchida com assistir o filme passando na TV fechada do hotel, se esconder quando os adultos vieram checar onde eles estavam e um certo primeiro beijo.

O beijo que ambos decidiram enterrar bem fundo com um nervoso “Eu fiquei tão mal que não lembro de nada”.

Era impossível esquecer.

Por mais desajeitado e embaraçoso que fosse, fora especial. Apesar do gosto azedo de bebida, do chocar de dentes e das línguas confusas. Era seu primeiro beijo, afinal de contas.

Baekhyun riu nervoso, desviando o olhar. Não conseguia manter seu pensamento certo com aqueles olhos de jabuticaba fixados nos seus. Dez anos haviam se passado e ela ainda tinha o mesmo brilho no olhar, as mesmas bochechas coradas, o mesmo hábito de balançar a perna quando entediada ou nervosa. Dez anos depois e Mirae ainda era Mirae.

– É… Eu acho que sim. – Ele a entregou a garrafa, brincando com o anel em seu dedo anelar. – Em compensação, eu acho que alguém não é de beber.

Ela riu.

– Mhm. – Murmurou antes de engolir o líquido acídico em sua boca. – Eu… Eu nunca acostumei, pra falar a verdade… – Ela articulou, conseguia sentir seus reflexos ficando mais lentos por conta do álcool. – Por incrível que pareça, os estrangeiros não bebem tanto… Pelo menos não os meus “amigos”. – Fez aspas com os dedos, tomando outro gole da garrafa em seguida. – Eu não posso nem chamar eles de amigos, sabe, eles só falavam comigo porque eu era a única que anotava as coisas. Que tipo de idiota tem o trabalho todo de passar em uma boa faculdade, no curso de medicina e depois não se esforça? Assim, não é como se eu ligasse, mas me deixa um pouco… Sabe? – Baekhyun riu, não tinha noção que Mirae ficava tão tagarela quando bebia, mas não estava reclamando.

– Sei… – Ele respondeu, se inclinando e tirando outra garrafa da sacola enquanto ela tomava mais um gole. Assim que o viu, ela engoliu, o entregando de volta. – Ah, não, pode ficar. Tem mais que o bastante. – Mirae umedeceu os lábios e sorriu de leve. – Enfim, você estava falando?

– Ah, então. Eu não ligava muito, até um dia depois da demonstração do nosso professor, ele era um ótimo professor, mas isso não vem ao caso. Eu fui ajudar ele com o cadáver. – Baekhyun se surpreendeu por um momento, até que se lembrou a profissão que ela praticava. – Aí ele me falou que não precisava e que eu deveria ir almoçar com os outros. Como se a gente tivesse estômago depois daquilo. Mas aí eu chego na sala e eles tão todos reunidos na mesa, conversando. Eu me aproximo e eu consigo ouvir de longe, eles falando meu nome. Completamente errado, eu devo adicionar. – Ele riu soprado. – A Malorie, uma das populares e uma das pessoas que entraram com uma ajudinha dos pais, se é que você me entende, começa a falar pelos cotovelos como eu sou totalmente entediante e não sei festejar e como eu sou tipo uma velha. – Rolou os olhos. – Mas eu prefiro ser velha do que ser uma vergonha pra minha família. Sabe?

Ele acenou com a cabeça, mesmo que suas palavras estivessem começando a ficarem arrastadas.

Baekhyun gostava de vê-la sendo tão articulada e expressiva. Extremamente diferente da Mirae de sempre, que era calma e reclusa, assim como ele era de verdade… Talvez eles não fossem tão diferentes afinal.

– Desculpa, eu meio que só tô falando de mim mesma… – Ela rolou os olhos. – Eu não sei nada do que aconteceu com você nos últimos dez anos… – Mirae disse, parecia dizê-lo mas para si mesma do que para o rapaz sentado ao seu lado, era como se tivesse tido uma epifania.

– Eu gosto de ouvir você falando. – Baekhyun respondeu, sorrindo. Ela levantou o olhar, assustada. Bochechas rosa pink, mas ele descartou a possibilidade de ser qualquer coisa exceto a bebida. Ele desviou o olhar, tomando um gole. – Você sabe, Chanyeol e Haera se casaram, Baekbom assumiu a empresa, a esposa dele continuou sendo uma completa idiota, mas a gente finge que não sabe. Meus pais fizeram uma viagem à Argentina e passaram muita vergonha. – Riu. – Lembra do meu primo, Daehwi? Então ele inventou essa de jogar futebol e foi pra europa...

– Não, Baek, eu tô perguntando de você, não das pessoas ao seu redor. – O rapaz pausou, a encarando, atordoado. Ele umedeceu os lábios, sorrindo melancolicamente.

– Eu… Nada aconteceu… – Ele desviou o olhar. Mirae franziu o cenho.

– São dez anos, alguma coisa deve ter acontecido. Tenta pensar. – Ele suspirou.

– Não exatamente do tipo de coisa que eu posso me gabar sobre.  – Baekhyun tentou sorrir para amenizar o tom melancólico do seu comentário, mas falhou. Não tinha coragem de contar à Mirae sobre suas desventuras nos clubes degradados dos bairros da cidade baixa. O que diferia de quando bradava intoxicado e com orgulho cada detalhe para estranhos em um pub.

– Acho que é um pouco tarde demais pra esconder de mim. – Ela riu soprado, o encarando. – Não é como se eu ligasse. Eu discordo, mas a escolha no final é tua e eu tenho que respeitar… – É claro que Mirae conseguiria ver através de suas estúpidas inseguranças. Baekhyun torceu o nariz, hesitante.

– Eu… – Desviou o olhar. – Eu bebi bastante. – Disse, virando para ela, que rolou olhos, claramente insatisfeita. – Fui parar no pronto-socorro pelo menos umas 5 vezes em coma alcoólico… Esse ano. – Mirae arregalou os olhos, engasgando-se com a saliva. Levantou a mão, os cinco dedos para cima enquanto olhava Baekhyun, esperando que talvez ele a corrigisse. A contou em detalhes sobre suas visitas ao  hospital. Todas elas, pelo menos das que estava disposto a revelar.  

– Que agenda ocupada. – Ela disse desconcertada, com medo de machucar os sentimentos do rapaz sentado ao seu lado. Baekhyun riu.

– Tudo bem, pode falar o que você pensa. – Mirae suspirou aliviada.

– Puta que pariu, eu já suspeitava que você não tinha neurônios, mas era só uma teoria, agora eu tenho certeza. – Disse. – E se tinha alguns antes, você afogou eles com álcool.

Baekhyun a encarou por um minuto, processando suas palavras. Sorriu desconcertado, tomando um gole de sua bebida para afogar as mágoas. Mirae franziu o cenho.

– Eu peguei pesado demais, desculpa… – Mordeu o lábio inferior. – Eu–

– Não. – Ele interrompeu. – Você tá certa, por mais que tenha outra maneira de dizer a mesma coisa… – Baekhyun engoliu seco, desviando o olhar. – Eu joguei fora os últimos nove anos da minha vida… – Sorriu fraco, se virando para Mirae. – Por que… Por que eu me sinto assim? – O tom em sua voz demonstrava uma confusão genuína. Ela sentiu seu peito doer ao notar as lágrimas se formando no cantos dos olhos escuros do rapaz.

– Baek… – Colocou a garrafa de lado, se virando na cama para encará-lo por completo.

– Eu achei que… Que no futuro eu olharia pra trás e sentiria orgulho de como eu vivi por completo, mas… Eu não fiz nada nos últimos 10 anos! – Ele exclamou, tendo uma epifania. – Chanyeol escreveu livros, se casou, fez uma caralhada de entrevistas e coisas assim… Haera estudou moda na frança, voltou, se casou, participou em revistas como colunista… E você... Você salva vidas como hobby… – Disse, sorrindo fraco. – O que eu tô fazendo…? – Baekhyun piscou para se livrar das lágrimas. – Eu… Eu tive mais overdoses em um ano que toda sua linhagem vai ter… Eu bebi tanto que tive que tomar remédios pra recuperar meu fígado… Eu desperdicei minha vida. – Sua voz falhou.

Mirae engoliu seco, rapidamente limpando a lágrima que escorreu por sua bochecha.

– Baek. – Ele levou seu dedo aos lábios da garota, sorrindo fracamente.

– Não precisa–

– Byun Baekhyun, me escuta! – Mirae exclamou, dando um tapa na mão do rapaz, que por sua vez, não conseguiu reagir de outra maneira a não ser obedecê-la. – Eu sou provavelmente a única pessoa que não sabe dos últimos cinco, dez anos da sua vida. Mas eu também sou a única que sabe dos anos que vieram antes e dos últimos meses… Eu não posso te julgar pelos seus conceitos de ‘diversão’ ou pelo o quê as pessoas dizem de você… Mas eu posso te julgar pelas suas ações. E eu sei que seus pais não fazem ideia do trabalho voluntário que você fez ano passado no litoral quando a maré ficou alta demais e pessoas perderam suas casas. – Baekhyun arregalou os olhos. – Eu sei que você disse que ia numa viagem qualquer, mas você ficou pra trás e se voluntariou numa casa de repouso no interior e que você doa pra caridade toda virada de estação… Você ajudou mais gente do que eu, que trabalho em um hospital. Baek… Para de se comparar tanto com as outras pessoas… Você é incrível do jeito que você, não importa quantas margaritas você vire. E não são seus pais, Chanyeol, Haera e nem eu que vão mudar esse fato. – Ela sorriu. Não um sorriso forçado, mas um sorriso realmente sincero que transmitia nas entrelinhas o carinho que tinha pelo rapaz ao seu lado.

Baekhyun a encarou, piscou para limpar as lágrimas de sua visão. Um sorriso infantil apareceu em seus lábios, fazendo Mirae rir. Ele mordeu o lábio inferior, tentando conter sua euforia.

Ela sorriu fraco. Agora que ele estava ocupado encarando o chão, ela podia observá-lo o quanto quisesse. O tom rosado em suas bochechas, seus lábios manchados de vermelho pelo sangue falso, as lentes de contato coloridas em seus olhos cansados. Eram coisas que podiam ser achadas em outros convidados, mas por que se tornavam tão especiais quando se encontravam em Baekhyun?

Mirae não pôde deixar de notar Baekhyun roubando olhares com um sorriso infantil, cobrindo a boca em seguida e rindo baixinho.

– O que foi?

– É a primeira vez que alguém diz isso pra mim… – Ele sorriu timidamente. Mirae sentiu algo remexer em seu peito. Um sentimento desconfortável ao imaginar o quão solitário Baekhyun esteve todos esses anos.

– Vem cá. – Ela abriu os braços, o encarando. É claro que não estava pensando certo, culpou o álcool por nublar seu julgamento da situação. Baekhyun hesitou por apenas um segundo antes de se jogar em cima da garota. Para a sorte de ambos, a cama era grande o suficiente e eles caíram sobre a colcha colorida. – Filho da mãe! – Mirae reclamou estapeando as costas do rapaz que ria acima de si.

Baekhyun não a soltou, se aconchegando sobre os detalhes bordados no vestido. Fechou os olhos, sendo intoxicado pelo perfume adocicado, mas não muito ao ponto de ser enjoativo. Mirae rolou os olhos e o abraçou, correndo os dedos pelos fios de seu cabelo.

– Obrigado… – Ele sussurrou. – Obrigado por me aturar. – Riu fraco. – Você merece um prêmio…  

Mirae riu.

– Você é meu prêmio.

Baekhyun se levantou boquiaberto, olhos arregalados. A cena a fez rir. Virou o rosto, cobrindo a boca.

– Yah! O que você disse? – Ele perguntou, finalmente descongelando. Mirae riu.

– Nada não.

– Não! Você disse “Você é meu prêmio”, não foi?

– Uh, não. – Negou, se arrependendo de ter dito algo tão inusitado.

– Quando você se tornou assim? A Mirae de antes não conhecia cantadas e ficava meia hora gaguejando… – Ele disse. Dessa vez, foi ela que arregalou os olhos.

– Ah, claro. Porque você era o Don Juan. – Arqueou a sobrancelha. Baekhyun mordeu o lábio inferior envergonhado, seu passado fora cheio de encontros desajeitados. Com sua reação, Mirae riu. – Acho que as coisas mudaram… – Desviou o olhar por poucos segundos antes de voltá-los a Baekhyun.

– É… Acho que sim… – Ele sussurrou, a encarando de volta. Mirae sorriu. Por alguns segundos, eles estavam no passado. Naqueles poucos segundos, eles tinham catorze anos, preocupados com a próxima fase de um jogo, com uma prova ou o que teria no lanche da cantina no dia seguinte. Era tudo tão simples.

O minuto que seguiu a reminiscência trouxe uma nova luz à situação.

Baekhyun não havia percebido como o brilho labial que cobria seu batom vermelho chamava atenção. Cheirava à cereja.

Ele se perguntava se teria um gosto tão bom quanto sua essência?

Sacudiu a cabeça, piscando várias vezes para se livrar dos pensamentos. Não pôde mascarar a significante mudança na sua respiração. Mirae umedeceu os lábios nervosa. Baekhyun engoliu seco.

– Baek? – Ela sussurrou, sua respiração fazia cócegas nos lábios do rapaz. Ele finalmente a encarou, os olhos de jabuticaba fixado nos seus carregavam um olhar que ele nunca havia visto antes.

Mirae engoliu seco, podia sentir o álcool nublando seus pensamentos.

– Mhm? – Ele murmurou, antecipando o que ela estava à dizer.

– Me beija. – Pleiteou, voz cheia de urgência.

Baekhyun sentiu seu coração falhar. Por um momento, quis deixar sua mente e toda a lógica e consequências que vinham com o beijo. Ceder aos desejos de Mirae quando ela estava bêbada iria desencadear toda uma discussão sobre como o álcool afeta seu julgamento de decisões importantes e como ele seria um completo babaca se completasse seus desejos invés de cuidar da amiga intoxicada.

Mas ele estava bêbado o suficiente para negligenciar as consequências.

No próximo segundo, não havia mais espaço entre seus lábios. O gosto de cereja e chocolate invadiu seu paladar. Era diferente dos milhares de beijos que havia experienciado. Era tão calmo e inocente. Tão doce e confortante.

Numa tentativa de aprofundar o beijo, Baekhyun acabou acertando-a com suas presas falsas o que provocou uma crise de riso em Mirae. O canto dos olhos decorados com muito delineador e sombra se curvaram enquanto ela cobria a boca com a mãos.

Ele não conseguiu segurar o riso. Se sentou ao lado dela, rindo igualmente alto. Suas gargalhadas se misturaram, preenchendo o cômodo e sendo abafadas pela música vindo do andar de baixo. Assim que se acalmou, Mirae se levantou, suspirando e limpando uma lágrima que escapou.

– Acho melhor você tirá-las. – Ela sorriu travessa. Baekhyun riu soprado.

– Também acho. – Abriu a boca, removendo os pedaços de plástico grudados em seus caninos. Os jogou em cima do criado-mudo.

Mirae se inclinou, selando seus lábios novamente. Não demorou a separá-los, sorrindo em seguida.

– Bem melhor. – Ela disse. Baekhyun não pôde segurar o sorriso que apareceu em seus lábios.

As mãos delicadas da garota se entrelaçaram com os fios castanhos de seu cabelo enquanto ele a puxava para si. O próximo beijo fora mais necessitado, Baekhyun explorava cada centímetro de sua boca com urgência, saboreando sua doçura.

Baekhyun separou o beijo por apenas alguns segundos, a puxando para a outra da parte da cama, onde ela poderia deitar-se confortavelmente sobre o travesseiro. Ele sentiu algo se virar em seu estômago ao vê-la sob si, cabelo desgrenhado, batom vermelho borrado e respiração ofegante. Engoliu seco, se inclinando sobre ela que antecipava o contato físico com cada fibra de seu ser.

Hesitantemente, a tocou. Era tão surreal, ela estava bem ali na sua frente, sentia que se a tocasse, perceberia que tudo era um sonho. Mirae sorriu, colocando a mão sobre sua bochecha e de repente, realizou que aquilo realmente estava acontecendo.

A beijou novamente, deixando seu calor o invadir. Sua mão desceu lentamente de sua cintura para parar sobre suas coxas descobertas. Ao entrar em contato com as digitais gélidas do mais velho, Mirae pulou, sentiu um arrepio descer de seu pescoço até suas pernas. Percorreu seus lábios por toda a extensão do pescoço da jovem até chegar ao colo de seus seios, plantou um beijo ali e a sentiu estremecer.

Enquanto isso, sua mão subia lentamente, parando sobre o cós da lingerie de renda preta. Pôde ver que sua respiração ficara mais pesada.

Ela mordeu o lábio inferior nervosa, por um momento parou para pensar no que estava fazendo. Estava realmente prestes à chegar na segunda base com Byun Baekhyun?

O jeito como seus lábios roçavam sobre sua pele a fez ignorar completamente as consequências do que estavam para fazer.

Segurou seu rosto entre suas delicadas mãos, o puxando para cima e selando seus lábios novamente.

Baekhyun murmurou irritado contra o beijo quando o barulho familiar de um celular tocando invadiu seus ouvidos. Mirae tentou levantar-se para desligá-lo, mas ele a puxou de volta para a cama, massageou sua intimidade ainda coberta pela peça de roupa numa tentativa de fazê-la esquecer do telefone, mas se arrependeu amargamente. Sentiu seu membro latejar dentro de suas calças ao ouvir o gemido deixou os lábios da garota.

Ela mordeu o lábio inferior, se jogando de volta na cama e mandando o telefone se ferrar mentalmente. O toque eventualmente parou e Baekhyun sorriu aliviado, voltando sua atenção à ela.

Meros segundos depois, a mesma música repetitiva voltou a incomodá-los. Baekhyun suspirou, tentando ignorar novamente, mas Mirae o impediu.

– Deve ser importante pra ligarem de novo… – Ela disse, mordendo o lábio inferior. Ele suspirou, plantando um beijo rápido sobre seus lábios. – Baek… – O empurrou. – Eu preciso atender, pode ser do hospital… Se não for, eu prometo que eu desligo, okay? – Suspirou novamente, saindo de cima dela e se sentando na cama.

Mirae se levantou, pegando o aparelho de cima do criado-mudo e olhando para a tela, franziu o cenho e se levantou com um suspiro. – É o Ji Hoon Sunbaenim… – Murmurou desapontada.

Baekhyun não tentou esconder o desapontamento em seu rosto.

– Sunbae, aconteceu algo de errado? – Perguntou, coçando a nuca nervosa. O rapaz sentado na cama fez bico, sabia que ela provavelmente teria que voltar ao hospital.

Ah, Mirae-ssi… Não! Nada de errado… – Ele gaguejou por um segundo. – Desculpa, você provavelmente se assustou… – Ji Hoon estava certo, ela estava acostumada a receber ligações apenas em emergências. – Eu sei que é sua folga, mas… Você estava ocupada?

Mirae corou. Não estava exatamente confortável em dizer a seu colega de trabalho sobre suas atividades com o moreno vestido de vampiro que ficava muito bem usando couro. Além do que, iria apenas levantar mais questões e ficar pendurada no telefone era a última coisa que ela queria fazer agora.

– É… Não. Não estava. – Ela mentiu. – O que foi?

Ah… É… Você está ocupada amanhã?

– Amanhã? – Ela repetiu, tentando pensar no que havia para fazer no dia em questão. – Hm... Eu não acho que esteja ocupada... Por quê? – Perguntou, coçando a nuca nervosa, esperava outra campanha de vacinação no interior. Ji Hoon hesitou.

Uh... Você... gostaria de ir em um encontro comigo?

Mirae congelou.

– E-Encontro? – Murmurou para si mesma, tentando processar a informação. Arqueou as sobrancelhas, ainda surpresa. – Uh... – Piscou, estava hesitante. Pode ouvir Baek suspira e se arrastar para fora da cama. – Só um minuto, sunbae. – Cobriu o telefone com a mão. – O que foi? – Perguntou para o rapaz.

Baekhyun forçou um sorriso fraco, a mão ainda descansando sobre a maçaneta. – ...Parece uma ligação pessoal… Eu não quero interromper. – Disse desconcertado. Antes que ela pudesse lhe responder, fechou a porta atrás de si.

– Baek! – Mirae chamou, caminhando até a porta. Xingou mentalmente por receber uma ligação em um momento tão inoportuno.

Mirae-ssi? Mirae-ssi? Está ocupada? Eu posso ligar amanhã… – Ela colocou o telefone de volta ao seu ouvido, suspirando.

– Sunbaenim… – Hesitou. Jihon suspirou na outra linha.

Eu sei que isso é de repente, mas… Eu sabia que você era diferente desde o dia que você chegou. Enquanto os outros residentes queria sair e festejar, você ficava no dormitório estudando até tarde… O jeito que você trata os pacientes… Você é uma pessoa tão especial, Mirae-ssi…

Mirae mordeu o lábio inferior nervosa.

Desde aquele beijo na clínica, eu… Eu não consigo parar de pensar em você. – Ji Hoon exalou, engolindo seco.

Aquele beijo, aquele maldito beijo. O beijo que havia lhe mostrado a verdade depois de tanto tempo. Como ela achava que o queria, mas a pessoa que tomou seus pensamentos durante o ato a mostrou como estava errada.

– Sunbae… – Mirae respirou fundo, um sorriso ameaçando aparecer em seus lábios com a claridade em sua mente. – Me desculpa, mas… Eu já tenho alguém que eu gosto.




 

Baekhyun fechou a porta e suspirou pesado, correu os dedos pelo cabelo, desmanchando o penteado. Piscou forte, tentando processar os acontecimentos dos últimos minutos. O que ele tinha feito?

O álcool em seu sangue tornava difícil compreender os sentimentos, se odiava por se aproveitar da embriaguez da jovem, mas também queria tanto aquilo e não é como se ela não o quisesse também. Também odiava a Kang Ji Hoon por telefonar tão tarde da noite e o lembrar que ele era apenas luxúria vinda do álcool.  

Suspirou novamente, caminhando em direção ao final do corredor.

– Baek! Cadê a Mirae? – Haera perguntou, ela estava escorada na parede ao lado do banheiro. A careta em sua face foi suficiente para responder a questão, encostou ao seu lado, deslizando contra a parede até sentar-se. – O que foi? – Ela se juntou a ele no chão.

Ele suspirou.

– Tanta coisa… – Bagunçou o cabelo nervoso. – Ji Hoon chamou a Mirae pra sair… E antes disso, a gente… – Mordeu o lábio inferior, envergonhado.

– Baek, você já ficou três horas falando sobre suas aventuras sexuais, não é hora de ficar envergonhado. – Ela riu, mordendo um dos cookies que segurava. Baekhyun coçou a nuca.

– É diferente… – Disse.

Haera arqueou a sobrancelha. – E o que faz da Mirae tão diferente que você não quer colocar ela na mesma categoria que as outras meninas? – Ela perguntou. Baekhyun pareceu pensativo. Franziu o cenho, não entendendo o porquê da sua pergunta até que uma epifania o fez arregalar os olhos, se levantando e encarando Haera com a mesma expressão de alguém que viu um filme 3D pela primeira vez.

– Porque… Porque diferente das outras… Eu gosto dela. – Repetiu, como para afirmar a si mesma. Haera riu, se levantando ao ouvir o barulho da torneira do banheiro.

– Parabéns! Você é o último a descobrir isso! – Comentou sarcasticamente. Chanyeol abriu a porta do banheiro e arqueou as sobrancelhas ao encontrar Baek ali.

– Descobrir o quê? – Ele perguntou, roubando um pedaço do cookie da jovem.

– Que ele gosta da Mirae. – Chanyeol engasgou.

– Você não sabia disso?! – Baekhyun rolou os olhos. Como era possível seus amigos saberem de algo tão pessoal como seus sentimentos antes mesmo dele saber?

– Exatamente, eu achei tão óbvio. Tipo, seus sentimentos, alô? – Haera comentou como se Baek não estivesse ali.

– Falando em Mirae, eu ainda não vi ela hoje. Ela tá no seu quarto? – Chanyeol perguntou, se virando em direção ao corredor. Baekhyun arregalou os olhos, impedindo o maior de dar mais um passo.

– É… Ela não tá. – Mentiu, confundindo o rapaz. Estava óbvio demais. Haera rolou os olhos. – Que tal checar lá embaixo? – Empurrou-o em direção às escadas e puxou a garota para o canto.

– Eles não podem se encontrar… – Sussurrou. – E agora?

– Baek… – Haera murmurou, se sentindo levemente culpada. – Mirae e Chanyeol se conhecessem há anos. – Ela se sentiu ainda pior quando o viu congelar. – Eu achei que você ia esquecer disso e não que fosse tão sério…

– Por que você escondeu isso de mim?! – Ele exclamou, ela mordeu o lábio inferior. – De todas as coisas que poderia ter falado você resolveu mentir pra mim e dizer que o Chanyeol nunca viu a Mirae!

– Só o pensamento do seu melhor amigo me conhecendo te deixa tão exaltado… – Pausou, se engasgando com as palavras. – Você tem tanta vergonha assim de mim?


Notas Finais


Um capítulo longo e um focado nesses dois pombinhos <3 Próximo capítulo terá o não-casal favorito de todos XD
Quem morreu com The War levanta a mão \o/ Só tem música boa <3
Obrigada por ler! (E obrigada pelo 160 favoritos! muitos surtos foram envolvidos owo)
Beijinhos >3<


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