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História My Enemy, My Ally - Twenty-two;


Escrita por: Torix

Notas do Autor


Oi, olá!
Bom, quase um mês depois (por um milímetro) e eu apareço de novo. Minha vida esteve agitada demais para essa velhinha acompanhar TuT
Boa leitura~!

Capítulo 22 - Twenty-two;


O outono estava em seu final, as folhas em vários tons de vermelho que decoravam as ruas eram recolhidas e o ambiente voltava lentamente à suas cores originais. Em pouco mais de um mês, iriam dar adeus à chuva e abóboras decoradas para receber a neve e os chocolates quentes do inverno.

Baekhyun retirou o cachecol de seu pescoço ao entrar no restaurante aconchegante. Agradeceu o aquecimento e olhou ao redor, procurando pelos rostos familiares. Ao encontrá-los, sorriu, caminhando até a mesa. Puxou Mirae para um beijo rápido antes de tomar seu assento ao lado dela.

– Vocês já pediram? – Perguntou, tirando o casaco e o colocando na cadeira vazia a sua frente. Haera balançou a cabeça, o entregando um dos menus.

– Eu tava pensando em galbi jim, talvez kimchi jjigae. – Mirae disse, apontando para os itens na lista.

– A gente deveria pedir ostras. É temporada, então elas estão baratas. – Ele comentou. Mirae concordou. – Falando em ostras, vamos passar no mercado e comprar algumas, quero fazer gulguk. – Mirae comemorou, adorava quando Baekhyun tinha inspiração para cozinhar. – E você, Haera? – Perguntou. Ao ouvir seu nome, Haera levantou a cabeça, piscando várias vezes, parecia confusa.

– Oi?

– O que você vai pedir? – Mirae perguntou. Haera abriu a boca, puxando o menu.

– Que tal ostras? É temporada, não é? – Ela sorriu. Mirae e Baekhyun trocaram olhares preocupados.

– Ótima ideia. – Levantou o braço e logo, uma das garçonetes veio lhes atender. Baekhyun descreveu todos os pratos e acompanhamentos com detalhes e teve que ser interrompido por Mirae. Assim que ela deixou para ir à cozinha, eles começaram a conversar. – Você falou com o seu irmão?

– Mhm. – Murmurou, suspirando. – Ele quer que eu trabalhe na área das finanças. – Ela acenou com a cabeça. Baekhyun estava disposto a se tornar, em suas próprias palavras, “um homem digno para Mirae” e isso incluía mudar hábitos velhos, rejeitar as ofertas de trabalho de seu irmão sendo um deles. Mirae não tinha certeza sobre isso. Não queria que ele se sentisse pressionado e também não gostava da ideia de não ver Baekhyun ao chegar em casa porque ele estava fazendo hora extra no escritório.

– Você sabe que não precisa fazer isso… – Ela cutucou seu braço, mordendo o lábio inferior. Baekhyun suspirou, segurando sua mão.

– Mas eu quero fazer isso. Não se preocupa. – Beijou sua testa. Ela sorriu, apertando sua mão embaixo da mesa.

O restaurante cheirava à ervas fortes e kimchi, o que só abria o apetite, mal podiam esperar para finalmente aproveitar os pratos variados. Haera jogava Candy Crush em seu celular, o barulho do jogo escapando dos fones jogados de lado. Logo, a mesma garçonete de antes voltou, dessa vez com os pratos antecipados pelo trio. Os colocou na mesa à sua frente e perguntou se era tudo, ao receber sua resposta, sorriu simpática e voltou à cozinha.

– Parece bom. – Mirae comentou, puxando seus talheres e revirando as costelas assadas. Baekhyun acenou com a cabeça, se servindo com um pouco de kimchi. Sua namorada olhou a amiga que ainda encarava o celular. Suspirou e pegou uma das peças de carne, a colocando sobre a tigela de arroz. – Come. – Cutucou a jovem que pulou, a encarando. Colocou os pauzinhos de lado e pegou a colher, tirando uma boa quantia de arroz e enfiando na boca da amiga. – Saco vazio não para em pé. Depois dessa a gente vai no cinema. – Afirmou, voltando à seu próprio prato. Haera riu soprado, colocando finalmente o aparelho de lado.

– Byun Baekhyun. A comida vai fugir? – Arqueou a sobrancelha, encarando o rapaz que devorava um pouco de todos os itens na mesa. Ao ouvir sua observação, ele sorriu.

– Sim. Se eu não for rápido, uma certa senhorita Kim vai comer tudo. – Ele comentou de volta e ela riu.

O resto da refeição correu bem normal. Jogavam conversa fora entre mordidas e limparam com facilidade todos os pratos, suspiros satisfeitos acompanharam os barulho de talheres sendo postos de lado.

– Eu vou no banheiro. – Haera anunciou, se levantando. Eles acenaram com a cabeça, assistindo ela desaparecer na curva que dava para o corredor. Assim que a amiga estava fora de seu campo de visão, virou para o rapaz ao seu lado. Eles trocaram olhares preocupados.

– Ela tá muito estranha… – Baekhyun comentou.

– Eu sei… Tô preocupada. – Mordeu o lábio inferior.

– O que será que deu nela…?

– Algo me diz que foi a coisa toda com a mãe dela e a oferta de emprego… Ela não podia fazer nada sobre isso e pra ajudar ainda a prima do Chanyeol foi magicamente oferecida pro cargo e ela aceitou… Isso deve tá matando ela. – Suspirou, Baekhyun estalou a língua, tentando imaginar como ela se sentia nessa situação toda. – Falando em Chanyeol, você conseguiu falar com ele? – Ele balançou a cabeça, suspirando.

– Não muito… Todas as minhas chamadas foram pra caixa postal e tudo o que eu consegui foi essa mensagem. – Desbloqueou o celular e abriu a conversa com o amigo, entregando-o para Mirae em seguida. Ela leu a mensagem dissilábica e suspirou, o devolvendo o aparelho.

– Ele não volta pra casa há uma semana e é isso que ele responde?! “Estou ocupado.”? – Exclamou nervosa. Haera não ousava transparecer suas preocupações, mas no fundo todos eles haviam notado. Há uma semana Chanyeol não voltava para casa. No período de sete dias, apareceu apenas 2 vezes, para trazer suas roupas sujas. – Ele tem noção de como é perigoso deixar ela sozinha? As pessoas assistem e se eles descobrem que ele não tá e que ela tá sozinha em uma casa com milhões em mobília?! – Se exaltou, suspirando pesado. Baekhyun fechou os olhos.

– Eu vou resolver algumas coisas com o meu irmão… Por que você não chama ela pra passar a noite? Vocês compram algumas porcarias e assistem dramas… Você tá de folga amanhã, né? – Mirae segurou sua mão, sorrindo. Agradecia que Baekhyun se importava com Haera tanto quanto ela e podia entender quando elas precisavam de algum tempo a sós.

– Obrigada, Baek… – Apertou sua mão, dando uma piscadela para ela.

No mesmo momento, Haera apareceu na dobra do corredor, ajustando a camiseta larga. Sorriu para eles e tomou seu assento. O casal tentou seu melhor para não transparecer que estavam discutindo sobre sua vida alguns segundos atrás.

– Hae… – Mirae se inclinou sobre a mesa e a amiga lhe encarou, nada satisfeita. – O que você acha de mudarmos a agenda e ver o filme do Jung-Suk? – Sorriu travessa. Haera arqueou a sobrancelha.

– Okay, você está me convencendo… – Fingiu estar pensativa.

– E depois podemos ir pra minha casa, quem sabe pedir pizza ou… – Sorriu. – Acabar com os cupcakes que o Baek fez ontem.

– Bom fazer negócios com você, Srta. Lee. – Estendeu sua mão para a amiga que alegremente aceitou seu aperto de mão. Baekhyun riu soprado.

Depois de pagar a conta e se preparar mentalmente para encarar o frio lá fora, deixaram o restaurante. Seguiram Haera até o estacionamento. Assim que localizaram o carro de Haera, Baekhyun puxou Mirae para um beijo rápido, se despedindo.

– Baekhyun não vai junto? – Ela perguntou confusa.

– Ah, não. Ele tem negócios pra resolver. – O rapaz fez continência, se virando e caminhando até o andar de cima, onde seu carro estava. Haera encarou a amiga por um segundo, um sorriso brincando em seus lábios. – O que foi? – Mirae perguntou, estranhando seu comportamento. Haera riu, puxando seu braço e abraçando.

– Nada. Vamos!
 

 ✖ ✖ ✖

 

Chanyeol sentiu uma dor em sua bochecha esquerda antes de abrir os olhos e ser momentaneamente cegado pela luz forte que atravessava a cortina verde musgo. Piscou várias vezes, tentando se ajustar ao ambiente. Reconheceu o rosto familiar e franziu o cenho.

– Querido, hora de levantar. Sua maravilhosa esposa já te ligou três vezes e você não acordou. – A mulher disse, lhe oferecendo um sorriso insatisfeito. Ele se levantou, esfregando os olhos.

– Que horas são? – Um bocejo interrompeu sua frase. Ela olhou o relógio de pulso.

– Quinze pras sete. – O entregou o copo de café que estava em suas mãos. – Menino, você apagou ontem. – Ele riu soprado, tomando um gole do líquido e fazendo careta ao sentir a amargura. É claro que estava sem açúcar, ela preferia café preto.

– É, acho que sim. – Suspirou, olhando para a janela. Uma fresta na cortina mostrava a visão privilegiada da cidade que tinham no vigésimo andar do prédio. O céu estava cinza e nublado, indicava que viria chuva pela frente. Talvez devesse comprar um guarda-chuva já que quebrou o último em uma guerra de “sabres de luz” com seus sobrinhos.

– Quando você vai contar pra ela? – Perguntou, escorando na mesa e cruzando os braços. Encarou o mesmo ponto que ele, lamentando o clima tedioso de fim de ano. Chanyeol se levantou, caminhando até a cozinha e puxando um sachê de açúcar, jogou os cristais brancos em seu café e mexeu com uma colher plástica.

– Está tudo pronto? – Retrucou a pergunta, tomando um gole de seu agora doce e satisfatório café. Ela deu de ombros.

– Isso depende do quão ágeis são seus advogados. – Comentou, virando o rosto para encará-lo. – Se a papelada chegar até o meio-dia, ainda hoje você pode dar as notícias. – Ele acenou com a cabeça.

– Como você acha que ela vai reagir? – Perguntou aflito.

– Querido, é Kim Haera, aquela garota é imprevisível. – Balançou as mãos no ar. Ele riu, encarando seu copo.

– É, ela é.

– Mas por que você tá com essa carinha murcha? – Ela perguntou, notando a diferente expressão que apareceu em seu rosto ao mencionar a jovem. Chanyeol deu de ombros, jogando o resto do líquido na pia e colocando a caneca ali mesmo.

– Eu não sei… – Pausou. – Tenho medo dela reagir mal, sabe? É muita informação pra processar de uma vez só. E eu meio que ignorei ela a semana toda…

– Quando eu sugeri essa ideia você estava mais animado do que preso na cadeira elétrica e agora, depois que tudo está quase pronto, você quer desistir? – Arqueou a sobrancelha. Chanyeol mordeu o lábio inferior. – Ela vai entender seus motivos, não se preocupa por nada.

– É… Acho que você tá certa.

 

 

A noite chegou cedo demais. Haera desejava que aquele dia durasse mais. Ela e Mirae haviam saído para se divertir, compraram coisas que não precisavam no Shopping, tiraram fotos bestas, beberam e ela se sentiu genuinamente feliz… Por algumas horas. Não podia interromper sua amiga por mais uma noite. Ela e Baekhyun estavam no começo do namoro, não se perdoaria caso fosse o motivo de alguma briga entre os dois. Depois de muito convencê-la que precisava dormir em casa naquela noite, deixou a propriedade na parte baixa da cidade.

Logo, já estava no subúrbio, reconhecendo as casas de seus vizinhos com um suspiro. Entrou na garagem de sua própria casa e entrou, sendo recebida pela escuridão e o silêncio esmagador. Odiava ficar sozinha em casa. Quando era pequena, seus pais estavam ocupados demais com a empresa, Minseok estava ocupado com Jungmin, HeeJin estava na faculdade, Jongdae fazia curso após as aulas e ela ficava sozinha na casa que parecia maior que o usual. O que era algumas horas com a companhia dos servos, parecia dias para a pequena garota.

As noites solitárias nunca realmente pararam, ela só se acostumou com a atmosfera fria de uma sala vazia. As coisas mudaram quando ela foi para Londres. Angelique sempre estava fazendo algum barulho, mesmo que não intencional. Todo dia, às 5 da tarde, ela ligava a TV para ver sua novela favorita enquanto mastigava alguns petiscos. Mesmo com o volume alto, dava para ouvir o barulho da máquina de costura ligada no ateliê e o barulho dos chinelos de Carlisle. Depois de terminar seu mais novo projeto, ele se juntava às duas, fazendo constantes perguntas sobre o desenrolar da estória e recebendo olhares mortais das mulheres.

Jogou as chaves no pote de cerâmica ao lado da porta e se livrou de seus saltos no caminho até a cozinha. Baekhyun fez questão de que ela levasse um porção de seu gulguk já que não ia passar a noite. Ela abriu o tupperware, encarando a sopa bem feita. Puxou uma tigela de cerâmica do armário e despejou todo o conteúdo dentro dela. Pressionou os botões no microondas e colocou o recipiente dentro.

Recebeu uma mensagem em seu celular e resolveu checar enquanto não ficava pronto. Pegou o aparelho de cima do balcão e se jogou no sofá.

King Chanyeol: Vista algo legal. Passo aí às 8.

Riu soprado. Depois de sete dias sem contato, isso é tudo que ele manda. Bloqueou o aparelho e se deitou, fechando os olhos com um suspiro. Seu celular vibrou novamente. Ela não se mexeu.

Não era a primeira vez que Chanyeol não voltava para casa em dias, mas algo estava diferente. Talvez esperava no fundo que ele a oferecesse algum tipo de conforto depois do que aconteceu com sua mãe e sua prima na reunião de família dos Park.

Se sentia humilhada. Como ela pôde? Sabendo o quanto queria aquela vaga e mesmo assim, fez questão que alguém a tivesse para que ela desistisse da ideia. Não tinha se importado quando ela a proibiu de aceitá-la, não era como se Sunhee nunca tivesse feito algo do gênero antes. Ela havia jogado sua filha em um casamento forçado, pelo amor de Deus. Mas ela envolveu outras pessoas nesse joguinho só para ter o que queria.

O ringtone de seu celular interrompeu seus pensamentos. Virou o rosto e viu o identificador escrito ‘Chanyeol’. Suspirou e atendeu a chamada.

Você já está em casa? – Ele perguntou com cautela, sua voz estava mais suave que o normal. Ela se perguntava se ele havia esquecido seus cigarros e por isso soava melhor. – Hae. – O ignorou. Um coquetel de emoções e possíveis respostas passava em sua mente. Estava confusa. Como deveria agir em uma situação dessas? Mal haviam se falado na última semana. O que ela deveria falar? Perguntar se ele estava bem? Perguntar onde ele esteve? Ficar brava e gritar? Dizer pra ele não voltar? – Haera-yah… Vista algo apresentável, eu quero te levar pra um lugar. – Ele anunciou, esperando sua resposta ansiosamente.

– Você… Você já jantou? – Mordeu o lábio inferior, nervosa. De todas as possibilidades, era realmente essa que havia escolhido? “Você já jantou?”. Deus, soava tão estúpido quanto mais ela pensava nisso.

Ele riu. Surpreso pela resposta.

É só isso que você quer saber?

– Eu acho que sim…

Não, eu ainda não jantei. – Riu soprado. – E você?

– Eu ia comer um pouco do gulguk que o Baek fez. Estava no microondas, falando nisso, já deve estar pronto… – Se levantou, olhando para a cozinha.

Só… Se arrume logo. Esteja apresentável. Eu vou passar aí às 8, okay? – Perguntou com um tom apressado. Ele estava esperando sua confirmação para poder desligar. Ela se perguntava se ele estava com alguém, se precisava ir logo para dar-lhe atenção, se esteve sozinho ou com essa mesma pessoa a semana toda, ou se foi mais de uma, se ele–

– Okay…

Te vejo mais tarde. – Desligou rapidamente. Haera ficou ali por um minuto, refletindo sobre sua estupidez. Poderia ter causado uma briga para justificar as ações dele. Era justo. Não deu notícias por tanto tempo, mas ela apenas não conseguiu falar.

Se levantou, caminhando até o andar de cima. Entrou no quarto, olhando a cama que ainda estava do jeito que Shin Hye havia deixado na quarta-feira. Abriu o closet e puxou sua seleção de vestidos casuais da coleção de outono. Escolheu o mais simples, era cor de abóbora e tinha mangas compridas, o que era útil para o clima frio. Não estava com cabeça para elaborar algo complicado. Colocou o mínimo de maquiagem, apenas para não ser exposta pelos paparazzi que diriam como ela está desleixada.

Teve alguns minutos de sobra antes de ouvir a porta da frente sendo aberta. Chanyeol entrou hesitante, procurando por ela, que estava no banheiro. Ele parou na porta, olhando enquanto ela penteava o cabelo. Sorriu.

Haera se surpreendeu ao ver o quão arrumado ele estava. Chanyeol era do tipo de pessoa que achava que moletons eram aceitos para eventos que não fossem comprar pão no mercado de manhã. Ela tinha certeza que a camisa preta e os sapatos eram novos. Reconheceu a calça jeans preta, havia comprado-a há menos de um mês.

– Pronta? – Perguntou, colocando as mãos no bolso da frente. Ela concordou com a cabeça, se virando e apagando a luz do cômodo. A seguiu até a sala, assistindo enquanto ela checava se tudo estava no lugar certo.

– Onde a gente vai? – Virou para ele, ponderando sobre a ideia de levar ou não um casaco. Chanyeol riu soprado, caminhando até o cabideiro e pegando o sobretudo preto que combinava com sua roupa. O levantou, esperando que ela o vestisse. Haera abriu a boca para falar algo, mas fechou-a rapidamente, caminhando até ele e colocando os braços nas mangas do tecido. Ele o puxou até seus ombros e a virou para que pudesse abotoar o casaco. – Você está silencioso demais… – Chanyeol riu baixo, dando um nó na faixa de tecido que cercava sua cintura.

O caminho até o lugar demorou em torno de trinta minutos. Haera olhou através da janela, reconhecendo o restaurante caro. Virou para Chanyeol, boquiaberta. Era um de seus restaurantes favoritos. Eles tinham o melhor Petit Gateau de toda a Coréia do Sul – de acordo com Haera, é claro. O rapaz sorriu orgulhoso, estacionando em frente à porta. O valet se posicionou para receber a chave.

Ao entrar no prédio bem decorado, foram recebidos pelo próprio Chef que estava mais do que satisfeito com a presença do casal de Socialites. Um dos garçons trouxe o aperitivo de salmão pouco depois que eles se acomodaram na mesa bem localizada no lado de fora do restaurante. A sacada dava para um lago que fica incrível sob a luz do luar.

Haera dispensou a parte da sua consciência que apontava o quão inusitado seu comportamento era. Sabia que algo viria pela frente para Chanyeol agir de tal forma, mas por ora, gostaria de aproveitar sua refeição e fingir que as noites de calmaria eram comuns.

O chef acompanhou o garçom que lhes trouxe o prato principal, fazendo questão de explicar detalhe por detalhe da iguaria e do vinho de escolha. A refeição correu excepcionalmente bem, não conversaram muito, mas a comida estava boa o suficiente para distrair sua mente. O jantar não estaria completo se não tivessem o tão famoso Petit Gateau de sobremesa. Chanyeol assistiu Haera soltar murmúrios satisfeitos assim que o chocolate tocou seu paladar. Fez questão de mandar seus elogios ao chefe que ficou extasiado.

A refeição foi paga e eles foram escoltados para o lado de fora. O valet já havia trazido o porsche cor de grafite e segurava a chave com o máximo de cuidado possível. Chanyeol lhe deu uma boa gorjeta e pôde ver os olhos do jovem brilharem. Haera estava estranhamente mais quieta. Sabia o que vinha pela frente.

– Tem um lugar que eu quero te levar. – Ele anunciou. abrindo a porta do carro. Haera forçou um sorriso, sentando-se e colocando o cinto. Escolheu não responder ou questionar. Ficaria menos nervosa caso não soubesse onde iriam. Pelo menos era isso que esperava.

No fim, não fez muita diferença. Ficou ansiosa da mesma maneira. A segunda viagem levou vinte minutos, mas ela reconhecia a rua, já havia tratado de negócios naquela vizinhança mais vezes do que podia contar. Ele entrou em um dos prédios, o segurança o reconheceu, cumprimentando com um aceno. Estacionou o carro e acompanhou Haera até a entrada. O prédio estava praticamente vazio exceto pelos guardas.

Ao entrarem no elevador, ele pressionou o vigésimo botão e esperou a porta fechar. Ela brincava com a alça da bolsa de couro, balançando a perna ansiosamente. Cada número que piscava na tela acima da porta aumentava exponencialmente seu nervosismo.

Quando finalmente chegaram no vigésimo andar, as portas se abriram, revelando um corredor cheio de caixas de papelão. O cheiro de desinfetante de lavanda pairava no ar juntamente com o cheiro inconfundível de café instantâneo, ramen e copos plásticos recém abertos. Ele a levou até uma das salas, pescando a chave do bolso e abrindo a porta de madeira. Haera encarou o pedaço de metal em sua mão, olhando como ele rapidamente a reconheceu dentre as numerosas chaves do molho.

A sala trazia um cheiro novo. O cheiro de spray aromatizador usado para camuflar o cheiro de cigarros. O cheiro das cinzas ainda estava lá, mesmo que fraco. Chanyeol esticou o braço e acendeu um pequeno abajur que ficava na mesa ao lado do Macbook fechado.

– O que é esse lugar? – Haera se dirigiu para tomar um assento no largo sofá branco. Ele a impediu, segurando seus ombros. Ela o encarou, brincando com a ideia de falar algo. Descartou-a rapidamente.

A puxou pela mão até a janela, empurrando as cortinas para o lado e revelando a visão privilegiada da cidade metropolitana. As luzes piscavam preenchendo o cenário senão monótono e contrastando com o cinza do cimento. Prendeu a respiração, encarando aquela cena. Nunca havia parado para pensar em como a cidade ficava à noite. A ideia de que todas as noites de sua vida, ela nunca havia apreciado a visão que estava logo ali na janela a deixava pensativa. Chanyeol sorriu.

– Você lembra de quando você foi pra Londres? – Perguntou, colocando as mãos no bolso da calça enquanto encarava através da janela o vai-e-vem das pessoas. As cores fortes do outdoor de LED no prédio ao lado refletiam em sua pele, lhe dando um look peculiar. Haera deu de ombros, cruzando os braços.

– Mhm. – Murmurou em concordância.

– Por anos você me contava sobre essas revistas de moda e marcas aleatórias que eu nem lembro o nome pra falar a verdade… Mas eu nem saquei… Quando você disse que ia pra Londres com aquele sorriso enorme no rosto, eu nem liguei os pontos, sabe? – Pausou. – Foi um ano depois que a gente foi jantar com os seus pais e pra evitar ficar conversando eu fiquei no seu quarto… E eu tava procurando o seu DS pra ter algo pra fazer e eu achei essa caixa de sapatos, coberta com papel colorido… – Haera se virou para encará-lo, apreensiva com as possibilidades de reações passando por sua cabeça. – E lá dentro tinha esses cadernos cheios de colagens e anotações e recortes… E… – Ele riu soprado, um sorriso nostálgico persistindo em seus lábios. Ela voltou a encarar a janela, tentando se preparar para o que ele poderia dizer. – Aquilo realmente importava pra você… Foi… Foi a primeira vez que eu vi algo que você gostasse. – Ele se virou para ela. – Não algo que seus pais jogaram em você, mas algo que você amava só porque você amava… – Ele pausou, respirando fundo e processando as coisas que corriam por sua mente naquele instante. – Quando você recebeu aquela ligação da Go Jang Mi, eu sabia que era o que você sempre quis… – Haera fechou os olhos. Ela só queria esquecer de tudo o que aconteceu, mas por algum maldito motivo todos insistiam em lembrá-la da oportunidade que ela deixou escapar.

– Foi pra isso que você me chamou pra sair? – Haera suspirou, tentando seu melhor para esconder o tremor em sua voz. Estava exausta demais para protestar. Se virou, caminhando para longe dele. Não lhe restavam forças para gritar que estava tudo bem.

– Não. Não foi por isso. – Chanyeol anunciou. Ela parou no meio do caminho, sem se virar. Ele caminhou até ela em passos lentos. Sua proximidade era suficiente para que sua respiração fizesse cócegas na parte de trás de sua nuca.. Haera suspirou novamente, finalmente se virando para encará-lo. – Foi por isso. – Ele levantou um maço de papéis presos com um clipe no ar. Ela encarou as folhas brancas. – Eu quis te dizer mais cedo, eu juro. Mas… Teve todo um trabalho com advogados e só hoje que eu pude realmente colocar um ponto final nisso e trazer a papelada. – Ele sorriu, encarando as palavras no papel.

– Chanyeol– Haera deu um passo para trás, balançando as mãos no ar. – Eu… Eu não tô muito bem hoje… A gente pode discutir isso um outro dia… Sem pressa, é que… O clima tá tão frio, eu acho que eu peguei um resfriado… – Ela riu desconcertada, se afastando em passos acatados. Chanyeol a seguiu.

– Você não vai se safar dessa. – Anunciou, a puxando pela mão para mais perto. Haera mordeu o lábio inferior, fechando os olhos e tentando pensar em uma maneira de escapar da situação. – Haera-yah. – Ele chamou. Dessa vez, o tom em sua voz era mais suave. Ela abriu os olhos, o encarando. A ofereceu um sorriso caloroso. Segurou sua mão por alguns segundos antes e colocar o maço de papel sobre a palma. Haera acompanhou com os olhos seus movimentos.

Ela ficou parada por um minuto inteiro, encarando aquela pilha que tinha no máximo trinta páginas, mas parecia ter muitas mais. Chanyeol arqueou a sobrancelha, soltando um riso baixo. – Você pode ler... – Haera soltou um “ah” desconcertado e o segurou com as duas mãos.

Puxou hesitantemente a primeira folha para cima e leu a primeira frase, pulando todas as partes padronizadas. Confusão logo tomou seu rosto. Franziu o cenho e continuou a escanear o conteúdo da página.

– O que… O que é isso? – Ela levantou o olhar, encarando Chanyeol que estava sorrindo de orelha à orelha.

– Surpresa! – A voz feminina ecoou assim que a porta foi aberta com um chute. Haera pulou, se virando e encarando a silhueta estranhamente familiar que estava caminhando do batente à direção do casal.

Balançou a cabeça, amaldiçoando seus olhos por traí-la. Não era possível.

– Angelique?! – A senhora sorriu, abrindo os braços. Haera ficou estática por um segundo, absorvendo a informação antes de ser puxada para um abraço apertado. Não hesitou em abraçá-la de volta. – Como? Quando? Por quê? – A bombardeou com questões. Angelique riu alto e a soltou.

– Há uma semana. Eu vim de avião, sabe? Aquele pássaro de ferro que dá medo e amendoins com gosto de bosta. – Haera riu, não ajudava com sua confusão, mas a deixava menos aflita.

– Mas… Você não me avisou…

– Pois era segredo! – Ela disse, um sorriso preenchendo seus lábio cor de romã. – Custou muito fechar a boca desse aí. – Apontou para Chanyeol, rindo baixo. Haera os olhou, ainda mais confusa.

– O que tá acontecendo?! – Exclamou, encarando os dois seres que riram de seu surto. Angelique a entregou a pequena caixa de presente cor de rosa. Haera suspirou, colocando os papéis no sofá de couro e tirando a tampa.

– Aquela papelada era a única coisa que faltava para concretizar tudo. – Angelique explicou. Haera piscou várias vezes, tentando processar o que estava acontecendo. Tirou a placa de vidro de dentro da caixa, a encarando por alguns segundos. As letras em dourado liam “CEO Kim Haera”.

Ela os encarou, ainda confusa.

– Sua mãe disse que não te permitiria trabalhar em uma empresa, mas nunca disse nada sobre ser a dona de uma. – Chanyeol comentou, mal podia conter seus sorrisos. Angelique abriu os braços.

– Bem-vinda à ‘Chérie’, a mais nova revista mensal de moda e estilo de vida.


Notas Finais


Parece que só posto nos feriados XD
Obrigada por ler~! E novamente, desculpa o sumiço~
Beijinhos >3<


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