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História My Enemy, My Ally - Nine;


Escrita por: Torix

Notas do Autor


Alô, Alô~
Dois capítulos no mesmo século.. seria um milagre de natal? ._.
Boa leitura!

Capítulo 9 - Nine;


– Park Chanyeol, atenda esse telefone… – Baekhyun murmurou. Os dedos bastante femininos para um homem tamborilavam sobre a mesa de madeira maciça.

“Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagens. Deixe um recado após o-” Desligou a décima quinta chamada sem hesitação.

– É bom você ter um ótimo motivo para ignorar todas as minha ligações… Ah, o que eu vou fazer?! – Entrou em pânico. A qualquer momento, Mirae poderia entrar pela porta do restaurante europeu chique que seus pais haviam escolhido. Não queria se encontrar com sua stalker e descobrir que ela possa ter desenvolvido uma obsessão ainda maior por ele. Bagunçou os cabelos castanhos e mordeu o lábio inferior.

– Baekhyun-ssi? – Ouviu uma voz feminina chamar por seu nome. Engoliu seco, sabia reconhecer a voz de Lee Mirae mesmo que séculos passassem. Reunindo toda sua coragem, se virou, encarando-a. – Realmente é você… – Mirae abriu um sorriso ao reconhecê-lo, mas Baekhyun continuava sem palavras.

Diante do moreno, estava Lee Mirae. A garota que o perseguiu durante todo o ensino médio. A irritante e estúpida Lee Mirae que usava óculos de grau fundo de garrafa e parecia um menino. Mas… Por que ela estava tão linda?

– A-Ah, sim. – Ele piscou repetidamente, se recompondo. – Sente-se. – Apontou para o assento paralelo ao seu. Ela sorriu, pendurando sua bolsa na cadeira e sentando-se

Baekhyun tentou se lembrar se havia ingerido algum álcool que poderia influenciar sua visão das coisas, mas estava especialmente sóbrio naquela noite. ‘É claro que ela está… bonita. As pessoas mudam… A puberdade faz isso. Não significa que ela não seja louca.’ Se convenceu, ajustando-se no assento.

– Baekhyun-ssi? – Mirae estalou os dedos, tirando Baekhyun de seus devaneios. Ele limpou a garganta, encarando-a em seguida.

– Sim? – Ela segurou o riso.

– Você não me ouviu? Eu perguntei se você já pediu a comida… – Repetiu.

– Ah… Já. Você ainda gosta de spaghetti? – Baekhyun perguntou e Mirae acenou com a cabeça, mas sua expressão indicava outra coisa. Se xingou mentalmente por ter errado algo tão crucial, deveria tê-la esperado para pedir.

– Como está a empresa? – Ela perguntou, claramente forçando uma conversa inútil para matar tempo até que a comida chegasse. Baekhyun riu soprado, abanando as mãos no ar.

– Aigo, use Banmal, não é como se isso fosse um encontro às cegas. Já nos conhecemos há tanto tempo… – Ele riu. Mirae sorriu, tomando um gole de seu vinho.

– Eu devo respeitar os mais velhos. – O sorriso de Baekhyun caiu enquanto ele a encarava. Achando que era uma piada, riu baixo, não achando muita graça, não é como se deveria, uma vez que não fora uma piada.

– A empresa está boa, como sempre… Baekbom assumiu o cargo de presidente há algum tempo depois que meu pai se aposentou… – Ele respondeu, umedecendo os lábios e encarando a taça de vinho tinto melancolicamente. Odiava falar sobre os negócios de seu pai, desde pequeno se esforçou para alcançar seu irmão na corrida pela herança, mas apenas sua idade já era um obstáculo gigante e quando seu irmão se casou com a herdeira de umas das famílias mais influentes do mundos dos hotéis e resorts, suas chances foram completamente aniquiladas.

– Hm. – Mirae murmurou. Um suspiro pesado de tédio deixou seus lábios decorados por gloss rosa claro.  

– Como estão seus pais? – Baekhyun perguntou enquanto mexia o vinho e outro suspiro foi ouvido.

– Você sabe como eles estão, jantou com eles semana passada. – Ele acenou com a cabeça. Mirae claramente não queria conversar. Se perguntava o que havia mudado nela, a Mirae de nove anos atrás estaria falando pelos cotovelos, com um sorriso metálico, óculos de armação e cabelo de tigela. Baekhyun abriu um sorriso ao se lembrar do passado.  

– Aqui está sua comida, Sr. e Sra. Byun. Bom apetite. – O cozinheiro que havia feito questão de vir serví-los disse com um sorriso orgulhoso enquanto o garçom colocava os pratos na mesa. Baekhyun encarou os pratos que de repente não pareciam tão apetitosos.

– Sra. Lee. – Mirae corrigiu, pegando seus talheres e remexendo a comida, o cozinheiro arqueou a sobrancelha esquerda, encarando-a.

– Perdão?

– Não somos casados. Não temos o mesmo sobrenome. Espero que não cometa esse erro novamente. – Ela colocou uma garfada de spaghetti em sua boca e mastigou furiosamente. Baekhyun suspirou e assistiu enquanto o cozinheiro e o garçom se retiravam.

– Yah! Não foi um erro tão grande, não precisava ser tão fria… – Murmurou e foi ignorado. Aceitando a frieza da jovem que havia percebido não conhecer tão bem assim, pegou seu garfo e cutucou o prato. – A ideia de spaghetti parecia tão boa… – Suspirou e começou a comer.

Mesmo que odiasse a textura do alimento, Mirae o devorou rapidamente. Limpando sua boca com o guardanapo, se levantou e abriu sua bolsa, pegando a carteira. Baekhyun automaticamente mimicou seus movimentos.

– Meus pais já pagaram… Você não precisa se preocupar com isso. – Ele pôs sua mão sobre a dela. Mirae concordou com a cabeça e se virou para sair, com Baekhyun seguindo-a. – Yah! Espera! Eu te levo até sua casa! – Ele anunciou, apressando os passos.

Ao deixar o estabelecimento que cheirava a rosas e molho de tomate, foram surpreendidos com as gotas de água que caíam do céu. Mirae parou, levantando a cabeça e encarando e tentando seu melhor para entender a mudança repentina no clima.

Baekhyun diminui seus passos lentamente até parar atrás da jovem distraída, estudando cuidadosamente a expressão de completa admiração.

– Yah, Baekhyun-ah… – Ela chamou sem encará-lo, usando a linguagem informal da qual ele lhe havia implorado para utilizar. Baekhyun abriu um sorriso, murmurando uma resposta.

– Mhm?

– Você quer comer pajeon? – Mirae se virou, sorrindo para ele.

DEZ ANOS ATRÁS

Chutando pedras no caminho para casa, Mirae tinha apenas um coisa em mente: O rapaz moreno dono do sorriso mais lindo que já havia visto.

Seus pais como sempre não estavam em casa e a pequena garota tinha apenas a companhia de sua irmãzinha e as empregadas que não ousavam falar com a jovem senhorita e expô-la a qualquer opinião que fosse diferente a de seus chefes.

Mesmo que fosse repreendida por isso, a senhora de cabelos já grisalhos e um sorriso decorado por dentes tortos fazia questão de ser o mais próxima da garota.

– Ahjumma... – Ela murmurou, brincando com a ponta da toalha da mesa de mármore onde a empregada punha os bolos, frutas e sucos que seriam seu lanche da tarde.

– Sim, querida? – Sorriu. Seus olhos contornados por rugas se transformavam em duas luas crescentes toda vez que sorria.

– Quando você soube que estava apaixonada pelo ahjussi? – Perguntou, pressionando os lábios finos e rosados em uma linha reta. A senhora parou por um momento, a encarando com uma expressão incrédula antes de soltar uma gargalhada.

– Nossa Mirae se apaixonou? – As bochechas protuberantes se tornaram um tom de rosa pink e a senhora riu ainda mais. Se sentou com dificuldade e a puxou para sentar-se em seu colo. – Conte-me mais sobre o bravo cavaleiro que roubou o coração da nossa Mirae. – A garota riu timidamente, balançando a cabeça. – Por quê?

– Ele é tão alto quando o meu pai e o segundo na escola toda... – A senhora sorriu ao ver o brilho estampando os olhos jabuticaba de Mirae. – E ele tá no primeiro ano... – Murmurou desanimada.

– É isso que te desanima? – Recebeu um aceno com a cabeça. – Eu tenho certeza absoluta que esse rapaz irá gostar de você. Você só precisa se aproximar...

– Não é como se eu tivesse chance mesmo... Deixa pra lá. – Ela deu de ombros com um sorriso incrivelmente doloroso para uma jovem de apenas treze anos. Em passos lentos, se dirigiu até seu quarto, dispensando o lanche que fora preparado com tanto esmero.

– Yah, Lee Mirae. – Pôde ouvir a voz de sua irmã mais velha e se virou no corredor. – Você estava falando com os empregados de novo? – Suspirou. Às vezes, rezava quietamente para que a caçula não se tornasse com a mais velha. – Se eu te pegar fazendo isso de novo eu vou contar pro papai e você pode dar adeus à suas regalias. – Ameaçou.

– Faça o que você quiser, unnie.

Naquela noite fria de abril, Mirae chorou baixinho em seu quarto. Tinha certeza que seu sunbae nunca iria olhar para sua direção e sentia como se facas atravessassem seu coração.

Mal sabia ela que aquela seria a primeira noite de muitas.

O dia seguinte amanheceu nublado e cinza. Mirae havia jogado suas esperanças fora na noite passada. Com a ajuda das empregadas, se preparou e foi levada até a escola de elite que ficava não muito longe dali.

As aulas passaram como um borrão, afinal, não precisava se esforçar tanto para conseguir a nota máxima. Esse era o único jeito de ver seu nome ao lado de seu sunbae; no placar de alunos.

Assim que o sinal da última aula tocou, a chuva começou a cair sem piedade sobre os alunos que corriam para entrar nos carros de seus motoristas que os levariam para casa são e salvos. Mirae suspirou e colocou a mochila sobre o ombro direito, caminhou melancolicamente até a saída e sendo surpreendida pela silhueta familiar. Arregalando os olhos, questionou voltar e ir por outra saída, mas notou que o dono dos cabelos castanhos não tinha um guarda-chuva. Hesitou, mordendo o lábio inferior e segurando firme no objeto cor-de-rosa.

Tentando não pensar muito, deu passos rápido até que estivesse perto o suficiente. Cabisbaixa, o entregou, bochechas pegando fogo de tão quentes. O rapaz piscou várias vezes, encarando-a completamente congelado.

– E-Está chovendo... – Foi tudo o que Mirae conseguiu dizer. Se xingou mentalmente por soar tão estúpida. Podia imaginar a expressão de completo desgosto estampada no rosto do rapaz.

As mãos manchadas de caneta se esticaram para pegar o objeto ao mesmo tempo que um sorriso estampou os lábios rosados.

– O-Obrigado... – Se inclinou para checar o nome de sua salvadora no uniforme. – Lee Mirae...? Oh! É você que está em terceiro lugar! – Ele comentou e ela corou ainda mais. Não sendo capaz de dizer mais nada, ela segurou firme nas alças de sua mochila e se preparou para ser bombardeada de água. O rapaz arregalou os olhos e a cobriu com o guarda-chuva antes que ela se molhasse.

– Huh...? – Mirae olhou para cima apenas para ver seu guarda-chuva rosa lhe protegendo da chuva. Direcionou seu olhar para o rapaz que exibiu um sorriso de tirar o fôlego.

– Vamos juntos, se não, você vai se molhar... Eu moro aqui perto. – Ofereceu.

Era uma oferta sedutora demais para ser recusada, em vez de balançar sua cabeça e correr como sua mente lhe mandava, Mirae decidiu dar ouvidos a seu coração e aceitou.

O caminho até a mansão de seus pais foi preenchido com sorrisos tímido e trocadilhos sem graça, de vez em quando, o rapaz a puxava para mais perto uma vez que a chuva quase lhe molhava e ela pôde, o caminho todo, sentir a presença calorosa de seu sunbae e os braços se roçando.

– Obrigada por me acompanhar, sunbaenim… – Mirae sorriu, olhando para baixo e vendo como seus passos estavam sincronizados, seu all star vermelho que uma vez pertenceu à sua irmã e o adidas que provavelmente custavam muito pisavam nas poças d'água ao mesmo tempo.

– Yah, não precisa usar banmal… Chame-me de Baekhyun. – Sorriu. As bochechas de Mirae ruborizaram no mesmo instante.

– E-Eu não…

– Baek-hyun… – Repetiu. – É fácil. Eu vou te chamar de Mirae... – Sorriu. – Por favor? – Os olhos do rapaz brilhavam como em uma cena de anime. Mirae arregalou os olhos, sentindo seu peito explodir.

– B-Baekhyun… – O moreno abriu um sorriso ainda maior, quase podia ser visto de costas. A voz doce de Mirae ecoava em sua cabeça.

– Mhm, assim é melhor… Apenas… Fale confortavelmente. – Ela não conseguiu esconder o sorriso evidente em seus lábios e talvez, nem quisesse escondê-lo.

– Eu moro aqui… – Murmurou melancólica. Queria morar longe apenas para passar mais tempo com ele. O rapaz arregalou os olhos, apontando para o lugar e o terreno vizinho.

– Aqui? – Mirae concordou com a cabeça. – Eu moro na casa ao lado! – Ela arregalou os olhos, boquiaberta. Como não havia notado que seu sunbae morava na casa ao lado?

– Que coincidência… – Ela sorriu, brincando com as alças de sua mochila.

– Yah. Mirae-yah. – Baekhyun chamou, encarando o portão de ferro. Mirae olhou para cima, encarando-o.

– Mhm? – Murmurou.

– Você quer comer pajeon? – Ele perguntou, se virando para encará-la, esperando ansiosamente por sua resposta – que talvez, apenas talvez, importasse muito mais do que o resultado de qualquer uma de suas provas.

– Huh? – O questionamento veio quase que automaticamente. Mirae não podia acreditar em seus ouvidos. Era tudo um sonho. Era a única explicação plausível para a repentina realização de seus sonhos mais profundos.

– Quero dizer… Em dias chuvosos como esses, se deve comer pajeon… – Explicou, coçando a nuca envergonhado. – Se você não quiser, tudo bem…

– Não! Eu quero! – Mirae exclamou, os olhos brilhavam como nunca antes. Baekhyun sorriu aliviado ao ouvir o desejo real dela e sem querer, acabou fazendo com que ela também risse.

Naquela tarde, depois que a chuva parou, no meio dos pratos vazios que antes guardavam as panquecas que Baekhyun havia feito, esperanças nasceram. Sendo regadas à risadas sinceras e olhares doces.

PRESENTE

– Quero dizer… Um amigo meu uma vez me disse que em dias chuvosos você deveria comer jun. – Mirae sorriu e Baekhyun pôde sentir seu coração falhar por um milissegundo. – Então, Baek-hyun… Voc-

– Quero! – O rapaz falou como em um impulso, fazendo Mirae rir de sua expressão determinada.  
 

✖ ✖ ✖
 

Haera se espreguiçou, a camiseta de Chanyeol que era grande demais se levantara junto com seus braços, revelando um pouco mais de suas coxas marcadas por chupões. O ruivo sorriu orgulhoso ao notar os traços deixados no corpo de sua esposa. Planejando uma travessura, colocou o pedaço meio-devorado de pizza de volta na caixa e se virou para a jovem.

– Você fica bem de roxo. – Disse, puxando-a pelo braço. Sendo surpreendida pelas ações de Chanyeol, Haera foi levada até o colo do rapaz.

– E você fica lindo quando tá calado. – Retrucou. Apesar dos insultos sendo atirados, sorrisos estampavam os rostos cansados. – Ah, isso me lembra. – Haera comentou, engolindo o pedaço de pizza que estava em sua boca enquanto se esticava para pegar o celular na mesa de centro. Chanyeol envolveu a cintura de Haera com seus braços para impedi-la de cair no chão – mesmo que fosse uma cena imperdível. – Vamos postar fotos no Instagram pra jogar na mídia, criar umas tretas… – Ela sorriu, abrindo a câmera do aplicativo.

Se ajeitou no colo do ruivo, descansando contra o peito desnudo. Das quinze fotos tiradas, apenas uma foi escolhida. Olhando por cima dos ombros de Haera, Chanyeol assistiu cuidadosamente cada um dos passos de embelezamento da foto para que finalmente pudesse ir a público.

– Yah! Isso é desnecessário! – Reclamou, sendo ignorado por ela. – Apenas poste a foto! Por que ficar editando tanto?

– Você não entende, não é?! – Virou o rosto para jogar-lhe um olhar desgostoso. – Eu tô sem maquiagem… Se postar essa foto vão me queimar na estaca. – Afirmou, fazendo Chanyeol gargalhar.

– Pra mim, parece suficiente. – Respondeu, sorrindo e Haera rolou os olhos.

– Você sabe que tem miopia, né? – Retrucou e Chanyeol suspirou.

– Eu fiz cirurgia. – Haera rolou os olhos, balançando a cabeça enquanto apagava espinhas e manchas de seu rosto com o aplicativo.

– É, eu lembro muito bem. Quantas escadas você tropeçou? – Ela riu. Chanyeol suspirou. Com um sorriso travesso, ele esticou o braço e pegou seu celular que havia sido esquecido entre as almofadas.

– Hae… – Chamou, esperando que ela se virasse, assim que ela o fez, selou ambos os lábios. Sorriu entre o beijo e o partiu, sorrindo ao encarar a tela de seu celular. Haera arregalou os olhos ao ver o que ele havia feito.

– Yah! Park Chanyeol! Você não… – Ela colocou seu aparelho no braço do sofá para ver claramente o que ele estava fazendo, mas assim que retornou ao colo do ruivo, o vídeo estava sendo enviado para o Instagram. – CHANYEOL! – Haera gritou e ele pulou no susto. Não esperando aquela reação. – Você tem noção do que as pessoas vão falar? Cancela o envio agora!

– Não dá. – Ele respondeu, mordendo o lábio inferior.

– Chanyeol, você pode me dar quantos sermões quiser sobre isso, só não posta esse vídeo, por favor. – Implorou. Ele sentiu seu peito doer, Haera nunca implorava.

– Não dá. O vídeo já foi enviado, apagar ele vai ser pior. – Ela suspirou, olhando o celular na mão do rapaz arrependido. Quão ruim deveria ser a resposta do público para que Haera agisse assim?

Haera simplesmente não disse nada, bagunçou os cabelos e se dirigiu ao quarto, sendo seguida por Chanyeol. Ela se jogou na cama, abraçando o travesseiro e enterrando sua cabeça no tecido. O ruivo, sentindo-se como uma pilha de lixo por ter feito aquilo, se sentou nos pés da cama.

– Haera-yah… – Murmurou, colocando a mão sobre as pernas da garota e dando uma leve sacudida, foi ignorado. – Desculpa.

Haera suspirou, balançando a cabeça. O toque vindo do telefone que pertencia à jovem fez com que Chanyeol pulasse surpreso. Se levantou, caminhando lentamente até a sala e atendendo a ligação de sua sogra.

Antes mesmo que pudesse falar algo, foi bombardeado por palavras.

– Kim Haera! Como você pôde deixar um vídeo como aquele ser postado?! É essa a imagem que você quer passar da quarta geração da família Kim?! Apague aquele vídeo imediatamente! Não estou pagando uma viagem caríssima para você arruinar nossa reputação.

Chanyeol engoliu seco. Sentiu o ar sendo drenado de seus pulmões. Como uma mãe podia falar aquilo para uma filha? Agora entendia o porquê dela estar tão chateada com o vídeo, sua criação deturpada havia dilacerado sua auto-estima. Não conseguindo canalizar sua raiva e desgosto, Chanyeol desligou a chamada. Arrumar briga com a sogra seria a pior escolha que poderia tomar.

– Viu como é? – Se virou em pulo, arregalando os olhos. Haera estava no batente da porta.  

– Haera… – Sussurrou, virando-se para encará-la. Ela bagunçou os cabelos castanhos e caminhou até ele, pegando o celular de sua mão e tirando a bateria. Não tinha os colhões para encarar a raiva de sua mãe agora.

– Eu não queria que você visse isso… –Jogou o aparelho no sofá e suspirou, cruzando os braços.

– Hae… – Chanyeol não conseguia dizer nada. Nenhuma palavra de conforto poderia ser suficiente para curar anos de tortura psicológica. Tudo fazia sentido agora. Como não havia percebido? Devia ser realmente estúpido.

Essa descoberta fez com que todas as peças do quebra-cabeça se encaixarem. Porque Haera estava tão magra no dia do casamento e seu sumiço um mês antes, seu desmaio no hotel pouco depois da cerimônia, tudo fazia sentido agora. Sentia nojo.

Sentia nojo e acima de tudo, ódio de sua sogra.

Principalmente porque foi ela que recebeu sermões dos médicos quando estava desnutrida. Não fora sua mãe que ouviu os comentários da mídia e as especulações sobre o ‘Desequilíbrio psicológico de Kim Haera.’ Não foi ela que foi forçada a participar de concursos de Pequena Miss na mais tenra idade

E o sogro que clamava amar tanto sua filha, como ele pôde vê-la passando por isso todos esses anos e manter-se calado?

– Eu vou falar com eles. – Disse, suspirando e se inclinando para pegar seu celular. Seu braço foi segurado por Haera, que o encarava.

– Não, você não vai. Apenas esqueça o que aconteceu hoje… – Sussurrou.

Chanyeol engoliu seco, quase podia sentir lágrimas virem a seus olhos. Claramente aquilo era errado, o tipo de pressão colocada sobre ela… Então, por que manter-se calada?

– Hae… Não. Eu não posso. – Ele anunciou.

– Sim, você pode. Porque não é da sua conta. – Haera retrucou rispidamente.

– Claro que é… – Chanyeol disse, gentilmente se livrando das mãos dela. – Não posso ignorar. Você é minha amiga. E acima de tudo, é minha esposa...

– Uma esposa é alguém que você valoriza, cuida, segura toda noite e que além disso, te ama. – Haera disse e cada palavra fora como uma facada no estômago do rapaz. – Desça da sua nuvenzinha de fantasia e acorda pra vida. Isso não é uma brincadeira de criança e você não pode fazer o que quiser.

Com essas palavras frias, ela deixou a sala, fechando a porta atrás de si com força e lentamente escorregando até o chão. Chanyeol, ainda processando as palavras duras, se sentou no sofá.

Silêncio caiu sobre a casa alugada. Nenhum dos dois se atreveu a engolir o orgulho e pedir desculpas primeiro, por mais que magoados estivessem. Foi quando o cansaço lhe venceu que Chanyeol se levantou. Em passos arrastados, caminhou até o quarto.

Hesitou para abrir a porta. Não queria magoar Haera mais ainda, mas queria dormir. Reuniu toda coragem com um suspiro pesado e abriu a porta. A silhueta dela ainda estava lá, felizmente. Mesmo que fosse debaixo de todos os travesseiros da cama.

Em passos leves, andou até o en suite para escovar os dentes. Sucediu, mas foi parado no meio do caminho ao voltar.

– Não tenta ser furtivo, você é uma girafa. – Haera murmurou, se virando na cama e esfregando os olhos.

– Você não consegue dormir? – Ele parou, encarando-a. De repente, Kim Haera parecia tão frágil. Era quase como uma blasfêmia usar as palavras ‘´Kim Haera’ e ‘frágil’ na mesma sentença, mas nada podia descrever a realidade tão bem. Ela acenou que sim com a cabeça. – Parece que alguém precisa de um urso de pelúcia tamanho Chanyeol. – Chanyeol exclamou, se jogando na cama. Haera riu, balançando a cabeça enquanto o ruivo lhe abraçava.

– Desse jeito eu não vou dormir.

– Não importa. Se você não conseguir dormir, podemos fazer outra coisa. – Ele sorriu malicioso e ganhou um tapa. – Mas, Hae… Você viu o vídeo? – Perguntou, recebendo um não.

– Sinceramente, acho que não tô pronta pra receber hate agora… – Respondeu, suspirando. Chanyeol se esticou e pegou o tablet do criado-mudo, abrindo no post do seu instagram que já contavam com quase quinhentos mil likes.

Entregou o aparelho à Haera que hesitou, mas o pegou, encarando a tela melancolicamente.

@ParkCY_61: Minha Haera está especialmente linda hoje ♥ …

Era o que a legenda lia. Haera riu ao ver que palavras tão clichês e melosas vinham do brutamontes deitado ao seu lado. Mas também não pode impedir o sorriso quente e contente de aparecer em seus lábios.

– Lê os comentários. – Chanyeol disse, rolando a página.

@Miiyoung__: Ah, Unnie, você realmente é muito linda sem maquiagem!! Estou com inveja… TT__TT

@DJ__Bang: Chanyeol-hyung deve ter salvo uma nação toda em uma vida passada para merecer uma esposa tão perfeita.

@Hyejin_Kim_92: Parabéns à Haera por mostrar sua verdadeira face… Precisamos de mais pessoas dispostas a destruir esse padrão estúpido.

@KHoGoo_: Haera-noona realmente é uma mulher perfeita.

Encarando a tela, Haera deixou as lágrimas caírem. Chanyeol, que observava de seu lugar na cama, sorriu, suspirando ao ver que não podia fazer nada além de chorar junto com a esposa. Estava realmente se tornando sentimental.


Notas Finais


Agora introduzimos mais um pouco da Mirae <3
Anyways, mudando de assunto. Alguém estaria interessado em uma fanfic com o Hoseok (BTS)?
Não se esqueçam de comentar <3
Obrigada por ler <3 Beijinhos


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