História My favorite writer - Encontro na praça

Não eram nem nove horas da manhã e Sungmin já se encontrava acordado á preparar seu café. Acordou aquela manhã com seu celular tocando freneticamente na cômoda do seu lado e com seu gato a soltar miados de resmungo por também ser acordado com aquele som estridente.

Ao atender teve a surpresa de aquele que estava do outro lado da linha ser Heechul, este o pediu que o quanto antes pudesse, passasse na empresa, pois queria conversar sobre o andamento do trabalho do mais novo.

E assim logo se levantou ainda meio cambaleante e foi se arrumar, agora tomava o café que tinha preparado enquanto cantarolava uma musica qualquer, mesmo tendo sido acordado de uma forma não tão agradável, o clima agradável que aquele dia possuía colaborava com seu humor.

Terminou a refeição e deu um jeito na cozinha como pode, já que não podia se atrasar muito, antes que se esquecesse, pôs a ração de Ming em seu potinho, que o olhava com um olhar pidão, cobrando a sua comida e em seguida foi se vestir, pôs uma roupa simples em tons claros, que era constituída de uma calça de lavagem clara e uma camiseta rosa clara com botões brancos que faziam um contraste com a peça.

Despediu-se de Ming e logo foi para a empresa, não queria chegar muito tarde e ser reclamado pelo mais velho de cabelos compridos, optou por pegar um taxi e foi até a empresa, não demorando a chegar ao local. Falou com todos que encontrou por seu caminho e sem cerimônia foi até a sala de Heechul.

Bateu a porta e com sua autorização entrou, o de cabelos pretos o dirigiu um pequeno sorriso, ele não era de sorrir muito, mas fazia o possível para ser amigável consigo, pois de certa forma o considerava como um irmão mais novo e isso agradava muito Sungmin, Heechul estava sentado em uma poltrona na frente de sua sala enquanto tomava uma xícara de café, sem hesitação, foi até onde ele se encontrava.

—Bom dia Minnie. – Tentou soar de forma despreocupada e alegre, mas não conseguiu camuflar um tom de seriedade ao fundo.

—Bom dia Heechul hyung – Retribuiu o sorriso, só que de modo mais animado e foi se sentar na poltrona que ficava na frente do mais velho.

—Bom, como te falei, queria falar sobre o mangá, como andam as coisas?

—Aos poucos estou conseguindo superar o meu bloqueio, Kyuhyun está me ajudando bastante nesse quesito. – Não conseguiu evitar um sorrisinho ao falar do Cho.

—Acho que alguém está se apaixonando. - Dá um sorriso brincalhão, mas este logo diminui. —Mas Sungmin, tome cuidado para não se apaixonar, Kyuhyun é uma ótima pessoa, mas pelo o que fiquei sabendo, não tem um passando nada fácil, sei que você poderia o ajudar e vice versa, mas seria algo muito complicado.

Sungmin arregala os olhos.

—Mas hyung, eu não estou apaixonado, só sou grato por ele me ajudar em um período tão complicado quanto este do meu bloqueio. – Suas bochechas tomam um discreto rubor.

—Sei... – Deu uma risada e o outro protestou. —Certo, certo, voltando ao mangá: Quantos capítulos já estão prontos?

—Na verdade, apenas um, mas até que foi um capitulo mais extenso do que o esperado. Eu planejo fazer essa edição com cinco capítulos, então acredito que logo tudo estará pronto.

—Isso me alegra Min-ah. – Ele relaxa na cadeira, como se estivesse aliviado.

—Sem querer ser intrometido hyung, mas está acontecendo alguma coisa? – Pergunta preocupado.

—Apenas alguns pequenos problemas Min, mas nada com o que se preocupar. -Forçou um sorriso, que foi percebido pelo loiro, mas este decidiu não perguntar mais nada.

—Hyung, você sabe que se precisar de algo, pode contar comigo né?

—Sei sim Min e agradeço muito por isso. –Vai até o mais novo e o abraça. - E você também pode contar comigo Min-ah.

—Obrigada hyung. – Agradece ainda em meio ao abraço.

Ambos se separam e Heechul bagunça os cabelos descoloridos de Sungmin.

—Chega de sentimentalismo, vou ter uma reunião com os acionistas daqui a pouco e preciso me preparar.

—Certo hyung, eu já vou indo para não lhe atrapalhar.

Ambos se despedem de forma animada e Sungmin sai da sala com o intuito de sair do prédio e assim sai andando pelos corredores.

Mas quando passava perto da sala onde os editores sempre se reúnem, sente uma mão segurar seu braço, e curioso se vira, encontrando Ryeowook o olhando com seus olhos de criança.

—Olá Sungmin hyung – O menor toma a iniciativa de complementá-lo.

—Olá Wook. – O responde de forma animada.

Após as falas, um pequeno silêncio se instala entre ambos e o loiro nota o mais baixo morder os lábios, em sinal de nervosismo.

 —Aconteceu alguma coisa Wookkie?

—Ah, é q-que, eu queria fazer algumas compras e passear, mas não queria ir só, então pensei em te chamar, se não fosse incomodo.

Sungmin leva um tempo para absorver a informação e durante esse tempo fica a encarar o castanho, este que cora ficando sem graça e abaixa a cabeça.

—Ah, d-desculpe pedir isso do nada hyung, se não quiser eu irei entender.

Ao ver o estado do mais novo, Sungmin finalmente percebe que ficou um tempo sem falar nada.

—Não, que isso Wookkie, é só que por ser um pedido repentino, eu acabei demorando em processá-lo. – Se justificou de forma afobada. — Eu irei sim com você fazer as compras, será um prazer.

—Mesmo hyung? —Olhou o loiro com os olhinhos brilhando e deu um largo sorriso ao receber um aceno positivo. —Obrigada! – Ainda com o sorriso fofo em seus lábios, abraçou Sungmin e este retribuiu ao ato.

Agora estavam no bairro de Hongdae, a procura de lojas de roupas. Escolheram esse bairro por ele ter lojas de roupas indigentes que ofereciam um preço aceitável em um bom produto, além do que, por ser um bairro artístico, viam e ouviam coisas bastantes interessantes referentes à arte vindos de todos os lados, e isso trazia um contentamento mutuo, pois estar naquele ambiente era algo muito revigorante.

Entraram em diversas lojas e compraram várias coisas, como blusas, calças e até sapatos e ao meio de toda essa caminhada e compras descobriram que tinham muitos gostos em comum. Ambos gostavam de roupas com cores mais neutras e claras, adoravam coisas fofas, isso ia do vestuário até a decoração de casa, também descobriram que ambos adoram cozinhar e todos esses assuntos deram muito papo entre os dois.

Depois de todas as compras feitas, ambos se encontravam bem cansados. Com toda a caminhada e claro, a conversa que não parou um minuto durante todo o trajeto, estavam com sede e decidiram parar para tomar algo.

Foram á uma lanchonete que estava ali por perto e que lhes agradaram, os dois pediram sucos, Sungmin de morango e Ryeowook de uva e foram se sentar em uma das mesas, fazendo um circulo com todas as sacolas que carregavam espalhadas pelo chão.

—Foi muito divertido. –Comentou Sungmin bebericando um pouco de seu suco.

Ryeowook fez o mesmo e logo o respondeu. —Realmente, apesar de que minhas pernas estão bem cansadas de tanto andar. –Deu uma risada.

—Caminhamos bastante, não era pra menos, mas valeu a pena, compramos muitas coisas bonitas. –Deu um sorriso.

—Sim, adorei tudo o que compramos, eu realmente precisava sair para me divertir, e como adoro comprar, nada melhor.

—Falando assim até parece aquelas garotas que praticamente vivem dentro do shopping. –gargalhou com o seu próprio comentário.

—Aigoo, eu não sou assim. – Faz um bico em sinal de birra.

—Eu só estou brincando Wookkie-ah. – Se debruça sobre a mesa e bagunça os cabelos do outro.

Ambos riem, mas em seguida um silêncio se instala e Ryeowook fica o olhando como se quisesse falar algo mais não tivesse coragem de dizer.

—Quer me contar algo, Wook?

—Ah, na verdade, eu queria perguntar uma coisa. –Desvia o olhar de Sungmin.

—Então é só perguntar.

—Ah, como você já passou por vários editores, eu queria saber se alguma vez você já se interessou por algum deles. – Fala em um tom baixo, mas por Sungmin estar bem próximo, ele conseguiu o ouvir.

Sungmin se engasgou com sua bebida e tossiu algumas vezes antes de respondê-lo. —Mas que pergunta é essa Wook?

—D-desculpa se foi uma pergunta muito pessoal, não precisa a responder.

—Não isso... É só que você me pegou desprevenido. Não, nunca me interessei por nenhum editor que me ajudou com os mangás. – Respondeu de forma convicta. —Pelo menos não até agora. —Fala baixinho.

—Entendo, é que sabe hyung? Eu acho que estou gostando de alguém. – Fala corado.

—E de quem seria Wook? –Pergunta sem esconder a sua curiosidade.

—O Yesung. – Fala abaixando a cabeça.

—Oh! – Exclama surpreso. — O seu editor fechado e que adora preto?

—Aigoo, não fale dele assim, apesar do jeito peculiar, quando você o conhece, vê que ele é simpático e carinhoso. – Fala com um sorriso no rosto.

—Entendo, mas você já pensou em falar com ele?

—Não, sabe hyung, eu tenho vergonha e também ele é muito na dele, eu não saberia simplesmente chegar do nada e me confessar. –Faz uma carinha triste.

—Certo Wook, mas acho que seria legal você se aproximar dele, descobrir o que ele gosta e tudo o mais, quem sabe assim você consiga coragem e se confesse.

—Vou tentar fazer isso, obrigada Min hyung. –Sorri em agradecimento.

—Que isso Wook, eu vou ajudar no que posso para vocês darem certo.

Continuaram a conversar sobre assuntos triviais, até que Min sente seu celular vibrar no bolso de sua calça e quando vê, é uma mensagem de Kyuhyun lhe dizendo que seria bom eles se encontrarem para conversarem sobre a história do mangá, Min apenas responde que realmente precisavam e que tinha algo importante a tratar sobre o assunto.

—Wook, eu vou ter que ir preciso me encontrar com Kyuhyun para falar do mangá.

—Tudo bem, então vamos.

 Pagam a conta do que comeram e Sungmin pediu um táxi para ambos, quando o mesmo chegou, ajudou ao amigo á colocar todas as sacolas no porta-malas e eles vão conversando e até cantando baixinho as musicas que tocavam no radio do veículo, quando chegam a casa de Sungmin, que era mais perto do que a do Wook, os dois finalmente se despedem.

—Tchau Wook, foi muito divertido.

—Tchau hyung, obrigada por ter ido comigo.

Sungmin pega suas sacolas e se despede do amigo, finalmente subindo para seu apartamento.

Após arrumar as coisas e almoçar e dar um jeito manda uma mensagem á Kyuhyun perguntando aonde iriam se encontrar e o maior respondeu que seria em uma praça que ficava duas quadras de distancia de sua casa. Então, se arrumou e logo foi em direção ao local escolhido.

Foi calmamente andando pela calçada, curtindo o Sol que reluzia com todo o seu brilho, aquecendo e animando as coisas ao redor, enquanto caminhava cantava baixinho e via os pássaros voarem pra lá e pra cá e as crianças andarem em direção à escola acompanhadas de suas mães e ver aquela cena ao mesmo tempo em que aquecia com certas lembranças, a ausência também ocorria um pouco por dentro.

Ao chegar à praça, vê a quem estava indo encontrar sentado em uma das mesinhas localizadas próximas as árvores, para assim ter sombra. Como ele estava sentado de costas para si e aparentemente viajando em pensamentos, chegou cautelosamente por trás e quando estava bem próximo, soltou um “buuu” e aparecer a sua frente. O maior inicialmente levou um pequeno susto, arregalando seus olhos, mas logo começou a rir junto com o loiro da situação.

—Nossa já começou bem, com um susto. –Fala enquanto ria.

—Eu não resisti você parecia estar no mundo da Lua. –Comenta ainda rindo.

 —Só estava lembrando umas coisas. –Sungmin jurava que viu uma nuvem de tristeza passar por seus olhos, mas esta logo foi disfarçada. —O que tinha de tão serio que você disse que precisamos conversar?

Sungmin se ajeita em seu banco e começa a contar o que aconteceu. —Chul hyung pediu para eu ir à empresa de manhã e quando eu cheguei lá me pareceu que ele estava preocupado, acho que está acontecendo algo com a empresa.

—Ele te pressionou por causa do mangá?

—Não de forma direta, mas acho que ele está pra lá de preocupado em o atrasarmos.

—Bom, já temos um capitulo pronto, então já estamos até que adiantados.

—Sim, eu falei isso e ele mostrou um grande alivio como se tivesse com medo de não termos conseguido fazer nada.

—Eu prometo que vai dar tudo certo, Sungmin. –O maior segura a mão do loiro que sente um calor percorrer seu corpo. — Eu tenho experiência com isso, não vai ser difícil.

—Eu confio em você, ainda mais por ter uma vasta experiência como editor.

—Fico feliz em saber disso. –O castanho separa as mãos e sorri.

—Mas Kyu, porque você veio trabalhar em outro lugar e ainda mais em algo que não conhecia?

—Siwon, que é dono da empresa que trabalhava achou melhor eu vir para aqui, conseguir coisas novas e recomeçar.

—Nossa, que bacana, ele deve se preocupar muito com você.

—Sim, além de ser um bom chefe, é um ótimo amigo.

Sungmin acena e continuam a conversar e depois vão andar pela praça.

Ficam caminhando em silêncio, mas às vezes comentam alguma coisa, assim ficam até entardecer e por mesmo estando prestes a anoitecer e o calor não ter reduzido, resolvem comer algo para aliviá-lo.

Vão até uma barraquinha que vendia warabi mochi, e cada um pega o seu para comer, se sentam em uns baquinhos, ali perto mesmo e começam a comer em silencio, até que Kyuhyun o quebra.

—Sabe Min-ah... –O loiro o olha. —Mesmo eu indo a sua casa muitas vezes e sairmos sempre, eu nunca vi nenhum parente ou amigo seu.

—Meus pais morreram, minha mãe em meu parto e meu pai há três anos e bom, eu sempre fui muito fechado, então tenho pouquíssimos amigos e até com estes eu não saio muito. Mesmo não ter conhecido minha mãe, meu pai fazia questão de me contar sobre ela e me mostrar fotos ou até musicas que ela gostava.

Agora Kyuhyun entendia porque o menor muitas vezes parece carente e triste, ele era muito solitário. Isso também explicava o porquê às vezes quando andavam de forma inconsciente Sungmin segurava sua camisa, como se estivesse com medo de ele fugir e o deixar.

—E você Kyu? Veio de outra cidade e tudo o mais, deixou sua família lá?

—Eu não tenho família faz um bom tempo, sou apenas eu e meus problemas.

O maior ficou muito mais abalado ao tocar naquele assunto e o clima ficou totalmente pesado, por isso decidiram ir embora. Kyuhyun ao lembrar daquilo já não sentia a alegria de antes.

Cada um foi para uma direção, em meio a aquele clima desagradável.

Quando Kyuhyun chegou a casa, logo que se sentou em seu sofá, todos os pensamentos que tentava controlar para não surtar enquanto dirigia, vieram com toda a força e seu choro foi eminente.

Foi até seu quarto e logo veio a lembrança daquele presente. Prometera a Siwon que deixaria para trás tudo que o levasse ao passado, mas aquilo não poderia ser deixado para trás.

Abriu uma das gavetas e encontrou aquela pequena raposa que tanto o lembrava. A abraçou e em pouco tempo sua pelugem estava molhada com suas lágrimas.

Aquilo era pra ser dela, mas nunca mais poderia o ser.

Por sua culpa.

E aquela foi mais umas de suas longas noites.