O grande carro acabara de estacionar e Chengyan quebra o silêncio mantido desde a sua casa até a escola de seus filhos, dizendo:
— Renjunnie — ele se referia ao mais novo que estava no banco de trás. —, se sentir-se mal... Vá até a enfermaria... Tudo bem se perder aula...
— Certo. — murmura Renjun.
—... E, Sicheng... Não se meta em problemas.
— Pode deixar, pai!
— Tenham um bom dia de aula... — a dupla deixa o automóvel e bate a porta do carro e, enquanto andavam lado a lado, o mais novo questiona:
— O que iria me contar sobre ChenLe?
— Te conto mais tarde... — ele começa a se aproximar de seu amigo pálido que estava sentado no gramado, fumando, e diz: — Te prometo!
Renjun não protesta nem se move, apenas encara Sicheng se afastar e sentar-se com Jaehyun.
— Renjun! — Jisung aparece do lado do mesmo, fazendo-o dar um pulinho de surpresa. — Fingirá ser estatua por um tempo muito longo? — e ri.
— Perdão?
— Venha, Renjun... — o mais novo começa a puxar seu amigo chinês para dentro da escola. — ChenLe dissera que teríamos uma surpresa no teatro...!
— O que há de errado com ChenLe? — pergunta, enquanto tentava acompanhar os passos longos do mais alto.
— Bem... Há muitas coisas erradas nele, tenho que admitir! Sua estatura incrivelmente pequena, seu cheiro constante de peixe e a forma que não consegue pronunciar certas palavras...
— Não quero dizer bem assim... Sicheng disse-me...
— Sicheng? De onde o conhece? — questiona Jisung, parando e encarando o mais velho com uma ruga na testa.
— É meu irmão. — disse, simples. — Por que?
— Aquele garoto é problema... — disse em um suspiro. — Só isso. De qualquer modo, o que ele dissera sobre ChenLe-hyung?
— Só que estava com o nome sujo na praça ou algo do tipo... O que ele quis dizer com isso?
— Nada demais! — ele sorri amarelo. — Chenle-hyung é uma das pessoas mais amáveis deste lugar, acredite em mim!
— Certo.
— Venha... — Jisung volta a puxá-lo pelo punho em direção ao anfiteatro. — Não queremos deixar Chenle esperando, certo?
— Com certeza, não...
Mesmo com a minúscula explicação sobre nada dada por Jisung, Renjun ainda não estava satisfeito, então esperaria pela explicação de Chenle.
— É muito bom vê-los aqui! — Chenle, mesmo de longe, sorri para os amigos, enquanto conversava com um magricela e pálido garoto com um sorriso bonito.
— Merda... — murmura Jisung, que abre um sorriso amarelo enquanto se aproximava da dupla. — Mark! É muito bom vê-lo! — o mais novo arruma o cabelo algumas centenas de vezes, enquanto Mark retribuía o sorriso e dizia:
— Digo o mesmo...!
— Ficou sabendo que Mark comporá as músicas de nosso musical, Jisungie?! — ChenLe ria do nervosismo que Jisung tentava disfarçar. — Ah... E este é Renjun, nosso novo amigo!
— É um prazer... — Mark aperta a mão magra de Renjun. — Foi um prazer revê-los e te conhecer, Renjun, mas preciso ir... — ele pega sua mochila deixada no palco e diz: — Se puderem manter segredo sobre isso...
— Como?! — Jisung franze a testa.
— Meu pai é totalmente contra essa coisa toda e... Serei chutado do time de basquete se descobrirem que ando com a "turma gay do teatro"...
— É assim que nós chamam pelas costas? — questiona Chenle, fazendo uma careta.
— Está bem, Mark... Não será um problema.
— De qualquer forma, ficarei de olho em uma boa Wendy!
— Uma Wendy? Já temos uma Wendy! — exclama Jisung.
— Na verdade, Jisungie, Jessica Jung teve que sair... Da escola!
— Mas o quê?
— Porém já estamos à procura de outra Wendy!
— Ah, tem uma nerd que é da classe de um amigo do meu irmão, e eu ouvi boatos que é atriz! — Mark sorri.
— E qual o seu nome, Mark? — questiona ChenLe.
— Son Seungkwan... Posso falar com ela mais tarde, se quiserem...!
— Seria legal da sua parte... — Jisung sorri.
— Obrigado... Tenho que ir. — correndo, Mark deixa o local.
— Uau! — Jisung solta toda a sua respiração. — Quanto tempo eu aguentei dessa vez?! — ele se senta, como se estivesse esgotado.
— Uns 60 segundos, parabéns, campeão! — ChenLe sorri. — E seu irmão estava te procurando...!
— É claro que estava, Jungwoo não faz nada sem mim! — Jisung se levanta. — Estou de saída, cavalheiros... — e deixa o local.
— O que há de errado com Jisung? — Renjun se senta, enquanto Chenle passava marca-texto em algumas folhas de seu roteiro.
— Ele é completamente apaixonado por Mark Lee! — a informação faz o queixo do mais velho cair. — Loucura, eu sei! Só não sei se Mark é burro demais por não ter notado ou inteligente demais por fingir que não percebe! — Renjun não responde. — As pessoas ainda são muito preconceituosas... — mais uma vez, silêncio. — O ano era 1963, um garoto novo se mudou para cá e... Ele estudou aqui! Era popular, estava no time de futebol, as garotas o amavam...! Sua vida era perfeita, até que se apaixonou... Por outro garoto!
— Merda... — sussurrou.
— Descobriram e... Depois de todo o bullying, encheram ele de porrada...! E o pobre coitado não aguentou... Tem uma foto sua pendurada perto dos troféus baratos, acho que é para assustar todos que sentem o que ele sentiu... "Não seja uma aberração, se não acontecerá o mesmo!".
— Estamos em 2017, acha que ainda acontece esse tipo de coisas?
— É melhor prevenir do que remediar, certo?
— E você?
— O que têm eu? — ele para de grifar suas falas.
— Você gosta de garotos?
— Eu nunca gostei de ninguém do jeito que está pensando... — ele olha no fundo dos olhos puxados do mais velho. — Mas, tenha certeza, eu gosto de pessoas... Não de meninos ou meninas. Não do genital. Gosto da mente perturbada e das ideias brilhantes e as músicas cafonas... — ele dá de ombros e volta a grifar.
— O diretor achou que seria bom eu ir para o psicologo! — Jaehyun andava ao lado de Sicheng, em direção ao laboratório.
— Ew! — exclama.
— Preciso que ajude na preparação do Baile de Boas Vindas, após a aula...
— Jaehyun!
— Por favor!
— Oh, meu Deus...!
— Apenas por essa semana! — Sicheng não responde. — O diretor Kim tá de marcação comigo! Por favor, Sicheng...!
— Beleza...! Está me devendo, tipo, um bilhão de favores!
— Não seja tão dramático.
— Terei que ficar um grande período de tempo com os retardados que gostam de ajudar em festas de colégio!
— Como Kim Doyoung? — ri Jaehyun.
— Exatamente como Kim Doyoung! — ele acompanha o amigo na risada.
O sinal da primeira aula toca, então a sala é preenchida por pessoas irrelevantes.
— O que estava fazendo? — questiona o diretor Kim, enquanto seu aluno revira o olho, à sua frente.
— Estava fugindo desta prisão, seu fascista! — exclama, esbugalhando seus olhos já grandes.
— Fugindo do castigo? O castigo que conseguiu por tentar fugir?! — o mais novo não responde. — Sabe por que sua mãe lhe trouxe do Japão?
— Por quê? — ele cruza os braços, desinteressado.
— Porque você é um caso perdido, Nakamoto Yuta!
— Eu nem ligo...
— Terá que contribuir para a organização do Baile de Boas Vindas!
— Nem fodendo.
— Como, garotinho?!
— Não irei!
— Irá se quiser continuar aqui!
— Olha que coincidência, não quero... — o japonês ri.
— Então prefere ir para uma escola militar?
— Você não pode fazer isso...
— Eu posso e vou! Sua mãe disse que poderia, portanto... — o mais velho dá de ombros. — Se pensa que a minha escola é uma prisão, nunca pisou em um colégio militar sul-coreano, Yuta! — o japonês não responde. — Não quero mandá-lo para um, então facilite para mim... Entre na linha.
— Certo... Farei essa merda desse baile!
— Meu filho estará o esperando às 16 p.m. — o Kim sorri.
— Inferno.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.