História My First and Last Breath - Jaebum: O melhor irmão que eu puder ser

POV JAEBUM:

  Nunca que eu ia imaginar que minha recepção seria do jeito que foi. Eu imaginava sorrisos e muita alegria, mas foi bem diferente.

  Nós havíamos chegado de madrugada, porém, não achei que seria uma boa ideia aparecer aqui assim tão de repente, por isso resolvi que esperaria Wonwoo voltar da faculdade. Enquanto estávamos esperando, Mina e Yuta pintaram nossos cabelos. Voltei a usar o meu cabelo preto natural e Jimin pintou de castanho. Estava muito ansioso para rever meu irmão, e mesmo que o momento pareça ser ruim, tenho certeza que não havia momento melhor para minha chegada.

                              👑

  Foi tudo muito rápido.

  Eu vi meu irmão e seus amigos entrarem na sala e em segundos Wonwoo já estava em meus braços, me abraçando tão forte que chegava a machucar. No começo achei que eram saudades, mas assim que senti suas lágrimas em minha blusa percebi que não era isso.

— O que aconteceu? – Perguntei aos outros, enquanto abraçava meu irmão com toda a minha força.

  Minseok, Jun e Rowoon carregavam expressões de raiva e tristeza.

— Não somos nós que devemos contar. – Simplificou Minnie.

— Faz um favor pra gente, hyung. – Pediu Rowoon.

— Claro. – Concordei sem hesitar.

— Cuida dele. Por favor. – Pediu Junhui.

  Apenas concordei, era obvio que eu cuidaria do meu irmão. Afinal, foi por isso que eu voltei.

— Eu vou cuidar dele. Fiquem um pouco aqui, quero conversar com vocês, enquanto eu subo matem a saudade do Jimin. – Sorri no final.

  Todos concordaram. Mesmo que o clima ainda fosse pesado e tenso, os três meninos sorriam antes de agarrarem o Jiminnie.

— Jae… - ouvi o sussurro arrastado e choroso do meu irmão.

— Desculpa meu anjo. Vamos sair daqui.

   Peguei Wonwoo no colo, o segurando pelas coxas e subi escada acima com ele assim. Ele pode parece ser pesado, mas para ser sincero ele é bem levinho. O que de tão grave deve ter acontecido para o Wonnie estar assim? Tão mole e indefeso.

 Entrei em meu quarto e o deitei em minha cama. Quando eu ia me afastar, senti suas mãos me puxarem para perto novamente.

— Fica aqui. – Sussurrou.

  Me deitei ao seu lado, o envolvendo em meus braços.

— O que aconteceu Wonnie? – Perguntei, enquanto fazia carinho em seu cabelo.

  Ele me abraçava de volta, se encolhendo todo dentro dos meus braços.

— Eu não quero falar sobre isso.

  Seus olhinhos brilhavam pelas lágrimas que o mesmo ainda tentava segurar.

— Mas eu preciso entender o que aconteceu meu anjo.

— Jae…

  Suspirei frustrado, ele não ia me contar.

— Tudo bem. – Beijei sua cabeça.

— Quando você chegou?

— Hoje de madrugada. Queria te fazer uma surpresa, mas parece que foi ao contrário. – Ele sorriu.

— Me desculpa por receber você assim. – Murmurou.

— Fica caladinho Wonwoo. Você não tem culpa do que deve ter acontecido. E além do mais, só de ver você eu já estou muito feliz.

  Consegui arrancar outro sorriso seu.

— Você veio rápido.

— Não podia ficar na Itália sabendo que você precisava de mim. – Sorri.

— Precisava trazer a Jasmine junto? – Ralhou, o que me fez rir.

— Jungkook trouxe ela, não eu. Você acha mesmo que eu ia trazer aquela naja pra dentro da minha casa? Claro que não! Mas ela é namorada do Kook, então…

  Wonnie sorriu.

— Jimin hyung deve estar super feliz.

— Com certeza. – Ironizei.

   Percebi que os olhos do meu irmão estavam se fechando sozinhos.

— Wonnie, dorme um pouquinho. Quando você acordar conversamos melhor, tudo bem? Você precisa descansar um pouco mesmo.

  Ele apenas concordou e fechou os olhos. Em questão de segundos meu irmão já dormia como um anjinho. Acaricie seu cabelo antes de beijar sua testa e sair do quarto.

  Tinha alguma coisa muito errada e eu ia descobrir o que raios estava acontecendo.

                                👑

— Que merda aconteceu?

  Desci as escadas e encontrei todos sentados nos sofás. O clima ainda era tenso, mesmo que eles carregassem sorriso nos rostos.

— Eu ainda acho que não devíamos contar. – Começou Jun – Quem tem que falar é o Wonwoo.

— Eu tô pouco me fudendo! Eu quero saber o que aconteceu… AGORA! – É, eu estava bem bravo.

— Eu não sei o que aconteceu. – Indagou Rowoon. – Só sei que o Jun deu um soco na cara do Mingyu e teria terminado de espancar o menino se eu não tivesse segurado ele.

  Encarei Junhui, que retribuiu o olhar cortante.

— Você socou o Mingyu?

  Ele concordou.

— Soquei. Olha o meu punho, ficou até machucado, Mina fez um curativo nele. Obrigado Nonna.

— Não foi nada Jun. Bem que o Wonwoo disse que quando você soubesse o que o Mingyu fez você iria bater nele. – Comentou Mina.

— Ele disse isso? – Questionou o chinês.

— FOCA AQUI DESGRAÇAS! EU QUERO SABER QUE PORRA ACONTECEU! AGORA! – Gritei.

  Eu não era muito de gritar, mas eles estavam mexendo com o meu irmão, não tinha como ficar calmo assim.

— Bummie, fica calmo. – Pediu Jimin, segurando a minha mão- Eles vão contar, mas você precisa relaxar. Não pode fazer nada de cabeça quente, sim?

  Olhei para o meu melhor amigo e concordei. Me sentei na poltrona de frente para os três amigos do meu irmão e esperei que comessem a explicar.

— Bom, eu vou começar. – Iniciou Jun. – Como você já sabe, o Minseok e Wonwoo brigaram e o Wonnie ficou bem mal.

— Sim eu sei. Ele me ligou.

— Pois bem. Ele voltou pra casa e quando a aula acabou ele mandou uma mensagem pedindo que eu, MingHao e Ten fossemos para casa dele. O Mingyu estava muito preocupado também, então ele foi junto. Quando chegamos lá, descobrimos que o Won estava nos dando o apartamento e ele também começou um processo de adoção com ajuda dos seus pais.

— Nossa… ele fez tudo isso pra vocês? – Perguntou Kook.

— Sim, o Wonwoo é uma das melhores pessoas que eu conheço. Mas voltando, depois de tudo isso ele falou que ia embora, ia vir pra cá. O Mingyu disse que vinha junto e eles vieram. – Terminou.

— Sim. Os dois chegaram aqui pelas 22 horas. Nós achamos os dois muito próximos e bem fofos. – Continuo Mina. – Nós preparamos os quartos e arrumamos o jantar.

— Mas no dia seguinte apenas  Wonwoo desceu para o café da manhã. Nós perguntamos o que havia acontecido e ele disse que o Mingyu tinha ido embora na noite passada. – Prossegue Yuta.

— Daí perguntamos o motivo dele ter ido embora, e o Wonwoo nos disse que Mingyu o ofendeu, e ele o mandou embora. – Finalizou Mina.

— O que ele disse exatamente? – Perguntei.

— Parece que eles estavam conversando e Mingyu de piti porque o Jun e o Wonwoo era muito próximos e eram mais fácil pro Wonnie se abrir com ele. – Indagou Minie.

— Mas o que EXATAMENTE ele disse?

— Ele disse que o Jun e Wonwoo só eram próximos porque eles transavam. – Quem respondeu foi Yuta.

  Minha raiva voltou em segundos.

— O QUE? – Berrei indignado.

— Deixa a gente continuar. – Ralhou Minseok.

  Me calei.

— Eu fiquei muito revoltada e disse que se pudesse, batia naquele garoto. Foi aí que o Wonwoo disse que Jun faria isso por mim. – Continuou Mina.

— Depois do café nós demos o carro para o Wonwoo e ele foi pra faculdade. – Diz Yuta.

— O Wonwoo já estava estranho desde que chegou, só que ninguém perguntou se ele tava bem. Eu ainda estou me matando por causa disso. – Confessa Jun, parecendo frustrado consigo mesmo. – Ele ficou mais estranho quando Mingyu começou a se aproximar. Ele saiu correndo e eu não soube o que aconteceu depois.

— Ele esbarrou comigo. – Indagou Rowoon. – Eu me ofereci para ajudar ele com os livros e logo em seguida eu convidei ele para sair. Depois fui embora.

— É aí que acontece a segunda merda. – Conta Minseok. – Eu fui atrás do Wonwoo para me desculpar e achei ele na sala. O Won pareça abatido e com uma carinha de choro recente. Eu esperei o final da aula para falar com ele, e foi aí que ele me contou o que o Mingyu tinha feito.

— Por coincidência eu tinha acabado de brigar com o imbecil na sala de dança. Fiquei revoltado com o que ele disse e fui ver se era mesmo verdade. Quando cheguei lá, o Wonwoo estava contando para o Minseok o que tinha acontecido.

— O Wonwoo contou que depois que conversou com o Rowoon,  Mingyu o puxou para o banheiro e o ofendeu de novo. Dessa vez ele não disse as palavras exatas que foram desferidas contra si, mas foi o suficiente para o Jun pirar e eu também.

— Quando eu dei por mim já estava no refeitório gritando com ele e deu tempo de dar só um soco naquela cara de porcelana que Gyu tem.

— Acho que se eu não tivesse segurado o Jun provavelmente o Mingyu estaria no hospital nessa hora. – Comentou Rowo.

— Eu não tô acreditando que o Mingyu fez tudo isso. – Digo baixinho, mais pra mim mesmo do que para eles.

— Tem certeza que estamos falando do mesmo Mingyu que eu conheço? – Questionou Jimin.

— Infelizmente sim. – Concordou Seok.

— O nosso Gyu mudou muito depois que começou a namorar aquela cascavel. – Sibilou Junhui – Pra ser sincero que nem sei porque ele tá namorando aquela rapariga, parece que tá colado na testa do Mingyu que ele ama o Wonwoo, só ele que não vê.

  Neguei com a cabeça.

— Não quero defender o Mingyu mas… às vezes as coisas são mais complicadas do que gostaríamos que fossem. – Encarei Jimin, ele sabia do que eu estava falando – Às vezes, você ama alguém que não pode amar, não porque não quer, mas por pressão dos outros ou por motivos diversos. – Comentei triste.

  O ambiente ficou tenso. Percebi que aquilo não servia apenas para mim, mas também para todos que estavam naquela sala, até mesmo para o Rowoon, Mina e Yuta.

— Amar é complicado. – Murmurou Seok.

  Todos concordamos em silêncio. Perdidos demais em nossos próprios pensamentos, nossas próprias dores, nossos próprios problemas. Dizer aquilo acendeu uma memória antes perdida dentro de mim. Minha adolescência voltou com um flash de imagens e sentimentos que a anos eu tentei apagar. Porém, aparentemente, essas lembranças nunca vão me deixar em paz.

— Bumie. – Chamou Jimin.

  Olhei em sua direção e o mesmo está de pé.

— Eu vou conversar com o Wonwoo. De todos aqui, eu sou o único além de você que pode ajudar ele em relação a esse assunto. E como eu sei que você não gosta de falar sobre isso, eu mesmo vou.

  Me levantei também.

— Ele ainda deve estar dormindo.

  Minie sorriu. Ele estava tão bonito com aqueles cabelos castanhos.

— Acredita em mim: quando a pessoa que você ama te machuca, você não consegue dormir. – Sorriu triste.

  Olhei disfarçadamente na direção do Kook e ele nos encarava com dor nos olhos.

— Eu acredito em você. Pode ir, sei que vai cuidar bem dele. – Beijei sua testa e o deixei subir.

— Mesmo tendo terminado vocês exalam amor. – Sorriu Rowoon.

  O comentário deixou meu empresário desconfortável.

— É a mesma coisa com o Jun e o Wonwoo, vai por mim. – Contou Minseok.

  O mencionado sorriu.

— Eu e o Wonwoo temos nossos motivos para sermos assim. Assim como o hyung e o Jimin hyung também deve ter os deles.

  O encarei. Junhui era um menino esperto e carinhoso. Eu sabia muito sobre sua vida, por culpa do Wonwoo e entendia quais eram os motivos deles, mesmo que ninguém mais entendesse.

— Exatamente. – Concordei.

  Se instalou um silêncio desconfortável na sala, que só foi quebrado por Minseok alguns segundos depois.

— Já que as coisas estão um pouco mais esclarecidas, eu já posso ir embora. Tenho um compromisso agora.

— Por acaso o seu compromisso envolve o seu novo amiguinho que te deixou na escola? – Perguntou Jun, enquanto ostentava um sorriso malicioso nos lábios.

   Seok inflou as bochechas fofas em sinal de raiva e jogou a almofada na direção do chinês.

— Cala a sua boca. A minha vida não é da sua conta.

  Jun gargalhou.

— Ta com vergonha de admitir que vai se encontrar com o Junhoe, é?

— Junhoe? – Perguntei.

— É, Koo Junhoe. – Contou o chinês- Parece que os dois são super amiguinho agora.

   Minseok ficou com mais raiva ainda.

— Nossa, você é a amigo do Junhoe? Isso é bem legal Min. – digo. – Como ele é?

- June é uma ótima pessoa. – Contou – É muito apaixonado pelo namorado dele, e eu adoro ver os dois juntos. – Segredou.

— Não sabia que ele tinha um namorado. – Foi-se ouvida pela primeira vez a voz da rapariga.

— Pois é querida, ele tem. – afirmou Min. – Não tem como você dar o bote nele não. June gosta da mesma fruta que você. – Debochou.

  Todo mundo segurou o riso. Quero dizer, todo mundo menos o Jun, que desatou a rir que nem uma hiena.

— Nossa que grosso. – Ralhou ela.

— Sou grosso mesmo! E não é só na educação não. – Dessa vez todo mundo riu.

— Minie hyung, eu já disse que eu te amo? – Perguntou Jun em meio às risadas.

— Não, e eu também não quero ouvir isso. Quero o seu amor não, peste. – ralhou.

  Junhui tento abraçar meu primo, mas não deu certo e o menino acabou caindo no chão.

— Você é muito chato, hyung. – Murmurou.

— É sério, eu preciso ir. Me liga depois Jae, pra me dizer se o Won tá bem.

— Ligo sim, relaxa.

— Tchau. – E saiu.

— Eu também preciso ir. Tenho um filho e um “esposo” em casa, esperando explicações do que aconteceu.

— MingHao não é nem seu namorado pra você chamar ele de esposo. – Zombou Rowoon.

— Isso é questão de tempo meu amor. Questão de tempo. – Afirma sorrindo. – Vejo vocês depois. – E vai embora.

— Eu preciso conversar com você Jaebum hyung. – Diz Rowo.

— O que foi?

— Precisa ser em particular. – Diz sério.

— Tudo bem, vamos. – Me levantei e subi as escadas.

  Rowoon estava logo atrás. Entrei na sala de troféus, que também era meu escritório, trancando a porta assim que ele passou por ela.

— Sente-se. – mandei.

   Dei a volta na mesa e me sentei na cadeira a sua frente.

— Sobre o que precisa falar comigo?

— Tenho um recado para te dar.

—  Recado? Recado de quem? – Perguntei confuso.

— Dos seus pais, mais precisamente do rei Hoseok.

  Travei.

— O que seria?

— Eles querem conversar com você. Hoseok hyung quer você no castelo domingo à noite.

— Como ele espera que eu entre no castelo sem ser notado!? – Perguntei indignado.

— Ninguém sabe que você está aqui ainda Jaebum hyung, vai ser fácil. E além do mais, temos um plano.

— Posso saber que plano?

— É o mesmo plano que executamos desde que você tinha dezessete anos.

— Ok, mas você tem alguma ideia do que ele quer falar comigo?

— Provavelmente é sobre a sua coroação. Os Reis parecem muito aflitos ultimamente, tem alguma coisa bem errada. – Segredou.

— Era só o que me faltava. – Ralhei.

— Relaxa Jae hyung. A única coisa que tem que te preocupar agora é o estado do Wonwoo.

— Você tem razão. Mas eu não entendo, por que aquele imbecil fez isso?

— Tenho certeza que você tem uma ideia. – Comentou.

   E eu tinha mesmo, mas eram especulações.

— Talvez, mas agora não é um bom momento para ver se elas são corretas.

— Eu preciso ir agora. Vou trabalhar, me avise se alguma coisa acontecer, tudo bem?

— Claro. E só por curiosidade, onde você trabalha?

— Nas empresas Koo.

— Você não era ator?

— Eu dei uma pausa na carreira de ator, e eu gosto de trabalhar na empresa do Junhoe.

— Ok. Eu te acompanho até a porta.

— Não precisa, eu já sei o caminho. Nos vemos no domingo, Jae hyung.

  Se curvou e saiu. Eu ainda estava atordoado com tudo isso. Sai da sala e fui em direção ao meu quarto, Jimin já deve ter falando com meu irmão.

 Quando entrei pela porta encontrei a cena mais fofa do mundo. Jimin estava dormindo abraçado com o Wonnie, todo encolhidinho contra o corpo do meu irmão. Me aproximei e deite do outro lado do Won, abraçando os dois.

  Passei cinco anos longe de Seul, longe do Wonwoo. Mas agora que estou de volta prometi a mim mesmo que vou ser o melhor irmão que eu puder ser.