P.O.V. NARRADORA
Passaram-se quatro semanas desde a mudança de Allison. Pode-se dizer que todos estão lidando "bem" com tudo isso. Afinal quase todos falam com ela pelo menos uma vez por semana, menos a Lydia. A mesma falava com a amiga praticamente todos os dias. Nem que fosse apenas uma mensagem de texto.
Já o Scott, ele não fala com Allison desde um dia anterior a sua mudança. Ele prefere não falar nem perguntar sobre a morena. Esse é seu jeito de lidar com toda essa situação. Seus amigos entendem e respeitam sua vontade, e não comentam nada relacionado à Allison perto dele.
A morena havia se acostumado com a Flórida. Já estava em um novo colégio e já tinha uma amiga, a Agnes. Entretanto sentia muitas saudades de Beacon Hills e de seus amigos de lá. Mas sempre que conversava com seus amigos, ninguém citava o Scott. Allison não sabia o motivo mas também não questionava nada. Esse também era o jeito dela de lidar com aquilo tudo.
Mais uma manhã calma ocorria em Beacon Hills. A cidade permanecia inerte como todos os dias. Nesse momento, os garotos e garotas encontravam-se respondendo a última prova do primeiro semestre, a qual era de matemática. Como sempre Lydia foi uma das primeiras a terminar. "Uma das" porque o Alex terminou segundos antes.
Durante todo o primeiro semestre, ambos disputavam para ver quem acabava as avaliações primeiro e acertava mais questões. Podia-se dizer que ambos estavam empatados.
— Os alunos que já acabaram a avaliação podem sair. — avisa o professor e a sala foi se esvaziando aos poucos, restando apenas Isaac, Malia, Cora e Lucas respondendo a avaliação
Logo Cora, Isaac, Lucas e Malia acabaram respectivamente a prova e foram embora. Lucas foi até a biblioteca atrás da Gabriela, Alice, David e Alex. Já Isaac, Malia e Cora foram para o estacionamento à procura dos amigos. Os encontraram falando sobre a avaliação próximos ao jeep do Stiles.
— A prova estava uma moleza! — opina Lydia abraçando um caderno ao seu corpo
— Não diria uma moleza, acho que estava respondível. — Theo ri
— O achei difícil. — Cora pronuncia se aproximando do Theo e dando um selinho no mesmo
— Tenho certeza de que me saí mal. — murmura Malia
— Mas nós estudamos juntos! — Stiles argumenta
— E eu ainda te ajudei a reforçar os assuntos, Lia. — Érica tenta argumentar também
— Eu sei. Mas é como se na hora da prova tudo o que eu aprendi sumisse da minha mente. Não sei explicar! — bufa Malia
— Arg! Cansei de falar desse maldito teste. Estava pensando que poderíamos ir ao shopping. — sugere Isaac — Quem topa?
— Acho que todo mundo. — Érica olha para todos
— Então tá. Alguém manda uma mensagem para o Liam e Hayden dizendo para eles nos encontrarem lá. — ordena Cora
— Vou mandar. — Aiden se propõe pegando o celular
— Vamos? — pergunta Theo
— Am... Não posso ir. Tenho... Hum... Coisas. Até mais. — Scott diz e logo sai
— Hum... Coisas. — Isaac imita o amigo rindo
— Vocês perceberam que o Scott está agindo estranho o dia todo? — Stiles pergunta
— Sério que vocês não sabem o motivo? — Malia pergunta como se fosse a coisa mais óbvia do mundo
— Hoje ele estaria completando um ano de namoro com a Allison se ela estivesse aqui ainda. — Lydia fala e logo leva seus olhos para o chão
— Ihh... É mesmo! O que vamos fazer? — questiona Theo
— Nada! — exclama Érica
— A melhor coisa que podemos fazer é ficarmos quietos e fingir que esse é mais um dia normal. — explica Cora
— Exatamente. O que o Scott menos precisa agora é de todos nós ao seu lado lembrando a data de hoje. — Lydia diz
— Olha, eu não vou mais para o cinema. Não deixarei meu melhor amigo sozinho num dia desses. Se divirtam por mim. — Stiles acena e vai em direção à casa dos Mccall's
Ao chegar lá, Stiles encontra Scott deitado em sua cama e mexendo no celular.
— Sério isso, cara? — Stiles puxa o celular do melhor amigo e observa o que ele estava vendo
Era uma foto dele e da Allison.
— O que foi? — Scott pega seu celular de volta, bloqueia-o e o guarda rapidamente em seu bolso
— Nada. O que tem de errado em um cara ir visitar o melhor amigo? — Stiles se faz de desentendido e senta-se ao lado de Scott
— Você me viu tem menos de trinta minutos no colégio. — Scott cerra um pouco os olhos em desconfiança
— É que eu estou sem nada pra fazer e deduzi que você também. Aí eu vim aqui ficar fazendo nadas com você. — Stiles mente
— Está bem então... — murmura Scott
Scott sabia que o amigo estava mentindo mas decidiu não iria pestanejar mais. Afinal tinha certeza que o Stiles não contaria a verdade, pelo menos não agora.
— Está afim de assistir Star Wars a tarde toda?
— Ah não, Stiles. Já cansei de assistir isso. Se duvidar já devo ter gravado todas as falas!
— Então que filme você sugere?
— Homem de ferro. — Scott dá de ombros
— Então vamos ver esse mesmo! — Stiles exclama levantando da cama — Você bota o filme enquanto eu pego a pipoca. — Stiles ordena enquanto levanta da cama e vai até a cozinha
Scott não estava entendendo o motivo da repentina vontade do melhor amigo de querer passar um tempo com ele. Já Stiles estava tentando fazer de tudo para que o melhor amigo não ficasse deprimido nesse dia. Afinal queria demonstrar que o mesmo nunca estaria sozinho. E assim se deu a tarde de filmes. Teria sido noite de filmes também se o Stiles não tivesse recebido uma mensagem de texto.
— É o meu pai. — explica Stiles desbloqueando o celular — Ele tá pedindo para eu dar um pulo lá na delegacia e pegue uns documentos com Parrish para ele. Pelo visto meu pai está em mais uma de suas rondas. — explica revirando os olhos — Vou resolver isso e já volto.
Stiles sai da casa do Scott e entra em seu jipe, seguindo para a delegacia. Adentrando lá percebeu que ela estava mais vazia que o normal.
— A maioria dos policiais foram à perseguição, Stiles. — explica uma policial ao perceber a confusão do garoto
— Ah sim, obrigado Samantha. — sorri para a irmã mais velha da Hayden que trabalhava com seu pai
— Por nada. — a garota retribui o sorriso — Stiles, você sabe onde a Hayden está?
— Provavelmente deve estar junto com o resto da galera. Eles foram pro cinema.
— Ah sim, Stiles. Obrigada. — sorri
— Que nada, Sam. Você sabe onde o Parrish está?
— Se não me engano, ele está na sala do Sheriff organizando umas coisas que o chefe pediu. — explica e vai até um telefone que havia começado a tocar
Stiles caminha todo o corredor e vai até a sala que tinha o nome "Sheriff Stilinski" gravado nela. Sem aviso prévio, abre a porta e visualiza uma cena que não imaginaria ver. Lydia estava sentada na mesa de seu pai e Parrish estava em pé, encaixado entre suas pernas enquanto distribuía chupões em seu pescoço.
— Oh não... Não. Não. — Stiles entra, fecha a porta, tampa seus olhos e repete "não" diversas vezes
— Stiles? — ambos questionam ao se separarem subitamente
— O que faz aqui? — Jordan pergunta se recompondo e se afastando da Lydia
— É, o que faz aqui? — Lydia pergunta descendo da mesa, arrumando seu cabelo e sentando-se em um sofá que havia no canto da sala.
— Eu estou aqui porque o meu pai pediu para que viesse pegar uns documentos em sua mão, Parrish. — explica Stiles dividindo seu olhar na ruiva e no policial que pareciam um tanto envergonhados pela situação na qual haviam sido flagrados
— Ah, sim. Toma. — Parrish mexe em uma pilha, pega uma pasta e a entrega para o Stiles
— Valeu. E Lydia, o que você faz aqui? — Stiles pergunta antes de sair e com a mão na maçaneta
— Vim ajudar o Jordan com a contabilidade. Por isso não fui pro cinema com o pessoal. — dá de ombros
— Mas quando eu cheguei aqui vocês estavam...
— É que nós estávamos descansando de ver tantos números. — Lydia interrompe Stiles rapidamente
— Tá bom... Vou deixar vocês continuarem com os números. — ri — Tchau. — sorri e sai da sala, fechando a porta
Ao sair da sala, esbarra com a Samantha.
— Am, oi Stiles. Queria mesmo falar com você!
— Algum problema?
— Não. Só queria saber uma coisa
— O quê? — Stiles franze o cenho
— O Liam está com a Hayden e o resto dos garotos?
— Provavelmente, Sam. — ri e percebe que a mesma bufa enquanto revira os olhos — Não gosta dele?
— Gosto. Mas a Hayden parece a unha e o Liam a carne. Eles estão muito grudados ultimamente. Creio que de cinco coisas que eles façam, três é se beijarem. A Hay mal fica em casa. Ou está na casa do Liam ou está saindo com ele.
— Isso é normal. Eles são adolescentes! Essa implicância é medo de perder sua irmãzinha?
— Não diria isso. Só não quero que ela fique muito dependente dele e futuramente quebre a cara!
— Ela tem quase 16 anos e está apaixonada. Primeiro amor, lembra como era? — Stiles diz e lembra da situação do melhor amigo
— Eu lembro.
— Então, você é a irmã mais velha dela. Seu dever não é impedir que ela caia, e sim quando ela cair, a amparar. Sam, entenda uma coisa. Você pode salvar a vida das pessoas mas não pode salvar as pessoas da vida. Deixa a Hayden tentar. Vai por mim!
— Tem razão Stiles, muito obrigada. — sorri
— Que nada! Se me dá licença, tenho que ajudar o meu melhor amigo. — Stiles sorri e vai até a casa do Scott
— Scott? — Chama enquanto bate freneticamente na porta mas lembra de um detalhe.
Pega uma chave do seu bolso e destranca a porta, adentrando a casa.
— Scott, você... — Melissa diz saindo da cozinha enquanto batia uma massa de bolo — Stiles? O que faz aqui? E onde arranjou essa chave?
— Vim ver o Scott. E eu achei que era ruim ficar batendo na porta toda vez que eu quisesse vir aqui, então eu fiz uma cópia da chave. — dá de ombros
— Cópia da chave da minha casa? — Melissa pergunta incrédula
— Sim. Onde está o Scott?
— Quando eu cheguei em casa, ele já estava saindo com a moto.
— Tem muito tempo que você chegou?
— Mais ou menos
— Tem ideias de onde ele possa ter ido?
— Nenhuma. Aconteceu algo?
— Espero que não. — murmura
— O quê?
— Não. Não. Não aconteceu nada. Lembrei agora que o Scott me pediu para encontrar ele perto da minha casa. Tchau Melissa! — Stiles mente e sai correndo da casa
Ao chegar no seu jipe, pega seu celular, entra em um aplicativo para rastrear celulares, coloca o número do Scott e logo aparece uma localização na tela.
— Quando eu baixei esse aplicativo todo mundo zoou comigo. — murmura enquanto liga o carro e segue para o endereço
Stiles para em frente a um bar. Estaciona o jipe, sai e entra no estabelecimento. Estava vazio, portanto foi extremamente fácil encontrar o melhor amigo sentado em uma mesa no fundo do bar.
— Cara, o quê você está fazendo aqui? — pergunta puxando uma cadeira e se sentando em frente à Scott
— Como me encontrou? — Scott pergunta virando uma dose de algo que parecia ser vodka
— Isso não vem ao caso agora. Por que você está aqui? — Stiles pergunta tirando das mãos do Scott uma dose de uísque — Dá pra você parar com isso? — franze o cenho
— Acho que você quem devia parar com isso, Stiles. — puxa a dose da mão do amigo e logo em seguida a vira na boca — E se você ainda tem dúvidas, eu estou bebendo. É isso o que eu estou fazendo.
— Isso eu percebi! E se você continuar bebendo desse jeito você vai ter um coma alcoólico!
— Talvez eu queira isso, Stiles.
— E talvez eu queira te dar um murro na cara. Mas sabe o que essas duas coisas têm em comum? Elas não vão acontecer!
— Se você não vai se juntar a mim, acho melhor você ir embora. — opina Scott começando a se embolar nas palavras
— Olha aqui, Scott. Não vou discutir contigo. Você está bêbado e provavelmente nem lembre dessa nossa conversa amanhã. — revira os olhos e vê o amigo voltar a bebericar uma a qual não conseguiu identificar
— Talvez...
— Por que você está agindo como um completo idiota?
— Do que está falando?
— Scott, você não bebe desse jeito. Você é o amigo responsável da nossa amizade.
— Talvez eu tenha cansado disso.
— Não Scott, você não cansou. Eu te conheço desde que me entendo por gente. Te conheço a tempo suficiente pra saber que isso é o álcool falando por você! Acho melhor meu amigo assumir o comando da fala e me dizer realmente está acontecendo.
— Ela se foi, Stiles, ela se foi. — explica quase em um sussuro
— Espera, você está por causa da Allison? — pergunta incrédulo
— Você esperava o quê?
— Esperava que você estivesse mal mas não que descontasse na bebida. Aposto que ela odiaria saber que é isso que você faz para lidar com a falta dela.
— Ela está aqui? Acho que não.
— Para de falar assim, Scott. Desse jeito parece que ela só deixou você. Ela deixou todos nós! Mas não foi por opção.
— Ela pode ter deixado todos nós mas não foi com vocês que ela terminou. Você ainda tem a Malia. A Malia ela ainda... — interrompe a si mesmo com um suspiro
— Ela ainda o quê?
— Nada, Stiles, nada. Eu só quero um tempo sozinho. Sei que você é meu amigo e quer me ajudar a passar por isso. Mas nesse momento tudo o que eu quero é ficar sozinho. — vira o resto de bebida que havia no copo, pega dinheiro da carteira, põe na mesa e levanta — Eu vou pra casa, Stiles. Até amanhã
— Tchau... — responde ao ver seu melhor amigo se afastando
Ao se levantar, Stiles escuta um barulho. Mais especificamente de um celular tocando. É neste momento que percebe que Scott havia deixado o celular na mesa. Não pensa duas vezes e pega o celular, se assustando com o nome de quem estava ligando, mas logo atende.
LIGAÇÃO ON
— Allison? — Stiles pergunta ainda em choque já que a Allison e Scott não se falavam desde que ela foi embora
— Scott? — a voz de Allison soava confusa
— Não, Stiles. — ri
— Ah, oi, Stil! Tudo bem? — Stiles podia não ver, mas tinha certeza que a amiga tinha sorrido do outro lado da linha
— Tudo sim e com você?
— Acho que também... Am... Sabe onde o Scott está? Quer dizer, liguei para o número certo, não é?
— Sim, Alli. — ri — O Scott acabou de sair e esqueceu o celular comigo. Vou atrás dele aqui pra devolver o celular e digo pra ele te ligar, tudo bem?
— Certo. Tchau Stil!
— Tchau Alli!
LIGAÇÃO OFF
Stiles guarda o celular no bolso de sua calça jeans e sai do estabelecimento. Entra no seu jipe e vai em direção à casa do Scott. Tudo bem que o amigo havia deixado claro que só queria vê-lo amanhã mas devido a situação, Scott ficaria feliz em receber o celular e falar com Allison.
Stiles é tirado de seus pensamentos ao escutar uma sirene alta. Mas não era uma sirene comum. Era de uma ambulância. Enfermeiros estavam socorrendo alguma vítima de um acidente bem feio. Tudo o que era possível ver era sangue e uma moto. Stiles subitamente parou o carro, sentiu sua cabeça pesar e logo em seguida caírem lágrimas descontroladas de seus olhos. Aquela não era uma moto qualquer, era a moto do Scott.
(...)
— Cadê ele? Onde está o meu filho? — Melissa entra no hospital chorando compulsivamente
— Um médico o atendeu logo que chegou. — Stiles explicava limpando algumas lágrimas que caíam
— O que aconteceu? — Melissa pergunta ainda em prantos
— Foi tudo muito rápido! Ele tava mal pela situação da Allison e quando eu o encontrei, ele estava bêbado num bar. Ele surtou e pediu para que o deixasse sozinho e foi embora. Não devia tê-lo deixado ir sozinho naquelas condições. — Stiles se culpa enquanto desabava no choro
— Ei, Stil, calma. A culpa não é sua. — Melissa o abraça e tenta consolá-lo
(...)
Minutos que se pareciam mais uma eternidade passaram. A essa altura, Malia, Lydia, Isaac, Theo, Liam, Érica, Hayden, Cora e Aiden. Todos estavam sentados na sala de espera aguardando alguma notícia. Já a Melissa andava de um lado para o outro tentando descobrir alguma coisa com as recepcionistas e enfermeiras juntamente com o Sheriff Stilinski. Entretanto ele não estava lá como Sheriff, e sim como amigo da Melissa e pai do Stiles. Portanto trajava uma roupa comum. Bem diferente ao uniforme que usava todos os dias.
A atenção de todos foi levada até uma porta que havia sido recém-aberta. Nela saiu o doutor que prontamente atendeu Scott logo após sua chegada ao hospital. O gesto do médico se aproximar do grupo de pessoas sentado na sala de espera foi respondido como todos eles se levantando com um semblante sério — e em alguns triste — no rosto.
— Doutor Williams, como está o meu filho? — Melissa é direta e mostrava já conhecer o doutor. Afinal eles trabalhavam no mesmo lugar
— Melissa, vou ser sincero contigo. Não tenho notícias boas. — o doutor responde com tristeza no olhar
— O que passa, Logan? Por favor não enrola. — Melissa pede tentando controlar sua respiração
— Quando chegou aqui, Scott estava com o início de um choque hipovolêmico. Isso deve se dar ao fato da grande quantidade de sangue perdida na hora do acidente. — suspira e continua a falar — Também é preciso fazer uma pequena cirurgia nele. Entretanto com a quantidade de sangue que há nele, não é possível realizá-la. Eu estabilizei seu quadro com soro, mas é preciso uma transfusão de sangue para executar a cirurgia.
— Transfusão? — Melissa morde seu lábio inferior para não deixar as lágrimas caírem
— Sim. E não temos o tipo sanguíneo do Scott, nem o O negativo que é universal, em nosso banco sanguíneo. — explica
— E não é possível pedir uma doação para o bando sanguíneo de outro hospital? — questiona Isaac, passando agora a receber a atenção de todos
— Infelizmente não. Se fizéssemos isso, o pedido entraria em uma lista de espera. Até ele ser confirmado, teria o transporte também. Coisa que não aconteceria no tempo que o Scott pode aguentar. — continua o doutor explicando
— Qual é o tempo que o Scott aguenta? — dessa vez é o Liam quem pergunta
— Não mais que 24 horas. Se passar desse tempo não creio que o Scott resista. — o doutor diz lançando um olhar de pena para a Melissa
— Podemos vê-lo? — questiona Hayden
— Pessoalmente ainda não. Ele ainda está sob observação. Mas vocês podem o observar pela parede de vidro.
— "Doutor Logan Williams, telefonema para o senhor na recepção." — um alto-falante solta esse som em um volume bem alto
— Vai dar tudo certo, Melissa. — Dr. Williams sorri e vai em direção a recepção
Após a saída do doutor, Melissa desaba no choro e logo é consolada por John.
— Vai ficar tudo bem. — John sorri fraco
— Não, não vai. — Melissa diz entre choros
— É sua uma transfusão. Certo? — Cora questiona
— Sim, mas o Scott herdou o tipo sanguíneo do Rafael. Ambos são O positivo, eu sou A positivo. Não posso ser a doadora!
— E vocês, meninos, alguém aí é O positivo ou negativo? — John pergunta esperançoso mas recebe balanços de cabeça negativos de todos
(...)
Eram aproximadamente 01:40 da manhã. Liam, Isaac, Theo, Aiden, Érica, Cora e Hayden haviam ido embora uma hora atrás. Seus pais já tinham ligado diversas vezes pedindo que retornassem para casa. John havia recebido um chamado urgente da delegacia e também tinha ido embora. Assim só restando Melissa, Stiles, Malia e Lydia no hospital.
Stiles e Malia estavam sentados em cadeiras da sala de espera. A garota descansava sua cabeça no ombro do namorado, o qual batia seus pés freneticamente ao chão.
— Stiles, calma. Vai dar tudo certo. — Malia senta-se de forma ereta e pousa sua mão sobre a de Stiles
— E se não der, Malia? — Stiles pergunta claramente triste — Eu nunca vou me perdoar se algo acontecer com ele.
— A culpa não é sua. — Malia diz tendo como resposta um olhar incrédulo de Stiles
— Como não? Ele só queria ficar em casa na fossa dele. Eu quem cheguei lá e provavelmente devo ter incentivado-o sem perceber para sair para beber. É incrível como coisas ruins acontecem quando só se tem intenções boas.
— Você não sabe! Vai que ele sairia para beber hoje mesmo se você não tivesse aparecido na casa dele?
— Nunca vamos ter certeza disso, então.
— Exatamente, Stiles! Não tem como saber o que o futuro nos aguarda. — suspira — O Scott vai sair dessa.
— Como pode ter tanta certeza?
— Não tenho, tá legal? Eu só tenho fé. Coisa que você também deveria ter. A fé é a única coisa que vai nos ajudar nesse momento.
— Talvez você tenha razão... — Stiles murmura e Malia dá um meio sorriso
— Vamos pegar café? — Malia pergunta logo após se levantar
— Tá. — Stiles levanta e ambos vão de mãos dadas até a cafeteira
Enquanto Stiles e Malia iam pegar café, Melissa e Lydia se mantinham paradas observando Scott deitado na cama de hospital. Respirando com o auxílio de aparelhos e com agulhas em suas veias.
— Melissa, se me permite, posso lhe perguntar algo? — Lydia pergunta um pouco apreensiva
— Claro meu anjo, o que foi? — Melissa pergunta fungando um pouco já que não conseguia parar de chorar vendo a situação do filho
— Essa transfusão de sangue só pode ser feita por familiares?
— Na verdade não. Se a pessoa tiver um tipo sanguíneo compatível ou que possa doar e respeite os requisitos para a doação, esse alguém pode sim ser um doador.
— Entendi... — murmura Lydia
Logo Malia e Stiles se aproximam com dois copinhos de café cada. Malia entrega um copo para a Melissa e Stiles entrega um para a Lydia. Ambas respondem com um "obrigada".
— Alguma mudança no quadro do Scott? — Stiles pergunta
— Nenhuma. Só que o tempo tá passando e as 24 horas vão acabando. — Melissa desabafa e deixa uma lágrima cair
— Calma, Melissa. O Scott é forte. Ele vai aguentar! — Malia reconforta
— Se me dão licença... — Lydia fala chamando a atenção deles — Preciso fazer uma ligação.
— Tá tudo bem? — pergunta Stiles já que a amiga estava com um semblante indecifrável
— Sim. Quer dizer, eu acho que encontrei um doador para o Scott. — Lydia dá um grande sorriso e se afasta pegando o celular, deixando os três trocando olhares confusos e um pouco alegres
P.O.V. ALLISON
Após nos mudarmos para Miami, meus pais perceberam que eu não estava muito bem e decidiram chamar a tia Kate para vir morar conosco, considerando que nossa casa é consideravelmente grande. Mas ela não é apenas uma tia qualquer. Ela é minha tia preferida e irmã mais nova do meu pai.
Falando no meu pai, ele está juntamente com minha mãe em uma conferência no Alabama. Devem voltar daqui a uma semana, eu acho. Minha tia Kate estava na sala de estar vendo um filme que acredito ser "Missão madrinha de casamento". E eu? Bem, estou no meu quarto juntamente com a Agnes. Agnes Wilson é simplesmente a única amiga que eu fiz. Tinha como objetivo não fazer nenhuma amizade e ficar isolada de todos. Até que meus pais percebessem que estavam arruinando minha vida e me colocassem no primeiro avião de volta para Beacon Hills. Pelo visto meu plano não deu muito certo.
— Tem certeza que ele lembra? — Agnes pergunta se referindo ao fato de que horas se passaram e o Scott ainda não retornou minha ligação
— Claro que sim! Quer dizer, eu acho que sim. No nosso namoro era ele quem lembrava das datas! — exclamo me jogando na minha e pondo um travesseiro na minha cara — Quer saber? Não devia ter ligado! Nós terminamos e eu não precisava ligar pra lembrar de que se ainda estivessemos juntos, estaríamos completando um ano! — digo ao tirar o travesseiro do rosto — Eu sou uma idiota. Não, eu sou uma inútil. É essa palavra que me descreve.
— Não, Allison, você não é inútil. Pessoas inúteis não fazem nada. Já você faz merda, muita merda. — Agnes diz em um tom sério mas logo solta uma risada e eu lanço um travesseiro em sua direção, mas ela logo o pega e me dá a língua
— Nossa, dona Agnes. Quando estiver deprimida a primeira pessoa com quem eu vou falar vai ser você. — ironizo rindo
— Oxe. Por que? Você estava deprimida e agora tá rindo. Vemos que meu objetivo foi alcançado com êxito. — ri enquanto bate palminhas
Um barulho de mensagem toca e eu pego meu celular rápido achando que é alguma mensagem do Scott, mas não.
— É o meu. — Agnes diz mostrando o celular — Vou ter que ir pra casa!
— Achei que fosse dormir aqui.
— Eu também. Mas lembra que comentei que uma priminha minha iria passar uns dias lá em casa?
— A Candice? — pergunto não tendo muita certeza se aquele era o nome correto
— Sim. A Candy acordou tem uns 10 minutos e botou na cabeça que não vai dormir sem mim. — explica rindo
— Tudo bem. Mas são quase duas da manhã. Você vai sozinha pra casa?
— Não. A mensagem foi do meu pai. Ele tá dizendo que já tá aqui na porta. Só não buzinou por causa do horário.
— Entendi. Tchau, Aggy. — sorrio
— Tchau, Alli. — sorri e sai do meu quarto
Depois de alguns segundos escuto minha a Kate se despedindo dela e um barulho de porta fechando. Bufo ao perceber que nenhuma mensagem do Scott havia chegado. Será que ele estava me evitando? Sou interrompida dos meus pensamentos ao escutar o barulho de um toque de celular. Dessa vez tinha a certeza de que era meu. Olho o nome na tela "Lydia". Franzo o cenho e me pergunto o que ela faria me ligando uma hora dessas. Mas logo atendo.
LIGAÇÃO ON
— Oi?
— Oi Alli. Te acordei? — pergunta com uma certa preocupação na voz
— Não Lyds. Já estava acordada mesmo. — rio
— Ah tá. Amiga, posso te fazer uma pergunta um pouco inusitada considerando a hora da noite?
— Lydia, já chegamos a um ponto de nossa amizade no qual não perguntamos se podemos perguntar. Nós apenas perguntamos!
— Tá bom. Você lembra de uma conversa que tivemos um dia desses? Eu tinha dito que eu era AB positivo. Você se recorda do que me respondeu naquela hora?
— Sim. Eu disse que era O positivo. Por quê?
— Allison, você bebeu, fez uma tatuagem, ficou grávida ou adquiriu alguma doença nessas últimas 12 horas?
— Pelo que eu me lembre, não. — brinco — Por que pergunta isso?
— Allison, seria uma opção você vir para Beacon Hills ainda hoje?
— Lydia, são quase duas da manhã. O que aconteceu?
— Sei que esse não é melhor jeito de dizer isso, mas não tem outro. O Scott bebeu, sofreu um acidente e agora tá no hospital. Ele precisa urgentemente de uma transfusão de sangue O positivo ou negativo em menos de 24 horas. Allison, você tem que voltar para Beacon Hills.
— Lydia, eu já falo com você.
LIGAÇÃO OFF
Desligo a ligação e troco de roupa. Agora visto uma calça jeans, uma blusa regata vermelha, uma jaqueta jeans, um tênis vans vermelho. Pego meu celular e saio do meu quarto. Entro no quarto da Kate, pego um casaco e vou até a sala. Encontro a Kate assistindo o filme e comendo pipoca. Paro em frente da televisão e jogo o casaco pra ela, que logo o pega.
— Ei! Estava assistindo isso! — reclama
— Veste isso. Vamos sair. — digo firme enquanto seguro as chaves do carro e balanço-as de um lado para o outro
— Posso saber para onde? — pergunta vestindo o casaco
— Beacon Hills.
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