-O jantar já está pronto. – Digo e me sento, logo sendo acompanhada pelos dois. – Fiz algo simples porque estava organizando algumas coisas.
-Fez isso a tarde toda? – Scott pergunta curioso.
-Claro que não fiz só isso, mas foi o que mais ocupou meu dia.
-Hoje a clínica está movimentada. – Meu marido comenta. – Kira está me ajudando bastante.
-Foi para isso que Deaton me contratou. – A ‘‘convidada’’ se pronuncia pela primeira vez.
-Você namora? – Pergunto para a garota e Scott me olhou com uma cara feia. – Amor, não custa perguntar.
-Eu tenho um rolo. – Kira respondeu e Scott sorriu para ela. – Mas faz pouco tempo.
-Tyler deu trabalho? – Meu marido pergunta.
-A Crystal está calminha hoje. Nenhuma agitação, só chutes leves.
-São gêmeos? – Kira pergunta e escuto uma risadinha vinda de Scott.
-Não, mas ainda não sabemos o sexo. – Respondo de forma seca.
-Allison cisma que é menina e eu tenho certeza que é um menino. – Ele fala com seu jeito convencido.
-Pensa em ter filhos? – Olho para Kira.
-Ainda não. Quero aproveitar mais um pouco. – Responde.
-Vai dizer que não quer ter filhos? – Scott pergunta brincalhão.
-Se meu rolo quiser, eu não me importo muito. – Kira disse e ambos caíram na gargalhada. Qual é a graça?
Terminamos de jantar e Scott ficou com a louça. Fiquei na sala, acariciando minha barriga.
-Amor. – Scott apareceu e me fez levantar, sentando e me puxando para seu colo. – Filhão, mostra para a Kira que você já reconhece o papai. – O bebê se mexeu e Scott colocou a mão em minha barriga. – Papai sentiu saudade de você.
-Posso sentir? – Kira pergunta e Scott apenas segura a mão dela, levando até minha barriga. Reviro os olhos com isso. – Como é quando o bebê chuta? – Ela pergunta fascinada.
-Tem vezes que dói. – Respondo. – Crystal, assim você não vai deixar a mamãe dormir. – O bebê estava muito agitado.
-Continua assim filho. – Scott incentivou e deixou um beijo na minha barriga. – Assim o papai dorme com a mamãe.
-Você só vai voltar a dormir comigo quando aceitar que é uma menina. – Digo e ele nega. – O sofá é todo seu.
-Você que acha. – Scott respondeu. – Logo eu volto para nosso quarto.
-Isso é o que você pensa McCall.
-Kira, precisamos ir. – Scott fala.
-Você demora amor? – Pergunto para Scott.
-Eu preciso levar a Kira na casa dela depois. – Cruzo os braços e reviro os olhos. – Não começa.
-Vou te esperar. – Digo e dou um selinho nele.
-Não precisa. – Ele fala.
-Precisamos conversar depois. – Respondo e ele apenas assente.
Os dois saem e fico na sala, mas vou até meu quarto pegar uma coberta e um travesseiro. Ligo a televisão e busco um canal de filmes que não esteja passando terror. Faço uma pipoca e levo comigo para o sofá.
Depois de não sei quantos filmes, meus olhos pesam e me permito entregar o sono. Sei que já é tarde e Scott ainda não chegou.
Acordo e olho as horas. 1:30 e nada do meu marido. Abro as mensagens e nenhuma dele.
‘‘Amor, estou te esperando.’’ – Envio para ele.
-Onde será que o papai se meteu? – Aliso minha barriga e o bebê não se mexe. – Deve estar dormindo.
A porta é aberta e Scott entra, parecendo não fazer barulho. Assim que me olha, fica estático, como se tivesse visto assombração. Olho para ele.
-São horas? – Pergunto me levantando e cruzo os braços abaixo dos seios.
-Kira e eu decidimos ir até um barzinho beber e depois fui levá-la embora.
-Vamos conversar no nosso quarto. – Digo e me viro sem nem esperar qualquer resposta dele. Subo e logo ele faz o mesmo.
Fecho a porta assim que ele passa e senta na cama. Fico de pé, com os braços cruzados.
-Por que trouxe ela para o jantar? – Pergunto.
-Quero aproximar vocês. – Scott respondeu dando de ombro. – Vocês ficaram conversando normalmente, sem nenhum problema.
-Eu não gosto dela Scott. – Falo calmamente.
-Não foi isso que pareceu. – Rebate. – Você até deixou ela passar a mão na sua barriga.
-Isso não quer dizer nada. Estava sendo educada.
-Não aguento essas suas mudanças de humor e os hormônios. – Scott reclama. – A cada segundo você está de um jeito.
-Não está satisfeito, pode pegar suas coisas e voltar para a casa dos nossos pais. – Digo seriamente e ele me olha com os olhos arregalados. – Se você não me aguenta, pode ir embora. Vá morar com a Kira.
-Kira e eu somos só amigos. – Scott fala.
-Você chega de madrugada em casa, estava todo cheio de brincadeiras com ela e quer que eu acredite que não estavam transando? – Pergunto com raiva. – Eu estou grávida, gorda, mas você disse que mesmo assim continuaria me amando. Na primeira oportunidade já está com outra.
-Eu nã... – Interrompo sua fala.
-Vá se foder Scott. – Estouro com ele. – VÁ EMBORA. – Aponto para a porta e ele não levanta. – Você não vai, então eu vou. – Pego algumas roupas e coloco em uma mochila.
-Amor, vamos conversar. – Scott me segura, mas consigo me soltar. – Eu não estou te traindo.
-EU ESTOU GRÁVIDA E VOCÊ ME DEIXOU EM CASA PARA SAIR COM ELA. – Grito e desço a escada.
-Estávamos bebendo.
-E se acontecesse algo comigo ou com o bebê? – Pergunto o encarando furiosa. – Iríamos ficar sem ajuda porque a porra do pai dele estava no bar com aquele ser.
-Allison, você sabe que vocês são minhas prioridades. – Abro a porta e o vento frio atinge meu corpo. – Esse frio vai fazer mal para vocês.
-Como se você se preocupasse. – Digo irônica. – Não foi com isso que você se preocupou ao chegar tarde em casa.
-Você sabe muito bem que eu me preocupo com vocês. – Scott fala mais alto, mas não grita. – Eu te dei apoio desde que descobrimos a gravidez, amei essa criança desde que soube a existência e estou cuidando de você. – Dá uma pausa para respirar profundamente. – Eu não vou deixar você sair nesse frio a pé e grávida. Sei que está com dor nas costas e seus pés então ficando inchados. Eu não te trair com ela nem com nenhuma outra. Fomos beber porque o dia foi puxado na clínica e pensei que não houvesse problema. – Me sinto péssima. – Se for para alguém sair de casa, eu saio. Você vá ficar quente para não adoecer e cuide do nosso filho. – Scott passa pela porta. Uma insegurança de perdê-lo bate e sinto que estou sendo.
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