História My Forbidden Desire - Chapter 1: Just One Night

01/03 -Dez horas e cinco minutos. Já era noite.

Seus passos rápidos ecoavam por todo o corredor do hospital, estava atrasado e sabia que não era pouco.

Sabia que precisaria falar com seu superior, porém como dizer a ele que se atrasou pois estava de ressaca da noite anterior jogado sobre a cama?! E se por acaso, mesmo não sendo de sua conta, perguntasse o motivo de sua ressaca, ele  poderia dizer; “fui até um bar para beber” Mas, é claro que essa resposta seria a que qualquer um esperaria, porém, mesmo ainda não sendo de sua conta, ousasse perguntar o motivo da ida até o bar, seria errado misturar sua vida pessoal com a profissional? Contar que havia mais uma vez discutido com a esposa, mas, apenas desta vez criou coragem para sair de casa, diferente das outras vezes que era ela quem saia aos prantos batendo as portas pela casa o deixando para trás.

Ele estava cansado disso, cansado das brigas, cansado das desculpas, cansado dela. Nunca a amou mesmo, então, porque ainda insistem em fingir que ainda mantinham algo saudável e feliz?!

Ah, por um minuto ele se esqueceu que seus pais eram amigos, porém não só assim, mantinham uma amizade como sócios e achando descaradamente que encontraram o melhor para seus filhos os uniram em sagrado matrimônio. Ontem fez três anos que vive este inferno, ontem discutiram como fazem em todo “aniversário de casamento”.

Deu três leves batidas na porta da sala de seu chefe, mesma que ficava no piso superior ao que trabalhava, sem resposta bateu novamente.

-Ele fechou o plantão mais cedo! -Ouvi um timbre conhecido. Park Jimin, o melhor amigo desde a faculdade.

Medicina era seu sonho, Kim Seokjin faria de tudo para conseguir uma vaga em qualquer uma das universidades que oferecesse tal curso, estudou durante anos para conseguir sua, tão merecida, vaga a faculdade e foi na mesma que conheceu Park Jimin; filho dos Park, gente educada.

Park Jimin, assim como Kim Seokjin, era calmo, inteligente e estava disposto a fazer de tudo para que pudesse ajudar os outros. Eram da mesma sala na faculdade, mesmo com uma diferença considerável de idade, mas, só começaram a conversar após precisarem fazer um trabalho em grupo, antes ambos achavam o outro metido e em sua peculiaridade pessoal estranho.

-Estou tão atrasado assim?! -Disse Seokjin se virando para o amigo.

-Neste caso não, mas, na verdade está sim! -Disse o mais novo sorrindo para o amigo

-Porque ele saiu mais cedo assim?! -Perguntou já caminhando ao lado do amigo rumo a enfermaria, área onde ambos trabalhavam com muito gosto.

-Disse que estava com problemas com a família, saiu como um raio sem dizer mais nada! -Espantou-se o mais novo com suas próprias palavras -Mas, e você?! -Perguntou claramente preocupado.

-Apenas dormi demais! -Ah, aquela doce mentira, Seokjin poderia rir de sí mesmo por não ter criatividade o suficiente para ludibriar seu amigo, mas, ele preferiu apenas deixar seguir.

-Acha mesmo que vou acreditar que Kim Seokjin perdeu a hora do plantão?! Além do mais..-Mantinha a fala firme, um leve tom de sarcasmo apareceu em seguida -Agora já são dez e quinze da noite, poderia ter dormido a tarde toda! Porque deixou para descansar agora?! MinHee não chega às seis em casa?!

“Por mim ela não chegaria nunca!” -Pensou em dizer, porém sabia que aquilo mexeria não apenas com o psicológico de seu amigo, mas, também com o seu. Talvez outra desculpa esfarrapada fosse o suficiente por hoje.

-Eu realmente estava bem cansado! -Disse e suspirou em seguida, os dois já se encontravam folheando as fichas dos pacientes da emergência -Ontem saímos para comemorar nosso aniversário de casamento! -Completou sem animo algum.

É claro que a palavra saímos não se referia a Kim Seokjin e MinHee. Saímos, no contexto atual, se referia a Kim Seokjin e suas mágoas e arrependimentos pessoais.

-Ah! -O menor disse e encarou Seokjin por um minuto colocando as pranchetas de sua mão de volta ao balcão -A noite foi bem quente imagino! -Disse com um sorriso lateral dando uma leve cutucada com seu cotovelo no maior.

Seokjin sabia bem do que Jimin se referia; era sobre sexo.

Sexo. Coisa que Kim Seokjin e MinHee não faziam há tempo. Não havia motivo especial, simplesmente nenhum dos dois tomava alguma iniciativa, então ficavam assim mesmo, porém aquilo para Seokjin poderia ser chamado de “pequeno alívio” já que, há muito tempo parou de sentir prazer ao tocar o corpo pequeno de MinHee, parou de desejá-la como antes. Suas carícias não provocavam  em sí absolutamente nada, muito menos seus gemidos quando Seokjin fazia aquilo que um dia chamou de sexo. Já fazia certos meses que os beijos de MinHee eram nada mais nada menos que lábios encostando nos dele, não provocavam nada a mais, nem desejo, nem amor, apenas a velha indiferença; o veredito estava mais que decidido. O amor acabou a tempos, apenas, estavam adiando cada dia mais o divórcio.

Mas, Jimin estava certo, a noite realmente foi quente. Foi selvagem, calorosa e cheia de desejo carnal, pelo menos era o que Seokjin achava, bem, achava até o ouvir diversas vezes a frase “Eu te amo” soar rouco em seu ouvido. A partir daquele momento, para ele,havia se tornando algo mais, não apenas algo carnal, para ele, agora, havia amor envolvido. A noite havia sido incrível, porém ela não foi com MinHee.

-Seokjin! -Seus pensamentos desapareceram como fumaça quando um de seus superiores o clamou em tom alto -Você tem um paciente na emergência! Esqueceu-se que estamos em semana de rachas pela cidade!

O superior se aproximou e lhe entregou os dados do paciente:

Nome: Kim Namjoon

Idade: 22 anos

Tipo sanguíneo: A

Nem se preocupou em ler o resto. Até aquele ponto era o que precisava para poder atende-lo; seu nome, sua idade e seu tipo sanguíneo, talvez precisasse de um transplante, afinal, seu superior havia dito que o paciente havia chegado de um racha, provavelmente havia caído de sua moto e seu copo se machucado externamente e internamente.

Olhou para Jimin que lia algo atentamente em uma das fichas.

-Preciso ir! -Disse colocando a mão direita sobre o ombro do amigo -Bom plantão! -Sorriu por fim.

Um sorriu sincero e Seokjin seguiu rumo a seu paciente, o jaleco branco balançava a cada passo, os sapatos traziam certo eco ao bater no chão a cada passo. Quando finalmente chegou à área de atendimento ouviu alguém lamuriar em um tom um tanto alto para um hospital:

-Seus incompetentes será que não podem me atender logo! Esse lugar é tão mal organizado que eu vou…

O homem moreno que se queixava, sentado na maca, se calou ao ver o homem de pele como porcelana, tão branca quanto seu jaleco, se aproximar com uma prancheta em mãos.

-Boa noite, sou Kim Seokjin, vou atende-lo esta noite! -Disse de forma automática escrevendo em seus papéis

-Sou Kim Namjoon! -Disse o moreno o encarando, ele parecia um pouco...assustado?!

Seokjin ergueu seu olhar para encará-lo, ele tinha exatamente o perfil de um motoqueiro. Talvez suas calças rasgadas de coloração escura denunciassem isso, a jaqueta escura com um queimado de cigarro no ombro do lado direito, ele jurava já a ter visto em algum lugar, o jeito que os cabelos loiros estavam penteados para trás com muito gel, Seokjin já havia atendido muitos motoqueiros, os conhecia pelo modo de andar, seus trejeitos e falas enroladas.

-Vai ficar me encarando ou vai me dizer o que eu tenho?! -Disse Namjoon com total sarcasmo encarando de volta Seokjin.

Ah, aquilo não ficaria barato para ele. O maior já havia lidado com diversos de sua “laia”, sempre tentando ser superiores, pensando que, apenas porque trabalhavam em um rede pública qualquer um podia achar que era seu chefe lhe dando ordens e sendo grosso. Seokjin sabia como tratá-los, se achavam que ele era peixe pequeno estavam bem enganados.

-Porque motivo veio até aqui?! -Perguntou sério -Se não me disser não poderei concluir absolutamente nada! -Pegou sua prancheta novamente em mãos, balançando a caneta entre os dedos para aliviar a tensão.

O moreno pareceu, por um momento, se espantar, mas, era apenas uma expressão de costume, seus trejeitos casuais. Encarou a caneta que balançava freneticamente pelos dedos do maior. Iniciou com sua réplica após ser interrogado.

-Eu estava competindo e de repente fiquei zonzo, decidi parar e desci da moto! -Encarava o de jaleco que anotava tudo, sem deixar escapar nada -Então vim até aqui!

-Fez bem! -Disse Seokjin adicionando um ponto final a frase escrita, certamente, orgulhoso de si mesmo.

-Eu sei o que fiz! Não preciso de reconhecimento por isso…-O olhou de cima a baixo com um ar de desgosto, mas, era apenas para passar uma falsa superioridade -Doutor Seok..

-Seokjin! -O mais velho o cortou se alterando por um segundo, não acreditava que a esta hora do noite o mais novo insistia em tirar uma onda com a sua cara. -Bem -Respirou fundo contando até dez, mentalmente é claro -É alérgico a alguma medicação?!

-Sou, a chá de cadeira! -Disse claramente irritado -Não pode me dar algumas aspirinas e me mandar de volta para casa?! Eu preciso terminar o que comecei!

Então por um segundo tudo se paralisou na mente do mais velho. Aquela frase “Eu preciso terminar o que comecei!” Ele já a ouviu em algum lugar, mas, sabia que não havia sido em qualquer lugar. A frase que se recordava foi ouvida com uma entonação diferente desta mas, era sob aquela voz grossa e rouca que ecoou a pouco.

Flashbacks embaçados corriam pela mente do maior de jaleco o deixando imóvel, enquanto o menor, claramente impaciente, tentava entender o motivo aparente que fez com que o médico, sem explicação alguma, parasse de falar. Mentalmente, o loiro agradeceu.

O mais novo estalou os dedos em frente ao rosto pálido de Seokjin que, rapidamente e piscando desesperadamente, voltou a realidade, ao presente, e disse em seguida:

-Perdoa-me! Eu me distraí por um segundo!

-Segundo comprido! -Retrucou o mais novo impaciente. Como ele adorava ser irônico.

Ignorando totalmente a fala do mais novo, Seokjin perguntou sem pudor algum:

-Onde estavam fazendo o racha?!

-Porque quer saber?! Vais nos denunciar a polícia?! Isso nem é de sua conta! -Retrucou o moreno bufando em seguida

-Não farei nada! -Prometeu Seokjin, os olhos se encontraram -Começou hoje?!

Namjoon bufou e respondeu a ponto de explodir com sua raiva e pressa:

-Nós estamos fazendo em uma avenida não muito conhecida, avenida Bostoh, começou ontem e vai até sábado, mas, só aparece lá quem tem o nome na lista, não qualquer um!

-Onde fica esta avenida?! -Perguntou jogando a prancheta a qualquer lugar. Seus olhos, agora, estavam cravados no menor sentado à sua frente.

Seokjin já havia se esquecido que estava ali a trabalho, era médico não era um agente do FBI, mas, parecia um, porém ele tinha seus motivos. Ele tinha suas suspeitas e não o deixaria ir sem descobrir o que pretendia.

-Sei lá! -Disse o moreno dando-lhe os ombros -Perto da praça municipal, do Bar BBG…

BBG, após essa palavra nada mais Seokjin ouviu.

Ele se lembrava claramente de entrar nesse bar após mais uma de suas discussões com ela, ele se lembra de ver um vulto usando uma jaqueta de coloração escura e depois ver a mesma caída sobre o pé da cama quando acordou em um hotel barato no outro dia, hotel que ficava ao outro lado da cidade. Ele se lembrava de ouvir de uma voz rouca e grossa dizer coisas em seu ouvido quando ambos, ele e o provedor desta voz, estavam nus em uma cama de lençóis brancos e bagunçados. Ele se lembra desta voz dizer claramente :“Eu preciso terminar o que comecei!”.

Ele se lembra de tudo, mas, ao mesmo tempo de absolutamente nada. Afinal de que lhe adiantaria ter apenas flashbacks que não se conectam?!

Voltou de seus pensamentos ao ouvir passos a sua frente.

-Onde vai?! -Perguntou ao moreno que se levantava e caminhava até a saída

-Eu preciso ir, estou atrasado e já me sinto melhor! -Disse o moreno claramente em um leve desespero evitando olhar para os olhos do de jaleco.

Assim como Seokjin, Namjoon se lembrava de tudo, mas, ao mesmo tempo de nada.

-Você não pode sair assim! -Disse Seokjin indo em sua direção, o menor acelerou.

Mesmo sendo lerdo, Seokjin não era burro. Ele sabia que já havia visto Namjoon em algum lugar e não foi andando de moto pelas ruas de Seul. Já haviam se visto em um momento mais privado e ambos sabiam bem disso, apenas, não queriam comentar.

-É claro que posso! Tenho meus direitos! -Disse Namjoon olhando rapidamente para trás, ambos já estavam à porta da saída

-Mas, porque está saindo tão depressa?! -Perguntou Seokjin parando, indignado. Ele não iria nem comentar sobre a noite que supostamente tiveram?! Bem, isso se Namjoon foi o homem com que Seokjin, por uma noite em anos, foi feliz.

Seokjin queria saber sobre o homem que lhe proporcionou tanto prazer, mais até do que poderia imaginar. Seokjin sonhava longe, assim pensava Namjoon. O mais velho não se contentava com apenas um pouco de algo ou alguém, ele queria telefone, endereço, visitas.

O maior queria um amor verdadeiro, não apenas algo de uma noite. Ele queria sexo com amor, não sexo momentâneo e carnal.

Ele queria saber o porquê de o menor ter dito tantas vezes que o amava sendo que, quando o encontrou novamente, nem se preocupou em perguntar como ele está, ou, pior, o reconhecer quando estava bem a sua frente cuidando de si!

A mão de Namjoon segurou firme a maçaneta da porta de vidro, sabia que estava fazendo a coisa certa, Seokjin era frágil demais para ter algo com Namjoon, mas, parecia apenas que o menor sabia disso.

Namjoon já partiu corações demais e para ele não haveria problema em partir mais um, porém, aquele coração que Seokjin guardava em seu corpo, era diferente de todos os outros que Namjoon já havia visto e ele sabia que seria triste demais o despedaçar.

“Será mais fácil o abandonar agora, já que não é dependente de mim! ” -Pensou com toda sua bondade, mas, estava tão enganado e perceberia isso tão tarde.

O maior era tão emotivo quanto ele, porém, Namjoon sabia bem esconder o que queria e quando queria. Já Seokjin, não.

Coçou a cabeça e disse sério após se virar e olhar rapidamente para o maior que mantinha uma cara de indignado e em partes triste.

-Eu sou homem de apenas uma visita, apenas uma noite! Não me procure mais! -E saiu pelas portas rumo a algum lugar bem distante do doce homem de jaleco, que já derramava uma, de muitas, finas e amargas lágrimas.