Pov. Manuel Neuer:
Assim que fiquei sabendo da vinda de Joana para a Alemanha, eu dei um jeito de mandar Nina para a casa dos pais dela. Ao contrario do que eu imaginei, Joana foi direto para Gelsenkirchen o que atrapalhou os meus planos de tentar ter uma conversa com ela.
Depois do meu treino, segui para a casa dos meus pais e já no caminho para a casa deles, eu encontrei meu pai voltando para casa a pé. Ele se surpreendeu com a minha chegada, mais ele é desligado demais para ter percebido que tinha a ver com a presença de Joana.
O desconforto ao me ver, foi explicito na expressão de Joana. Me senti mau por isso, mais também me mantive motivado a seguir com o meu plano.
O jantar foi estranho, ela me evitava e só trocou poucas palavras comigo. Depois da refeição ela ficou conversando com minha mãe e depois foi se aprontar para dormir.
- Antes de ir dormi, passarei no quarto de Joana para ver se ela precisa de algo... – meu pai fala.
- Pode deixar comigo pai, eu falo com ela. – digo apressado.
Ele me encara por algum tempo.
- Eu sei o que você está tentando fazer Manuel e isso não está certo. – ele diz.
- Eu só estou tentando ser gentil. – digo.
- Você esqueceu que eu sou seu pai? Te conheço o suficiente para saber quando você está mentindo. – ele diz.
Parece que ele não está tão desligado assim.
- Manuel, você está casado. Casado. – ele faz questão de ratificar isso.
- Eu não quero mais isso. – digo de uma vez.
Eu estava cansado da Nina, não queria mais lidar com os deslumbres dela.
- Simplesmente assim? Você acordou e decidiu que não queria mais ficar casado? – ele me questiona.
- Não pai... já tem algum tempo... – falo a verdade.
Ele balança a cabeça negativamente.
- E por que você casou? Já que você diz que isso não é de agora, eu suponho que você casou sabendo. – ele diz.
- Eu só não tinha me dado conta do que estava fazendo... – digo.
- Manuel Peter Neuer, você tem trinta anos. – ele diz sério.
Suspiro.
- O que realmente aconteceu? Eu percebi o clima estranho, Joana te evitou de todo o jeito possível e você... você ficou correndo atrás. – ele diz.
- Eu... quando eu casei com a Nina eu sabia que Joana gostava de mim... eu casei depois de ter passado uma noite incrível com ela. – conto a verdade.
Meu pai parece paralisar.
- Eu me arrependo por ter feito aquilo. Não pela noite, mais por ter me casado no dia seguinte... e ainda por cima ter olhado para ela e dito sim a Nina.
- Como você teve coragem de fazer isso? Eu e sua mãe sempre te ensinamos a respeitar as mulheres... – meu pai diz.
- Eu não consegui controlar a minha vontade... eu pensei que seria coisa de uma noite só...
Meu pai bate a mão na testa.
- Foi isso que nós te ensinamos? – ele me questiona.
- Pai... – ele me interrompe.
- Te fiz uma pergunta Peter. – ele diz.
Engulo a seco.
- Não pai, vocês não me ensinaram isso. – digo.
- Manuel, você tem trinta anos, já é um homem com certa experiência... acho que você já sabe que não se deve brincar ou se aproveitar dos sentimentos dos outros. – ele diz.
- Eu sei e de forma alguma quis brincar com os sentimentos dela ou delas... eu só não sabia o que estava sentindo...
Ele respira fundo.
- Você não sabia ou não queria saber?
- Eu não sei.
- Você sabe. Você sabe todas as respostas, você apenas não quer acreditar que sabe. – ele diz.
- O que eu faço? – pergunto.
- Resolva a sua situação com Nina e depois você tenta algo com Joana. – ele diz.
- Eu estarei perdendo muito tempo... – argumento.
- Mais do que você já perdeu? Tente começar as coisas do jeito certo e se for para ser, será.
Ele tem razão, eu já perdi muito tempo.
- Tenha em mente que as coisas mudaram, que a situação é outra e que ela já começou a caminhar em frente. – ele diz.
- Eu nunca desisti de nada, não será agora que eu vou desisti. – digo firme.
Ele dá de ombros e se levanta.
- Desligue tudo quando for dormir. – ele diz deixando batidinhas no meu ombro.
Alguns minutos depois que ele se recolheu, eu apaguei tudo e segui para o quarto de Joana.
A porta do quarto dela estava entre aberta e eu espiei. Ela estava falando ao telefone, ria e por vezes mordiscava os lábios. Eu não conseguia entender o que ela falava e aquilo me deixava um pouco nervoso, eu queria e precisava saber o que ela estava conversando.
Tento captar algumas palavras e detecto que ela fala em francês. O “mon amour” entregou a língua que era falada. Obviamente ela estava falando com o narigudo problemático.
Quando encerra a chamada ela se joga na cama olhando o celular e sorrindo.
Dou duas batidinhas na porta e entro no quarto dela.
- Hum... vim saber se precisa de algo. – justifico minha presença.
Seu sorriso some ao me ver.
- Não. Obrigado. – ela diz.
Pensa rápido Manu, puxa assunto com ela.
- Como foi lá na fundação? – pergunto.
Ela volta a sorri.
- Foi ótimo, como sempre. Foi bom ter ficado com as crianças, eu aproveitei bastante... – ela diz.
- Elas sentem sua falta... antes você sempre ia lá, agora você se mudou... – digo.
- Farei o possível para vim ver elas, mais eu também tenho que viver minha vida. – ela diz.
Reviro os olhos.
- Estava falando com ele? – pergunto.
Ela franze o cenho.
- Estava ouvindo minha conversa? – ela me questiona.
- Passei e acabei escutando você falando em outra língua. – minto.
- Mesmo isso não sendo da sua conta, eu estava falando com meu namorado sim. – ela diz.
Respiro fundo.
- Ok. Boa noite. – digo.
- Boa noite. – ela diz e volta a encarar o celular.
Saio do quarto dela e sinto raiva por ter de me manter longe dela, sem tentar nada, sem conversar nada, mais sei que vou fazer a coisa certa.
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